sexta-feira, 31 de julho de 2009

AFINAL HAVIA OUTRA...

Semanário SOL de 31/07/09, páginas 4/5 - adaptado por Tomar a dianteira


Diário de Notícias de 31/07/09, página 9.
Na política, tal como no desporto e na vida em geral, nunca convém cantar vitória antes de terminar o jogo, ou o campeonato. Neste singular caso da estranha bizarrice do Doutor Louçã a acusar Sócrates de tentar aliciar ou assediar uma militante do Bloco de Esquerda, vamos de surpresa em surpresa. Todas na mesma direcção: Louçã espalhou-se ao comprido e agora não sabe como encerrar a ridícula questiúncula por ele desencadeada. Apesar do evidete apoio favorável da comunicação social que temos.
Os recortes da imprensa de hoje, que encimam este texto, são totalmente esclarecedores. Quando Louçã apareceu a vituperar o PS, camaradas seus faziam exactamente o mesmo assédio a uma militante socialista, por acaso até na mesma terra onde vive Joana Amaral Dias. Pior ainda: um dos fundadores do Bloco de Esquerda aceitou agora ser candidato pelo PS e tece algumas críticas ao líder bloquista (ver recorte do semanário SOL).
Conclusão -o Doutor Louçã parece estar cansado e nitidamente a necessitar de férias repousantes. Oxalá as goze quanto antes e lhe façam muito bom proveito.

A PATRANHA DO FORUM

Ruínas ladeando o cardo de Efeso (Turquia)
(Fotografia de Tomar a dianteira)

Ruínas de construções monumentais que integram o forum de Efeso (Turquia)
(Fotografia de Tomar a dianteira)


Edifício em estilo modernaço projectado para o pretenso "Forum romano de Sellium"
(O excerto foi feito a partir do semanário CIDADE DE TOMAR de hoje)

A PATRANHA DO FORUM ROMANO E OS AUTARCAS QUE VAMOS TENDO

Conforme referimos no texto de ontem, o insólito "Projecto Villa Sicó - Programa de valorização económica dos espaços da romanização", inclui "a valorização e musealização da Cidade Romana de Sellium (Forum romano de Tomar)", no valor de cerca de meio milhão de euros. As obras estão previstas para o período entre 01/5/2011 e 31/5/2012.
A este propósito, Tomar a dianteira julga ser seu indeclinável dever de cidadania afirmar o seguinte:
1 - No estado actual das coisas e até apresentação de provas cabais e irrefutáveis, o pretenso forum romano não passa de uma patranha, um embuste e uma muito provável fraude científica.
2 - Nunca foi mostrado nem publicado o que quer que seja susceptível de confirmar a "tese" segundo a qual aqueles alicerces que foram postos à vista pertenceram a qualquer construção romana, quanto mais a um hipotético forum de Sellium, que nada de material indica sequer que alguma vez tenha existido.
3 - Não é porque o arqueólogo A ou B, por muito conceituado que possa ser, proclama tratar-se disto ou daquilo, que tal hipótese passa a ser verdadeira. É sempre necessário apresentar provas incontestáveis.
4 -Um forum é uma praça rodeada por construções monumentais (ver fotos acima), com bases, fustes, capitéis, entablamentos, lintéis, cornijas, estátuas, métopes, frontões, etc. etc. No caso de Tomar, a ter havido realmente algum forum, para onde foram todos esses elementos? Usados noutras construções? Em quais precisamente? Na Torre de menagem do castelo só há lápides...
5 - Como a própria designação do projecto indica, trata-se de tentar valorizar economicamente os espaços da romanização. Admitindo que aqueles alicerces sejam romanos, a construção prevista vai valorizar a área em quê? Excepto os incautos, quem pagará 10 cêntimos sequer para ver aquilo? Que culpa têm os contribuintes, que são sempre os "andantes", que alguns autarcas tenham uma doentia (?) atracção por obras e empreitadas, e a mania das grandezas?
6 - Como já era de esperar, por ser habitual, as obras foram previstas para o próximo período pré-eleitoral, em 2012. Terá sido, dirão os visados, mera coincidência. Acreditamos. Até porque no próximo mês de Agosto vamos ter dias muito quentes. Igualmente por mera coincidência.
7 - Além das coincidências, consideramos muito curioso que a actual maioria autárquica tenha candidatado iniciativas, cuja realização está prevista para o final do próximo mandato. Quem lhes garante que se vão manter em cima do cavalo até essa altura?
8 - Salvo apresentação pública de provas documentais incontroversas, Tomar a Dianteira tenciona apresentar, quando o julgar oportuno, queixa à Comissão Europeia, no sentido de evitar a consumação daquilo que considera um embuste deliberado, no sentido de sacar fundos à União Europeia.
9 - O facto de os referidos alicerces integrarem uma zona protegida, de acordo com o PDM ainda em vigor, não surpreenderá nenhum cidadão realmente interessado por esta problemática. A senhora arqueóloga "inventora" do tal "Forum Romano de Sellium" fez parte da excelsa equipa que ajudou a elaborar o atamancado PDM que temos, como é do conhecimento geral feito à trouca-marouca durante os mandatos de Pedro Marques/PS.
10 - Não adiantará vir com a habitual cantilena, segundo a qual grandes e conceituados especialistas confirmam a tese do "Forum Romasno de Sellium". Por termos inicialmente acreditado nisso, consultámos todos os livros mencionados, para chegarmos à conclusão de que estamos perante um caso evidente de "pescadinha de rabo na boca". A senhora "inventora" invoca os tais especialistas, estes invocam "as descobertas" da senhora. E ainda não passámos disto.
11- Ainda que, por eventual milagre, dado estarmos na zona de influência de Fátima, ali estivessem realmente enterradas verdadeiras maravilhas da tal cidade romana de Sellium, a autarquia, ou o governo, sempre com o dinheiro dos contribuintes, mandariam fazer o quê? Destruir o quartel dios bombeiros? Deitar abaixo aqueles prédios todos? Mudar o cemitério antigo? Desmontar a Igreja de Santa Maria dos Olivais e a respectiva Torre Sineira? Convinha que nos informassem...
Após séculos e séculos de delapidação de recursos, já vai sendo tempo de os governantes descerem à terra e aceitarem as coisas como elas são. Quem não tem pés, não pode dar coices.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

ANÁLISE DA IMPRENSA LOCAL E REGIONAL

Redacção de Tomar a dianteira
Colaboração CLIPNETO


Apesar do verão relativamente ameno e sem grandes incêndios, é considerável a agitação que por aí vai, e isso nota-se na informação sobre papel .
Enquanto O TEMPLÁRIO (ver foto) faz manchete com a greve da João Salvador, os outros dois semanários, CIDADE DE TOMAR e O MIRANTE, geralmente com mais anúncios e/ou propaganda da autarquia, dão destaque a mais uma verdadeira "estragação", tudo indica que teleguiada por António Paiva. Após a ligação Cidade-Convento pela Mata; após o Rede dos Mosteiros Património da Humanidade; após os Museus da Levada; temos agora (ver fotos) " O Projecto Villa Sicó" cujas "principais âncoras são a Cidade Romana de Conímbriga, a Villa Romana do Rabaçal, a Villa Romana de Santiago da Guarda e a Cidade Romana de Sellium, em Tomar", de acordo com O MIRANTE. Uma pessoa lê e volta ler, para ver se consegue acreditar. A única construção romana da zona com algum interesse turístico -a Villa Cardilio, em Torres Novas- não está abrangida pelo projecto. Será porque a câmara é do PS? E depois há o inaceitável exagero na designação romana de Tomar.
Com que base científica séria foram três ou quatro alicerces promovidos durante anos a "forum romano de Sellium"? Quais os achados precisos, ou outros elementos incontestáveis, sustentam tal designação? Qualquer um pode achar um velho botão em latão e afirmar que pertenceu a uma das casacas de Napoleão. Mas isso não é suficiente para validar tal atribuição arbitrária. O mesmo acontece com o alegado forum, que se calhar nunca foi forum nenhum e nem sequer é de origem romana. Continuam a faltar as tais provas irrefutáveis. Que jamais foram vistas ou referidas com preecisão.
Por outro lado, que facto ou factos novos permitiram e /ou sustentam a nova promoção, desta vez de "forum romano de Sellium" a "Cidade Romana de Sellium"? Por enquanto é coisa que nenhum tomarense em seu perfeito juízo sabe o que é ou onde fica...
Ainda assim, a maioria PSD, certamente orientada pelo anterior treinador, nem parece ter hesitado -482 mil euros (pelo menos e por enquanto) para edificar mais um "elefante branco"(ver fotografia na página 2 de CIDADE DE TOMAR) que tudo indica que nem para a própria alimentação conseguirá fundos com a venda das futuras entradas. Se forem pagas...
O outro grande investimento parece ter tudo a ver com a "Cidade Romana de Sellium". São 9 milhões de euros para o "Hotel Pelourinho", no actual prédio das Mouzinhas, propriedade de José Cristóvão, do Hotel dos Templários, que já em tempos foi ampliado com fundos da então Comunidade Europeia. Quem sabe, sabe!
Sem qualquer relação com o tema anterior, O TEMPLÁRIO, que a ele parece não ter tido acesso, dedica a segunda página aos assaltos no Agroal, justamente na margem que pertence ao concelho de Tomar. Já é azar! O mesmo semanário noticia mais adiante a morte anunciada da Cooperativa Nabância, que deixa uma dívida de 500 mil euros ao INH. A habitual boa gestão tomarense, para a qual haverá excelentes justificações. Com0 sempre...
Há igualmente referências às sessões realizadas durante a semana pelos IpT e pelo PSD. Aqueles para apresentar o seu projecto cultural (já referido em detalhe aqui no blogue). Estes para apresentarem os candidatos e pedirem maioria absoluta. "Para continuar a concretizar projectos", diz o CIDADE de TOMAR. E que projectos, dizemos nós.
Por falar em projectos, o Bloco de Esquerda não poupou nas ideias. O seu projecto, na página 12 de CIDADE DE TOMAR, parece aquela embaixada que D. Manuel I enviou ao Papa. Não tem rinoceronte, mas abundam os futuros elefantes brancos, zebras sem riscas e carneiros de 5 patas: "Cultura e ambiente, Cultura, conhecimento e educação, Cultura e criação artística, Cultura e desporto, Cultura e encontro de culturas, Cultura e juventude, Cultura e património, Cultura, promoção e turismo, Cultura e tradição." Numa página inteira, cuja leitura atenta se recomenda, há de tudo para todos os gostos. Até algumas coisas com viabilidade. Falta é realismo e adaptação ao contexto português e tomarense ACTUAL. Em todo o caso, se os IpT cuidavam que iam deixar os eleitores de boca aberta, com tantas propostas originais, desiludam-se. Acabam de ser largamente ultrapassados pela malta do Bloco. E ainda a campanha eleitoral nem sequer começou! Quando começar vai ser bonito, vai!

