Numa altura em que aqui, no Tomar a dianteira, alguns resolveram discutir a premente questão do tu egocêntrico, ditatorial, autocrático, individualista e liberal, versus nós magestático, colectivista, obsoleto (salvo na conhecida expressão "venha a nós...") e muitas vezes mentiroso, no Convento era assinada, com pompa e circunstância e almoço, a escritura de constituição da Rede de Mosteiros Património da Humanidade. Uma via para sacar à União Europeia mais 15 milhões de contos. Para já!
Houve naturalmente discursos, do tipo agora é que é; vamos fazer isto e mais aquilo; os turistas vão aparecer por aí aos milhares. Pura ilusão. Os monumentos classificados pela UNESCO na lista do Património Mundial podem ajudar, se bem aproveitados, a captar turistas, mas não são, nem nunca virão a ser, argumentos decisivos. Tanto mais que somos, como país, uma região europeia ultraperiférica e pobre em monumentalidade. Quem já conhece Espanha, França, Itália, Alemanha, Grécia ou Turquia, por exemplo, sabe isso perfeitamente, por muito que lhe possa custar a engolir.
Além dos fracos recursos, temos ainda contra nós a crença implícita de que as coisas hão-de cair do céu, sem qualquer esforço da nossa parte. Donde a nossa evidente incapacidade para valorizar e vender aquilo que possuímos. Preferimos aguardar que "o estado", "eles", "os de cima", façam o que lhes compete. Infelizmente, regra geral, não fazem. Por isso estamos como estamos.
Monumentos Património da Humanidade é o que não falta por essa Europa fora. Logo aqui ao lado, na região autónoma espanhola de Castilla y Leon, há cinco. E mais abaixo, na Extremadura e na Andaluzia, mais 11. De forma que, por esse caminho, não vamos de certeza conseguir chegar longe.
Em contrapartida, se soubermos inovar, não nos faltam temas nem recursos. Atentem na ilustração infra (abaixo):
Os nossos amigos germânicos, motor da UE, sabem-na toda. Abertos ao futuro, à evolução, trabalhadores incansáveis, seguem sempre o velho preceito "se não os consegues vencer, junta-te a eles". Vai daí, conseguem ganhar dinheiro com circuitos turísticos devidamente guiados, para visitar as retretes berlinenses e a sua conhecida fauna (de que a notícia naturalmente não fala...). E pensar que em Tomar, nem no vasto Convento de Cristo -apesar de Património da Humanidade e das entradas a 6 euros- há visitas guiadas, quanto mais agora às retretes nabantinas.
Temos assim um vasto património por explorar, para além de nem sequer cumprir o principal objectivo para que foi criado -facilitar o alívio físico dos cidadãos. Vasto e riquíssimo. Há as retretes da Calçada de S. Tiago, fechadas, mas tal e qual como quando foram inauguradas, no século XIX; as da Abegoaria Municipal, ainda em funcionamento, mas do tipo século XVIII, aquelas modernaças mas fechadas da Rua da Fábrica, as futuristas e muito bem disfarçadas, atrás da Igreja de Santa Maria dos Olivais, as do Mercado Municipal, as da Cerrada dos Cães, que tinham a opção lá dentro ou debaixo das oliveiras, mas que agora apenas oferecem esta última aos turistas...e, sobretudo, as de S. Gregório, a servir de habitação, caso único pelo menos na Península Ibérica. Susceptível até de poder vir a ser um sério candidato a património mundial da UNESCO. Quanto às do Claustro das Necessárias, já classificadas como Património Mundial, porque são parte integrante do Convento de Cristo, datam do século XVI.
Mais típico ainda? Pois temos as dos ciganos, na margem e com vista panorâmica para o Nabão, que lá vão perfumando toda aquela zona habitacional, sobretudo ao fim da tarde, com agradáveis eflúvios que permitem aos felizes moradores contemplados julgar-se em pleno século XVIII, no tempo dos cavalos, dos burros, dos bois, das galinhas, dos porcos pelas ruas fora, quase sempre ornamentadas com os inevitáveis excrementos. Uma atracção turística de primeira!
Tudo isto para já não falar na esburacada Calçada de S. Tiago, no esventrado Largo do Pelourinho, no acampamento cigano de flecheiro, no agora encerrado Mercado Municipal, no magnífico cheiro proveniente dos modernos esgotos da Rua dos Moínhos e outras, do prédio em ruínas, sem água nem luz, onde "vive" o ex-militar "Cavalo de Pau", mesmo à ilharga do moderno e confortável Presídio Militar. Voltar depois à cidade velha e terminar junto ao paredão-bunker e ao seu descendente paredão-mijatório -isso é que era serviço! Tanta e tanta coisa que, bem aproveitadinha, seria uma verdadeira mina para os tomarenses com iniciativa! Agora Praça Viva, Estátuas Vivas, Caminhos Cidade-Castelo, Jazz ?!?! C'est du déjá vu, dizem os nossos amigos gauleses. E quem escreveu estas linhas, que até já pagou para visitar, de Jeep e com dois guias (um exterior, outro da tribo), para visitar durante duas horas a Favela da Rocinha, a maior do Brasil, ao lado de S. Conrado, um dos bairros mais chiques do Rio de Janeiro. E esta hein??!!
