Tencionava comentar "O clamor do alambor", que Luís Ferreira publicou no seu blogue vamosporaqui.blogspot.com. Acontece, porém, que entretanto o SEC visitou o Convento de Cristo e produziu declarações de tal modo despropositadas e mesmo infelizes (ver post anterior), que não consigo calar a minha indignação. Acresce que há uma evidente sintonia entre as posições do governante PSD e do autarca PS. A evidenciar uma prévia afinação pelo mesmo diapasão. Exigências da coligação, penso eu. Passo assim a rebater as declarações do SEC Francisco José Viegas, tal como noticiadas pelo portal da Rádio Hertz.
1 - "Estou de visita a Tomar para conhecer o magnífico trabalho de restauro que está a ser feito no Convento." Não é verdade, ou não é toda a verdade, na melhor das hipóteses. O governante sabe muito bem porque veio tão lesto a Tomar. O respeito pela amizade força-me a não dizer mais por agora, esperando não ser constrangido a ir mais longe sobre o assunto.
2 - "Houve de facto a descoberta de um fragmento do alambor." Também não corresponde à realidade. Só pode haver descoberta de algo desconhecido e o troço do alambor agora posto à vista sempre foi do conhecimento dos que realmente conhecem o monumento, sem todavia andarem a apregoar a sua autoproclamada qualidade de "especialistas". De especialistas desses está o país infelizmente bem fornecido.
3 - "Desta forma, o cenário de qualquer tipo de crime contra o património é para afastar, ou melhor: nem se pode colocar." E porquê? Doravante deve considerar-se que destruir cerca de 25 metros quadrados de um alambor templário do século XII é uma boa acção? Como qualquer cidadão, um governante tem liberdade de opinião, mas os factos são sagrados. Ou já deixaram de ser, com a mudança de governo?
4 - "Aconteceu esta importante descoberta. Agora há que classificar, há que inventariar, há que recuperar..." O em princípio ilustre visitante terá pensado estar a falar com criancinhas? Ou com labregos? Não se trata de entreter o povoléu com a usual burocracia de faz de conta. Simplesmente de respeitar uma herança comum com mais de oito séculos, nunca procurando adulterá-la com muros de betão, como se está a fazer, à vista de todos e, ao que agora se constata, com o beneplácito do SEC.
5 - "Manifesto a minha confiança pela forma como têm decorrido os trabalhos e não tenho que duvidar das qualidades e das intenções dos técnicos do IGESPAR, que irão esclarecer este processo, nem das partes envolvidas. Ninguém está a esconder o que seja."
Óptimo! Assim, na devida altura, se for caso disso, já se saberá quem é o responsável máximo. Por agora, o que se continua a estranhar é que os"técnicos do IGESPAR irão esclarecer este processo", mas entretanto a directora do Convento foi proibida de prestar declarações sobre o assunto, segundo as suas próprias palavras. Sendo a senhora arqueóloga profissional e não havendo nada a esconder, segundo o SEC, porquê e para quê tal proibição?
Óptimo! Assim, na devida altura, se for caso disso, já se saberá quem é o responsável máximo. Por agora, o que se continua a estranhar é que os"técnicos do IGESPAR irão esclarecer este processo", mas entretanto a directora do Convento foi proibida de prestar declarações sobre o assunto, segundo as suas próprias palavras. Sendo a senhora arqueóloga profissional e não havendo nada a esconder, segundo o SEC, porquê e para quê tal proibição?
Conclusão provisória muito franca: Se é só para fazer declarações infelizes e despropositadas sobre assuntos que preocupam os tomarenses e os portugueses defensores do património, na minha humilde opinião de bom pagador de impostos, não adianta que venham cá mais governantes. De blábláblá inconsistente estamos todos fartos. Ou não?
Prezado Amigo,
ResponderEliminarFará o favor de remeter para o seu artigo anterior, o mesmo comentário a este seu presente artigo.
Tem toda a razão na sua indignação, que é a de todos nós.
Olvidam eles, e parece que é moléstia em todos os lugares do aparelho estatal, que são funcionários públicos.
Todos eles.
A entidade empregadora desses srs., são os cidadãos contribuintes portugueses.
Por tal, mais respeito e "caldos de galinha", não lhes fazia mal nenhum.
Saudações Prezado Amigo
Estimado Amigo,
ResponderEliminarUm acrescento:
a quem julgam que estão a enganar?
Neste momento atingimos as 400 assinaturas, em menos de 72h, 3 dias ...
O mundo inteiro vai falar deste crime de lesa património histórico imemorial, português sim, mas também da Humanidade.
Saudações Prezado Amigo
O mau era o Salazar. Não se podia falar. Agora não deixam a directora falar, qual é a diferença?
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