LÍBANO: DEEP PURPLE...E HEZBOLLÁ

Fotografia de Tomar a dianteira


Estamos no verão e numa altura em que apetece passear. Estamos igualmente algum tempo após pelo menos um leitor ter manifestado a opinião segundo a qual a directora do Convento de Cristo fez bem em proibir os forcados, os fotógrafos profissionais e os casados de fresco de tirarem fotografias naquele monumento, por ser património da humanidade.
O Líbano é um país do 3º mundo, mas também tem um monumento património da humanidade -as ruínas romanas de Balbeck. Pareceu-nos por isso oportuno traduzir a pequena reportagem que segue. Para se poder apreciar e comparar como vai o mundo...
"Os libaneses podem gozar o verão com toda a tranquilidade. Não vai haver guerra com Israel. Pelo menos até ao próximo inverno. Foi o que declarou o líder do Hezbollá, Hassan Nazrallá, segundo noticiaram na passada segunda-feira, 27 do corrente, dois diários de Beirute. Tais declarações não foram confirmadas pela cadeia de rádio e televisão Al-Manar, órgão oficial daquela organização chiita. Mas os libaneses preferem acreditar, mesmo sem confirmação oficial.
Com a vinda prevista de um milhão de turistas em julho e agosto -num país com apenas 4 milhões de habitantes-, a capital libanesa vive ao ritmo das discotecas e das praias com a música de romper tímpanos a encobrir a melopeia dos apelos à oração...enquanto não chega o mês do Ramadão. Porém, uma vez deixada para trás a baía de Beirute, as discotecas e os casinos, o património histórico do país já não atrai tanto os turistas.
Em Balbeck, o mundialmente famoso templo romano de Júpiter vive um grande período de solidão. Alguns operadores turísticos denunciam, ao ouvido do repórter, não vá haver problema, "o efeito Hezbollá". Efectivamente, o Partido de Deus confirmou, na eleições de 7 de junho, o seu domínio absoluto desta cidade do norte da Beka, doravante ornamentada exclusivamente com as cores do partido chiita: bandeiras amarelas e kalachnikovs.
Logo à entrada das célebres ruínas romanas, uma exposição comemora os combates do verão de 2006, do Hezbollá contra Israel. Aí podemos ver, embalados por cânticos de guerra, fotografias de blindados e barcos de guerra israelitas, reduzidos a destroços retorcidos, mísseis Katioucha e reproduções em relevo das zonas de combate. No fim da visita, os retratos de 28 jovens dos 16 aos 25 anos, mártires locais da guerra, dispostos à volta de um caixão vazio, coberto pela bandeira do movimento.
Com sete espectáculos programados para este verão, só o habitual Festival Internacional de Balbeck se mostrou capaz de atraír pequenas multidões. O concerto do grupo rock britânico Deep Purple, sábado passado, trouxe até esta cidade austera mais de 4 mil espectadores, sobretudo adolescentes excitados.
Muitos destes jovens ostentavam barba, mas não como aquela dos tradicionalistas chiitas. Mais a dos fans de rock, quase sempre acompanhada por cabelo grande mal penteado e jeans rotas. Em vez de lançamentos de mísseis Katioucha, a soiré foi a ocasião para lançar soutiens para o palco e para tentativas, algumas com êxito, para ir beijar as estrelas britânicas. O grito de guerra foi o êxito "Smoke on the water", com dois dedos voltados para cima. Um sinal distintivo dos metálicos, que dizem representar o demónio ou a negação de Deus. O cúmulo do descaramento nesta cidade de mártires da fé, ainda para mais num templo romano outrora consagrado a Júpiter, o deus dos deuses... Certamente influência do deus Baco, divindade do vinho e das orgias, que também tem por aqui o seu templo, por acaso muito bem conservado. Sinal de respeito?
Em todo o caso, prestando certamente homenagem a Baco, a juventude não abandonou o recinto sem um renhido combate com as almofadas arrancadas das cadeiras. Meia hora após o fim do espectáculo, enquanto o silêntio voltava a invadir a paisagem, a batalha das almofadas ainda continuava no templo de Júpiter."

Cécile Hennion -Enviada especial a Balbek (Líbano) do jornal LE MONDE
Nota prévia, tradução e adaptação de A. R.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

UMA BIZARRICE ELUCIDATIVA...

António Rebelo
Ainda atónito, tencionava manter o silêncio sobre o caso. Como, porém, continua a estar na berra, vamos a ele.
Um dia destes fui surpreendido pelo Doutor Francisco Louçã, na TV, a verberar o PS, que alegadamente teria assediado uma fundadora e militante do Bloco de Esquerda. Fê-lo em tom acusatório, quase inquisitorial. Fiquei atónito. Em 2009, na Europa, mesmo num país dos menos evoluídos, um líder partidário ousa descer tão baixo? Não se terá dado conta do ridículo da situação, semelhante à daqueles pais, de muito antes do 25 de Abril, que diziam aos rapazes -"Você anda a tentar desviar a minha filha; mas olhe que se o volto a apanhar aqui a rondar a porta..."? Acabei transitoriamente por achar tão grotesco que decidi aguardar. Cuidei que os dirigentes socialistas não tardariam a colocar o acusador de circunstância no seu lugar.
Pois não senhor! Limitaram-se a desmentir os alegados contactos, mas devem ter pensado que era natural tal tipo de acusação, manifestamente arcaica. Esperei então pelos jornais, por análises mais serenas, por quem colocasse a questão "en su sítio". Pois também não. Tanto em editoriais como em notícias, acharam que o importante era saber se realmente houve aliciamento ou não e qual a posição da eventual assediada.
Face a tudo isto, desanimei. Afinal não podes ter razão contra todos os outros, pensei com os meus botões. Mas depois, recordei que o mesmo Doutor Louçã nada disse sobre o aliciamento de Miguel Vale de Almeida, igualmente fundador e militante do Bloco, que integra as listas PS para a Assembleia da República. Querem ver que afinal, no caso da militante, não se trata só de um problema político?, interroguei-me.
Agora que o suposto assédio é escalpelizado na VISÃO, aproveito para despejar o saco. Face ao ocorrido, quer alguém do PS tenha ou não estabelecido contactos com Joana Amaral Dias, a atitude inquisitorial do Doutor Francisco Louçã é não só ridícula como lamentável, perigosa e elucidativa. Ridícula, porque nos envergonha como povo europeu, numa altura em que por esse continente fora dezenas de militantes de esquerda ou extrema-esquerda colaboram com ou fazem parte de governos de direita. E ninguém se incomoda com isso. Faz parte dos direitos de cidadania. Para não ir mais longe, o actual governo francês, de centro direita, inclui dois ministros que continuam filiados no PS (Bernard Kouchner, nos Negócios Estrangeiros, e o sobrinho de François Mitterand, na cultura). Além disso o antigo primeiro-ministro e secretário-geral do PSU e depois do PS, Michel Rocard, acaba de ser encarregado pelo presidente Sarkozy de elaborar um relatório sobre a fiscalidade verde. Para já não falar do trotsquista Jean-Cyrile Spinetta, que preside à AIR FRANCE e à AREVA.
Lamentável, porque mostra que o Doutor Louçã, no fim de contas e nos factos, é na realidade muito menos avançado em termos societais do que aquilo que pretende dar a entender.
Perigosa porque, se agora que o BE é um pequeno partido, sem esperanças reais de chegar ao poder, o Doutor Louçã já considera pelo menos uma militante como propriedade do partido, se um dia chegasse ao governo com maioria, tudo indica que seríamos todos propriedade do estado. Como na Coreia do Norte?
Perigosa, porque não aponta para uma sociedade de cidadãos livres. Antes para um país de dependentes das formações partidárias de ideologia não totalmente explicitada aos eleitores.
Elucidativa enfim, pois nos permite perceber, enquanto é tempo, aquilo que na verdade o Doutor Louçã pretende para o país que somos todos. Comigo não conte de modo algum. Até porque já tinha alguma reserva em relação à sua sinceridade. Um líder político que é simultaneamente catedrático de economia, não deve proclamar que "quem tem lucros não pode despedir" ou "reforma por inteiro com 40 anos de descontos", por exemplo, pois tem obrigação de saber que tal não é possível. Nem aqui nem em qualquer outro país com um regime pluripartidário e eleições livres, transparentes e justas. Tenha vergonha Doutor Louçã!