11 comentários:
Em Berlim vale tudo! Tirando o caso de algumas antigas cidades-estado italianas, Berlim respira História em todas as suas ruas, vielas, avenidas e praças. Desde o turbilhão que foram os últimos anos do império austro-húngaro, do I Reich até ao III Reich e toda a saga da II Grande Guerra, Berlim é um manancial de História e nem por somvras 15 dias de visita chegam para absorver um pouco de todo o manancial.
Acresce o facto de existir uma outra vertente de interesse: a arquitectura da cidade.
Depois de Weimar, a primeira capital da Alemanha moderna, cidade que aconselho a visitar, Berlim foi a sede da Bauhaus, a mais importante escola de artes do mundo, e isso reflecte-se na arquitectura, na conjugagão de espaços e no "perfume" do seu ambiente.
Berlim, tal como Paris, atrai uma multitude de gentes de todo o mundo, de todos os credos, de todas as raças.
É uma cidade em constante movimento, com uma actividade cultural intensíssima, "open-minded" como dirão os ingleses, e portanto, uma iniciativa como a referida (tour pelos WC públicos) só espantará os mais desprevenidos.
Lá está a ir pelo caminho do outro.
Eu eu eu eu eu........
Ao contrário do que querem dizer num comentário alhures noutro tópico, não se trata de querer que se calem (devem estar a confundir-me com alguém), trata-se sim dum conselho evidente - é que ninguém gosta de comentadores que passam o tempo a falar de si próprios ou em causa própria. Infelizmente é uma característica presente na maioria dos supostos comentadores nabantinos. Sérgio Martins, António Rebelo, Eduardo Serraventoso, Carlos Carvalheiro...
Não só isso fica mal a um comentador, como nenhum verdadeiro mestre usa esse princípio. Fala sempre com pertinência, mas nunca de si mesmo. E não fui eu quem trouxe o assunto dos mestres. Tal como isto nada tem que ver com a discussão entre o "eu" e o "nós", isso são outras filosofias.
Mas estará o vereador Luís Ferreira, tal como veio no Mirante, mas desta feita em algum dos sanitários fechados? Ele estará a ca..r para nós e a receber o seu belo no final do mês, o resto é a contagem de tempo para a reforma. Seria uma boa visita ao sanitário onde ele estivesse, com uma boa descarga do autocolismo. Já agora podiam ir todos os outros seis.
Mas em Tomar há mestres de quê?
Para anónimo em 15:24
Em Tomar, mestres de quê?!?!
Olhe há os mestres de obras, os mestres de obras feitas, os antigos mestres das ordens do Templo e de Cristo,o Gualdim, que também foi mestre, os mestres na arte do farniente, os mestres titulados pelas universidades, os mestres na arte da rasteira política, os mestres na arte de gastar os dinheiros dos contribuintes, os mestres na arte do faz de conta, os mestres da mama, os mestres na organização de passeios/comezainas/tintol/animaçãoà borla, os mestres acompanhantes das ditas passeatas à pato, os mestres do disfarce, os mestres da maledicência, os mestres em inveja e sentimentos correlativos, os mestres em ciências desportivas, os mestres em crítica futebolística, os mestres em jornalismo...
Como vê, aqui pelas margens nabantinas, mestres é que não faltam. Não há é operacionais competentes, mesmo quando se consideram mestres.É pena e fazem cada vez mais falta. Sobretudo após um presidente demasiado pró-activo e outro demasiado pró-passivo.
Isto é o que se chama uma obsessão pelos wc's. Não se fala de outra coisa!
Para anónimo em 20:03
Com o estado de limpeza em que se encontra a cidade; com os cheiros ali para os lados do Flecheiro; com o pivete nalgumas ruas da cidade velha que já foram requalificadas; com as retretes públicas fechadas ou inexistentes; queria que se falasse de quê? Da excelente actuação da maioria autárquica, se calhar...
E a propósito de wc, que continuam fechados pela cidade, a pagina cor de rosa do mirante até faz jus ao vereador ferreira, que colocou os únicos wc a funcionar na entrada do castelo.
Ele há cada uma bem apanhada, que nem lembrava ao diabo.
Cá para mim, o Rebelo não tem é sanita em casa...
MESTRE REBELO
A ORDEM É RICA MEU CARO... JÁ DIZIA O SEU AVÔ
No dia em que ia ser assinado o contrato dos 15 milhões a directora do Convento- Irina Caetano chamou a PSD que enviou dois agentes para expulsar ou proibir um guia estrangeiro que estava a conduzir um grupo de turistas que vinha com ele. segundo ouvi a PSP e dizer-lhe o guia dissse que estava no seu direito piois era guia oficial de turismo. Tentei saber mais pormenores depois para fazer noticia mas tudo se fechou em COPAS. Será que o meu amigo sabe dessa legislação de GUIAS NO CONVENTO só oficias mas portugueses?
António Freitas
Para o amigo António Freitas:
Se Iria Caetano fez semelhante coisa, lá saberá as linhas com que se cose. Tanto mais que, segundo julgo saber, não há, no Convento ou em Tomar, qualquer guia oficial em actividade. Dito isto, resta saber se o citado cidadão estrangeiro era realmente guia oficial encartado, ou um guia acompanhante. Se era mesmo guia oficial no seu país, devia ter mostrado imediatamente o seu crachat e/ou a carteira profissional, exigindo que lhe apresentassem a legislação que proibe o exercício da actividade de guia turístico a cidadãos da UE em todo o espaço comunitário.
Para mais esclarecimentos, julgo que o melhor será contactar o Sindicato Nacional da Actividade Turística, Rua do Telhal, 4, 3º esq. Lisboa.
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