sábado, 30 de junho de 2012

A tradição ainda é o que era...


O ano passado, por esta altura, foi assim...

E o açude roto!

Esta tarde foi assim...

E o açude outra vez roto!

Felizmente (?) em Tomar a tradição ainda é o que era. As empreitadas camarárias continuam como sempre foram. Metem bastante pessoal e levam o seu tempo, mas sai sempre obra afinada. As imagens não me deixam mentir.
Pensará o leitor que voltaram a meter água. Pois meteram. Mas com funcionários a trabalhar no Nabão, estava à espera de quê?!? Era até bem bom, tanto para eles como para nós, que só metessem água...

Exemplos a ter em conta - 2





Que saudades do Mouchão, da Várzea Pequena, do Estádio a.p. (antes do Paiva)! Tudo muito bem cuidado, com recantos íntimos, flores por toda a parte, arruamentos com saibro vermelho, a Roda a regar gratuitamente. Agora é a pobreza franciscana que se vê. Uma empresa privada vai cumprindo os mínimos olímpicos. E no entanto...
E no entanto, países com clima muito mais problemático, como a Áustria, conseguem encantar os naturais e os visitantes, graças ao brio e empenhamento dos seus trabalhadores. Com canteiros assim, pagar impostos deixa de ser um martírio.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Exemplos a ter em conta...


 Durante a recente estada na Áustria, vários detalhes atraíram a minha atenção. São exemplos que talvez possam ser tidos em conta no Vale do Nabão. É o caso  desta papeleira, resistente ao fogo. Em aço inoxidável (em vez de plástico), tem duas fendas. A de cima para as "beatas"; a outra para os vários detritos.

 Ou desta outra, mais simples mas também em aço inox e com um cinzeiro na parte superior direita.

Ou ainda este curioso carrinho, usado pelos carteiros de todo o país nas áreas urbanas.

Mudar de trilho

Numa atitude a todos os títulos louvável, a Junta de Freguesia de S. João Baptista resolveu convidar a população para assistir e participar na reunião da sua assembleia, amanhã sábado, dia 30, a partir das 18 horas. Lá estarei. Não para partir pedra, serrar presunto, nadar em potes de iogurte ou semear a discórdia. Sim para indicar caminhos, procurar consensos, incitar à negociação serena e defender compromissos livremente assumidos.
O mundo mudou muito, num movimento cada vez mais acelerado, que exige de cada um de nós rápidas e inevitáveis adaptações, sob pena de ficarmos para trás. Numa frase popular, agora muito em voga: "Ou damos o corpo à curva, ou vamos parar à valeta". Nestas condições, alinhavar argumentos toscos, do tipo "a reforma não poupa quase nada", "não fui eleito para acabar com a freguesia","há outras reformas onde se poupava muito mais", "sou a favor da reforma, mas não desta reforma", será pura perda de tempo. Os dados estão lançados. Agora restam apenas dois caminhos: ou as populações decidem, em conjunto e através dos seus órgãos livremente eleitos, ou o governo fica com a faca e o queijo na mão, podendo servir-se à sua vontade. É assim e já não há volta a dar. A  reforma é do Relvas? E daí? Se fosse outra a origem, seria melhor? Como é que sabem? O Relvas tem peçonha?
Já aqui escrevi várias vezes que na minha opinião a solução ideal para o concelho é a redução de 16 para apenas 2 freguesias, tendo o Nabão como divisória natural. Aquém da ponte, S.João + 7; além da ponte, Santa Maria + 7. Com outra designação ou não; com sede no mesmo local, noutro local ou rotativa. Com ou sem extensões, em povoações a designar por consenso ou votação maioritária.
É pouco, duas freguesias? Pois então que sejam quatro, duas em cada margem. Ou oito, quatro de cada lado do rio. Ou qualquer outra escolha, desde que livre e participada. Como está é que não pode continuar. Por dois motivos centrais: porque o tempo em que não havia estradas nem telefones nem internet, o que justificava a existência de regedores e cabos de ordens, já lá vai e não voltará; porque no estado actual das coisas, a reforma terá mesmo de ir até ao fim, sob pena de o governo perder a face, coisa de que ninguém gosta mesmo nada.
Espero que na reunião estejam apenas moradores, naturais e eleitores da freguesia. Seria uma lástima que os habituais apóstolos de uma hipotética revolução redentora, que nunca aconteceu em lado algum, viessem uma vez mais tentar meter pauzinhos nas rodas da engrenagem social, esperando imobilizá-la. Tudo tem o seu tempo. Agora uma grande parte da população já percebeu que não faz qualquer sentido combater e votar contra uma reforma, para num segundo tempo a defender implicitamente, ao surgir nova alteração. Como usa fazer determinada central sindical, com os resultados que todos conhecemos...

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Na imprensa da região

 Jornal de Leiria, 28/06/2012, página 16




A notícia do Jornal de Leiria merece ser aqui destacada por mostrar de forma exemplar duas formas de cidadania e da subsequente actuação política. Em Tomar, ainda saudosos de velhas grandezas e farturas passadas, que se foram para não mais voltar, eleitos, comissões e  outros figurões insistem em manifestações estéreis e na difusão de um clima alarmista, baseado na evidente falsidade de que estará em curso um complot contra Tomar no caso da reforma hospitalar em curso, na justiça, no memorando da troika, na supressão de freguesias e por aí adiante. Por isso são contra tudo e  contra todos. Paranóia é o que é...
Em Ourém, que ainda era vila aquando do 25 de Abril, mas entretanto passou a cidade e ultrapassou Tomar em termos populacionais e económicos (tem 44 mil eleitores inscritos, contra apenas 38 mil em Tomar), em vez de organizarem manifestações algo folclóricas, exigindo isto e mais aquilo, o que seria lógico pois não têm hospital, quartel ou politécnico, são pragmáticos. Reconhecem que o que tem de ser, tem muita força, aceitam por isso a situação e limitam-se a solicitar a sua transferência para uma unidade hospitalar de melhor qualidade e que até fica mais perto.
Se os tomarenses conseguissem ao menos ter a humildade de aprender com os seus próprios erros, outro galo nos cantaria. Agora assim...
No Cidade de Tomar, um longo comunicado dos IpT, que ocupa dois terços da página, enumera minuciosamente os temas abordados por aquela formação na reunião da autarquia do passado dia 21. Trata-se de uma prática saudável, que todos os eleitos deviam seguir. Conviria no entanto respeitar evidentes hierarquias temáticas. Numa altura de grave crise, que por estas bandas se acentua a olhos vistos, sem que os senhores autarcas dêem sequer mostras de algum incómodo, fará algum sentido dedicar duas colunas à questão da classificação da tauromaquia como património de interesse municipal, numa terra onde há apenas uma corrida de toiros por ano?
"Com monumentos fechados, será possível ter uma cidade turistica?" interroga o vereador Luís Ferreira no Templário, aproveitando para vincar uma vez mais que, enquanto esteve a tempo inteiro, todos os monumentos estiveram abertos todos os dias. Acrescenta, entre outras coisas, que "a indústria turística exige estabilidade, continuidade e confiança nas entidades", pelo que a sua acção enquanto autarca responsável pela cultura e turismo demonstrou que "o caminho é mesmo por aí".
Concordando no essencial com a argumentação do vereador socialista, não posso contudo, enquanto ex-profissional de turismo cultural, deixar de assinalar um detalhe que muda tudo: o caminho é mesmo por aí, mas há que mudar a forma de o percorrer, uma vez que deixou de haver recursos disponíveis para actividades onerosas sem retorno directo. É a crise, que veio para ficar.

