O conhecido linguista, sociólogo, filósofo e politólogo estado-unidense Noam Chomsky, há anos que vem tentando alertar para as práticas capciosas dos detentores do poder, visando continuar a dominar, mesmo e sobretudo quando para tal não têm competência ou envergadura intelectual. Uma dessas práticas consiste em insinuar, através de porta-vozes e da comunicação social, que quando as coisas vão mal, os culpados são os eleitores, pois foram eles que escolheram. O que se pode caracterizar, em bom português popular, como a arte de fazer o mal e a caramunha. Primeiro enganam o eleitorado, alardeando capacidades que não têm, apregoando planos que não existem, prometendo o que sabem não poder cumprir. Depois, uma vez nos poleiros, fazem constar que os eleitores se enganaram, e continuam a estar enganados. Como sempre...
Este comportamento assaz peculiar existe desde que há democracia, tendo até sido caracterizado na Atenas clássica como a síndrome de Hybris. Pode ser descrita como uma mentalidade alterada pelas circunstâncias, que leva os dirigentes máximos a considerarem-se indispensáveis, insubstituíveis, infalíveis e omnipotentes. Quando, aqui há anos, o actual PR disse "nunca me engano e raramente tenho dúvidas", mostrou que a dita síndrome está muito difundida entre nós. Mas acabou por saír.
Em Tomar, face à hipótese de poder vir a haver um movimento de indignação, não controlado pelas forças políticas oficiais que vamos tendo, gerou-se uma pequena (em Tomar é tudo pequeno, menos a Janela, a crise, a miséria, a inveja e a ignorância) onda de mal disfarçado pânico. Se a malta da blogosfera consegue e nós não, onde é que isto vai parar?, terão eles pensado. Vai daí, dentro daquele velho princípio dos treinadores de bancada, segundo o qual a melhor defesa ainda continua a ser um bom ataque, desataram a dizer e encarregaram outros de propalar por aí que: A) - A eventual manifestação cordata e pacífica na próxima Assembleia Municipal, mesmo que chegue a realizar-se, não servirá para nada, visto que os políticos locais são todos maus e não têm emenda; B) - Como os políticos locais não têm emenda (eles lá sabem porquê), mais uma vez, se houver manifestação, "a montanha vai parir um rato"; C- Assim sendo, o melhor é continuar mudo e quedo, até para não arranjar chatices, que "o calado foi a Lisboa e veio sem pagar bilhete".
Perante tanto disparate junto, seguem os esclarecimentos julgados pertinentes: 1 - Não há mulheres nem homens providenciais; apenas os honestos e os outros. 2 - Em política não há milagres, nem as coisas acontecem só por acaso. 3 - Fernando Pessoa disse, nos anos trinta do século passado, que "Tudo vale a pena, se a alma não é pequena." 4 - A ideia de nos juntarmos na próxima reunião da Assembleia Municipal, para aí expressarmos a nossa indignação, é uma coisa modesta, humilde, realista, sem pretensões, dá o que der. 5 - Os principais objectivos tácticos do referido ajuntamento são: a) - Verificar na prática se os eleitores tomarenses estão ou não indignados; b) - Constatar se os cidadãos tomarenses finalmente estão a mudar, ou se mantêm o velho e nefasto hábito da passividade, sempre à espera que outros façam, para depois aproveitarem; c) - Procurar conhecer a reacção dos instalados nos altos escalões do poder local, perante uma genuína manifestação apartidária dos eleitores. Há depois o objectivo estratégico, que é o de mobilizar os tomarenses rumo a um futuro mais risonho, dando-lhes finalmente alguma esperança e confiança em si próprios.
Mas não vai haver nada, porque não vai aparecer ninguém, ou quase ninguém, dirão os habituais apóstolos da desgraça. É possível. Mas nesse caso calçaremos os patins e regressaremos calmamente a casa, incapazes que somos de arranjar pachorra para encaixar as vacuidades debitadas na AM. E não terá havido nem vencedores, nem vencidos; nem mortos nem feridos; nem enganados nem ofendidos. Apenas "Tudo pelos mesmos carreiros/ Tudo afinal como dantes/ O maneta em Carregueiros/ Quartel-general em Abrantes". Foi durante a última invasão francesa. Ontem, no fim de contas...
22 comentários:
A proposta de uma presença massiva na próxima sessão da Assembleia Municipal só pode ter a eficácia pretendida se :
1º- Não for um acto isolado. Deverá transformar-se num acto de cidadania regular,mesmo que com oscilações na capacidade de mobilização da blogosfera.
2º- Grande parte dos assistentes forem preparados para,no final dos trabalhos(único momento em que,legalmente,podem intervir),bombardear a mesa com perguntas objectivas sobre as questões pertinentes a colocar.
3º- Houver um nível mínimo de organização,ou seja,preparação e coordenação prévia da acção.
