O quadro supra, copiado do EL PAÍS de ontem, mostra-nos o retrato do nosso crónico despesismo. Ocupamos, destacados, o primeiro lugar na lista dos mais endividados da zona euro. Próximos de nós, mas em melhor situação, encontramos a Dinamarca, a Holanda e a Suécia, por esta ordem. São naturalmente países que em termos de nível de vida, de tradição democrática e de hábitos de poupança, pertencem a outra divisão, estando agora algo sobrecarregados apenas devido à persistência da crise.
No que nos diz respeito, a dívida externa global equivale a 300% do PIB, contra 150% na Finlândia, 200% em França e 250% em Espanha. Deste total gigantesco e assustador, mesmo para os grandes investidores internacionais, a maior parte (quase 150% ) corresponde às dívidas da banca e outras entidades financeiras (a cinzento escuro, no gráfico). Seguem-se as dívidas de particulares (a castanho) e, finalmente, a dívida pública. Com uma dívida pública percentualmente superior à nossa, (a cinzento claro), apenas a Grécia, a Bélgica e a Itália.
Perante isto, se dúvidas houvesse, desvanecer-se-iam imediatamente. Estamos mesmo tramados. Vêm aí medidas duras. Não por vontade do governo. Impostas pelos credores. Esteja ou não em causa o Estado Social...
A nível local, a situação das finanças municipais também está longe de ser brilhante, ou sequer de para lá caminhar. A dívida global da autarquia nabantina, que era de mais ou menos 30 milhões de euros em 31 de maio deste ano, já ultrapassava o 35 milhões no início de Julho. Significa isto que o município se está a enterrar em termos económicos ao ritmo de milhão e meio de euros por cada mês que passa. Por este caminho, onde iremos parar?
Confrontado com esta questão da dívida, durante o recente debate, Corvêlo de Sousa usou o habitual argumento, segundo o qual as responsabilidades da autarquia correspondem a um ano de receitas. O formato escolhido para o debate não permitiu a pergunta que se impunha: Que receitas? Na verdade estas, que estão em queda acentuada, mal chegam, por enquanto, para assegurar o funcionamento do mamute autárquico e pagar os vencimentos aos respecivos funcionários. Nestas condições, aproximando-se a passos largos o fim do maná de Bruxelas, de onde virão as novas receitas, indispensáveis para honrar os compromissos perante os diversos credores? Neste momento, os fornecedores da autarquia já esperam em média 4 meses para receberem o que lhes é devido...
Acresce que o argumento usado é assaz fraco. Basta pensar que, na mesma ordem de ideias, a gigantesca dívida portuguesa, que está a assustar cada vez mais os mercados internacionais (os juros passaram de 3,7% em Maio para 6,4% em Setembro, continuando em alta), equivale a apenas três anos de PIB. O que o presidente da edilidade nos devia dizer -e terá de esclarecer quanto antes- é onde tenciona ir arranjar dinheiro emprestado, para com ele honrar créditos anteriores, quando a banca for forçada a fechar-lhe a torneira, por manifesta carência de liquidez.
Quanto à "descoberta" de Luís Ferreira, tentando sossegar-nos com o facto de, segundo ele, o património da autarquia valer algo como 100 milhões de euros, nem sequer chega a valer um chícharo. Porque não se sabe quem avaliou e, sobretudo, porque é algo praticamente invendável. Se nem sequer o ex-Convento de Santa Iria encontrou ainda comprador interessado, quem quereria adquirir os Paços do Concelho, os lagares d'El-Rei, o arruinado palácio Alvim, os pavilhões da FAI, a ex-biblioteca, ou a venerável abegoaria municipal e as suas típicas retretes?
Os nossos autarcas estão mesmo a brincar connosco, não estão?
6 comentários:
Quanto ao vereador Luís Ferreira, já era óbvio há muito tempo que habitava noutra planeta que não o nosso - o debate de sábado apenas o confirmou. Nada do que saia da boca daquele sujeito merece o mínimo de credibilidade.
Quanto a Côrvelo, todos sabemos que a função que desempenha é muita areia para a sua camioneta. Para tomar medidas drásticas é preciso ter os ditos cujos no sítio e ir contra as benesses à população. Atributo que não lhe podemos encontrar, porque não o tem.
Com o PNR, tudo isto seria diferente !
Por Tomar, Por Portugal, PNR SEMPRE PRESENTE !
Curiosa a comparação a fazer com a "santa" Alemanha:
-% da dívida pública aprox. igual à portuguesa.
-dívida dos particulares é dupla da dos alemães. São os pópós, normalmente alemães (Audi, BMW,Mercedes), as vivendas com "pixina" e o verão em CanCun, a crédito.
-dívida da banca portuga, dobro da alemã. Se aqui não se poupa, nem as empresas geram receita, os negócios da banca precisam de verbas. Obtidas no exterior.
Quanto a Tomar, seja mais ou menos má a situação agora, a falência está garantida no futuro. Não é possível prever uma maior (ou até manter) receita autárquica.
Pedro Miguel
Dava jeito aos neo-fascistas do PNR que o representante do PS fosse de outro planeta, não dava?
Quanto mais atacam o vereador Ferreira, com atoardas dessas, mais espaço lhe abrem.
o ferreira tem um "pacto" com os meninos do PNR, dá-lhes tacho e eles fingem que o atacam!
Na realidade não merece preocupação o vereador ferreira, mas merece preocupação a gestão da câmara como um todo em que estão desperdiçar tudo e tomar vai ainda mais para o fundo com esta gestão do psd e do ps. Uma vergonha são uma nódoa no conjunto a única coisa que os preocupam são as festas, quanto ao aproveitar os fundos comunitários e os outros dinheiros para dotar o concelho para melhorar as condições dos que cá vivem ou de atrair algum investimento isso não lhes interessa, ocupados com os seus interesses (vencimento e futuro próprio) uma pena e um tempo perdido na verdade. Zona industrial nada, mercado nada, construção civil nada, sistemas de esgotos do concelho nada novas estradas nada, gestão do tal património construído nada. Enfim uma pobreza total.
Os males dos meninos do PNR são como arranhadelas de formiga em pele de elefante.
Porque é que não mudam de brincadeira e vão divertir-se para o parque infantil junto ao estádio?
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