Outras terras, outros usos

Em Viena, na praça fronteira à Catedral de Santo Estêvão, uma das mais movimentadas da capital austríaca, este respeitável cidadão europeu, transformado em estátua viva, procurava arredondar os fins de mês. Lá está a caixinha para os óbulos, que a vida custa a todos por aquelas bandas.

 Cumprindo ordens, veio o malandro do polícia e disse-lhe meia dúzia de palavras, fez-lhe continência e foi-se.

 Obediente, o homem-estátua agarrou nos apetrechos

e perdeu-se na multidão...

Tive ganas de lhe ir dizer que, na extremidade ocidental da Europa e numa cidade que há cinco séculos financiou as navegações que deram novos mundos ao Mundo, há uma autarquia aparentemente abonada,  que todos os anos ajuda praticantes de estatuária viva. Organiza um festival, paga cachets, garante alimentação e permite as caixinhas para recolha de donativos, que sempre facultam mais umas moedas.
Este ano é tanta a fartura orçamental que até resolveram exportar o evento, alargando-o aos concelhos vizinhos de Ferreira do Zêzere (Dornes) e Barquinha (Almourol). 
São dois mundos opostos, num mesmo continente. A norte, cidadãos ricos mas orçamentos públicos poupadinhos, pobres até. A sul, cidadãos pobres, crise galopante, miséria, mas orçamentos gordos e gastos magnânimos. E depois ainda há quem critique a teimosia da senhora Merkel, apoiada por austríacos (que falam alemão como ela), finlandeses e holandeses...
Acabei por dar corda aos sapatos. Nunca aprendi alemão...

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Interpretações

NouvelOBS, 2484, página 23

Já se riu um bocadinho (disfarçadamente, claro) com as vóvós americanas do texto anterior, sorridentes só de pensar "Que saudades!!! E tantas oportunidades perdidas"...? Então vamos a coisas mais sérias. 
Evocando o heróico embate de logo à noite -por assim dizer uma nova edição da batalha de Aljubarrota, desta vez com armas iguais, semelhante condição física e sem desproporção numérica- pode-se considerar que o toureiro representa "la roja" (a selecção espanhola) e o gigantesco toiro com os chifres em forma de € o nosso Cristiano Ronaldo (sem ofensa cabeçal) representando os originais chifres os seus milhões...
A Espanha perante a crise, tal parece ter sido a intenção do autor. Habituados a touros e touradas, com mortes na arena e tudo, "nuestros hermanos" evidenciam grande embaraço ante a crise do euro. Tal como por exemplo o governo português. Ou a câmara de Tomar. Substitua o leitor o toureiro do desenho pelo forcado da cabeça (que tanto poderá ser Passos Coelho, Relvas, Seguro, Jerónimo, Louça, Carrão, Luis Ferreira  ou Pedro Marques). A pergunta angustiante será para todos e para cada um esta: Como pegar um animal com semelhante armação, sem ficar mortalmente ferido?!?
Já percebe agora um pouco melhor porque é que a crise do euro nunca mais acaba? É porque nenhum eleito quer ficar pendurado nos cornos do toiro...

Devido às altas temperaturas...


Já sei! Já sei! Está tudo ansioso pela retoma de Tomar a dianteira, tanto mais que a retoma da economia ainda não se vislumbra. Acontece porém que, devido às altas temperaturas, a ocasião não é a mais indicada para grandes análises. Assim, tenham a amabilidade de ir ruminando sobre esta imagem, colhida num "mupi" em Viena. Provavelmente já será conhecida em Tomar, a cidade com a população mais inteligente e bem informada da região centro (no mínimo). Mas vale sempre a pena tentar desencadear um sorriso malicioso... Ou não?!?

domingo, 17 de junho de 2012

Mudar de ares


Pedindo licença a quem lê, Tomar a dianteira vai arejar para outras paragens, como é habitual nesta época. Desta vez trata-se de comparar o Danúbio, que segundo a conhecida valsa é azul, com o Nabão, cada vez mais verde e porco ali para as bandas do Mouchão. Outrossim de conceder dez dias de descanso aos senhores eleitos que nos deviam governar se..., quando afinal resolveram governar-se. 
Estaremos de regresso dia 27, salvo qualquer imponderável. Até lá!

Um domingo em cheio e uma cidade feliz


Um Domingo em cheio! No México, os vinte países mais ricos do Mundo -abrigados no G20- procuram pressionar a Europa, no sentido de ultrapassar a crise do euro. Se assim não acontecer, Obama corre sérios  riscos de vir a perder a Casa Branca e a China enfrentará gravíssimos sobressaltos sociais. Enquanto o ditador sírio continua a massacrar os seus compatriotas (incluindo velhos, mulheres e crianças) sob a protecção da Rússia (que fornece armas e munições) e da China (que tal como Moscovo se opõe a qualquer intervenção militar sob a égide da ONU), um pouco mais acima no mapa, em Atenas, os gregos fazem tremer a classe política europeia e mundial. Vão decidir se querem continuar no euro, tornando-se lentamente um povo normalizado, ao gosto da "frau Merkel" ou se, pelo contrário, desejam continuar a viver à custa da Europa do Norte. Caso seja possível, claro...
À mesma hora e no mesmo continente, parte do eleitorado francês vai facultar ou não uma folgada maioria absoluta aos socialistas gauleses -o actual farol da esquerda europeia, tal como em tempos Moscovo foi a Meca dos comunistas. Por essa Europa fora -e até mesmo em França- poucos são os que se dão conta da abissal dívida pública de Paris. Só os respectivos juros já equivalem ao orçamento do Ministério da Educação, o mais elevado da República...
Logo ao lado, os governos de Espanha e de Itália, um da direita dura, outro de tecnocratas, já aceitaram a ideia de resgate exterior. Falta apenas decidir a data, o montante e os detalhes. A seguir será a França...
Entretanto em Portugal vamos ter uma moção de censura, obviamente para mobilar a paisagem e ir entretendo o pagode, uma vez que até os seus autores reconhecem destinar-se apenas a determinar se o PS está com o governo ou contra o governo. Como se a política fosse a preto e branco e todas as escolhas do tipo maniqueista...
Além desse entremez parlamentar, o país pensante está com a selecção, que o resto logo se vê. Afinal já cá estamos há mais de oito séculos, temos a fronteiras mais velhas da Europa, demos novos mundos ao mundo, já ultrapassámos outras crises, etc. e coisa e tal. Não há-de ser nada. Se ganharmos, haverá bebedeiras, comezainas, festanças populares, mergulhos nos rios e fontes, cortejos barulhentos...foguetes e morteiros. Se aqueles malandros perderem; se ainda por cima o ordinário do Ronaldo voltar a não marcar, preparem-se esposas e companheiras que vão chover palavrões, pontapés, estaladas e o resto...
Em Tomar, prendada cidade, os eleitos e outros dirigentes políticos vão continuar a aguardar que alguém lhes forneça de bandeja soluções prontas a usar para resolver a cada vez mais evidente e grave miséria local. O que não surpreende. A nova geração política local já faz parte do escol formado pelo nacional facilitismo. Os país sustentaram-nos até concluírem os estudos; os professores nunca lhes exigiram que trabalhassem a sério (pelo contrário); a maior parte copiaram nos testes; conseguiram empregos, escapando assim a postos de trabalho; quando têm dúvidas ou documentos a apresentar, basta ir à Internet e saber praticar o "corta e cola". Ganda povo!
O problema é que situações novas exigem respostas originais...que não há na Internet. Ou que estão bem resguardadas, sabido como é que no mundo actual o capital mais precioso são as ideias.
É a vida, diria o Guterres.

