Pela primeira vez esta semana, que o tempo não dá para tudo, mesmo quando já aposentado, fui visitar alguns blogues da zona. No do Templário, encontrei um texto de qualidade, que me pareceu já conhecido. Era a coluna de Miguel Sousa Tavares (Expresso online, colunistas) esta semana intitulada "Esta noite sonhei com Mário Lino". Um "artista" local decidira copiar integralmente o trabalho de MST para aquele blogue, mas "esqueceu-se" de mencionar o autor e a origem. Decidi então enviar um comentário, desancando o indelicado, dizendo-lhe que o que fez se chama plágio, ou roubo de propriedade intelectual, delito previsto na legislação portuguesa. Insinuei também que, nas universidades e politécnicos, os alunos estão muito habituados a proceder assim. (ver comentário meu no blogue d'O Templário)
Tanto bastou para aparecer um comentário-resposta, cujo estilo é conhecido. Transpira recalcamentos, traumas, inveja doentia e total ausência de escrúpulos ou de respeito pela verdade. Quando convidado a fundamentar as atoardas que tenta lançar, refugia-se no silêncio, que devia ter mantido antes. Até sei que força política apoia, mas não vem agora ao caso.
Um outro comentário pedia-me uma opinião sobre a coluna de MST já mencionada. Como se fosse a coisa mais natural deste mundo, quem colabora regularmente num blogue ir opinar para outro blogue. Não tendo acedido então ao solicitado, por estar em casa alheia, passo agora a escrever o que penso a respeito do citado artigo.
Antes de mais, recomendo a sua leitura, ou na edição em papel, ou no Expresso on line (basta digitar no Google, Expresso, e depois clicar em expresso on line e em colunistas, logo a seguir).
Tenho grande consideração e estima por Miguel Sousa Tavares, cujos livros li com muito agrado.
Escreve bem, limpo, directo, frontal e sem antolhos partidários. Dito isto, nem sempre concordo com as suas posições, designadamente em relação à caça, ao tabaco e aos toiros.Neste seu texto sobre os desvarios deste país onde habitamos, concordo com as suas críticas, mas penso que devemos encarar as coisas com alguma elevação e algum recuo. De longe e de cima vê-se e percebe-se melhor qualquer realidade complexa. Concordo que o melhor seria não construir qualquer linha de TGV, porque manifestamente desnecessária. Todavia, há acordos assinados com os nossos vizinhos, pelo então governo PSD. E quando um país começa a não cumprir com aquilo que voluntariamente subscreveu, mal vão as coisas. Há depois o grupo de pressão das empresas de construção, cuja influência é considerável, pois geralmente são essas mesmas empresas que financiam as campanhas eleitorais, e em política, como no resto, ninguém dá nada a ninguém. O problema não é só do PS, pois por exemplo o "nosso" deputado e presidente da AM, o senhor Miguel Relvas, é assessor ou colaborador de cinco empresas, conforme consta da sua declaração de rendimentos e interesses. Sabendo-se que o senhor deputado em questão nunca exerceu qualquer profissão para além da política, é assessor de quê e para quê?
O mesmo acontece em relação ao novo aeroporto. À primeira vista, a melhor solução seria manter o actual e melhorar um dos agora militares, de forma a poder acolher condignamente os voos lowcost, cada vez mais numerosos. À primeira vista, porque depois lá vêm os tais grupos de interesses e toda a problemática ligada à crise onde, paradoxalmente, até Francisco Louçã acha que o Estado deve investir, de forma a garantir o emprego e a actividade económica. Subscreveu mesmo o chamado manifesto dos 52, em resposta ao manifesto dos 28 economistas. Este a apoiar a supensão dos grandes investimentos públicos, aquele a propor o aumentos desses mesmos investimentos.
Como se tudo isto isto não fosse já assaz complexo, a posição de Manuela Ferreira Leite, afirmando que, caso ganhe as eleições, suspenderá o TGV e o o novo aeroporto, até que haja de novo equilíbrio orçamental, pode não ser assim tão inocente quanto parece à vista desarmada. Nestas coisas das grandes obras, quem beneficia, de uma maneira ou de outra, são os responsáveis políticos que fazem a adjudicação...Isto, porém, é já outro tema, que fica para ocasião mais oportuna. Por agora, o importante é ler a crónica do MST...