Se estes aspectos não forem observados é porque os mentores da ideia não compreendem a diferença entre o combate entre dois grupos de 250 e de 1.000 homens :
Um (de 250)organizado,com tarefas definidas,com uma linha de comando,ou seja um pequeno exército.
O outro (de 1.000),completamente desenquadrados uns dos outros,sem qualquer organização,sem tarefas distribuídas,sem uma linha de comando,ou seja uma anarqueirada.
Em que os 250 desbaratam os 1.000 em três tempos.
Um pormenor final:
Cada um dos intervenientes deve,antes de começar a questionar,identificar-se através do nome e morada completos para ficarem gravados e para que o Relvas não possa depois vir dizer que não respondeu por escrito às perguntas por não ter esses elementos fundamentais.
Maria da Fonte
APOIADÍSSIMO!!!!!!!
Para anónimo em 13:11
É sem dúvida uma excelente ideia. Há, porém, dois óbices de peso: 1 - Mal sintam que há qualquer tentativa de organização e/ou enquadramento, os tomarenses põem-se a milhas; cheira-lhes a partidos políticos; 2 - Ainda que possam restar alguns, todos se sentirão com envergadura e vocação para líderes do grupo. Até agora tem sido sempre assim. Excesso de chefes, falta de índios. Vamos a ver desta vez.
Para anónimo em 13:11
Que eu saiba, ainda ninguém aqui disse que a intervenção terá lugar no período reservado ao público. Quando o presidente Relvas já se ausentou. Se não erro, até foi escrito que se interromperá a reunião logo no início, pedindo para falar, e falando mesmo sem autorização. Se o salão nobre estiver cheio. Estarei enganado? Li mal?
Ratazana Sabida
Estou pasmado com o movimento de massas em agitação para intervir na tal Ass. Munic.....
Não seria melhor entrarem nas casas dos partidos locais, solicitarem Propostas de Adesão ao partido com que mais se identificam e tornarem-se seus militantes, intervirem nas suas reuniões, exigirem vida nova para defesa da democracia, do sistema partidário e patentearem aí, com determinação, cidadania pujante e esclarecida, despojada de interesses pessoais, a sua ação e influência activa, nomeadamente na escolha dos candidatos às próximas autárquicas?
Sou muito crítico do actual funcionamento dos partidos, que se transformaram em associações políticas de bandos épicos, em que a força agregativa que mantém cada "sócio" é a dedicação à pessoa do respetivo chefe, com o direito de quinhoar do esbulho e despojos da Tesouraria Nacional.
Sem excluir outras formas de participação fora dos partidos, é no interior do sistema partidário que se podem dar contributos decisivos para a saúde da democracia.
Juntem-se, discutam entre si, e decidam aderir aos partidos, tendo em vista já as próximas autárquicas, para candidatarem os melhores, os mais honestos.
O tempo urge.
Não há democracia e progresso social e económico sem partidos.
Essa é que é essa!
(que bem prega frei Tomás..)
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Uma previsão: são tantos os bandos épicos em Tomar..., que não custa adivinhar que o próximo presidente de câmara vai ser importado. E aí é vê-los a todos a oferecerem vassalagem, mendigando o benefício...
Para:
ARebelo, relativo ao comentário das 16:11
a expressão usada>
'Excesso de Chefes' > Ok! Dá para perceber
quanto á
'falta de índios' > ??? (mais complicada)
Pergunto eu >
O que é que os índios têm a ver isto? E já agora, que tipo de índios? Da índia, da América? ou índios (ou judeus) á portuguesa? sinónimo de mau, rebelde etc.
E se aparecer um índio que é CHEFE? (ups!)
1 anónimo super-atento
Para anónimo em 19:49
A expressão mais chefes que índios vem dos tempos heróicos dos filmes de cowboys. É equivalente a "mais generais que soldados", infelizmente o caso de Tomar ao longo dos tempos. Será por ter havido aqui, at´+e aos anos 70 do ségulo passado um quartel-general?
É verdade que os partidos são indispensáveis à democracia. Mas os independentes também estão na mesma situação.
Pela parte que me toca, já fui filiado e até dirigente local. Para mim chegou.
Aquando das últimas eleições fui candidato a candidato, tendo sido derrotado nas primárias do PS por José Vitorino.
Para as próximas autárquicas ainda é muito cedo para fazer previsões. A seu tempo se verá. Filiar-me novamente está fora de causa.
Ouver dizer Hertz vai organizar um novo debate a 27 de Novembro. Já alguem sabe como vai ser?
Zé da Quinta
É verdade!
Vai inovar nos comentadores:
António Rebelo, Sérgio Martins, mandatário do Arq. José Lebre, Manuel Faria e António Madureira.
Vai inovar nos autarcas:
Curvelo de Sousa, José Victorino, Carlos Carrão, Rosário Simões, Luis Ferreira. José Perfeito, Leonal Graça. Miguel Relvas (ou Fernando De Jesus), José Pereira.Luis Vicente, Sandra Mata e Anabela Estanqueiro.