sábado, 16 de junho de 2012

Para arrefecer os ânimos

A recente vitória do socialista moderado François Hollande, (que hoje será confirmada nas urnas pelos franceses, na segunda volta das legislativas), desencadeou em Portugal e nas hostes da esquerda ondas de entusiasmo. Prematuras quanto a mim, pois uma coisa é vencer um eleição, outra bem mais complicada é demonstrar na prática que há outra via menos dolorosa e mais profícua. Eis o essencial da crónica de Crhistophe Barbier, director do L'Express.
Após citar uma série de acontecimentos históricos ocorridos em França e simbólicos sobretudo para os gauleses (Juramento do "Jeu de paume", tomada da Bastilha, discurso das Pirâmides, Ponte de Arcole, apelo do 18 de Junho, direito de voto para as mulheres), que os leitores portugueses teriam muita dificuldade em situar, prossegue o brilhante comentador político:
"À sua escala, pois os tempos já não são assim tão dramáticos, o holandismo instala-se decapitando alguns privilégios, que caem no cesto da igualdade sob os aplausos. Paraquedas dourados, reformas complementares, indemnizações diversas, bónus e outros prémios: ninguém vai lamentar tão onerosa quinquilharia, que tentava fazer passar por mérito o que era apenas reles ganância. Falta agora convencer o capitalismo privado a adoptar a nova virtude do sector público: seria para o poder uma extraordinária façanha...
Se a busca de um capitalismo justo, sem abutres nem especuladores, honra a esquerda, designar a empresa privada como inimiga é a sua funesta tentação. Ao pragmatismo bem disposto de Hollande vão opôr-se -estão já a opôr-se- os dogmas anti-liberais mais serôdios. Ninguém duvida que o presidente e a sua equipa vão resistir. Desde meados da década de 80 que a esquerda deixou de agir explicitamente contra a iniciativa privada. Mas também não age a favor, o que constitui, uma vez mais em 2012, a filigrana da sua acção.
Nos próximos meses, caso os socialistas apliquem o seu programa, muito será pedido às empresas: aumento da TSU, aumento do salário mínimo, aumento do IRC, contratos de geração...Porque não? A crise exige um acréscimo de solidariedade e o povo votou. Em contrapartida, competitividade, investimento e criação de riqueza são por assim dizer ignorados pelo poder, como se a sua preocupação fosse lutar contra os efeitos mais perniciosos da crise, mais do que sair da própria crise. Contudo, são as empresas que terão de desencadear a retoma da economia francesa, mais do que um Estado exausto. É por isso urgente dar-lhes os meios de agir e de inovar, de arriscar, de edificar a prosperidade futura sobre as ruínas do conforto do passado.
As finanças públicas não permitem qualquer ajuda monetária ao patronato, nem sequer às PME, mas há outras formas de agir que seriam excelentes e não custariam um cêntimo ao erário público. Antes de mais, matar o temível polvo burocrático que asfixia a economia com os fortes e longos tentáculos dos seus procedimentos, tornando-a cega com os sucessivos jactos de tinta legislativa. O ministro que conseguir tal proeza será merecedor de uma estátua. Depois, há que facilitar a contratação e o despedimento. Reumatismo em situação normal, esta doença francesa transforma-se em esclerose nas alturas de crise. Mercúrio, deus do comércio tinha os pés alados; hoje em dia os dos empresários arrastam bolas de ferro de condenados.  O governo que conseguir melhorar a situação merece ganhar as eleições.
Gestionária e prudente, a esquerda pode escolher a via audaciosa das referidas reformas, servindo as empresas privadas sem abjurar o socialismo. Basta-lhe compreender que em economia, se a eficácia sem equidade prepara a revolução, a equidade sem eficácia conduz à falência."


Crhistophe Barbier, Les pieds de Mercure, L'Express, 13/06/2012, página 3

Penso que o excerto a azul caracteriza na perfeição o drama tomarense. Há mais de 20 anos que andamos a ser sistematicamente tolhidos, emasculados, sodomizados explorados por uma medonha burocracia municipal do tipo "quero, posso e mando", que os labregos políticos têm consentido sem um protesto sequer, por manifesta ignorância do chão que pisam e que deviam defender.
Perante a galopante preocupante evolução da desgraça local, é inevitável que um dia destes os tomarenses tenham um acordar violento. Mas quando? 

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sobre a imprensa regional da semana




Com quase 24 horas de atraso, devido a uma ida a Badajoz (que não foi para comprar caramelos vaquinha), inicio agora o habitual comentário semanal sobre a imprensa regional.
Desculpem a insistência e a agressividade, mas se  isto já estava mau, doravante ainda vai estar pior. Tenho para mim que só uma extrema miséria no que concerne a sentido de dever de cidadania permite que o falecimento, por causas naturais, de uma professora de 55 anos -por muito querida que fosse dos seus alunos, colegas e população em geral- permite que seja manchete nos dois jornais locais. Porque afinal nem sequer é uma notícia essencial, isto é, algo de anormal, excepcional e relevante para o futuro da colectividade. Apenas um informação de âmbito paroquial. Que denuncia o estado a chegou a informação local, onde o actual presidente da câmara é ex-chefe de redacção de um dos jornais, enquanto o director do outro é funcionário superior municipal, de licença sem vencimento...
Quanto a peças que valha a pena ler, aquelas que vão para além da mera informação factual, encontrei apenas duas, ambas no CIDADE DE TOMAR: Olívia patroa, Olívia..., de Hugo Cristóvão, e Quem o avisa seu amigo é, de António Alexandre.
À boa maneira tomarense, que é a da mania da perseguição, paranóica portanto, cabe perguntar: O que é que esses gajos querem?! O mesmo que a esmagadora maioria da população -que a situação melhore, que consigamos sair do atoleiro. Por isso denunciam a gestão autárquica dos últimos 15 anos, que  tem sido e continua a ser catastrófica para Tomar e para os tomarenses todos. Mesmo para os autarcas autores das tristes proezas.
Mas os gajos são do PS e estão na oposição. Estava à espera de quê? 
Não se trata disso, que é uma usual perspectiva errada. Importante é determinar se o que dizem é ou não verdadeiro, se os erros que apontam são ou não atentados ao bom-senso. E depois, de tentar encontrar respostas para as perguntas pertinentes e implícitas que formulam: Porque é que o actual executivo minoritário ainda se mantém em funções? Aguardam o quê? O que leva o eleitorado tomarense a cometer sistematicamente o mesmo erro, votando sobretudo em quem o engana de propósito?
Quem estiver interessado nesta temática, gostará outrossim de ler no SOL a habitual secção Política a sério, de José António Saraiva. Aqui vai um bocadinho, à laia de acepipe: "A democracia funciona bem nos períodos de crescimento. Por isso, vigorou durante muitos anos na Europa, sem sobressaltos. Nos períodos de crescimento económico há dinheiro para distribuir -e tanto faz votar na esquerda como na direita, pois a diferença não é grande. Em Portugal, votar PS ou PSD foi, durante anos, quase o mesmo. Não fazia grande diferença.
Mas em clima de recessão tudo muda.  
Em recessão, há os políticos responsáveis, que propõem uma passagem pelo inferno -cortes orçamentais a doer, com o seu cortejo de falências e desemprego- e os demagogos, que juram haver caminhos alternativos e sustentam que os partidos no poder só não os seguem por estupidez ou malvadez.
É mas ou menos este o discurso de Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã ou Mário Soares. Criticam a austeridade e prometem paraísos perdidos. E quem não gosta de ouvir essas palavras, que soam como música celestial?"
Sobretudo numa pobre terra onde até se pode ir para o Paraíso, mediante simples deslocação à antiga rua principal, agora cada vez mais mera artéria de uma aldeola decadente.
"Funcionários da câmara montam açude", titula CIDADE DE TOMAR na primeira página. Ainda bem, opino eu. O pior é que desde há longos anos alguns têm andado também a montar os tomarenses, à revelia das leis e da ética, contando com a cumplicidade objectiva dos eleitos. Por isso estamos como estamos. Por isso os investidores e os jovens resolveram pôr-se a mexer... É da crise...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Dois faróis a iluminar futuro

