domingo, 19 de setembro de 2010

NO RESCALDO DO DEBATE QUE NÃO CHEGOU A HAVER

Felicitada a Rádio Hertz pelo êxito conseguido, é tempo de fazer o rescaldo da sua útil iniciativa. Que nos lembre, em 36 anos de democracia, é a segunda vez que se organiza algo assim. A primeira foi o "Tribunal da Nabantina", iniciativa de Carlos Carvalheiro, então na direcção daquela colectividade, que visou debater se a Corredoura devia ou não ser fechada ao trânsito. O que se seguiu é do domínio público.
Desta vez, o objectivo central era bem mais amplo -discutir o estado do concelho. Como era de esperar, logo na escolha dos convidados houve desacordos e cidadãos que se sentiram ofendidos. Veio ao de cima a conhecida pecha nabantina -A maioria dos políticos locais, sobretudo depois de eleitos, consideram-se membros de uma casta superior, com especiais direitos. Não surpreenderá portanto que nesta iniciativa da Hertz apenas estivessem presentes a deputada PS Anabela Freitas, o vereador PS José Vitorino, o presidente do PSD/Tomar José Delgado, um deputado municipal do PSD e os presidentes de junta de S. João, Santa Maria e Casais. Notou-se, por conseguinte, a ausência da maior parte das "estrelas da companhia". E houve até aquele episódio insólito da vereadora Graça Costa e da deputada municipal Laura Rocha, ambas dos IpT, a abandonarem ostensivamente a sala. Adiante...
A leitura dos primeiros comentários chegados a Tomar a dianteira confirma o que se esperava: O anunciado debate, que não chegou a acontecer, agradou a uns, desiludiou outros e terá deixado muitos indiferentes. Agradou aos que não estão habituados a tal tipo de discussão a nível local, mas que perceberam que terá de ser por aí o caminho para o futuro. Se queremos realmente saír da cepa torta. Desagradou aos que não lograram o protagonismo a que estão mal habituados. Desiludiu os que ainda acreditam em milagres e em homens providenciais, na política local ou nacional. Com o tempo, naturalmente, todos vão ter de acabar por dar o corpo à curva, resolvendo participar na gestão da coisa pública, lealmente e sem trunfos escondidos na manga. O tempo corre cada vez mais veloz e o futuro é cada vez menos a repetição do passado, pelo que a experiência em qualquer área vale o que vale. Para quem queira e saiba aprender.
Podem os tomarenses confiar que, com trabalho árduo, persistência, honestidade e sentido de devoção à causa pública, havemos de conseguir melhorar. Mas vai levar o seu tempo, que Roma e Pavia não se fizeram num dia.
Neste momento, pode-se dizer que há ideias devidamente amadurecidas para o turismo local, para a Festa dos Tabuleiros, para o Conjunto Convento/Mata/Pegões, para o Nabão, para o Mercado, para o Mercado Abastecedor, para os grandes eventos, para o Congresso da Sopa, para a ex-Fábrica da Fiação, para o Politécnico, para o realojamento dos ciganos, para os Bairros 1º de Maio, da Caixa, da Sra. dos Anjos e do Património dos Pobres e para o diferendo com a ParqT. Falta debatê-las com os eleitos e os eleitores, o que ocorrerá quando para tal houver condições. Nas circunstâncias actuais seria tempo perdido, uma vez que tanto a maioria como a oposição partilham o sentimento de que "só nós é que sabemos, só nós temos legitimidade, porque fomos eleitos". Pior ainda, como ontem ficou claramente demonstrado, a circunstancial maioria coligada está convencida (se não está, imita muito bem...) de que rolam e rolamos todos na senda do êxito, a grande velocidade, rumo a um futuro risonho, que todavia não sabem qual seja. Quando baterem no muro, o que fatalmente acabará por suceder, será então tempo de começar a tentar arrumar a casa nabantina, debatendo com todos, sem subterfúgios, todas as questões que à comunidade dizem respeito. Para só depois iniciar a respectiva implementação. Coisa que nunca foi feita até agora. Por isso estamos como estamos...
Gastar dinheiro nada tem a ver com investir capital. Este é reprodutivo, aquele não. É assim, quer se goste ou não.

11 comentários:

Anónimo disse...

O debate que não houve! Concordo em absoluto, com o titulo e com o texto.
Foi uma espécie de ensaio, para aquilo que não se deve fazer. Daquela forma.
Apenas uma constatação. Precisa-se mais. Sem excluir ninguém.
O executivo representado sim, mas ouvir outra "gente" interessa-me mais.
Cumprimentos
Alice Marques

Anónimo disse...

Caro Rebelo. É sempre precipitado fazer juízos de intenção, sem antes cuidar de saber a verdade dos factos. Como, por certo, se apercebeu permaneci quase até ao intervalo no debate. A minha saída teve muito pouco de insólita, e menos ainda de vedetismo, antes se justificando pela necessidade de prestar cuidados aos meus pais que, infelizmente, desde Agosto, se encontram com a saúde muito debilitada. Acresce a esta obrigação o facto de às 8h30 estar recrutada para o Festival das Estátuas Vivas, que, como sabe, nasceu de um projecto concebido no seio do Agrupamento de Escolas D. Nuno Álvares Pereira, a que pertenço. Não pretendo desculpar-me, pois se a entrada era livre, a saída penso que também... mas, já que pessoalizou o assunto fica aqui apenas um pequeno esclarecimento.
Laura Rocha

Luis Ferreira disse...

Caro Prof.Rebelo

O presidente do PS foi claro no que escreveu e, naturalmente, tal não dá lugar a qualquer ambiguidade.

