Paulatinamente, a prolongada crise vai provocando estragos. Agora que a ideia de suprimir freguesias e agrupar concelhos começa a ser consensual, devido à urgente necessidade de poupanças importantes, aumenta a inquietação nas entidades mais pequenas, perante a hipótese de virem a desaparecer no caudal da evolução. É o caso no vizinho concelho de Ferreira do Zêzere, pelos menos a julgar por esta crónica do quinzenário DESPERTAR DO ZÊZERE, assinada por José Manuel Duarte, um veterano nestas lides do jornalismo local. Nela se escreve que "poderíamos ter de nos juntar aos concelhos vizinhos e assim perder a nossa qualidade de vida a que nos habituámos". E quando o parceiro contrapõe que "a união faz a força", tem logo direito a um rotundo "muita gente junta não se salva", seguido de "depois tudo iria depender das zonas que viessem a ser criadas, mas haveria também sempre mais conflitos para resolver." Em resumo, na minha opinião: Antes a morte que tal sorte. Juntarmo-nos a Tomar é que não. Ou estarei a visionar o filme errado?
A SAGRADA UNIÃO LOCAL
Um outro texto a merecer referência e adequado tratamento é um comentário subscrito por Santana-Maia Leonardo, de Abrantes, publicado na página 40 do PÚBLICO. Decidi dele fazer um "pastiche", modificando-o o menos possível para o adaptar à realidade tomarense. Alterei também o seu título "A União Nacional Socialista" , para "A sagrada união local", mais consentâneo com o panorama nabantino. E vamos a ele.
"Quem olha objectivamente para o comportamento das forças políticas representadas no executivo municipal, não pode deixar de ficar com a estranha sensação de que se trata do mesmo partido desdobrado em três (PSD, PS, IpT), para garantir a sua governação contínua. Desta forma, cria nos eleitores a ilusão de que existe mudança no poder, capitalizando na oposição o descontentamento à esquerda (PS + IpT), ao mesmo tempo que a força que governa (PSD, PS ou IpT) serve rigorosamente os mesmos interesses e cumpre o mesmo "programa" político, o que, no "politiquês" dos nossos comentadores, se chama governar ao centro. Ou seja, as eleições servem apenas para refrescar a equipa dirigente, nunca para substituir as políticas da autarquia, que seriam sempre as mesmas qualquer que fosse a força partidária vencedora.
Não é por isso de estranhar que os mentores do PS e dos IpT se assemelhem muito mais a jogadores suplentes, em exercícios de aquecimento, à espera da ordem de substituição por fadiga dos jogadores titulares ( leia-se presidente e dois vereadores), do que líderes de equipas adversárias.
Aliás, quem ouve falar os dirigentes do PS e dos IpT não pode deixar de estranhar que todas as suas críticas assentem basicamente na fadiga e incapacidade dos actuais detentores do poder autárquico para cumprirem o que prometeram aos eleitores.
Ora, se o PS e os IpT fossem verdadeiros opositores do PSD, deviam-se bater pela queda da Câmara, em nome de projectos alternativos, assentes em pressupostos e soluções diferentes. É certo que, se procederem desta forma, correm um sério risco de perder as eleições, uma vez que a maioria do eleitorado continua a ser simpatizante da Sagrada União Local. Mas têm, obrigatoriamente, de correr esse risco, se querem tirar o concelho do pântano onde está atolado.
Aos líderes respectivos, cabe-lhes dizer claramente o que se propõem fazer, sem rodeios e sem medo das palavras e do resultado das eleições. Ao povo, cabe-lhe escolher e sofrer as consequências da sua escolha (boa ou má). Já chega de forças partidárias de moscas... Precisamos, definitivamente, de formações de homens e mulheres a sério e sérios, os únicos capazes de limpar a porcaria que os seus antecessores aqui deixaram."
Está convencido que alterei substancialmente o texto original? Faça o favor de conferir:
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1 comentário:
"poderíamos ter de nos juntar aos concelhos vizinhos e assim perder a nossa qualidade de vida a que nos habituámos"
Qual qualidade de vida?... A qualidade de vida de meia dúzia de regedores do PSD local que repartiram a governança daquele micro-concelho?...
É que a maioria das pessoas vive pior do que noutros pontos do país e definitivamente pior do que a maioria da população do concelho de Tomar (compare-se o PIB de ambos os concelhos, por exemplo).
Esta demagogia bairrista não joga com a inteligência e cultura do autor da crónica que tem defendido, em vários meios, a integração de Ferreira do Zêzere num espaço mais alargado.
P.M.
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