Nas recentes comemorações do 10 de Junho, o reitor da Universidade de Lisboa, Sampaio da Nóvoa, soube honrar a instituição que por eleição dirige. Numa brilhante intervenção, que pode ser ouvida aqui, o ilustre catedrático foi de uma precisão cirúrgica: "Se não nos salvarmos, ninguém nos salvará!" E apontou a via -trabalho, persistência, ética, cultura, conhecimento, inovação...
Ontem, o pouco apreciado mas eficaz e corajoso ministro Gaspar falou de uma ligeira claridade ao fundo do túnel, que poderá vir a constituir o primeiro e principal farol a iluminar um futuro melhor. Anunciou ele que há agora uma folga, que vai permitir incluir no orçamento para 2013 um redução da TSU, a taxa social única, que os patrões são obrigados a pagar sobre cada retribuição salarial. O que equivale a dizer que o governo tenciona enveredar pela indispensável e urgente redução dos custos do trabalho sem recorrer à degradação salarial.
São duas excelentes ocorrências, para o País e sobretudo para Tomar. Oxalá aqui pelo Vale do Nabão as saibam ter em conta. A primeira porque condena a pasmaceira reinante, incitando ao trabalho honesto e produtivo em prol da comunidade, na qual infelizmente impera o oportunismo reles, a inépcia, o conservadorismo, o imobilismo doentio e o cada vez mais evidente abandalhamento. A tal ponto que se pode afirmar, sem ponta de exagero, que sem os tomarenses não é possível salvar Tomar, mas com eles também não. Entretidos alguns dos mais activistas com a questão do hospital, parecem negar-se a aceitar o óbvio.
Há quarenta anos, Leiria e Tomar eram urbes equivalentes, tanto em economia como em população. Quartel-general e RI 15 em Tomar, RAL 4 e RI 7 em Leiria. Quarenta anos mais tarde, em Tomar resta o RI 15 e em Leiria o RAL 4, nas instalações do desaparecido RI 7. Mas entretanto Leiria subiu para 110 mil eleitores e Tomar caiu para 38 mil mil. Porque terá sido? Porque será que ninguém fala em desmantelar, privatizar, ou fechar o Hospital de Leiria? Em reduzir valências e/ou camas? Quando será que em Tomar se compreende e aceita finalmente que nenhum governo sem poços de petróleo pode financiar hospitais polivalentes e de qualidade em desertos humanos? Podendo parecer que não, em Abrantes e em Torres Novas o fisco arrecada bastante mais IRC do que em Tomar, o que não explicando tudo, pelo menos esclarece algo.
Há depois a criação de incentivos aos investidores e empregadores, sem os quais não haverá retoma possível, que é como quem diz criação de postos de trabalho e produção de bens negociáveis. Necessidade urgentérrima em Tomar, um concelho pouco a pouco reduzido a uma reserva de reformados e de funcionários públicos, muitos deles angustiados, por já terem percebido que o império burocrático municipal enxotou com as suas práticas nefastas todos aqueles que eram susceptíveis de facultar valor acrescentado.
Resta agora encontrar quem tenha ideias, audácia e gabarito para propor outra via, começando por "partir a espinha" à burocracia autárquica e restabelecendo o ordenamento democrático normal: São os eleitos que dirigem os funcionários e determinam a política municipal, e não o inverso, como tem vindo a acontecer desde os anos 90. Com os excelentes resultados que estão à vista de todos.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

AUTARCAS ESPECIALISTAS EM ASNEIRAS

É longa a lista de obras camarárias falhadas. De empreitadas caríssimas após as quais a cidade, em vez de melhorar, ficou ainda pior: Corredoura abastardada, Mouchão desfigurado, Várzea Pequena sem estacionamento para autocarros, estádio transformado em campo de treinos, pavilhão sem as normas legais em vigor, passadiço metálico Mouchão/ex-estádio marreco e inutilmente sobre-elevado, ponte do Flecheiro com uma faixa ascendente e duas descendentes (o inverso daquilo que é recomendado), dois passeios de dois metros e meio cada, a dez metros de uma ponte pedonal, mas sem rotunda no cruzamento Nun'Álvares/Combatentes/Torres Pinheiro, rotunda com fraca estética e um paredão mijatório, habitantes da Rua Pé da Costa de Cima obrigados a transitar pelo interior do parque de estacionamento para conseguirem chegar a casa de automóvel, obras da Levada sem projecto...É já longo o rol de parvoíces, a mostrar que teria sido muito difícil fazer pior em tão pouco tempo.
Conforme se escreveu esta manhã, Tomar a dianteira também dispõe de bons e bem posicionados contactos, embora não pratique técnicas do Carvalho. Desta vez, agoniados com tanta asneira e tanto dinheiro mal gasto, resolvemos recorrer ao nosso satélite espião, por acaso operado pela Google, posto que, falando francamente, nestas coisas de espionagem ainda não há como os americanos. Em meios técnicos, entenda-se...


(Se necessário, clicar sobre a foto para ampliar)

Nesta fotografia aérea, vemos na extremidade direita (Este) algum casario da cidade antiga. Ao meio, as duas manchas maiores são o Parque T e, logo à direita, os Paços do Concelho. No ângulo inferior direito, parte da Rua do Pé da Costa de Baixo e a Entrada da Mata dos Sete Montes. A linha branca contínua, no sentido Este/Oeste é o caminho pedonal pela Mata, recentemente renovado por 200 mil euros. A linha tracejada, no sentido Sul/Norte, assinala o acesso ao Castelo pela Porta da Almedina, ou Porta do Sangue, interrompido desde há 500 anos, que caso tivesse sido recuperado e requalificado, pouparia aos turistas mais de metade do caminho, em ambos os sentidos. Infelizmente, apesar de alertados atempadamente, os senhores autarcas mantiveram a sua estranha opção, que obriga os visitantes a percorrer toda a linha branca até ao terraço de entrada. Tem algum jeito?!
A outra linha tracejada, mais à esquerda, indica o que teria sido uma boa solução para melhorar a estrada do Casal do Láparo, cuja requalificação faz parte da actual empreitada. Como habitualmente, os senhores autarcas decidiram mal. Preferiram poupar na indispensável expropriação.
Com estes autarcas, ou com outros da mesma escola, alguma vez vamos conseguir sair do pântano onde continuamos a chafurdar, cada vez mais atascados?

Até que enfim!!!