Quanto às presenças de autarcas, esqueceu os seguintes que tive oportunidade de vislumbrar: Primeiro Secretario da Asembleia Municipal, Zeca Pereira, os presidentes das Juntas de freguesia da Madalena, Beselga e Sabacheira, além do Secretário aviunta da Madalena. Por sinal todos do PS.
Aliás na assistência a maioria dos cidadãos com participação política activa eram do Partido Socialista. E isso por acaso até é significativo.
Em todo o caso o debate, que no meu entender até houve, foi interessante e permitiu explicar alguns pontos de vista e posições.

Para mim a melhor do debate foi protagonizada no remake do cidadão Correia Leal, após este ter dito que o maior ataque à gestão do PSD nos últimos anos, havia sido dado pelo deputado municipal António Cruz, que ali havia intervido e "desancado". O dito, pronto disse que não era do PSD, apesar de ter sido o dirctor financeiro da campanha de 2009(!). Correia Leal deixa então soltar o desabafo, que provocou sonora gargalhada na assistência: "mas da ultima vez que o havia visto ainda era do PSD!".

Nas "barbas" do companheiro Delgado, aquilo foi mesmo mau para o PSD. Depois da desgraça que foram os dez anos de Paiva, tudo corre mal para as bandas laranjas.

É a vida, meus caros. É a vida!

Anónimo disse...

Caro Prof Rebelo

O PS esteve muito bem representado até nos comentadores pelo Prof Rebelo e o Dr. Sérgio.

Mas também lá estavam inúmeros boys e girls para apoiarem o grande ferreira das farturas, o qual - sem facciosismos - foi o incontestável vencedor.

Venha o próximo debate para o ferreira voltar a ganhar.

Carrega ferreira das farturas!!!!
Arrasa!

Anónimo disse...

Para o artista das 22:25.
Olhe que não. Olhe que não.
Anda muito mal informado.
A sua informação sobre filiações no PS está muito errada.
Isto tem piada

Anónimo disse...

Pena que o autor do blogue tenha sido uma sombra do que diz ser.
Será que as aparências iludem? Será que sentiu que não estava a jogar em casa?
Será que não esteve para se chatear?
Foi tratado com pinças para não concretizar a ameaça da véspera de ir para a casa (no caso o debate raiasse a falta de educação). O que é que falhou afinal? A acutilância e eloquência fizeram greve?
Esperávamos mais. Mesmo mais.
Tomar precisa.
O lacrau gordo

Anónimo disse...

2
Nas "barbas" do companheiro Delgado, aquilo foi mesmo mau para o PSD. Depois da desgraça que foram os dez anos de Paiva, tudo corre mal para as bandas laranjas.
"

Iria mais longe:
Aquilo foi mau para o PSD. Mas também ruim para o PS. Mas o pior é que tenha sido péssimo, mas mesmo péssimo, para Tomar.
o lacrau gordo

Anónimo disse...

Para o Lacrau Gordo:

Lacrau Gordo e de opinião anafadas. Que se respeitam, como compete. Mas respeitar não significa concordar. Então não ficou já esclarecido que falhou o formato escolhido para o evento? Não foi já escrito que com um moderador normativo, cada interrogado é praticamente constrangido a responder ao que lhe perguntam? Não é evidente que se procedessem de maneira diversa, os acusariam logo de mal educados e de estarem a fugir com o rabo à seringa? Terá sido mesmo o debate que foi uma decepção, ou foram os espectadores que se enganaram, ao pensar que iam para um combate de luta livre?
Suponha, senhor Lacrau, que vai para um concerto, disposto a tocar de acordo com as partituras que lhe coloquem à frente, como mandam as boas maneiras.Se só lá lhe põem Chopin, ou Mozart, o senhor toca o quê? Bethoven e Wagner? Ou Falla, Rodrigo e Albeñiz?

Anónimo disse...

Ainda para Lacrau Gordo:

Permita-me a frontalidade. O autor do blogue nunca disse ser mais isto ou mais aquilo.Fazer e acontecer. Não está na sua natureza gabar-se. Nem nisso teria qualquer vantagem. Há é leitores que até conseguem ler aquilo que ele nunca esreveu, nem tenciona vir a fazê-lo. Dá-lhes jeito, não é?
Assim, atribuindo a outrem aquilo que nunca foi dito ou escrito, torna-se muito fácil elaborar uma realidade, não só à nossa maneira, mas até à nossa imagem e semelhança. É-se um verdadeiro deus omnipotente, em suma! Bom proveito!

Cordialmente,

O escriba do blogue

Anónimo disse...

Se calhar as expectativas estavam mesmo muito altas.
Se calhar queríamos mesmo as soluções que ninguém tem. A resposta mágica para as nossas preces diárias.
Mas do que eu senti mais a falta foi mesmo dessa frontalidade que atrai quem o lê e que anteontem faltou ao debate. Bem, um debate que afinal não chegou a sê-lo.

do seu:
o lacrau gordo

Anónimo disse...

Para Lacrau Gordo:

Pode estar certo de que há soluções, devidamente ponderadas, amadurecidas e articuladas. O que parece neste momento é haver falta de chefes de cozinha com gabarito para semelhantes receitas. Cozinha tradicional é uma coisa; cozinha do Ferran Adriá ou do Bocuse é outra...
A seu tempo se aquilatará se há clientela para tais pratos. Quando a crise for ainda mais grave a nível local e nacional. Já não falta muito. O orçamento municipal para 2013 vai ser cá um problema... Vamos ter de passar a viver outra vez sem o leite de Bruxelas. Para quem se habituou a anos e anos de mama, vai ser trágico.