EM CIMA DA HORA


Não correu assim muito bem a sessão de apresentação das candidaturas do PSD, ontem na Estalagem de Santa Iria. Por motivos não conhecidos, António Paiva não esteve presente. Estará com a gripe da Dª Manuela?
Sem gripe mas com outros problemas, o putativo candidato à Junta de Freguesia da Beselga ainda continuava a hesitar à hora da cerimónia.
Como uma desgraça nunca vem só, Miguel Relvas mostrou-se pouco convicto, certamente porque também ainda ignora o que o espera em termos de candidatura a deputado. Vai ou não vai? À cabeça? Em que lugar?
Debatendo-se com estas dúvidas lancinantes, a angústia arrastou-o para as alusões veladas, que em época de crise não convém hostilizar ninguém. Resultado: na assistência, já de si muito escassa, raros foram o que entenderam cabalmente o que o ilustre deputado disse. E quando as bases não compreendem o que dizem os chefes, a derrota não costuma tardar.

xoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxox

Quem também tem andado com azar é o actual vereador Ivo Santos. Um dia destes convocou uma conferência de imprensa. Logo de início distribuiu um texto bastante escorreito. Depois foi a surpresa, para alguns menos habituados a tais bizarrias -começou a ler o texto, como se os presentes fossem todos analfabetos. Ou se tratasse de verificar se o Ivo lê bem ou menos bem.
Mais tarde, acabou por soltar aquela frase abundantemente usada pela comunicação social -"ainda um dia hei-de ser presidente da câmara..."
Logo a seguir começou a constar nos "meios geralmente bem informados" que afinal seria o cabeça de lista do CDS, uma decisão cujas motivações ninguém compreendeu muito bem. Ontem declarou numa rádio que sem estruturas nas freguesias e outras condições, não será candidato, embora agradeça as amáveis referências a seu respeito, feitas pelo responsável distrital do CDS.
Dado ser do conhecimento público que o CDS não dispõe no concelho de quaisquer estruturas conhecidas, as condições solicitadas são apenas uma justificação para o abandono?

PERCEBER A CRISE - 2


Além do já referenciado, o autor apresenta outras maleitas que nos são peculiares. Uma delas baseia-a numa tese das "Conferências de Harvard", de 1958, de acordo com a qual existem dois tipos de cidadãos -"De um lado ficaram "aqueles que seguiram o caminho da individualidade, que criaram e alargaram oportunidades para se comprometerem na realização de acções livremente escolhidas..." "Do outro lado, ficaram os "homens incapazes ou indispostos a fazerem escolhas por si próprios, homens esperando que lhes dissessem o que fazer e em que acreditar, e pedindo aos governos assistência, protecção e liderança." ..."Nalguns homens esta incapacidade... apenas provocou resignação; mas noutros gerou inveja, ciúmes, ressentimento."
Para Vítor Bento, os portugueses integram o segundo grupo, o dos "colectivistas". E acrescenta mais adiante: "A inveja, o queixume e o ressentimento , com que muitos portugueses embrulham a pequenez de espírito e a incapacidde de ousar e de assumir os riscos da sua individualidade, esgrimindo-os contra os que têm sucesso ou, mais simplesmente, contra os que se atrevem a sobressair da niveladora mediocridade, são outra emanações, limitadoras, desse "carácter" [colectivista]"
Noutra passagem, assinala-se que os nossos compatriotas "sendo confrontados com qualquer erro ou má prática, quase que instintivamente respondem que "não fui eu", apontam noutra direcção, ou apresentam um rol da de desculpas justificativas."
Há igualmente uma abordagem do nosso problema educacional que nos parece valer a pena destacar. É esta: "Para além da dificuldade de compreensão da informação escrita, e da dificuldade (também apurada no estudo da OCDE) de resolução de problemas, um outro campo onde muitos portugueses expressam uma manifesta dificuldade é na expressão oral. Esta dificudade é frequentemente percebida, de uma forma incontornável, quando as televisões recolhem opiniões espontâneas, na rua ou nos estúdios. ... ...O problema é sério, porque quem não sabe verbalizar articuladamente as ideias, também não sabe pensar articuladamente. E quem não sabe pensar..."
Poderíamos continuar "a bater na ceguinha". Preferimos ater-nos à conhecida tomada de posição do marechal Beresford, aquando das invasões francesas. Quando lhe disseram que as forças portuguesas eram bandos de cobardes, bêbados, assassinos, traidores, velhacos, labregos, etc. meditou uns momentos e respondeu -"Será verdade tudo o que me dizem. Mas é com eles que vamos ter de fazer e ganhar a guerra, porque não há outros." Assim acontece agora com os eleitores que temos. Restam 15 dias para ter a coragem de arranjar e entregar listas que não nos envergonhem ou nos façam rir. (O negrito é de Tomar a dianteira)

terça-feira, 28 de julho de 2009

PERCEBER A CRISE - 1


Em Tomar a dianteira, talvez por ser uma actividade de amadores, procuramos nunca deixar as coisas mal acabadas. Do tipo "próquié serve", "não vale a pena gastar mais cera com ruins defuntos", "játábomdemais", "pra quem é bacalhau basta", "vão lá fazendo que eu já venho dar uma ajuda". Após o artigo "Entalados e ofendidos", do passado Domingo, no essencial reproduzido do EXPRESSO, fomos procurar, comprar, ler e comentar o livro nele calorosamente
recomendado: Perceber a crise para encontrar o caminho, Vítor Bento, Deplano Network, colecção binomics, 190 páginas, 17 € na book.it (Modelo).
O que segue são apontamentos de leitura, elaborados com a intenção de posterior publicação aqui.
Quem ler o livro, concluirá que há nele muitos posições praticamente homólogas de outras anteriormente publicadas neste blogue. Convém por isso esclarecer (não vá o diabo tecê-las...) que não conhecemos pessoalmente Vítor Bento, nunca com ele tivemos qualquer contacto anterior à leitura do livro, que apesar de editado em Abril, só agora foi apresentado nos jornais e posto à venda aqui nas berças. Simples coincidência, portanto, a tal convergência analítica? Julgamos que nem tanto. Apenas consequência de ambas as partes viverem no mesmo meio sociológico, escreverem na mesma língua e terem estudado a mesma disciplina. Mas caberá aos leitores a última palavra.
Logo a iniciar a obra, Vítor Bento cita autores conhecidos, entre os quais Camilo Castelo Branco, em Memórias do cárcere, 1862: "Em Portugal nada nem ninguém pode ser grande, nem sequer ladrão. Quando alguém sai da mediania que a sociedade consente, logo se erguem contra ele forças conjugadas dos vários poderes ameaçados, reduzindo-o à insignificância do descrédito ou da prisão. Não se admirem, portanto, que em Portugal não haja grandes crimes nem grandes obras. A grandeza tem fortes inimigos entre nós." Está assim dado um dos tons gerais da obra.
Bem mais adiante, após uma primeira parte de 117 páginas, cuja leitura é por vezes árdua, o autor continua a pôr o dedo na ferida: "Mas uma das maiores dificuldades que Portugal cria a si próprio é a de ser demasiado pequeno. Não por causa dos 89 mil quilómetros quadrados que nos confinam, mas porque se habituou a pensar pequenino, mesmo quando, em lugar do realismo realizador, propende para a provinciana megalomania "aspiracional", que o leva a gastar em grande com objectivos menores." E acontece assim porquê? Porque "...Temos uma elite que, além de pouco culta, é pouco cosmopolita e tem uma visão demasiado provinciana do nosso papel no mundo. Não é que não viaje, mas mesmo conhecendo (algum) mundo, continua a "ter pouco mundo", a demonstrar uma postura provinciana e, sobretudo, a promover interesses tacanhos, a que não será indiferente o seu frágil "background" cultural. E que se habituou demasiadamente a encostar-se ao estado, a dele depender..."
Antes, logo no início, já Vítor Bento alertara detalhadamente para o atoleiro em que nos procuramos mover devagarinho: "Para resolver um problema é preciso, antes de mais, percebê-lo. Por isso, e antes de pensar em soluções, é necessário identificar-se muito bem o problema económico com que nos confrontamos. Só a partir daí se podem procurar as soluções adequadas. Imagine-se o que seria estar no alto mar e tentar definir uma rota, sem saber onde se está. O resultado, praticamente seguro, é continuar perdido e nunca conseguir chegar ao destino desejado." E logo mais adiante: "Quem acompanhe, [ou acompanhou], a série televisiva Dr. House, mesmo descontando as fantasias e exageros que deixam os médicos enfurecidos, já terá percebido pelo menos três coisas -a) enquanto não se acertar com o diagnóstico, não é possível prescrever a terapêutica adequada para curar a doença; b) um diagnóstico errado pode conduzir a uma terapêutica fatal; c) para tratar eficazmente uma doença, é preciso começar por identificar, e cessar, os comportamentos que a causaram e agravam."
É nossa opinião que os candidados e os políticos locais, bem como os respectivo conselheiros (de circunstância ou não), teriam todo o interesse em mandar ampliar e colar, nas paredes dos gabinetes que ocupam, as citações que antecedem. Evitar-se-iam assim situações (para os mais entendidos) hilariantes, em que, ignorando quase tudo das causas da doença a tratar, vão propondo como terapêutica exactamente aquilo que a causou. Até já ocorreu, numa manifestação recente, que por cortesia não vamos especificar, o principal interveniente dizer, sem disso se dar conta, que o ideal para apagar o nosso grave incêndio económico é regá-lo com bastante petróleo ou gasolina. (En sentido figurado) Estamos a falar de Tomar. Em Julho de 2009. Vinte anos após a queda do Muro de Berlim... (continua) O negrito é de Tomar a dianteira.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