Não é só Miguel Relvas que recebe informações do Carvalho (sem V). Tomar a Dianteira também se orgulha de dispor de uma rede de contactos que, não desfazendo, ficam muito mais baratos que o SIED e nalguns assuntos sabem muito mais. É assim que podemos facultar mais uma informação local em primeira mão: TUDO INDICA QUE A RODA DO MOUCHÃO VAI VOLTAR A FUNCIONAR DAQUI POR UNS DIAS, POIS ESTA MANHÃ ANDAVAM A SUBSTITUIR OS ALCATRUZES PARTIDOS. 
Se assim vier a acontecer, a autarquia terá poupado dois meses de energia, visto que segundo a tradição a roda devia ter começado a funcionar em Abril. E economizou também na área da informação, não tendo até agora esclarecido os munícipes pagadores de impostos sobre os motivos do atraso. Com poupanças assim, não tarda muito estamos todos à porta das igrejas a pedir esmola... Haja saúde e coza o forno!

A Espanha, a Irlanda, Portugal e nós

Numa daquelas tiradas acéfalas a que infelizmente já nos vai habituando, o Seguro líder socialista foi directo: A Espanha acaba de obter condições de empréstimo melhores que as nossas, pelo que o primeiro-ministro deve exigir imediatamente tratamento idêntico. Santa ignorância, ou oportuno fingimento? Na verdade, como bem sabe qualquer principiante em economia, o problema espanhol é diferente do português e semelhante ao irlandês tal como o português é homólogo do grego. Por miúdos: Na Irlanda e em Espanha, a crise é dos bancos. Em Portugal e na Grécia é do Estado, que gasta em demasia, aumentando cada vez mais o défice público.
A partir destes dados indesmentíveis, pode-se naturalmente escrever que na Irlanda, na Grécia e em Portugal, onde também se verificou e está em curso a recapitalização bancária, os fundos para esta vieram incluídos no resgate geral (72 mil milhões no caso português, dos quais 12 mil milhões para os bancos), enquanto para Espanha houve nítida separação. Duas justificações são possíveis, uma técnica, outra política.
Para os peritos económicos, desta vez foi possível separar o Estado dos bancos porque Espanha tem por enquanto uma dívida pública inferior a 90% do PIB, ao contrário do que acontece nos restantes países já resgatados. Em contrapartida, para os analistas de esquerda, a explicação é bem entendido outra e ideológica. Na Grécia, na Irlanda e em Portugal era a esquerda que governava aquando da assinatura dos memorandos respectivos, sendo óbvio que a troika procurou criar condições objectivas para a vitória da direita. O que de resto veio a acontecer. Carecem por conseguinte de base os remoques do líder socialista, que de resto guardou de Conrado o prudente silêncio, quando o seu antecessor negociou e subscreveu o memorando agora em vigor. Porque terá sido?
Esta envolvência internacional e nacional muda alguma coisa nas margens do Nabão? Infelizmente não. Rima e é verdade. Com ou sem resgate bancário, com ou sem evolução favorável a nível nacional, vamos continuar a afundar-nos cada vez mais. Arrastados por uma autarquia que caso não existisse tornaria tudo bem mais fácil. Querem uma prova evidente? Um ano depois, ainda não se conhecem as contas da Festa dos Tabuleiros. O que permite perceber, entre outras coisas, porque  é que a nossa Festa Grande só se realiza de quatro em quatro anos. Caso fosse anual, com semelhante ritmo frenético, teríamos as respectivas contas encavalitadas umas nas outras, o que muito agradaria a alguns... Mas temos de convir que, na era da informática, necessitar de tantos meses para apresentar umas simples contas de merceeiro, deve trazer água no bico. Disso não duvido.

domingo, 10 de junho de 2012

Comida requentada 2

É claro que, em relação ao texto anterior, tudo será algo diferente e muito mais problemático, caso entretanto venha a ser aprovada e implementada a anunciada reforma da lei eleitoral para as autarquias. Como é sabido, fala-se de redução de eleitos, de assembleias municipais com mais poderes e de executivos mono-colores. A ser assim, em Tomar teremos um executivo de apenas cinco membros e um parlamento local reduzido a metade.
Se mesmo com executivos arco-iris já chegámos ao que chegámos e estamos como estamos, com uma câmara de cor única, onde desencantar os cinco magníficos que não nos deixem ficar mais uma vez envergonhados? Confesso que não estou a ver. Dois ou três em cada formação, ainda vá que não vá; agora cinco?! Nas capoeiras políticas nabantinas ainda continua a ser religiosamente seguido o velho e conhecido princípio segundo o qual não pode haver dois galos para o mesmo poleiro, sob pena de acabarem à bicada.
Acrescente-se o estado calamitoso das finanças municipais e temos uma situação que poderá ser tudo menos fácil de ultrapassar. Não adianta por isso armar-se em carapau de corrida, considerando como de costume que o importante é ganhar as eleições, que depois logo se vê, pois desta vez o contexto vai ser outro. Ou muito me engano ou os eleitores tomarenses, embora mudos e quedos como sempre, já perceberam que têm sido "levados" noutras consultas eleitorais, pelo que em 2013 vão querer ideias substantivas, perspectivas realistas e explicações convincentes, antes de colocarem a cruzinha e depositar o papelinho na ranhura. Adeus promessas balofas, adeus megalomanias, adeus improvisações, adeus gajos desenrrascados, adeus projectos mal enjorcados em cima do joelho... Tarde é o que nunca vem.

Comida requentada...

A ano e meio das próximas autárquicas, são já perceptíveis os contornos da futura compita. Após uma primeira fase em que propugnarão uma lista de larga união de esquerda, PCP/CDU e BE irão apresentar-se separados, como de costume, acabando por, com alguma sorte no que concerne ao BE, conseguir representação na AM, onde desempenharão com o conhecido brio o seu papel de animadores de pista.
O PS, pilotado por Luís Ferreira como até aqui, conquanto se submeta ao santo sacrifício da primária interna, avançará com Anabela Freitas, o usual programa optimista para enfeitar, auto-convencimento e muita euforia. Com Pedro Marques e as suas tropas, ajudados por laranjas encapotados, a sacar-lhe quanto mais votos melhor, dificilmente conseguirá ir além dos actuais dois representantes no executivo. Tudo indica portanto, neste momento, que com alguma sorte os tomarenses terão um casal socialista na oposição ao PSD. Há ainda, bem sei, o problema José Victorino, mas daqui até meados do ano que vem deverá ser ultrapassado sem demasiados sobressaltos.
Pedro Marques está condenado ao seu papel de Sísifo: em cada consulta eleitoral procura levar o calhau da representação popular até ao cume da montanha, para na consulta seguinte o voltar a encontrar cá em baixo. É natural. Salvo em tempos idos na América Latina, o caciquismo político nunca conduziu a coisa que se visse. Sobretudo quando o programa político se baseia no rancor e no revanchismo primário, como é o caso.
Resta a situação do PSD nabantino. O seu tradicional motor afastou-se de facto, assoberbado com funções bem mais nobres e importantes para o País e, bem vistas as coisas, também para Tomar. Os seguidores que deixou na Praça da República são boas pessoas, mas seria uma ofensa à verdade considerá-los de primeira ou mesmo de segunda água em matéria política e de gestão. Sabedores disto, os opositores locais do actual ministro-adjunto do primeiro-ministro já conseguiram cumprir com empenho e com êxito a primeira parte da sua espinhosa tarefa -o branqueamento político. É já consensual no seio da opinião pública que nada têm a ver com os que estão. Faltam as outras duas: 1 - Arranjar um cabeça de lista corajoso, experiente, credível e compatível com a tragédia local; 2 - Elaborar um programa simultaneamente realista, entendível pelo eleitorado e susceptível de alavancar a ansiada retoma, iniciando a reanimação de um concelho em paragem cardíaca.
Quanto ao primeiro, não vai ser nada fácil. Como bem referiu Rui Rio, nas autarquias muito endividadas, deviam ser nomeadas comissões administrativas, em vez de haver eleições, pois os autarcas seguintes não poderão fazer praticamente nada, apesar de eventualmente não terem culpa nenhuma do descalabro. Terá sido sobretudo nisto que pensou António Lourenço Santos, para declinar o "honroso" encargo, nesta altura envenenado? Qualquer que seja a resposta, a realidade já é outra. Fala-se agora com insistência naquele senhor Cupertino, que endereçou uma enigmática carta aberta ao presidente da câmara, nas colunas de Cidade de Tomar, há duas ou três semanas.
Dizem tratar-se de um brilhante empresário, "que não precisa da câmara para nada, porque está cheio de dinheiro". A ser assim, Tomar estará já na posição de um clube desportivo falido, que só um mecenas poderá ressuscitar, faltando agora apurar se o dito senhor nababo nabantino também estará farto de estar bem. Pronto portanto para aceder ao inferno que é o império burocrático da Praça da República. 
Sobre o outro ponto, o programa, as coisas também não são nada fáceis. O PSD nunca soube fazer coisas dessas, não há dinheiro para espatifar com empreendimentos megalómanos de ostentação e aquela palermice do CEDRU praticamente esgotou-se. Falta apenas a Várzea Grande e pouco mais. A rampa é cada vez mais íngreme...

