OS INGLESES NA CAÇA ÀS ECONOMIAS
"E se os 90 mil homens e mulheres encarcerados em Inglaterra passassem a fazer comida para os hospitais e os lares da terceira idade? E se os tapetes rolantes, as bicicletas estáticas e as máquinas de remar, existentes nas salas de desporto das referidas prisões, servissem também para produzir energia? Apesar de inventiva, a administração de Sua Majestade ainda não tinha pensado nisso.
Estas são algumas das 100 mil ideias, emitidas no site do ministério inglês das finanças, que procura poupar a todo o custo. Desde há três meses, os britânicos foram convidados pelo governo conservador de Cameron a participar no esforço nacional de redução do maior défice de sempre em tempo de paz -186 mil milhões de euros em 2009/2010, 11% do PIB- e a apresentarem propostas de solução.
Terminada a consulta popular, o ministro das finanças, George Osborne, acaba de tornar públicos os resultados. Um dos cidadãos participantes propõe a transformação dos telhados dos edifícios públicos -incluindo os do parlamento- em hortas e pomares, cujos produtos seriam depois vendidos, revertendo a receita para os cofres governamentais. Um outro diz que as onerosas mas espectaculares paradas militares devem passar a ser patrocinadas pelas grandes marcas. Um terceiro propõe a cobrança de uma libra a cada participante em piqueniques nos numerosos parques do país.
Já há muito que não estamos em guerra na Europa, mas mesmo assim os sujeitos de Isabel II acham que a soberana também deve fazer alguns sacrifícios. Os mais ousados pretendem mesmo acabar com a monarquia, o que representaria uma poupança anual de 40 e tantos milhões de libras. E aos que se opõem a tal ideia, alegando que o património real rende ao governo mais de 500 milhões de libras anuais em receitas turísticas, respondem que: "Os franceses já não têm monarquia há mais de dois séculos, o que não impede que milhões de turistas continuem a visitar Versalhes."
Os menos revolucionários pedem à soberana que venda os cisnes existentes no país, que lhe pertencem em regime de exclusividade, à excepção dos das ilhas Orcadas, na Escócia, desde 1482.
Os 6 milhões de funcionários públicos (mais de 20% da população activa) revelaram-se nesta consulta os mais criativos: enviaram mais de 60% das propostas. Provavelmente porque têm consciência de que vão ser as primeiras vítimas das restrições orçamentais que se anunciam. O ministro das finanças prevê reduções de pelo menos 25% nas dotações de cada ministério. Tais economias vão provocar a supressão de 600 mil lugares na função pública.
O governo conservador resolveu adoptar desde já três das sugestões que lhe foram endereçadas: os cartões plastificados da segurança social, passarão a ser substituídos por uma simples folha de papel; os controlos draconianos sobre os jovens médicos vão ser aligeirados; todo o material usado, proveniente da administração pública, passará a ser vendido em hasta pública, via Internet. "É apenas um começo", afirmou o ministro. Certamente para não dizer uma gota de água num oceano de necessidades."
Virginie Malingre, Londres, Le Monde.
Tradução de A. R.
Entretanto em Portugal, particularmente em Tomar "no pasa nada". Vivam as iniciativas culturais, vivam os passeios/comezainas/tintol, vivam as obras sem utilidade, apenas para engordar as construtoras. Tudo à conta do orçamento. Alguém há-de pagar. Se ainda houver alguém!
Os trabalhistas ingleses também gastaram à tripa forra para se manterem no poder a todo o custo, mas afinal foram corridos pelos conservadores.... com um programa de rigorosa austeridade. Talvez os autarcas tomarenses devessem deixar-se de afigurações e meditar no exemplo britânico. Caso não seja pedir demasiado. Afinal, como dizia um dia destes um socialista local "Pensar cansa, sabe!!"
1 comentário:
O problema é que "não se passa nada".
Mas pode ser que mude. Pode ser. Tenhamos esperança...
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