ASSIM VAI O MUNDO - CALIFÓRNIA 3

Nota inicial: Conforme puderam ler anteriormente (clicar em Assim vai o mundo - Califórnia 1 e 2), as coisas não vão nada bem no mais populoso estado americano. Ainda assim, houve leitores a perguntar qual o interesse deste tema que resolvemos traduzir. Abreviando razões, digamos que "A Califórnia é a Europa dentro de 10 anos." Logo, Portugal dentro de 15 anos. Ou estaremos a ser optimistas?
"Na passada sexta-feira, 24º dia do novo ano fiscal americano, os dois órgãos legislativos de maioria democrata do Congresso Californiano (o Senado e depois a Assembleia estadual) adoptaram finalmente um orçamento equilibrado que resolve o défice de 18 biliões de euros. "Não é um orçamento fácil", declarou o governador estadual republicano, que deverá promulgar rapidamente o projecto-lei prevendo 15,5 biliões de economias e evitando assim um aumento dos impostos.
"É um orçamento difícil mas necessário", reiterou. Mas agora a Califórnia promete um governo que é estável e que coloca os cidadãos acima dos interesses particulares." Terminou saudando a "coragem " dos deputados.
As reduções orçamentais previstas afectam principalmente o sector da educação (uma diminuição de 9 bilões de dólares) e a saúde para os mais carenciados (cujo orçamento sofre uma amputação de 1,3 biliões de dólares). As escolas públicas devem perder quase 6 biliões , o ensino secundário cerca de 3 biliões e as prisões 1 bilião. Ainda assim, o projecto de libertação antecipada de 27 mil presos, não foi aprovado por enquanto.
O orçamento agora aprovado reduz igualmente os serviços públicos, sistematizando a prática dos "furloughs", férias não pagas obrigatórias até 3 dias por mês, o que representará uma redução efectiva de 15% dos vencimentos de todos os funcionários.
"Há reduções orçamentais dolorosas, sobretudo na educação, na saúde e nas colectividades locais", reconheceu o presidente do Senado californiano, que prosseguiu: "Mas dadas as circunstâncias, estou mesmo assim muito satisfeito por termos conseguido evitar um certo número de outras coisas."
Apesar de tudo, os deputados estaduais votaram contra uma proposta que previa poços de petróleo submarinos ao largo de Santa Bárbara, o que proporcionaria um encaixe de 100 milhões de dólares para os cofres do Estado.
Mas a batalha do orçamento pode ainda não estar ganha, neste Estado atingido pela crise imobiliária, onde a taxa de desemprego já atinge os 11,6%, contra 9,5% de média nacional. Os sindicatos de funcionários estão preparados para contestar judicialmente as medidas prevendo reduções de despesas nos diversos sectores. Por sua vez, o sindicato das comunidades urbanas da Califórnia já declarou que o voto obtido no congresso constitui "um desvio claramente inconstitucional" da atribuição dos recursos públicos, pelo que tencionam apresentar recurso perante a justiça.
Será que o mais povoado dos estados que constituem os USA, que se fosse independente seria a 8ª potência económica mundial, se está a tornar ingovernável? Pelo sim, pelo não, o presidente da câmara de Los Angeles, a maior metrópole do estado, António Villaraigosa, um dos candidatos à sucessão do actual governador, já apelou a que se convoque uma Convenção estadual tendo em vista a reforma da actual Constituição da Califórnia."
Claudine Mulard, correspondente do Le Monde em Los Angeles
Tradução, adaptação e notas de A. R.

Nota final: Os nossos leitores mais inseridos na política local não deixaram certamente de notar que a notícia não menciona qualquer redução na área da cultura. Por uma razão muito simples: Nos USA, nem os diferentes Estados, nem o Governo Federal concedem quaisquer verbas para a cultura. Só para a educação, e mesmo assim... Cultura é coisa para fundações e outros particulares. Para terem uma pequena ideia da situação, até os monumentos aos combatentes da Coreia e do Vietnam, na capital federal, foram integralmente custeados e são mantidos exclusivamente pelas associações de antigos combatentes. Para a generalidade dos americanos, o chamado "estado social europeu" é algo bizarro a caminho do odiado colectivismo. Assim vai o mundo...

SEM PAPAS NA LÍNGUA

Que saibamos, muitos murmuram, por aqui e por ali, mas nunca ninguém o disse, (pelo menos nestes últimos tempos), com tanta frontalidade. E Saldanha Sanches sabe de certeza daquilo que fala. Intitula-se simplesmente fiscalista, mas é uma das melhores e mais honestas cabeças deste país. Conviveu na faculdade com muitas das actuais figuras de topo, militou na extrema-esquerda bem antes do 25 de Abril, o que não era nada confortável e foi preso pela PIDE. Mas nunca se aproveitou de tão honroso currículo. É casado há muitos anos com a conhecida magistrada Maria José Morgado. Pensamos por isso que valerá a pena ler e meditar este seu escrito, publicado no EXPRESSO. (clique no texto para ampliar)

domingo, 26 de julho de 2009

ENTALADOS E ILUDIDOS


O texto anterior provocou um comentário visivelmente pouco amigável, logo a abrir. Mas vá lá; desta vez não apareceu ninguém (por enquanto?) a lamentar que citemos quase sempre a imprensa estrangeira, para alertar sobre a crise. Como se a culpa fosse só nossa...
Desta vez decidimos publicar uma crónica inserida no EXPRESSO ECONOMIA de ontem, que não carece de qualquer texto de apoio, pois é extremamente clara.
Quanto aos que continuamn a mostrar-se agastados com o nosso alegado pessimismo, permitam-nos lembrar que pode muito bem tratar-se apenas de realismo. Na verdade, todos os especialistas convergem no sentido de que os empregos perdidos não são recuperáveis, o mesmo acontecendo com as fábricas que fecharam. O mundo mudou radicalmente com a crise, embora tudo pareça continuar na mesma, pelo que não adianta esperar por melhores dias, que nunca mais virão. O tempo das vacas gordas, sustentadas pelos contribuintes, já foi. Por falta de contribuintes, claro.
Os candidatos da nossa praça, que continuam implicitamente a pensar que as práticas de anos anteriores ainda são válidas, fariam melhor se perdessem todos os dias um bocadinho na leitura da imprensa especializada. Poderiam assim evitar cair na repetição da velha "História do galego": Um imigrante galego (no tempo em que os galegos ainda vinham para Lisboa, porque actualmente são os portugueses que emigram para a Galiza) foi pedir emprego a um café. O dono fez-lhe uma série de perguntas e a certa altura indagou -E sabes fazer chá? -Sei sim, meu senhor! -Então diz lá como se faz. -Tiram-se uns grãos escuros do saco, põem-se no moínho, dá-se à manivela, sai um pó castanho... -Mas isso é café! -Pois é, meu senhor. -Mas tu sabes fazer chá? -Sei sim, meu senhor! -Então explica lá como é! -Tiram-se uns grãos escuros do saco, põem-se no moínho...
Assim estão algumas candidaturas. -Vamos fazer mais isto e mais aquilo e mais aqueloutro.
-Mas olhem que há a crise... -Pois há! -O governo está com muitas dificuldades orçamentais... Pois está! -Nada voltará a ser como antes...-Pois não! -Vamos ter de apertar o cinto...-Já sabemos! -Então qual vai ser o vosso programa? -Vamos fazer mais isto e mais aquilo e mais aqueloutro. -Mas olhem que há a crise... -Pois há, mas não se preocupe que está tudo controlado!
Estamos em Tomar, no extremo sudoeste da Europa...