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Leitura para o fim de semana

DN, 08/06/2012, página 7
(Clicar sobre a ilustração para ampliar)

Como em Portugal tudo funciona na base do amiguismo, das redes e da fulanização, havendo até aquele anexim segundo o qual "Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és", convém esclarecer que a autora do texto supra "andou" com José Sócrates, tanto antes como já primeiro-ministro. Ou pelo menos da fama não se livra. Para evitar confusões.
Além de pôr o dedo na ferida a nível nacional -as oposições protestam, insurgem-se, apoiam greves e o diabo a sete, mas não avançam com propostas alternativas, porque as não têm nem buscam- Fernanda Câncio foca, em simultâneo e involuntariamente, a raiz da desgraça tomarense. Enquanto em Lisboa há um governo que tem a coragem de ir fazendo aquilo que é preciso, embora nem sempre da melhor maneira, pelas bandas do Nabão é a pasmaceira total. O trio laranja não governa nem tem a intenção de tal vir a fazer até final do mandato. Limitam-se a ganhar tempo e dinheiro, na esperança pacóvia de que alguém acabará por vir salvá-los do descrédito total em que já estão.
A oposição, por seu lado, apesar de maioritária, está exactamente na mesma posição da lisboeta. Vai mobilando com uns protestos e umas bravatas para agradar às tropas respectivas, mas já se percebeu que também não têm quaisquer propostas alternativas compatíveis com a actual e futura penúria. Estão outrossim a procurar ganhar tempo, na expectativa vã e idiota de que entretanto venha a acontecer algo de milagreiro. Só assim se explica que nada façam para se entender, no sentido de derrubar os incapazes, tornando-se seus cúmplices objectivos.
Tanto para uns como para outros, "Os tomarenses que se lixem!" A seu tempo se verá o resultado eleitoral desta política calculista e manhosa. Que os eleitores tomarenses, embora não sendo em geral geniais, nem coisa parecida, também não são inteiramente desprovidos de massa cinzenta...

Aviso à navegação

Não é usual abordar aqui questões de política nacional ou internacional, salvo quando tenham implicações evidentes na envolvência partidária nabantina. É o caso. 
A esquerda festiva portuguesa, sem munições para atacar frontalmente a odiada política neoliberal, tornada obrigatória pelo descalabro provocado entre nós pelo governo Sócrates, rejubilou com a vitória do socialista Hollande. E até começou a atirar foguetes, ao saber que o governo socialista restabelecera a reforma aos 60. Como cidadão titular do cartão de eleitor tanto em Portugal como em França, sinto-me na obrigação de esclarecer os meus conterrâneos, para evitar futuras e dolorosas desilusões.
1 - Com uma nebulosa governamental que representa 59% do PIB, a França rebenta pelas costuras, necessitando quanto antes de robustas medidas de austeridade, entre as quais o inevitável e acentuado emagrecimento do Estado, que por acaso lá até funciona; 2 - O restabelecimento da reforma aos 60 anos não passa de uma medida oportunista, tendo em vista conseguir uma maioria PS nas legislativas do próximo dia 17; 3 - A referida medida de direito à reforma aos 60 anos com o ordenado por inteiro, apenas abrange quem tenha 41 anos e meio de descontos. Ou seja, os trabalhadores que começaram a descontar para a SS aos 18 anos e meio de idade. Muito longe por conseguinte daquilo que tem sido noticiado em Portugal, onde uma certa esquerda continua a confundir manàcracia com democracia. Não há piores cegos...

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Aprender a ler jornais

É praticamente uma litania: deixei de ler os jornais locais, porque não trazem nada; temos uma imprensa muito pobrezinha; não perco tempo com jornais que nunca trazem as notícias que deviam trazer; deixei de ser assinante; deixei de pagar a assinatura... Tudo com um fundo de verdade. Até eu já me lamentei nestas linhas do por vezes agreste deserto noticioso local. Tenho de reconhecer porém que os leitores também são culpados. Nunca se queixam de forma audível e nos locais adequados, tal como se não preocupam o suficiente com a opinião publicada. Seguem-se alguns exemplos iconográficos, sabido como é que, regra geral, mais vale uma imagem que mil palavras.
A primeira preocupação de qualquer leitor que queira honrar a espécie pensante à qual pertence, consiste em formular as perguntas certas para cada resposta encontrada. Assim:

Porque será que só agora a autarquia tomarense, que é PSD, resolveu exigir uma reunião urgente com o governo? Não seria melhor um telefonema discreto ao presidente da Assembleia Municipal, também do PSD e praticamente primeiro-ministro bis? O telefonema terá sido feito, mas sem resultado prático? Se assim foi, porquê? Estará a autarquia tomarense em posição de poder exigir o que quer que seja, quando já nem os funcionários lhe obedecem?
Na mais recente manifestação pró-hospital, o PCP resolveu finalmente assumir sem rodeios a liderança. Falaram Paulo Macedo, da comissão de saúde da AM e militante comunista, bem como António Filipe, quadro do PCP e deputado por Santarém. Porquê só agora, quando desde a primeira manifestação junto ao hospital foi evidente a "mão" do PCP a amparar o protesto?

Este comentário de MS diz tudo, tratando-se de um conhecido militante local laranja. Fica a pergunta: Porquê tornar evidente desde já o fosso entre a actual comissão política do PSD e o presidente Carlos Carrão, igualmente PSD? Para poderem mostrar no futuro que nada têm a ver com as asneiras já cometidas e a cometer pelo actual alcaide?

