segunda-feira, 13 de setembro de 2010

DECADÊNCIA, AGONIA E POLÍTICA DO OURIÇO

Numa altura em que os tomarenses mais interessados na política local continuam a perguntar "Mas se já sabiam que ele não tinha qualquer capacidade de liderança, porque votaram assim?!", ocorreu a publicação da lista de admissões no ensino superior.
Quanto à pergunta, sem dúvida pertinente e de resposta fácil, o mais profícuo para o nosso futuro será continuar o raciocínio implícito, formulando outras do mesmo tipo. Estas, por exemplo: E os parceiros de lista? Se também já sabiam como ele é, porque aceitaram fazer parte do elenco? E o partido padrinho? Que o terá levado a paraninfar semelhante escolha? E o antes presuntivo e afirmado cabeça de lista? O que o terá forçado (?) a mudar de posição? E a aceitar fazer parte deste autêntico funeral concelhio? E os da coligação? Aceitaram tão desconfortável companhia porquê?
Neste mar de dúvidas, acabamos de constatar que na área do ensino superior local, a situação parece ser em tudo semelhante à da autarquia -Incapacidades várias, erros crassos, decadência, agonia...Mais uma vez, a lista de colocações de alunos não permite dúvidas. Basta comparar estas três séries, que abarcam exclusivamente cursos das áreas de tecnologia e gestão:
I.P. LEIRIA I.P. SANTARÉM I.P. TOMAR

CURSOS 25 10 19
VAGAS TOTAIS 800 365 610
INSCRITOS 552 152 229
% de INSCRTOS 68% 42% 37,5%
CURSOS ESGOTADOS 5 1 2
NOTA MAIS BAIXA 10,5 9,5 9,5

No caso de Tomar, acrescenta-se que, excluindo os cursos de Artes Gráficas e de Fotografia, ambos já sem vagas, a percentagem de colocados nesta primeira fase desce para 25,3%.

Perante tal situação, o mais natural e eficaz seria adoptar a atitude do fiel amigo do homem: Quando a porta está fechada, ou o alimento fora do alcance, tenta repetidamente resolver o problema, sem recurso aos humanos. Baldados todos os esforços, vem abanar o rabo e roçar-se pelas pernas, pedindo uma ajuda eficaz.
Inversamente, aqui pelas margens do Nabão, onde o que não falta são problemas, por enquanto sem solução, em vez de se ir tentando encontrar soluções e, paralelamente, pedir ajuda, os responsáveis recusam descer da cátedra onde julgam estar instalados. Em vez de se "humildarem", como diz o povo, adoptam por sistema aquilo a que podemos chamar a política do ouriço cacheiro. Quando se sente atacado ou confrontado com qualquer problema grave, não tenta fazer frente, ou resolver. Encarquilha-se e só mostra picos por todo o lado. Situação em que ninguém quer ajudar, pois não é nada agradável picar-se... Podemos portanto acusar os nossos políticos e outros dirigentes locais de estarem a repetir o erro do ouriço cacheiro. Enrolados sobre si próprios, sabem não poder contar com o auxílio dos outros, pelo que vão aguardando que a situação melhore e a crise seja ultrapassada, tudo graças exclusivamente ao Altíssimo. Oxalá estejam sentados...

17 comentários:

Anónimo disse...

A desertificação, falta de novos postos de trabalho, fecho de escolas do ensino básico, piores vias de comunicação etc, etc, tem destas coisas: não se podem comparar Tomar, Santarem e Leiria.
Pedro Miguel

Anónimo disse...

Por quem os sinos dobram?...

Anónimo disse...

Era uma escola muito engraçada,
Não tinha tecto, não tinha nada.

Aos professores faltava o chão,
e aos alunos mais educação.

E quem lá anda, vive com medo,
Pois este drama promete acabar cedo.

AA

Anónimo disse...

