domingo, 12 de setembro de 2010

ENTRETANTO A CRISE CONTINUA... 2

A GRANDE MENTIRA

A palavra crise entrou de tal forma no nosso léxico que nos damos ao luxo de a menosprezar. Sentida verdadeiramente por aqueles que encontraram o flagelo do desemprego, esta crise selectiva fez-nos, na prática, mudar pouco ou nada.
Depois de tantos avisos, de tantos conselhos, continuamnos como se nada fosse. O Estado não mudou nada. Pelo contrário. Continua a actuar como se não estivéssemos perante a mais grave crise financeira de que há memória.
Institutos públicos, empresas públicas e a administração pública, continuam a gastar e gastar, sem o mínimo respeito pelo dinheiro dos contribuintes. A explicação só pode ser uma: Portugal inteiro encolheu os ombros e olhou para o lado!
A começar pelo Governo que, mal tomou posse, crucificou a antiga ministra da Educação e comprou a paz com os professores. O custo foi de cerca de 225 milhões de euros, tanto quanto subiram as remunerações com o pessoal da educação, entre Janeiro e Julho deste ano, quando comparado com igual período do ano passado. Este valor equipara-se aos gastos totais do Ministério da Agricultura nos primeiros seis meses do ano.
Esta é a contribuição de pessoas como o líder Sindical Mário Nogueira para o empobrecimento do nosso país. Um crime bem mais grave do que muitos que se tornaram mediáticos, mas que nunca será julgado. Dizem-me que são os custos da democracia. Discordo. É o custo de ter uma classe política podre, que se verga perante pessoas irresponsáveis que, sem saber, detêm um poder com o qual não sabem, nem nunca saberão lidar.
Maria de Lurdes Rodrigues ficará conhecida como uma má ministra, que levou centenas de milhares de professores para a rua. Isabel Alçada como a boa ministra, que resolveu o problema. Quando na realidade foi tudo ao contrário...
As pessoas só mudam quando confrontadas com um choque abrupto nas suas vidas. Como esta crise ainda não touxe esse choque, continuamos a brincar aos países. Já o disse antes e reafirmo. O país inteiro só vai perceber que é preciso mudar quando chegar o dia em que o Estado não tenha dinheiro para pagar aos funcionários. Esse dia está muito mais perto do que parece.
Como ninguém quer acreditar no que acabei de escrever, continuamos a viver a grande mentira de que tudo vai bem. Teixeira dos Santos diz que não há problemas de financiamento. Vieira da Silva que a economia está de boa saúde. Vou ali encolher os ombros e já volto!

8 comentários:

Anónimo disse...

Confesso-me estupefacta. 225 milhões a mais!!!. Está a incluir aí as obras da Parque Escolar e o pagamento do seu staff, mais o resto do show-off. Espero que não queira dizer que foram gastos com os professores, porque se assim for, quero pedir-lhe, senão se importar, que veja quem é que ficou com a parte que me caberia na divisão do bolo. Nos últimos 6 anos, pelo menos, que estou com a carreira congelada...Quanto às ministras venha o diabo e escolha. Há muito que o ME não tem ninguém à altura do cargo e, por isso estamos a pagar muito caro. O que são 225 milhões se comparados com o que se gasta com Tridentes e até um TGV para os Madrilenos virem à praia? E com o financiamento de bancos falidos por gestão danosa? E com os hospitais público privados, que estão a acumular dívidas a velocidade astronómica. O mal é realmente a Educação e o azar que teve de ter conhecido uma Maria de Lurdes Rodrigues e uma Isabel Alçada. Ontem vi um programa na TVE sobre o estrondoso erro que conduziu ao desaparecimento de 900 aldeias nos últimos 15 anos. Primeiro desapareceram os centros de saúde e depois as escolas, depois as pessoas...restam casas em ruína e algumas almas penadas. Pessoas idosas, quase sem tecto e sem conforto. Roupas esburacas e sujas e muita tristeza no olhar. Viva o progresso do século XXI. Em breve se farão reportagens iguais aqui. É isso que queremos? Os programa políticos tinham estes brindes no programa e não demos por isso? Tenham dó.

Cumprimentos
Laura Rocha

Anónimo disse...

Isto só com a intervenção do FMI.
Tomara já!

Uma pessoa consciente

Anónimo disse...

Cara Laura Rocha: Agradeço o seu comentário, muito bem escrito e fundamentado, como é hábito. Apenas uma pequena correcção:Na próxima terça-feira, conforme prometido, darei a conhecer o autor do artigo e naturalmente como pode contactá-lo.

Cordialmente,

António Rebelo

Anónimo disse...

Caro Rebelo, eu sei que o artigo não é seu. O meu comentário dirige-se ao autor, caso ele visite o blogue...e, serve também para abrir as "hostilidades"
Cumprimentos
Laura Rocha

Anónimo disse...

Uma coisa são as implicações possíveis. Outra a despesa efectiva. O autor deve ser mais um dos "acho que...". Quanto a Maria de Lurdes (um percursso académico "curioso"), é inquestionável ter sido uma das piores ministras. Não se espera que alguem ponha toda uma classe que orienta contra si. E não falamos de desinformados. É como um administrador por toda uma empresa contra! Assim, nem vale a pena questionar a boa ou má estratégia. Em sociedades livres, as pessoas mobilizam-se!
Pedro Miguel

Anónimo disse...

Pobre país o nosso. Todos assumem a crise, todos julgam inadiável o aperto no cinto, todos... mas desde que não seja o do próprio.

Como é que podemos crescer se continuamos a olhar para o umbigo indiferentes ao colectivo?

A educação em Portugal está melhor?
- Sim, está. Mas continua a não preparar os portugueses para a causa pública.
Educamos os jovens num individualismo do "salve-se quem puder" e deixamos de lado o sentido da vida. Neste campo estamos a anos-luz dos países nórdicos que tanto são apontados como exemplares.

A.A.

Anónimo disse...

A Maria de Lurdes, referida por Pedro Miguel, era professora no ISCTE à data da sua ida para o governo~.
Pode ser que a senhora tenha um percurso acadámico irrepreensível e tudo o mais. O certo é que era odiada naquele estabelecimento de ensino, quer por alunos, quer por colegas, quer por pessoal administrativo.
A sua saída para o governo gerou uma onde de entusiasmo que só não deu direito a festa por uma questão de decoro.

Anónimo disse...

Maria de Lurdes, a sopeira?!
Foi promovida para um tacho na FLAD, ficou a comer na mangedoura!
Mais uma ditadora demucrática!
Uma socialeira retinta!
Gente destas só estraga aquilo em que manda.