Se calhar receando que o comentário anterior de MS não surtisse efeito, Cidade de Tomar resolveu jogar pela certa. Segundo Manuel Subtil, significativo ou não, a comissão política jantou numa mesa e Carlos Carrão na outra. Porquê? Vamos ter Carrão como candidato independente?



Outro tema susceptível de vir a envenenar a política local: as Jornadas da JSD. Enquanto Cidade de Tomar lhe consagrou bastante espaço e várias fotografias (com jovens como a ex-vereadora socialista Maria Augusta, o ex-vereador PSD António Carvalho, o presidente Carrão, o director do jornal António Madureira e o ex-governador civil de Setúbal, nomeado pelo PSD, Luís Pedrosa Graça) O TEMPLÁRIO ficou-se pela clássica foto de família, "para mais tarde recordar", com Manuela Ferreira Leite numa curiosa postura de estudante aplicada. Porquê tudo isto? Porque estamos a 14 mese do próximo acto eleitoral? Foi mais uma contagem de espingardas? Para se ficar bem visto?

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Temas da imprensa local




O Templário é o único dos três semanários a noticiar aquilo que terá sido a anedota do mês. Dois anos após o encerramento compulsivo do Mercado Municipal pela ASAE, o presidente do executivo municipal nabantino decidiu, por manifesta ignorância, pedir à citada autoridade permissão para aceder a um imóvel que pertence ao município. Inacreditável! Claro que os dirigentes da ASAE, constatando que campeia a bandalheira na autarquia tomarense, saltaram sobre a ocasião. Mandaram deslocar a Tomar  três funcionários (ver foto na última página do Templário), naturalmente com direito a subsídio de deslocação e mais não sei quê, para afinal virem apenas pentear cágados, uma vez que, nos termos da Constituição da República, a nenhum proprietário pode ser vedado o livre acesso aos seus bens. Por conseguinte, a ASAE apenas proibiu que o imóvel funcionasse como mercado, pois para mais não tem competência legal. Infelizmente, ocorreu o habitual: Quando os eleitos são incapazes, os funcionários  espertalhuços aproveitam. O que permite ao Templário noticiar sob a foto que "A ASAE desselou uma parte do edifício". Então e o direito de propriedade? Consiste em quê, afinal? 
Ridículo! A ignorância dos eleitos é mesmo a origem de muitos abusos...Mas é o que temos.
CIDADE DE TOMAR faz manchete com outra vertente do mesmo tema: o martírio dos comerciantes e dos cidadãos que continuam a frequentar o Mercado Municipal, desde há dois anos instalado numa tenda que custou o suficiente para reparar os velhos pavilhões que datam de 1950. "Interior da tenda do Mercado Municipal torna-se insuportável, com cerca de 40 graus centígrados", titula o semanário. Se fosse para uma festa ou outra manifestação cultural, susceptível de permitir protagonismo e/ou uma almoçarada, certamente que haveria dinheiro. Tratando-se apenas de facultar condições mínimas de trabalho para os vendedores e de algum conforto para os compradores, claro que não há dinheiro para instalar o ar condicionado. A cafetaria na Cerrada dos Cães faz muito mais falta...
A questão da reforma das freguesias é outro assunto em destaque no semanário dirigido por António Madureira. Há um texto dos actuais dirigentes locais do PSD, no qual apelam finalmente ao debate da questão, acentuando que caso a autarquia não consiga apresentar uma proposta, a dos técnicos governamentais será seguramente pior para todos. Na mesma onda, António Freitas assina na página 13 uma longa crónica, na qual recusa a união de Alviobeira com Casais, advogando antes a eventual junção com uma freguesia do concelho de Ferreira do Zêzere, como forma de melhorar a qualidade de vida. Havia de ser o bom e o bonito se a localidade de Ceras, que está na origem de Tomar, nove séculos mais tarde passasse para o concelho vizinho. Até o fantasma do Gualdim começaria a vir protestar durante a noite nos Paços do Concelho... o que seria mais um atractivo turístico, numa terra que sabe como nenhuma outra gerir os seus recursos. Por isso estamos tão bem e a caminhar aceleradamente para ainda melhor. Deus tenha piedade de nós!

DADOS ESTATÍSTICOS DE TOMAR A DIANTEIRA

Procurando esclarecer os leitores, nomeadamente Pata Brava Tomarense, que ainda ontem escreveu, em comentário a Resposta a Luis Ferreira, "...o senhor [este vosso humilde escriba] tem cada vez menos clientes no blogue...", publicam-se a seguir os mais recentes elementos estatísticos disponíveis. Obtidos a partir do contador independente do motor de busca GOOGLE: Visitas de ontem, 05/06/2012, 506; durante todo o mês de Maio 2012, 11.493; desde que foi iniciada a contagem Google (Abril 2010) 303.177; desde o início de Tomar a dianteira (Novembro 2008), 461.076.
Postes mais vistos até agora: O comboio do pessoal da CP... 17/12/2010, 3.795; Simplesmente lamentável, 21/08/2011, 1023; Cartas de amor... 14/04/2010, 559.
Origem do tráfego: Portugal, 262.889; Brasil, 15.332; Estados Unidos, 6.586; Coreia do Sul, 3.220; Alemanha, 2.188; Inglaterra, 2.144; Rússia, 1456; França, 1.330; Holanda, 993; Espanha, 611.

Tomar a dianteira agradece a todos e promete continuar a procurar fazer o melhor possível, tendo sempre como único objectivo servir a verdade e a comunidade tomarense. Custe o que custar, doa a quem doer. Amém

terça-feira, 5 de junho de 2012

É O DESCALABRO TOTAL!

Segundo notícia de hoje da Rádio Cidade de Tomar, que pode ser lida aqui, "A câmara viu a sua solicitação aceite [pela ASAE] e agora será feito um levantamento de necessidades para logo depois se realizarem as obras necessárias". Trocado por miúdos, numa clara manifestação de ignorância crassa, o actual executivo precisou de dois anos  e do beneplácito da ASAE (que se deve ter fartado de rir) para aceder a algo que pertence ao património do município. Se os 7 magníficos não se estivessem nas tintas para os problemas locais, havendo até um deles que é licenciado em direito e profissional do foro, decerto que já há muito teriam informado o presidente Carrão de que, em virtude do direito de propriedade constitucionalmente reconhecido (artigo 62º), o município, os seus eleitos e os seus funcionários, sempre puderam entrar e trabalhar livremente dentro dos pavilhões do mercado, uma vez que a ASAE apenas tem competência legal para proibir o seu funcionamento como mercado. Nunca para proibir o acesso aos seus legais proprietários. Santa ignorância portanto. Como habitualmente.
E o disparate continua: "Não é uma obra global; trata-se de recuperar o velho edifício de forma faseada... Uma intervenção global vai ter que esperar por melhores momentos financeiros, o que levará anos, admite Carlos Carrão." A denunciar que a esperança nunca morre.
Entretanto o assunto do momento é novamente o problema da reforma hospitalar, com um conceituado médico a afirmar que "Onde não existe medicina interna, não faz sentido haver hospital". E quando não há eleitos com massa cinzenta suficiente e de qualidade, fará sentido haver executivo municipal? Em conclusão: Mais dois anos perdidos.