Caro Dr., todos nos podemos enganar; desta, ter-lhe-á acontecido !
Não quereria ter escrito ouriço cacheiro e não, “ouriço acheiro” ?
Não é que, no contexto seja importante, mas tão só, uma questão de rigor.
(e olhe que terá naturalmente, ex-alunos seus a lê-lo; e, para esses, um apalavra do Sr. é, como se dizia antigamente, uma sentença!

Respiga-se por aí:

“O ouriço-cacheiro é o maior insectívoro da nossa fauna, com um comprimento do corpo entre 18 e 20 cm e cerca de 1 kg de peso máximo, sendo o valor mais habitual os 700 g. É facilmente identificado por ter o dorso coberto de espinhos longos e aguçados, de cor acastanhada e com bandas escuras nas extremidades. A cauda é muito pequena, as orelhas são igualmente pequenas e a cabeça encontra-se bem destacada do corpo. A cabeça e a superfície ventral são densamente cobertas de pêlos. Tem um sentido de visão pouco desenvolvido, ao contrário da audição e do olfacto. Quanto sente perigo enrosca-se, expondo os espinhos como armas de defesa. Hiberna entre Novembro e Março

A época da reprodução verifica-se de Abril a Agosto, tendo a gestação uma duração de 12 a 13 semanas. Cada ninhada é composta por 4 a 6 crias.”

Com atenção



overbo

Anónimo disse...

Para Pedro Miguel:

Lá poder podem. Quer dizer que não se devem comparar?
Nos anos 60 do século passado estavam as três em pé de igualdade. As duas com governos civis, Tomar com o quartel general...

Anónimo disse...

Sem se "humildar, como diz o povo”, meu estimado Dr., lá corrigiu o ouriço; saiu o acheiro entrou o cacheiro!...(muito bem, diria o professor…)

ps: Oxalá que do acheiro, por despeito ou quê de igual, não crispem achas, aspas, pragas e afins, que à desdita mais se acheguem….

overbo

Anónimo disse...

Sem se "humildar, como diz o povo”, meu estimado Dr., lá corrigiu o ouriço; saiu o acheiro entrou o cacheiro!...(muito bem, diria o professor…)

ps: Oxalá que do acheiro, por despeito ou quê de igual, não crispem achas, aspas, pragas e afins, que à desdita mais se acheguem….


overbo

Anónimo disse...

Caro Professor, peço, por favor, a sua muito respeitada opinião sobre o que passo a expôr, com base no que ouvi nas últimas horas, na televisão:
- o presidente da Associação Académica da Universidade (?) de Évora apresentou qeixa nas Finanças contra pessoas que alugam quartos a estudantes e não passam recibo do aluguer. Em Tomar, não se passará o mesmo?
- cursos superiores de engenharia das madeiras (?!)e dos jardins (???)ficaram sem concorrentes. Que cursos são estes? Nas décadas de 40e 50, o meu pai enxertava videiras, figueiras, oliveiras, pereiras, etc, de formas diferentes (galho ou bolha). Era considerado jornaleiro (não jornalista) e pagavam-lhe 20 escudos de jorna...
- o Politécnico de Tomar terá ficado apenas com cerca de 40 por cento das vagas ocupadas na primeira fase de colocação dos candidatos. Que futuro estará reservado à nossa escola superior?
O que acha o Professor?
- segundo dizem alguns especialistas, Portugal tem o dobro, senão o triplo, de cursos de engenharia a mais do que os Estados Unidos da América. O nosso primeiro ministro diz que quer 40 por cento de licencidados na população portuguesa até ao ano de 2020. Acha que assim podemos chegar a esse número?
Atentamente,
Roberto Torres

Anónimo disse...

