ANÁLISE DA IMPRENSA REGIONAL DESTA SEMANA

COLABORAÇÃO DA PAPELARIA CLIPNETO, LDA

Enquanto a imprensa local já nem sequer aborda a lamentável sucessão de infelicidades, no caso da malograda vinda de Lobo Antunes, para uma charla dialogada no Paraíso, O MIRANTE concede bastante espaço ao triste acontecimento. Na página 13, publica a resposta de Luís Ferreira, que os nossos leitores já conhecem, pois foi aqui difundida. Na página 15, o sempre piadético texto "E-mails do outro mundo" é quase integralmente dedicado às facécias sobre o burlesco caso. A página 25 ostenta, a toda a largura, um título inequívoco, do tipo peixe-espada: "O discurso directo do vereador da cultura da Câmara de Tomar que dá o dito por não dito", matéria que ocupa toda a citada página. Finalmente, na habitual secção "ÚLTIMA PÁGINA", assinada JAE, que são as iniciais do dono do jornal, e tendo por título "O vereador analfabeto da cultura de Tomar" é feita uma crítica, muito dura, mas fundamentada, à actuação de Luís Ferreira. Os leitores interessados poderão ler transcrições da referida crónica, nos comentários ao nosso post "A questão do Mercado Municipal".

Sem pretender de forma alguma enveredar pela teoria da conspiração, não posso todavia deixar de estranhar que um semanário regional, não editado em Tomar, destaque desmesuradamente factos ocorridos há já 15 dias, justamente numa altura em que nada de novo ocorreu nesse âmbito. A que se deve semelhante barragem crítica? Será já o usual bombardeamento de artilharia, que precede o avanço da infantaria, neste caso a ruptura da coligação? Era bem bom, pois todos ficaríamos a ganhar. Em política, as longas agonias acabam sempre por prejudicar os eleitores, e a actual maioria de circunstância já nada mais é que um cadáver adiado.

Mais comedido, como é habitual, O TEMPLÁRIO destaca esta semana a infausta questão das instalações sanitárias que não há. Fá-lo sob a forma de reportagem, nas páginas 16 e parte da 17, ouvindo moradores e comerciantes da área próxima do Mouchão, da Várzea Pequena e do ex-estádio, agora campo de treinos, após a requalificação que custou milhões e suprimiu bancadas e balneários, cuja substituição continua à espera de melhores dias. Ou será de outros autarcas? Trata-se realmente de mais uma situação trágico-cómica na cidade nabantina, uma vez que temos vários campos de ténis, que segundo Corvêlo de Sousa ninguém usa, faltando-nos as retretes que todos querem usar, sendo obrigados a "cravar" cafés e restaurantes. Excelente execução de obras, tendo em conta as prioridades, como se pode constatar. Estão à espera de quê para ir comprar o equipamento e as bolas de ténis? Têm vergonha de mijar contra o muro?

Entretanto, como é sabido, também não existe estacionamento para autocarros de turismo na mesma área, mas a Câmara vai assinar, no próximo dia 8, a escritura de constituição da "Rota dos Mosteiros Património da Humanidade", para já contemplada com 15 milhões de euros de verbas europeias, para "criação de um produto turístico de excelência, que assente numa rede coesa e dinâmica em termos nacionais e com projecção internacional." (O Templário, página 7).

Com as estruturas de acolhimento que temos, e os crânios em planeamento de produtos turísticos que por cá abundam, está-se mesmo a ver que vai ser um sucesso retumbante. Como aconteceu com o hotel de charme no Convento de Santa Iria...ou com o percurso pedonal Cidade/Castelo. Casos em que, para usar uma expressão outrora do agrado de Nini Ferreira, a montanha pariu um rato, que nem sequer é dos mais medrados. Tristes tempos.

Na edição desta semana de CIDADE DE TOMAR avulta a página 3, com mais uma trapalhada provocada por Luís Ferreira. Desta feita a vítima foi a Filarmónica Gualdim Pais, aquando da realização do "Tomarimbando". Segundo relatou Bruno Graça, na última reunião pública da autarquia, a vereador da cultura fez promessas à colectividade que depois não honrou, por falta de verba disponível. Na mesma reunião, Bruno Graça queixou-se igualmente do prolongado mutismo da actual maioria autárquica em relação à Escola das Artes e, por carambola, à Orquestra de Sopros dos Templários. Vem tudo explicado na página acima referida, conquanto o melhor título sobre tal matéria seja o d'O Templário, na página 12: "O último sopro da Orquestra dos Templários". Deve ser maldição que paira sobre esta terra. Já há uns bons séculos atrás também se verificou o último sopro da Ordem dos Templários.

Ainda em relação à "Rota dos Mosteiros Património da Humanidade", Cidade de Tomar destaca, na página 8, a entrevista de Corvêlo de Sousa a uma daquelas revistas do tipo "pagas falas; não pagas não tens sorte nenhuma", distribuídas de tempos a tempos com os jornais nacionais. Só o título deveria dar muito que pensar aos políticos e outros cidadãos locais: "Turismo não está a avançar tão depressa como gostaríamos". Porque será? Calhando, porque, informados e precavidos, os turistas vão parando pelo caminho, em sítios onde há estacionamento, parques de merendas e casas de banho em condições, e depois já não têm vontade nem tempo para vir a Tomar. Ou estarei enganado? Deve ser só má-língua...