Outra parvoice monumental: Não se sabe porquê nem para quê, o campismo passou a estar fechado de madrugada, entre as quatro e as cinco da manhã. Com um bizarro "SOS - 249 329 140 (Bombeiros).  Ou seja, todas as noites, durante uma hora, ninguém pode entrar ou sair do parque municipal de campismo. O que é manifestamente ilegal, porque contrário à Constituição: "Ninguém pode ser total ou parcialmente privado de liberdade..." (Artº 27º .2) "A validade das leis e demais actos do Estado....do poder local e de quaisquer outras entidades públicas, depende da sua conformidade com a constituição" (Artº 4º .3). E muito perigoso. Caso ocorra um súbito problema de saúde, hipótese sempre a considerar, tendo em conta que se trata geralmente de campistas séniores, quem telefonará a quem?
Além disso, há um problemazito que não terá sido ponderado: sabe-se que os bombeiros municipais são bons em línguas, sobretudo de bacalhau, mas será que estarão à altura de telefonemas em alemão, russo ou dinamarquês? Tenho as minhas dúvidas...
Já havia falta de sinalização adequada, de instalações sanitárias, de limpeza urbana e do rio, de acessos pedonais ao Convento, de estacionamento adequado e de soluções promissoras para o concelho. Agora temos também evidente falta de bom senso. É realmente o descalabro total.
E depois admira-se o presidente Carrão que ninguém do governo o queira receber. Pudera! As suas patuscas decisões prestam-se à chacota geral e os governantes procuram manter sempre um ar sério. Por causa da troika...
Tomar a dianteira sempre enzima do conhecimento...


 Sylvie, 54 anos, engenheira informática, Toulouse (França)

"Não bebia por me sentir mal; apenas por dependência do álcool"

"2009 foi há um século, à escala da história do baclofeno. Por essa altura os médicos franceses ainda não receitavam tal medicamento contra o alcoolismo. Sylvie, alcoólica desde os 16 anos, resolve atravessar a fronteira e comprar algumas embalagens em Espanha, após ter descoberto num artigo de uma revista que o baclofeno, receitado como relaxante muscular, podia ser eficaz na cura do alcoolismo. Farta de empinar até três aperitivos e uma garrafa de tinto ao jantar, conseguiu encontrar assim o remédio de que necessitava, convencida de que o seu problema não é de ordem psíquica. "Não bebia por me sentir mal; apenas por dependência do álcool."
Resolveu então auto-medicar-se, tomando até 110 mg de baclofeno por dia. Actualmente, seguida por um médico, baixou para 60mg/dia e bebe moderadamente "dentro das normas da OMS". "Resolvi não optar pela abstinência total, pois não cheguei a ter o fenómeno de rejeição, como aqueles que viram as suas vidas e as suas famílias destruídas pelo álcool", disse-nos com ar satisfeito.
Em 2011 fundou, conjuntamente com outros doentes, a Associação Baclofène, à qual preside e que conta já com mais de 200 aderentes. Acabam de pedir solicitar autorização de comercialização do baclofeno como medicamento contra o alcoolismo. A petição já recolheu quatro mil assinaturas."


Virginie, 35 anos, actriz, Paris

"A minha vida era um puzzle no qual faltavam três quartos das peças"

"Comecei a empinar com 18 anos. O álcool era para mim um ansiolítico. Ajudava-me a vencer o meu mal-estar em sociedade. Não podia passar sem ele à noite, sob pena de ficar muito corada. Depois comecei a beber sozinha, em casa. Geralmente uma garrafa de rosé, ou então duas ou três latas de cerveja, da mais forte. Começaram os problemas durante as soirées. Era uma rapariga parisiense e era muito perigoso regressar a casa bêbada. Comecei a ir de buraco negro em buraco negro. A minha vida transformara-se num puzzle no qual faltavam três quartos das peças. Tinha um enorme sentimento de culpabilidade. Comecei a tomar baclofeno no dia 24 de Novembro de 2011, após ter lido o livro de Olivier Ameisen [médico, ex-alcoólico, autor do livro "Le dernier verre", Denoël, Paris, 2008]. Fui aumentando a dose até 170 mg/dia e senti-me curada cinco semanas mais tarde. Agora já não bebo em casa, só quando saio à noite. E mesmo assim, em vez de empinar um copo em cinco minutos, dura-me para mais ou menos hora e meia. E com três copos já não quero mais."

Nouvel Oservateur, 24/05/2012, página 56

Nota final

É claro que em Portugal -e sobretudo em Tomar- não há alcoólicos. Tanto assim que as televisões continuam a publicitar livremente a cerveja e outras bebidas alcoólicas, quase sempre associando-as ao desporto, sobretudo ao futebol. E a autarquia até autorizou um barzinho no ex-estádio, agora campo de treinos. Em todo o caso, se algum leitor tiver problemas de dependência ou de drogas, deve consultar quanto antes um médico, pedindo-lhe que lhe receite baclofeno, que é a designação internacional do princípio activo. Em Portugal o baclofeno em comprimidos é comercializado sob a marca LIORESAL, dos laboratórios NOVARTIS. Mas consulte o seu médico antes! O baclofeno pode ter efeitos secundários nada agradáveis.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Mouchão animado







As imagens mostram mais uma edição do "Mouchão alternativo", que teve lugar ontem. Trata-se de uma iniciativa cidadã, organizada por Ana Vasconcelos, Cláudia Fidalgo, René Spits, Ricardo Branco e Tânia Martinho. A outrora sala de visitas da cidade, entretanto vandalizada por um presidente da câmara meteco, como não podia deixar de ser, ostentava belos detalhes, mesmo tendo em conta a ausência de instalações sanitárias e o imobilismo da Roda, que não se sabe bem a que se deve, tal como não se entende para que mandaram fazê-la de novo há um ano. Coisas tomarenses...
Destaque para o expediente de um nabantino originário dos Países Baixos que, com a alma de negociante característica dos seus patrícios, em vez de continuar a perguntar para que serve a "barraquinha do Paiva", resolveu dar-lhe uso. Quanto a mim, só é pena que a marquesa não seja bem o número que eu habitualmente calço. Se assim não fora, teria havido massagem pela certa. A cinco euros é praticamente de borla.
Em conversa com um dos comerciantes organizadores, apurou-se que esta edição teve maior participação de vendedores/expositores, mas menos público e menos vendas. É pena, mas demonstra uma evidência -a crise faz-se sentir por toda a parte, particularmente numa cidade cada vez mais morta. O que vamos ter de sofrer até finais de 2013! Tudo porque a oposição representada no executivo insiste em demonstrar que não sabe estar à altura das circunstâncias. De paleio estamos todos fartos. Até os latinos já clamavam, há mais de dois mil  anos, res non verba. Obras! Chega de palavras!

Prossegue o desastre







Com problemas e mais problemas, prosseguem as intermináveis obras da envolvente ao Convento de Cristo. A infelizes pinheiras cinquentenárias da Cerrada dos Cães vão sendo depenadas como os contribuintes portugueses pelo fisco. A da foto, que ficou sem grande parte da rede radicular menos profunda, dificilmente sobreviverá. Veremos.
Entretanto, junto à Senhora da Conceição (última foto) temos um perfeito retrato da política autárquica tomarense, na sua versão actual. Não há dinheiro, não há pessoal ou não há vontade para mandar limpar a calçada e mantê-la limpa. Mas há para fazer calçada nova. Que dentro de algum tempo estará como a antiga. Transformada em pastagem, com lindas papoilas.
Embora com algum exagero, o grafiteiro do paredão retratado na penúltima foto acertou a 50%: Os autarcas que temos não roubam com a cabeça mas governam com os pés. E devido à inépcia da oposição, vamos ter de os aturar até Dezembro de 2013. É o nosso purgatório.