Jacques Attali, o conhecido economista francês, sucessivamente conselheiro de Mitterrand e de Sarkozy, escreveu há pouco, na sua habitual crónica semanal no L'EXPRESS, que há cada vez mais governos e outras entidades públicas a guiar-se não pelas doutrinas de Keynes, Schumpeter ou Hayek, mas pela do escroque americano Madoff, condenado a 176 anos de prisão. É o que tem acontecido em Portugal e em Tomar, cuja autarquia segue o modelo Dª Branca, o modesto equivalente luso de Madoff. Como se sabe, a senhora em causa foi julgada e condenada a apenas 9 anos de prisão. Portugal, país de brandos costumes...
Tal como Dª Branca ou o senhor Madoff, também o executivo tomarense se habituou a pagar dívidas com outras dívidas ainda maiores, e assim sucessivamente, numa espiral infernal que só pode acabar em desastre, como é fácil de ver.
Ao aprovarem por unanimidade, na reunião do passado dia 4, a contratação de empréstimos para pagamento do remanescente camarário nas 4 empreitadas em curso e uma já concluída, os autarcas que temos revelaram o que não queriam: O município tomarense adjudicou obras onerosas sem ter verbas disponíveis para as pagar. O que significa, em boa linguagem de gestão, que "entrou em bola de neve", processo que culmina sempre no pedido de insolvência.
Tratando-se de uma entidade pública, o município não pode por ora solicitar a insolvência, pelo que parece ter entrado em "cessação de pagamentos". Um comentário anónimo alertou Tomar a dianteira para o que se estava a passar nas obras da estrada de Coimbra -troço Bonjardim/Quinze. Fomos lá e constatámos que o empreiteiro -a empresa Lusosicó, de Pombal- carregou as máquinas e abandonou as obras, levando igualmente todos os meios de transporte de que dispunha no estaleiro. Perguntámos se estavam a abandonar a obra devido à falta de pagamento por parte da câmara. A resposta foi breve e clara: "É o que está à vista!"
Temos portanto a obra parada, até que a autarquia consiga dinheiro para honrar os compromissos assumidos. Será desta que resolvem dar lugar a outros? Ou vão aguardar a penhora dos Paços do Concelho? Já faltou mais...
Paralelamente, em declarações à Rádio Hertz, a propósito da promoção do 2º Festival de Estátuas Vivas, a ter lugar hoje na Nazaré, a vereadora Rosário Simões (a mais poupada e sensata da relativa maioria) afirmou que "o objectivo é atrair visitantes e por isso termos criado um programa apelativo." Estava eu convencido de que, numa câmara praticamente falida, o objectivo fosse criar riqueza, mais-valia, valor acrescentado, lucro, retorno negociável, mas afinal enganei-me de novo. Cada vez gosto mais de estátuas mortas, daquelas de pedra ou de bronze. Não geram riqueza, mas pelo menos também não provocam despesas avultadas sem retorno negociável.
As pessoas que exercem o poder na Câmara Municipal de Tomar sentem-se à vontade para endividar o município desta forma leviana e sem limites, porque sabem bem que o seu património pessoal não será judicialmente responsabilizado pelo respectivo pagamento. E têm a noção de que serão os executivos e as gerações futuras que terão de arcar com a liquidação destes calotes.
ResponderEliminarIsto só vem provar que aquilo que Tomar precisa é de um Festival de Estátuas Vivas, já que de Estátuas Mortas está o Município cheio, começando pelos SETE que por lá ainda infelizmente imperam. E ainda há quem diga que neste blogue é só má lingua. Verdades que as Estátuas Mortas não gostam de ouvir ou de ler, mas que têm de olhar para o seu pedestral da inércia.
ResponderEliminarAlguém disse um dia que as estátuas só servem para os cães mijarem e já agora que mijem e bem para os autarcas que temos.
Contudo algo de bom aconteceu nesta última Festa da Cerveja: menos 30% de participantes, ou seja menos 30% de bêbados. Os responsáveis autárquicos deverão estar de parabéns com este valor.
Mas pagarem, onde estará o "bago"?
E a vereadora (com letra minúscula que mais não merece) ainda terá dinheiro para o tabaco e para mascar pastilhas elásticas na Igreja?
Há dias deixei aqui um comentário sobre o anúncio da venda de uns "avos" do resort dos Pegões onde se informava, entre outras coisas, que os prazos para a execução da obra estavam em aberto.
ResponderEliminarPessoas amigas chamaram-me a atenção para a omissão da fonte em que se baseava o meu comentário. Aqui fica o reparo: Anúncio inserido na página 5 dos anúncios de imobiliário do Correio da Manhã de 30 de Julho de 2011
Pedro A.