O DESCALABRO ACENTUA-SE

Acentuam-se os sinais de descalabro na política autárquica tomarense. A população queixa-se, com toda a razão, das obras da Rotunda, que nunca mais acabam. E das do Largo do Pelourinho, que nunca mais começam. Lastimam-se, dizendo que a cidade está porca, desmazelada, ao abandono, irreconhecível, concluindo quase sempre com uma pergunta pertinente -Que estão os autarcas lá a fazer? (Não dizem bem autarcas, mas pronto. Sejamos educados.)

Os próprios vereadores da oposição, Pedro Marques e Graça Costa, apresentaram há pouco declarações para a acta sobre a acumulação de detritos nas traseiras dos prédios da Av. Nun'Álvares e acerca da infeliz actuação do vereador Luís Ferreira, no caso do escritor Lobo Antunes.

Enquanto isto, a autarquia adjudicou obras de envergadura na Mata dos Sete Montes, uma propriedade que nem sequer lhe pertence. Pior ainda, as referidas obras são apenas para armar aos cucos, como já aqui foi demonstrado anteriormente. Designadamente porque ninguém vai usar o percurso requalificado, uma vez que não acrescenta qualquer mais-valia para os visitantes. Temos assim que, a actual maioria consegue sempre arranjar fundos para as empreitadas supérfluas, mas alega não ter dinheiro para obras de primeira necessidade, como por exemplo o Largo do Pelourinho, ou os balneários e as bancadas do ex-estádio. Ou os melhoramentos no Parque de Campismo.

As coisas chegaram a tal ponto que envergonham os tomarenses, quando confrontados com os comentários menos agradáveis dos visitantes, comparando-nos com cidades vizinhas. Ou até, imagine-se, com Ferreira do Zêzere! Ao que chegámos!

Em caso de dúvida, basta atentar na ilustração supra, tirada na Sinagoga, Museu Municipal Abraão Zacuto. Ou nas paredes exteriores da ex-biblioteca, actualmente sede da Assembleia Municipal. Vão aparecer milhões para os museus da Levada, mas não há condições para rebocar as paredes interiores da Sinagoga. Ou para mandar pintar as fachadas da ex-biblioteca municipal, que é um imóvel classificado.

No meio rural, as coisas não vão melhor. A título de exemplo, queixam-se os cidadãos da Linhaceira de que foram obrigados a comprar um contentor com ar condicionado para o ATL da criançada, devido ao encerramento compulsivo de anteriores instalações públicas e à alegada falta de verbas da Junta de Freguesia. -Que não tinha para o contentor, mas teve depois para o habitual passeio gratuito anual, no valor de 4.500 euros, concluíram. Dá a ideia que naquela freguesia é mais importante passear, encher a pança, beber e divertir-se, do que arranjar condições para a educação dos mais novos. Estranho concelho este!

No meio disto tudo, Luís Ferreira, que decidiu logo de início publicitar mensalmente a dívida total do município, pelos vistos foi forçado a arrepender-se. Já lá vão dois meses e nada. De boas intenções está o inferno pavimentado, amigo Luís! Depois não te queixes. Quem anda à chuva, molha-se!