É SÓ PARA LEMBRAR QUE AINDA HÁ CRISE...


Na sequência do que se tem ouvido das diferentes forças partidárias locais, sobretudo da CDU e dos IpT, pensar o futuro é propor equipamentos e/ou eventos basicamente custeados pelo erário público. Há até quem diga que aqui no blogue somos demasiado pessimistas, ou que estamos redondamente enganados quando afirmamos que o estado português não só não tem dinheiro para o essencial como está praticamente falido. Para todos esses, sem querer desempenhar o papel de arauto da desgraça, mas respeitando a realidade envolvente, aqui fica esta ilustração do EL PAÍS de ontem, só para lembrar que ainda há crise. E se calhar o pior pode muito bem ainda estar para vir.
Repare-se que, enquanto em Portugal a taxa de desemprego é neste momento de 9,6%, em Espanha, mesmo aqui ao lado, a média é de 17,92%, ou seja quase o dobro. Nas regiões que fazem fronteira com Portugal, a Galiza regista 12,93%, Castela e Leão 14,14%, Estremadura 20,9% e Andaluzia 25,41%.
Observe-se igualmente que na regiões turísticas do Mediterrâneo, só a Catalunha e Baleares estão abaixo dos 20% de desemprego.
Seria muito conveniente que os mentores das listas a apresentar em Outubro não esquecessem esta realidade, escancarada aqui à frente da nossa porta, na hora de redigir os respectivos e indispensáveis programas. Os sonhos são lindos, mas os pesadelos não são, em geral, nada agradáveis. E não adianta nada dispor de boa carne e de bons temperos, se não houver quem saiba fazer bons chouriços, de preferência com um toque pessoal, por causa da concorrência, pois cada vez há mais salsicharia e menos consumidores com dinheiro para comprar...

PATRIMÓNIO EDIFICADO E PATRIMÓNIO HERDADO





Estas três ilustrações, à primeira vista sem qualquer ligação, testemunham a nossa triste condição de provincianos e pagadores de impostos, com cada vez menos retorno em relação ao que nos cobram. Basta pensar no sistema de saúde...
Conforme referimos na ocasião, a autarquia tomarense convidou, em páginas inteiras da imprensa local e regional, para a cerimónia de apresentação de mais um plano de recuperação urbana e mais um plano de desenvolvimento do turismo. Este tomou, desta feita, a designação de
"Rede de Mosteiros Património da Humanidade". Na própria cerimónia, que foi praticamente uma má repetição da anteriormente realizada em Lisboa, o presidente da Câmara de Alcobaça, o senhor Sapinho, provavelmente sem sequer tentar fazer trabalho de sapa, lastimou-se que estas iniciativas depois não tem continuidade, como acontece com a "Rede dos Mosteiros de Císter" de que já faz parte há algum tempo, todavia sem quaisquer resultados práticos. Acrecentou que continua sem saber como ocupar com dignidade e proveito as partes há algum tempo devolutas do Mosteiro da sua terra.
Tem toda a razão o autarca alcobacense, cidadão muito calejado nestas lides políticas. Já tivemos a Rota do Infante, a Rota dos Descobrimentos, a Rota dos Judeus, o Caminho de Santiago, o Programa de Incremento Cultural, etc.etc. Tudo com fundos da União Europeia e sem qualquer continuidade ou retorno significativo. É praticamnente só blábláblá. Quando se devia passar à prática... vão lá indo que eu tenho um outro compromisso e depois lá vou ter.
Neste caso da nova rede da qual Tomar é líder, as coisas não começam nada bem. Sem prévia discussão pública, já foi decidido fazer obras, umas úteis, outras nem tanto. É o caso das terraplanagens e parque de estacionamento de autocarros junto à fachada norte do Convento. É igualmente o caso do parque de estacionamento de 34 (!!!) lugares ali na encosta. Quando um dia houver a coragem de organizar as coisas convenientemente, é óbvio que o trânsito automóvel
a partir do Turismo Municipal, bem como em toda a cidade velha, será unicamente para moradores, cargas e descargas, inválidos, ambulâncias e bombeiros. Nessa altura, os parques lá em cima servirão para quê e para quem?
Que se melhore o existente, compreende-se. Sempre servirá para cortejos oficiais, forças de segurança e veículos de socorro. O resto será só espatifar dinheiro. Como vem sendo hábito...
Já incrédulos em relação aos anunciados melhoramentos, pelas razões apontadas e outras que ficam de reserva, lemos estupefactos uma entrevista do ministro da cultura, publicada no PÚBLICO de 25 do corrente. Dela extraímos o seguinte excerto, para que os nossos leitores possam constatar, uma vez mais, que é realmente um privilégio viver e pagar impostos neste país. "-Não se arrepende, portanto, de ter dito que ia fazer mais com menos? -Não, não...Eu disse que era preciso... eu vou ler: "Fazer mais e melhor com menos, isto só é posssível com a mobilização das pessoas, dos agentes culturais e de toda a população." -Essa será a sua marca política. Tem orgulho em ter essa marca? -Sim, com certeza. Aquilo não foi dito inconscientemente. Aquilo em que me empenhei fazer foi isso: parcerias e rede com outros para fazer mais. -Onde é que houve a multiplicação de que fala? -O cheque-obra, o INOV-Art, a compra do Vieira Portuense, a compra do espólio de Fernando Pessoa, a parceria para a vinda de Sena, as parcerias com a Igreja Católica para a remodelação de 25 catedrais, o trabalho com autarquias para restauro dos quatro principais mosteiros -Jerónimos, Tomar, Alcobaça e Batalha- tudo isso é feito usando recursos dos outros." (O negrito é nosso)
Por outras palavras, mais ao nível do eleitor comum. O ministro manda, o IGESPAR determina e os provincianos executam. Temos assim, para falar só de Tomar, o Convento transformado em armazém de pessoal, cujos critérios e forma de recrutamento nunca foram tornados públicos, com entradas a 5 euros, sem direito a visita guiada, salvo raríssimas excepções, mediante pedido prévio com bastante antecedência, actualmente com uma directora que, apesar de tomarense ou exactamente por causa disso, está convencida que aquilo é uma coutada da qual ela é proprietária. É pelo menos o que se deduz das suas sucessivas proibições. Sacerdotes foram impedidos de celebrar uma missa comemorativa na antiga capela do seminário, forcados foram impedidos de se fazerem retratar frente à Janela do Capítulo, com o pretexto de que tauromaquia não é cultura, e agora a proibição imposta aos fotógrafos profissionais de poderem fazer as tradicionais fotografias de casamentos dentro do monumento. E não houve ninguém até agora com coragem (para não dizer outra coisa, mais vernácula) para lhe dizer pessoal e publicamente, que aquilo é património nacional. Dos portugueses todos, particularmente dos tomarenses amantes da sua terra, pelo que a senhora apenas tem autoridade par exigir, eventualmente, o pagamento das entradas e impedir eventuais actos ilegais ou susceptíveis de provocar degradação. O resto é um manifesto abuso de poder, claramente definido na lei e susceptível de adequada punição. E demonstra uma ignorância crassa, além de evidente deficiência em termos de relações humanas.
E já agora, a talhe de foice -Como é que a senhora foi recrutada para o lugar que exerce? Por concurso público, como manda a lei? Onde e quando foi publicado o aviso de concurso?
Enquanto isto vai ocorrendo a 150 metros do Paços do Concelho, os nossos autarcas resolvem seguir as determinações de Lisboa e apresentar projectos a solicitar comparticipações de Bruxelas, apesar de nem sequer terem uma palavra a dizer em termos de gestão de bens de todos nós. E não venham dizer que não sabiam. Pois se a esposa do actual presidente até lá está destacada há vários anos...

sábado, 25 de julho de 2009

CULTURA E MISÉRIA

Os cidadãos habituam-se a tudo. Mesmo às situações mais desumanas. Agora que se aproximam as eleições autárquicas, cidadãos de todas a tendências falam de cultura, de educação, de investimento, de turismo, de património, de saúde, mas de alojamento não. E no entanto... No entanto há as famílias ciganas, a quem já prometeram mas ainda não cumpriram. E há os casos sociais tomarenses. O Zé Carlos, que continua nos sanitários de S. Gregório, o Rogério, que continua numa casa da Rua Nova sem as condições mínimas, o Manuel Cavalo de Pau (de quem se fala, na chacota, para fazer parte de uma lista para a autarquia), que vive no prédio arruinado da foto, sem água nem luz nem casa de banho, os dois velhotes que pernoitam num prédio degradado, igualmente sem luz nem água nem casa de banho, ali ao início da Rua de Leiria, do lado esquerdo. E outros...
Dirão alguns que a câmara não tem meios para alojar estes cidadãos com a dignidade a que têm direito, simplesmente por que são pessoas humanas. E europeus, ainda por cima. Pois é bem capaz de ser verdade. Mas tiveram 40 mil contos para gastar em publicidade e comunicação durante os últimos 12 meses. Estará certo? Afinal, qual a prioridade? A dignidade humana e a ajuda ao próximo? Ou a promoção pessoal, a vaidade?
É nosso entendimento que os cidadãos citados não estão ainda alojados com um mínimo de condições, basicamente porque os senhores autarcas que temos nunca procederam adequadamente e com convicção. Se o tivessem feito, já teriam conseguido que a direcção do Lar de S. José reabrisse uma parte das instalações agora desocupadas do Largo do Pelourinho, para aí instalar os nossos conterrâneos infelizes. Naturalmente após obras sumárias de adaptação e com o destacamento de alguém para limpeza e arrumação. Mas nunca é tarde. Vamos a isso? Ou o Lar de S. José e a Misericórdia são agora instituições com fins lucrativos?