Para Roberto Torres:
Não tenho qualificação que me permita emitir opinião tecnicamente fundamentada sobre o ensino superior em Portugal. Por conseguinte, o que segue não passa de um ponto de vista leigo, sem quaisquer propósitos de crítica político-partidária.
Desde sempre que a grande maleita do ensino superior em Portugal radica na falta de humildade perante o saber e no facto de ensinar a dizer,(quando ensina...) mas não a fazer. Exactamente o oposto do que ocorre por esse mundo fora. No post-25 de Abril, de facilidade em facilidade, parece-me que se entrou demasiado no facilitismo. Daqui resulta que, salvo uma ou outra excepção (Católica, IST, Economia/Porto, Aveiro, e pouco mais), os nossos licenciados não têm grandes credenciais junto dos potenciais patrões. Faltam-lhes hábitos de trabalho, de rigor, de disciplina mental, de sacríficio, de afinco.
E não se vêem nem jeitos nem modos que tendam a alterar o stato quo.
Quanto ao nosso politécnico,na minha modesta opinião, ou se especializa e aumenta consideravelmente a qualidade do corpo docente e da prática pedagógica, ou acabará por ser levado pelo esgoto da história...
Qualquer instituição, pública ou privada, nasce, desenvolve-se, atinge a plenitude, definha e morre. O IPT não escapa à regra. E Tomar também não.

Cordialmente,

António Rebelo

Anónimo disse...

Boa noite professor.

Queria lançar-lhe um desafio de análise - pensa que se fosse hoje a tomar-se a decisão política, seria possivel, no actual contexto nacional/local, criar um Instituto Politécnico em Tomar?

Aguardo a sua resposta para então avançar com o o meu comentário.

Obrigado.

Anónimo disse...

Amigo Prof. Rebelo

O IST não é bem aquilo que pensa.
Esqueceu-se de referir a Universidade do Minho, Porto, Coimbra e Lisboa/ Fac. Ciências, Lisboa e Coimbra/Fac. Direito,Porto e Coimbra/Medicina.
Mas o enorme problema é a existência de Universidades de vão de escada e cursos irracionais e outros sem qualquer credibilidade.
Dirão, democratizou-se o ensino superior.
Pois, mas foram longe de mais e olharam esse ensino como negócio para promotores e para turbo-professores (catedráticos e mestres), com a complacência do(s) Governo(s).
A qualidade foi preterida em favor da quantidade.
Os resultados estão à vista de todos.

Anónimo disse...

Para anónimo em 21:29

Se tem menos de 55 anos de vivência tomarense, nem imagina o que foi a saga da fundação do Politécnico nabantino, sobretudo devido à tenaz oposição de Santarém. Que acabou por ter êxito. Houve uma geração de tomarenses com o curso preparatório para o ensino politécnico, ministrado na Jácome Ratton, que acabou sacrificada pela teimosia santarena. E o politécnico que veio a ser criado, sob a égide do CDS e de alguma extrema-direita, pouco ou nada tem a ver com o que esteve previsto antes do 25 de Abril. Até porque na altura ainda havia 3 fábricas de papel em Tomar, uma delas dirigida por Júlio Dias da Neves, deputado da ANP e um dos fundadores do IPT.

Anónimo disse...

As vagas ficam por preencher...muitos pais não podem já pagar para ter filhos a estudar fora para engrossar alista de desempregados "qualificados". A acção social escolar é o que se sabe. Mas a cereja em cima do bolo é que muitos sabem que nem vale a pena esforçarem-se muito para ter notas altas, porque qualquer "Novas Oportunidades" lhes resolve o problema do diploma/certificação e até do acesso ao superior. O saber deixou de importar, contam mais as estatísticas maradas para a OCDE ver. E, muitos dos cursos que não preenchem vagas fazem sentido, ou servem penas para aumentar a oferta?
Laura Rocha

Anónimo disse...

Tanta parvoíce junta! Faz pena!
Ressabiados e incoerentes, é o que abunda por aqui e por aí.
Passem bem.
JSR

Anónimo disse...

Para JSR:

Não seria melhor explicar-nos quais as parvoíces a que alude? Assim não vamos a lado nenhum. E você também não.

futuro sá correia disse...

Direito em Coimbra é que bomba, meu !

Anónimo disse...

passado sá correia disse...

Advogado na Câmara de Tomar é que bomba, meu !