terça-feira, 14 de setembro de 2010

UMA COISA EXPLICA A OUTRA...

Em Portugal somos assim. Tomar não é excepção. Têm é exagerado bastante nestes últimos tempos, dado o contexto económico. Estamos a referir, claro está, as diversas manifestações, culturais ou nem tanto. Todas custeadas pelos contribuintes, via orçamento autárquico. O aniversário da cidade foi como se sabe. O Congresso da Sopa ficou-nos por perto de 40 mil euros. O recente Bons Sons foi um grande sucesso, mas custou-nos outro tanto. Agora, vamos ter as estátuas vivas, com um investimento anunciado de 12.500 euros. Só o encarte publicitário n'O MIRANTE custou 5 mil... E a série irá continuar, sempre à borla, em pura perda, como no Congresso da Sopa, ou com uma associação a encaixar as entradas e a câmara a arcar com parte substancial dos custos, como em Cem Soldos.
Tudo isto num país em crise e sem grandes perspectivas de melhoria, pois prevê-se um anémico crescimento económico máximo de 1,8%, contra 3,7% na Alemanha, 8,2% no Brasil e mais de 10% na China. Por falar na Alemanha, líder económico e motor político da União Europeia, pareceu-nos oportuno publicar este excerto, traduzido do LE MONDE de hoje, onde aparece sob o título genérico "As estrelas do post-férias".
"Incontestavelmente a estrela do post-férias na Alemanha, é ele. Thilo Sarrazin, (Serraceno, nota de Tomar a dianteira) sexagenário tão alegre como Buster Keaton, mas muito menos engraçado do que ele. Quase de certeza descendente de muçulmanos, convertidos ao protestantismo no século XVI, a sua família terá transitado pela Espanha, França e Suiça, antes de se instalar na Alemanha. Com uma tal árvore genealógica -na qual ainda por cima uma das suas avós é italiana e a outra inglesa- Thilo Sarrazin poderia ser um excelente exemplo do multiculturalismo. Mas não. O seu recente livro-panfleto defende a tese de que "A Alemanha caminha para a perdição" (título da obra) por causa da invasão muçulmana, e está a provocar um aceso e participado debate em todo o país.
Ao ouvi-lo, na passada sexta-feira 10 de Setembro, em Berlim, desenvolver as suas ideias, perante uma plateia repleta com 800 espectadores, que depois de terem pago 12 euros por pessoa à entrada, lhe reservaram uma longa ovação de pé, e fizeram longa fila para conseguir uma dedicatória no livro antes comprado, ficava-se com suores frios nas costas. E constatar que um dos jornalistas mais influentes da influente Spiegel (revista semanal de informação, nota de Tomar a dianteira), destacado para contraditar o orador, acabou por concordar com ele em quase tudo, arrefeceu ainda mais os referidos suores." (Frédéric Lemaître, Le Monde, Berlim)
Conclusão nossa: Na Alemanha, onde a ideologia da extrema-direita está na crista da onda, sobretudo por causa dos imigrantes turcos, 800 cidadãos pagaram 12 euros por cabeça para ouvir um orador político, cujo livro panfletário tinham comprado e lido antes. Em Portugal, em iguais circunstâncias, (salvo no que concerne à cor política), mesmo à borla e com bolos, salgados e bebidas, nem uma centena de espectadores se conseguiria reunir. Por isso a Alemanha vai crescer quase 4% e Portugal menos de 2%. Uma coisa explica a outra. Lá, aproveitam todas as oportunidades para ganhar dinheiro. Cá, não perdem nunca o ensejo de gastar o dinheiro dos contribuintes. E julgam estar a fazer uma grande obra em prol da cidade e do concelho. Triste sina a nossa! Se não têm sido os militares, causticados pela guerra em África...

1 comentário:

Anónimo disse...

E esqueceu-se do Tomarimbando, com o qual a gualdim encaixou 20 mil euros e ainda se queixou da Camara, que lhe deu o dinheiro.

Pobres e mal agradecidos.

As estatuas custaram 5000€ no decurso deste ano, mas 15000€ para contratos directos e 10000€ em publicidade, mas são um bom investimento.