BOA PERGUNTA!!!


Os turistas são um pouco como as crianças -têm uma tendência natural para fazer perguntas inesperadas. Foi o que aconteceu um dia destes. Um turista perguntou-me qual o nome da nova rua nas traseiras da Igreja de Santa Maria dos Olivais. Disse-lhe que também não sabia e o respeitável cidadão lá foi indagar junto de outro transeunte, se calhar com a ideia de que estes tomarenses são mesmo uns ignorantes.
O facto é que a citada nova artéria, a partir da qual foi tirada a foto acima, não ostenta qualquer placa toponímica. Está assim a modos que como um cão sem coleira, ou um gato sem guizo. Perante tal situação, após muitas interrogações (Prolongamento da Rua Manoel de Matos, Desvio da Avenida Aquiles da Mota Lima, Rua Sem Nome, Rua das Traseiras, Rua dos Sanitários Fechados, Rua à Espera de Identificação, etc. etc.) Tomar a dianteira propõe um nome totalmente adequado e por isso irrecusável: Rua do Grande Presidente António Paiva. Era bem feito! Cá se fazem, cá se pagam! Eh pá, mas a rua é pequena e toda torta! Mais uma razão de peso!

OS IPT E A CULTURA EM TOMAR


Olhando para as duas ilustrações, separadas por quatro anos, alguns leitores serão, certamente, levados a pensar em "E depois do adeus...", de Paulo de Carvalho. "Quiz saber quem sou, o que faço aqui, quem me abandonou..."
António Rebelo
Convidado presencialmente, por email e por via postal, acabei por ir assistir à sessão de apresentação das propostas culturais dos Independentes por Tomar, dado que quem lá devia ir foi forçado a ausentar-se.
O evento teve lugar na Biblioteca Municipal Cartaxo da Fonseca, com a sala bastante bem composta, embora não totalmente lotada. À boa maneira portuguesa, teve início mais de meia-hora depois do anunciado, mas não houve qualquer pedido de desculpa. Coisas nossas.
Pedro Marques, sem microfone, fez uma pequena introdução e apresentou um jovem que logo subiu ao palco, igualmente sem microfone, para apresentar o currículo de José Soares, a estrela da noite. Com música e tudo, o conhecido cidadão veio para o palco e foi a primeira surpresa. Até trazia um daqueles microfones de peito, como na TV.
Seguiu-se a exposição das propostas culturais do I.p.T, com a ajuda de projecções assaz pobres. José Soares soltou-se, esteve bem, desinibido, refutou o palavrório a seu respeito que por aí vai e foi convincente. Por vezes até empolgante. Citou quem entendeu, entre outros Obama, como é evidente, e Mandela, com direito ao Hino à Alegria da 9ª, para entusiasmar. Mas não teve aplausos, que os tomarenses são pacatos.
Com alguns apontamentos musicais agradáveis, como é hábito em todos os eventos levados a cabo por José Soares, o público muito variado, com jornalistas e muitos curiosos, ouviu um rol de propostas, na minha opinião de ficar de boca aberta de pasmo. Nada mais, nada menos que 5 festivais diversos, 2 bienais, uma escola superior de Artes, no Convento de Cristo, uma aldeia pedagógica, itinerâncias no concelho, contactos constantes com os artistas, profissionalização da Divisão de Animação Cultural e liderança da Câmara Municipal. "Fazer de Tomar uma referência nacional e internacional." Nada menos!
Certamente consciente de que os tempos não vão par farturas, bem pelo contrário, José Soares saiu-se com uma habilidosa pirueta: "Uma provocação alí ao ... António Rebelo que pergunta sempre onde é que está o pilim. Há pilim, fique descansado." Infelizmente não esclareceu onde, quando nem como. Mas também é verdade que nestas coisas o segredo é a alma do negócio.
Pedro Marques foi novamente para o palco e abriu o período de diálogo com a assistència. Foi nessa altura que resolvi abandonar a sala, para evitar tentações, que seriam certamente menos oportunas para os anfitriões.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

MAU TEMPO NOS LARANJAIS

Foto Carlos Garcia

Vai agreste, muito agreste, o Verão nalguns laranjais do país. Nas regiões de Vila Real e de Santarém corre-se mesmo o risco de vir a ser uma desgraça. Para alguns, claro! Na área que mais nos diz respeito, a de Santarém, Miguel Relvas nunca esteve assim tanto na corda bamba. De uma assentada, MF Leite deu-lhe três apertos mitrais, que o terão deixado a respirar com alguma dificuldade, bem como ao seu amigo dilecto PP Coelho. Segundo o semanário SOL, na edição de hoje (pág. 9), a presidente do PSD afirmou que 1 - Pretende mais qualidade, alguma renovação, mais eficiência e mais coesão no grupo parlamentar; 2 - A ordenação dos candidatos a deputados, bem como os respectivos critérios, são da sua exclusiva competência; 3 - Todas a listas serão previamente reformuladas por ordem alfabética, mesmo as que indicaram já claramente o cabeça de lista preferido, como é o caso de Vila Real e de Santarém. Nestas condições, o posicionamento de Miguel Relvas só será debatido quando se chegar à letra M, o que poderá ser já tarde de mais. E adeus liderança distrital de facto.
Político astuto e muito experiente, Relvas há muito que percebeu de que lado sopra o vento, a partir do fim da corrida em que apostou no cavalo errado. Por isso desencadeou uma campanha de promoção jornalística, à qual nos referimos detalhadamente ontem (ver análise da imprensa local e regional). Perante o até agora manifesto insucesso da sua iniciativa, houve mesmo quem nos tenha dado a entender que até já terá havido contactos com Bruxelas, hipótese plausível, pelo menos a julgar pela fotografia, que todavia é de 2003. De qualquer forma, concluiram, a resposta terá sido evasiva, como quase sempre acontece a partir de certo nível.
Vamos ter um novo líder no laranjal tomarense e distrital? É o que ainda não conseguimos apurar. Mas já falta pouco. E já não era sem tempo, contrapõem outros.

MAIS UMA ASELHICE...

Foto A.R.

Foto O Mirante
Foi recentemente anunciado, com o habitual aparato publicitário, o concurso para adjudicação da obra de requalificação do "Caminho de atravessamento da Mata dos Sete Montes". Tal caminho existe desde pelo menos o século XVI e só deixou de cumprir a sua missão de ligação quando, por motivos nunca explicados, deixou de haver quem abrisse a porta da Torre da Condessa (B, na foto).
Sobre a citada requalificação, inicialmente previa-se uma parceria ICN-IGESPAR-CMT, com limpeza e melhoramento da Mata, incluindo actividades de educação ambiental e tudo. Como era realmente uma falsa parceria, uma vez que as três entidades funcionam com dinheiro do mesmo saco (bolsos dos contribuintes via orçamento de estado), quando perceberam que era para pagar e não para receber, ICN e IGESPAR logo tiraram os cavalinhos da chuva (não fossem os animais constipar-se...), alegando "falta de cabimento orçamental". Ainda assim, a autarquia de António Paiva decidiu avançar, dado não ter qualquer plano alternativo e dever cumprir compromissos anteriormente assumidos. Tendo em conta as duas desistências, a verba inicialmente prevista para a iniciativa, cerca de 750 mil euros, passou para cerca de 225 mil.
Ainda assim, o que se pretende sobretudo não é requalificar o antigo caminho, mas instalar um emissário para uma parte dos esgotos do Convento, que até agora despejam na Mata, o qual fará a ligação com o colector da Rua da Graça. O que não impediu os técnicos de incluir no projecto agora a concurso uma série de melhoramentos no trajecto, como por exemplo bancos e iluminação pública. Sabendo-se que tanto o Convento como a Mata fecham às 18 no verão e às 17 no inverno, a prevista iluminação só poderá servir, eventualmente, para os visitantes "ficarem com umas luzes da Mata e do Castelo", mesmo sem guias.
Escrevemos visitantes, mas a triste realidade é que os autores da brilhante ideia de requalificação, ou nunca julgaram necessário definir previamente a quem se destina o futuro caminho melhorado, ou simplesmente nem sequer pensaram no assunto. Caminho só para turistas? Só para residentes em Tomar? Para uns e outros? Em que condições? Com que fins?
Ainda por cima, conforme mosta a vista aérea, em vez de aproveitarem para reabilitar a Porta Tutelar Templária da Almedina, primitiva entrada principal em Tomar (letra A, na foto), e o caminho nitidamente mais curto e acessível, aquela questão do emissário de esgotos levou os técnicos a optarem pela Torre da Condessa (letra B, na foto), o caminho mais longo e com uma convidativa escadaria de acesso...Há coisas que não se entendem e outras que estão mesmo à vista... Resta acrescentar que Corvêlo de Sousa foi alertado oportunamente sobre o assunto, mas declinou o convite para visitar o local e relegou para melhor oportunidade o questão da Porta da Almedina. Tudo para se manter fiel ao "Tomar 2o15", a verdadeira bíblia legada por António Paiva à actual maioria PSD, com a implícita bênção da oposição que temos tido. E depois queixam-se que a cidade vai definhando...


