RECENTRANDO A QUESTÃO

Terei sido quiçá o primeiro a formular a minha discordância em relação ao formato escolhido para o debate. Por dois motivos principais -Antes de mais, porque me parece ser muita gente junta ( 3 eleitos + 3 cidadãos convidados + 2 moderadores = 8 interventores activos), de tal forma que, pelo menos nalguns casos, quando falar o 8º, já ninguém se lembrará do que disse o primeiro, e assim sucessivamente. Em segundo lugar, por causa da estranha composição da mesa dos eleitos. Quer queiramos, quer não, de acordo com a lei, o responsável pela autarquia é sempre o seu presidente. Pode delegar poderes, mas o responsável último é sempre ele. Nestas condições, porquê e para quê dois acólitos, num debate sereno com os eleitores?

Apesar desta minha discordância de princípio, aceitei participar no debate, por entender que cada cidadão tem deveres para com a comunidade onde vive, sendo a participação activa nas questões locais um deles. Perante as reclamação chegadas a Tomar a dianteira, julgo útil avançar alguns tópicos.

Não se trata, bem entendido, de nenhuma sessão de propaganda eleitoral, combate de boxe, peixeirada, ou execução de mesquinhas vinganças pessoais. A Rádio Hertz é uma empresa privada, devidamente licenciada para exercer a sua actividade, nos termos previstos na legislação em vigor, pelo que pode e deve convidar para os eventos que resolva organizar as pessoas ou entidades que entender. No caso em apreço, se tivesse convidado igualmente os IPT, a CDU, o CDS e o BE, também com cidadãos eleitos, seriam 12 pessoas em palco. Havia de ser bonito!

Resta o problema da eventual intervenção dos espectadores. Infelizmente, estamos num país e numa cidade onde abundam os emplastros e outros adeptos do penacho. Nestas reuniões públicas, mesmo quando nada têm de substantivo para dizer, tomam a palavra só para aparecerem. Quando não chegam mesmo a fazer pior...

Os três cidadãos convidados (e estou a escrever sem com eles ter falado sobre o assunto) têm uma longa experiência de vida, não estão na política activa nem dela precisam para se governar, pelo que, participando no debate, estão apenas a exercer e a cumprir um básico mas fundamental dever cívico. Dito isto, no que me concerne, tenho a minha própria plateia, graças ao leitorado regular deste blogue, que faz o favor de me honrar com a sua participação regular, bem documentada nos comentários recebidos. De acordo com a estatística do Google, só ontem foram contadas 538 visitas. Nestas condições, irei com humildade e participarei com a melhor das intenções, mas apenas até ao momento em que me parecer que as coisas terão descambado para algo no meu entender menos digno. Do tipo aplausos, assobios, pateadas, piadolas de mau gosto, comentários desbragados ou extemporâneos. Nessa altura, no maior silêncio, darei corda aos sapatos e regressarei a penates, deixando o lugar livre para quem saiba e tenha mais pachorra do que eu. Aqui fica o aviso, para os efeitos tidos por convenientes. A boa educação exige que se avise sempre, antes de fazer seja o que for de imprevisto. Não contem comigo para enxovalhar ainda mais a minha cidade-mãe. Nunca!