Horário: das 9Horas às 12Horas
Intervalo para o almoço na Casa das Ratas
continuação das 15Horas às 17Horas
intervalo para o lanche em Pastelaria a definir
continuação das 18Horas às 2oHoras
jantar na Céu das Algarvias
conclusão das 21Horas e 3o até à meia noite.
"Não há democracia e progresso económico e social sem os partidos políticos".
Os partidos políticos são:
- a coisa mais anti democrática, e mais anti progresso de toda a espécie (económico, social, cultural, político, etc.);
- são famílias sicilianas;
- são forças de bloqueio.
Se o Povo soubesse como funcionam os partidos políticos nunca votaria.
Um militante partidário com as quotas em dia.
O próximo presidente da Câmara vai ser importado ?
Da China ?
Vai ser como o anterior, mas desta vez com água pé e castanhas assadas...
Para o anónimo das 22,48. Tem toda a razão os partidos estão doentes e a democracia moribunda, por sua causa. Os partidos são necessários, mas também todos eles a causa da difícil situação porque todos estamos a sofrer. Também eu tenho as cotas em dia, mas vou arquivar o cartão de eleitor e deixar de participar nesta palhaçada, da democracia actual, seja em eleições nacionais ou locais. Nunca julguei ser possível eu defender esta posição, mas só assim combateremos o clientelismo e o “polvo” partidário. Hoje somos ainda poucos a ter esta posição, mas em breve seremos a maioria.
O quê?! Um novo debate e os Independentes não foram convidados?! Irra que é demais! Se fosse eu, juntava o meu grupo, iamos ao debate e quando o mesmo se iniciasse, iamos todos embora! Isto sim era um protesto original!
APOIADÍSSIMO!!!!!!!
Para os devidos efeitos se esclarece que nenhum elemento ligado a Tomar a dianteira foi até agora convidado para qualquer novo debate. Para que conste onde convier.
Ao Anónimo das 11H25:
Chama-se a isso tiro no pé.
Que alternativa aos partidos?
O que devia fazer, na minha opinião, era tentar mobilizar pessoas para os partidos.
O país está mesmo em bancarrota. A fome vai espalhar-se para mais portugueses. Estamos próximos de uma grande humilhação.
Sim, a culpa é do sistema partidário, onde campeia gente sem vergonha, da base ao topo.
O momento é chegado para dentro das organizações partidárias denunciar e acusar os que o utilizaram para seu proveito e tragédia de Portugal.
E dizerem-lhes, apontando a porta da rua: nunca mais aqui entrem, desapareçam seus assassinos da democracia, politicotes da treta. A vossa hora expirou!
Espere mais uns tempos e vai ver que muitos deles vão sair pelos próprios pés para não serem desancados nos espaços dos partidos´, para não lhes pedirem contas.Nalguns casos para não levarem nas fuças.
Isto vai mesmo começar a doer. A democracia precisa de músculo. E só os partidos, os existentes ou novos, devem cumprir essa missão.
Está a acabar o regabofe.
Os oportunistas devem ser postos na rua e, alguns, denunciados publicamente. Da base ao topo.
O anónimo das 22h44 tem a lista já feita. Quando é que a publicidade a esse debate sai para a rua? Faltam aí os independentes... Que maçada... E agora?
O quê? Os independentes vão juntar-se e saem todos do debate? Então mas já não tinham feito isso neste debate da biblioteca? Eh pah, mudem o disco!! Sei lá, arranjem uma corrente e prendam-se às árvores que estão perto da biblioteca! Façam greve de fome! Vão a pé a Freixo de Espada à Cinta! Qualquer coisa!
os tais independentes não fazem falta nenhuma, só arranjam complicações à maioria que trabalha na câmara,
se a maioria não cumpriu a culpa é dos independentes que estão sempre a dificultar as medidas, a vetar, a obstruir,
deixem trabalhar a maioria!!!!!!!
tomar só tem a ganhar!
OS "cães de fila" do Ferreira mamão,e o dito cujo,estão em pânico com a possibilidade de deixarem de viver,como vivem há largos anos,à custa dos impostos do Povão.
Como é que vão viver sem o becinho pegado na teta do Orçamento do Estado e do Município?
Pobre Democracia,sugada por tantos politiqueiros oportunistas...
Pobre Povo cada vez mais prensado por medidas de asfixia destinadas a cobrir o "buraco" escavado por esta gentalha que ainda tem o despudor de se auto-intutular de,pasme-se(!),de arautos da "ética republicana"...
Confundem,propositadamente,essa ética com a prática política dos oportunistas e corruptos de antanho que criaram o ambiente propício à ditadura que nos escravizou,atrasou e isolou durante quase 50 anos.
Esta "ferreirada" é o upgrade dessa vilanagem que sabotou e corroeu o acto heróico de há 100 anos.
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