quinta-feira, 23 de julho de 2009

ANÁLISE DA IMPRENSA LOCAL E REGIONAL





Redacção de Tomar a dianteira Colaboração CLIPNETO

As imagens são esclarecedoras. Enquanto O TEMPLÁRIO faz manchete com as contas da Festa dos Tabuleiros de 2003 e o drama dos trabalhadores da Freitas Lopes, os dois semanários que mais publicidade receberam da autarquia tomarense durante os últimos doze meses, pelo menos, veiculam programas de manifesta campanha eleitoral do PSD. O MIRANTE vai até um pouco mais longe. Numa entrevista de página inteira (pág. 31) faz, entre outras, esta magnífica pergunta: "Vai continuar a ser candidato à Assembleia Municipal de Tomar por uma questão de obrigação partidária, ou porque continua muito ligado à sua terra?" "Continuo ligado e sinto orgulho e vaidade pessoal em ser presidente da Assembleia Municipal de Tomar, o cargo público que mais gosto de exercer", respondeu Relvas. Realmente tem-se notado, acrescentamos nós. Tem sido exactamente como se cá tivesse nascido, ou se cá vivesse realmente, desde que está na Assembleia da República.
Na página 30, o mesmo MIRANTE ocupa dois terços com mais uma foto de Relvas, desta vez cumprimentando Vasco Cunha, e uma notícia intitulada "Miguel Relvas repete liderança da lista PSD de Santarém às legislativas", quando na manchete, igualmente com fotografia, o texto é um tudo nada diferente: "Miguel Relvas acredita que vai ser confirmado como cabeça de lista no círculo de Santarém "Um grande partido como o PSD distingue-se dos outros por aceitar a pluralidade e a divergência", diz em entrevista. Pois pois! A vida está cada vez mais difícil. Tanto para os jornais e jornalistas, como para os políticos.
Razão tem a nossa conterrânea Emília Francisco, moradora nas Algarvias. Quando O MIRANTE lhe perguntou o que achava do elevado número de candidatos à câmara de Tomar, foi extremamente clara e sucinta: "Ainda não decidi em quem vou votar. Acho que isto não devia ser assim. Deviam de ser menos candidatos e os que se apresentam a votos deviam ter mais competência. Não só aqui como noutras câmaras e governo. Os políticos têm que ter mais consciência por quem vota neles e os mete lá." Teria a senhora lido anteriormente a entrevista de Miguel Relvas, ou só a de Carlos Carrão?
Enquanto isto, CIDADE DE TOMAR, além da manchete, aborda igualmente os problemas da Freitas Lopes. Ainda na primeira página página , anuncia a candidatura de José Lebre pelos independentes "Tomar em primeiro lugar", bem como a provável candidatura de Ivo Santos pelo CDS. Nas páginas interiores desesenvolve o tema da manchete e o donativo camarário à comissão da festa dos tabuleiros de 2003, desta vez de 78 mil euros, o que, somado ao antecedente, mostra um prejuízo total de 200 mil euros (40 mil contos). Foi realmente o que se pode chamar uma festa rija e rica!
Quanto ao TEMPLÁRIO, para além da questão do donativo forçado para a festa, inclui uma curiosa notícia que tem por título "Cenas insólitas de um casamento" Aconteceu na igreja de S. João e vale a pena ler. Igualmente a não perder o artigo de opinião de Isabel Miliciano, sobre as falsas promessas dos políticos, que são quase sempre do mesmo tipo, e também a muito saborosa crónica desse gentleman tomarense chamado Luís Pedrosa Graça. Desta vez com um sabor especial -o autor está visivelmente a treinar-se no envio de flechas envenenadas, tudo da maneira mais diplomática possível. Força Luís Maria! Eles merecem! E nós, leitores, também!

MAIS TRÊS CASOS NABANTINOS


A ROTUNDA COITADA
Segundo o velho adágio, "Dos gostos e das cores ninguém discuta". Estando de acordo, tanto mais que "quem o feio ama, bonito lhe parece", não podemos deixar de lembrar igualmente que, "quem não se sente não é filho de boa gente". No caso em epígrafe, a obra implantada na rotunda até agora conhecida por "da Serôdia", todos convirão certamente que o resultado final é assim um bocado "nhãnhã" em termos de conjunto.
O que, todavia, mais nos preocupa é o precedente assim criado. Apesar dos custos e a iniciativa terem pertencido a particulares, tendo a autarquia dado apenas o seu consentimento, em nome dos cidadãos, o caso pode vir a tornar-se um verdadeiro bico-de-obra. Já tínhamos o monumento aos combatentes, o monumento ao bombeiro, o monumento ao educador e, mais recentemente, o monumento ao político-músico e ao pescador-caçador-ambientalista. Com este dos construtores, que fizeram bastantre mas foi em Lisboa, corremos o risco de vir a ter de atender iguais reivindicações dos funcionários públicos, dos militares, dos agricultores, dos emigrantes, dos comerciantes, dos industriais, dos enfermeiros, dos motoristas, dos jardineiros, etc. etc. Porque, tudo devidamente pesado, que fizeram de extraordinário os tais construtores, para lém de exercerem, mal ou bem, a sua profissão ou negócio?
Em conclusão: já anteriormente ali era o cruzamento para o COITO, continuaremos, por conseguinte, a ter uma rotunda coitada, ou coitada da rotunda. Como sempre.
GATO ESCONDIDO COM O RABO DE FORA...

Sabia-se até agora, nos meios bem informados da urbe, que os vereadores Independentes por Tomar terão outras qualidades, mas sentido de humor não têm. Afinal estavam todos enganados. Numa declaração de voto sobre o "Concurso público para a aquisição de serviços técnicos e pedagógicos de desporto", apresentada na reunião da passada terça-feira, podem ler-se estes dois parágrafos, cuja ironia salta à vista: "Não nos surpreende, mas peocupa-nos, que a este concurso público internacional apenas tenha concorrido uma empresa, à qual, desde sempre, foram adjudicados estes serviços."
"Sendo certo que, a anteriores concursos concorreram outras empresas, o facto é que elas devem ter-se apercebido, ao longo destes anos, quão difícil se torna concorrer com o actual único concorrente, tendo em conta as opções e os critérios objecto dos concursos..." Querem ver que se trata de alguma administrada ou assessorada por gente ligada de algum modo ligada aos sociais-democratas!?!? Não é costume, mas mesmo assim nunca fiando. E, aproveitando a ocasião, um alvitre para os autores do texto irónico -opções e critérios podem ser sinónimos, pelo que o seu uso em simultâneo é quase sempre uma redundância.

TANTO DINHEIRO PARA ESTRAGAR...

Igualmente na reunião camarária de 21 do corrente, foi presente para aprovação a "Conta final da empreitada de requalificação do Parque do Mouchão e Várzea Pequena". Os Independentes por Tomar votaram contra, declarando que houve "descaracterização de um espaço nobre da nossa cidade, com uma intervençao paisagística totalmente desadequada da memória e da vivência dos tomarenses." Podiam ter acrescentado também que os jardins intervencionados estavam bem de saúde, pelo que os trabalhos levados a cabo não se justificavam na altura em que foram feitos, e aproveitado para indagar qual a utilidade prevista para a "barraquinha modernaça" e para o lajedo anexo.
O que mais espanta, porém, é o dinheiro que tudo aquilo custou -745 mil euros = 149 mil contos, quando o valor da adjudicação foi de 613 mil €. Houve, portanto, trabalhos a mais da ordem dos 21%. Como é costume e por motivos sobejamente conhecidos mas nunca ditos.
Quase 150 mil contos para esbandalhar totalmente um jardim e parcialmente o outro, é realmente muito dinheiro para estragar, mesmo tendo em conta que "o eng. Paiva foi um grande presidente", segundo a opinião do vereador Carrão. Mas afinal, que importância têm 150 mil contos? Somos ou não somos um país rico e um rico país!?!?


quarta-feira, 22 de julho de 2009

TABULEIROS, DÍVIDAS E VINHO TINTO


Fotos de Carlos Garcia

Redacção de Tomar a dianteira
Afinal, a deliberação camarária, ontem aprovada por unanimidade, que autoriza a doação à Comissão da Festa dos Tabuleiros de 2003 da soma de 78.631 euros, para pagamento de dívidas, pode muito bem não ser o último acto deste longo drama nabantino. Mais um. Tomar a dianteira está em condições de avançar que, num documento intitulado "Certificação de Contas (Festa dos Tabuleiros 2003)", O TOC subscritor incluiu, designadamente, esta frase: "A Comissão de Festas da altura, deverá emitir uma declaração em como será esta, e apenas esta, a dívida pendente de encerramento de contas." E, noutra passagem: "Dado que se encontram ao longo de todas estas pastas diversos documentos não aceites fiscalmente, sugiro que a Câmara Municipal de Tomar continue a tratar destas dívidas como até aqui..."
Face a estes e a outros condicionalismos constantes do supracitado documento, os vereadores Independentes por Tomar votaram favoravelmente a deliberação, mas acompanhada de uma declaração de voto na qual fazem recomendações à Câmara. Pretendem os eleitos IpT que o referido técnico oficial "proceda junto dos fornecedores a uma circulação de saldos", e que identifique claramente todos os documentos não aceites fiscalmente.
Fiel ao seu lema "Os meios de saber e a coragem para o dizer", Tomar a dianteira contactou outras fontes idóneas, que sob reserva de total confidencialidade nos confiaram a parte mais desagradável do drama: vários dos mencionados "documentos não aceites fiscalmente", referidos no relatório do TOC, são simplesmente pedaços de toalhas de papel, com nódoas de vinho tinto e reconhecimentos de dívida, subscritos pelo mordomo da festa de 2003. Nem mais, nem menos.
Os cidadãos pagadores de impostos têm direito à verdade, toda a verdade, designadamente nos termos do artigo 5º da Lei 46/2007. Assim sendo, qualquer cidadão pode solicitar a consulta e eventual fotocópia das pastas com as contas da Festa de 2003. Aqui fica a indicação. Nós já fizemos a nossa parte. Outros que façam outro tanto.
Os negritos são de Tomar a dianteira.

QUEM QUER FESTA, SUA-LHE A TESTA




Fotos de Carlos Garcia
Vai por aí alguma agitação, porque a autarquia decidiu, finalmente, pagar as dívidas da Festa dos
Tabuleiros de 2003, no valor aproximado de 78 mil euros. No nosso entendimento, não está certo, por vários motivos, entre os quais estes: 1 - Como demonstram as fotografias, a Festa Grande é uma criatura da autarquia, manageirada por cidadão pretensamente eleito para essa função, numa farsa representada no Salão Nobre dos Paços do Conelho, onde os poucos cidadãos geralmente presentes se comportam, na sua quase totalidade, como os figurantes dos programas de TV -quando aparece o cartaz "Aplaudir", batem palmas sem qualquer hesitação. 2 - Escandaloso seria que a Câmara não assumisse as suas responsabilidades, depois de tudo ter sido feito de acordo com as suas instruções.
Além do exposto, pensamos que, em vez de protestar contra a decisão, os cidadãos realmente amantes da sua terra deviam era interpelar o executivo, no sentido de indagar qual o motivo, ou motivos, que estão na origem do atraso de 6 anos, que bom dinheiro vai custar aos contribuintes, em juros, honorários, auditorias e outras alcavalas.
Numa outra vertente, aceitamos sem rebuço que António Madureira, tendo agido de boa fé e da melhor maneira que sabia, não foi capaz de controlar os cavalos. Mas daí a subentender que terá usado de malícia para sacar benefícios pessoais, vai uma distância que nos recusamos a percorrer, pelo menos no estado actual das coisas. Agora se houver outros factos...
Esta questão da Festa dos Tabuleiros de 2003 volta a trazer à superfície o seu figurino actual, que não é anterior ao 25 de Abril. O mesmo acontece com a Câmara, os SMAS, o Convento de Cristo ou o Politécnico. O que está em causa em todos estes casos, bem como noutros que por agora se omitem, é um modelo de gestão que pode ser designado por "gestão de rodeo". Tal como nos "rodeos" americanos ou mexicanos, o que interessa não é levar "o animal" para onde quer que seja, mas apenas aguentar-se em cima dele durante quanto mais tempo melhor. Nos "rodeos", para no final receber o prémio; nos casos apontados para ir beneficiando das mordomias e recebendo os vencimentos ao fim do mês. E depois os cidadãos-eleitores mais implicados nestas questões vão-se queixando que "nunca mais se passa disto". Pois não! Nem é para passar! Se as coisas mudam, quem garante aos instalados que não cairão do cavalo abaixo?


MAIS IMAGENS NABANTINAS

Apesar das verbas e das pressões vindas de Bruxelas, há coisas que nunca mudam. Face ao manifesto desinteresse da autarquia, que entretanto continua a garantir estar muito empenhada no desenvolvimento do turismo, designadamente na "Rota dos Mosteiros Património da Humanidade", a sinalização da Sinagoga está assim. É o casal que dela tem tomado conta, e bem, que lá vai providenciando, dentro das suas modestas possibilidades. Temos sinalização até à próxima chuvada. Depois tudo vai recomeçar. A nossa sinagoga, único templo judaico do século XV (xis vê, com dizem agora os alunos) existente no país, merecia melhor sorte. Tanto mais que sendo propriedade da autarquia, não adiantará ir aguardando que o estado providencie, como vai ocorrendo noutros casos.


Aqui temos uma das últimas obras implementadas pelo eng. Paiva que "foi um grande presidente" (Carrão dixit). Está bonito, sim senhor! Mas quem é que sabe que ali há casas de banho públicas? Onde está a sinalização? Fora de mão, tanto para residentes como para visitantes, será que o local escolhido foi o mais adequado?

Quanto ao tipo de gestão escolhida, não restam dúvidas. Conforme prova a fotografia, assim as casas de banho nunca estarão sujas. Só se for à porta, uma vez que a entrada é recatada. Mas há alarme, do lado esquerdo, na parede, não vá um utente incendiar aquilo com gazes de escape. Por exemplo...



terça-feira, 21 de julho de 2009

ASSIM VAI O MUNDO - CALIFÓRNIA - USA - 3


A fotografia foi obtida no Laos. Tanto nos USA como na Europa ou em Tomar, o estado continua a subsidiar os transportes escolares. Por enquanto. E, pelo caminho que as coisas levam, um dia destes...
IMPOSTOS SOBRE A MARIJUANA PARA TENTAR ULTRAPASSAR A CRISE?
"As reduções orçamentais que ameaçam o sector da educação são o principal nó das actuais negociações entre o governador e o congresso. Arnold Schwarzenegger pretende suspender a aplicação da Proposta 98, uma lei votada há 11 anos pelos eleitores californianos, que garante um nível mínimo de financiamento estadual a todas as escolas públicas. Mas o poderoso sindicato de professores California Teachers Association, que representa 340 mil educadores, reagiu com um anúncio pícaro: "Digam ao governador que ainda não nos esquecemos da sua promessa de proteger as nossas escolas."
Num tal clima de incerteza, a Califórnia explora outras pistas, como por exemplo a venda de activos imobiliários, entre os quais o Coliseu de Los Angeles, uma arena desportiva que poderia render 400 milhões de dólares, o célebre hipódromo de Del Mar, a norte de San Diego, estimado em 600 milhões, ou a conhecida antiga prisão de San Quentin, com um valor calculado de um billião de dólares.
Alguns grupos de cidadãos afirmam, muito a sério, que um imposto sobre a marijuana poderia salvar as finanças da Califórnia. "Com esta crise sem precedentes, temos de ser criativos para conseguir fundos", declarou na passada quarta-feira Janice Hahn, vereadora de Los Angeles, uma cidade onde abundam os dispensários de marijuana para uso terapêutico. "Uma taxa sobre a marijuana poderia permitir à câmara a continuação de alguns serviços básicos", concluiu a autarca.
Em Fevereiro passado, um deputado estadual democrata, Tom Ammiano, apresentou uma proposta de lei visando legalizar a venda livre de marijuana aos adultos, mediante uma taxa que poderia render 1,3 biliões de dólares para os cofres do estado.. Interrogado sobre o assunto em Maio, o próprio governador mostrou-se favorável à ideia de "abrir o debate" sobre a questão da legalização e da subsequente imposição da marijuana.
Obviamente, o presente desastre orçamental vai precipitar uma reforma profunda das instituições californianas. Para já, vários gabinetes de "think tanks" (fornecedores de ideias e projectos) estão estudar eventuais hipóteses de emendas constitucionais. Crise, a quanto obrigas!
Claudine Mulard, correspondente do LE MONDE em Los Angeles
Fotografia e respectiva legenda de Tomar a dianteira
Tradução e adaptação de A. R.