sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

ANÁLISE DA IMPRENSA LOCAL E REGIONAL

Redacção de tomaradianteira
Parece acentuar-se, de semana para semana, a tendência da imprensa de índole local ou regional par adoptar os novos "estilos". "Tabloid", "people", "bling-bling", "concierge", a designação pouco importa, já que todas nomeiam a mesma realidade. Um jornalismo que procura abordar unicamente aqueles assuntos que "não levantam ondas". E comprende-se que assim seja. Afinal o Estado, as autarquias e as grandes empresas é que fornecem não só o nervo da guerra, a publicidade, mas também aquilo que pretendem que seja conhecido, da forma que querem que seja publicado. Há, portanto, que compreender, o que não deve forçar-nos, de modo algum, a aceitar em silêncio e com prolongada resignação.
Outro aspecto que convirá referir, é a ausência total do chamado "jornalismo de investigação", não só porque levantaria concerteza várias ondas, mas também, e sobretudo, em virtude das posições assumidas, tanto por patrões como por jornalistas. Dizem estes: -"Aquilo que nos pagam não dá nem de longe para fazer investigação." Contestam aqueles: -"Para aquilo que produzem e no estado em que está o mercado, estão até muito bem pagos. E vamos a ver se não temos de dispensar alguns." É Portugal no seu melhor, como quase sempre...
Esta semana, ambos os semanários tomarenses fazem manchete com o caso do bébé falecido a caminho do hospital, por alegado atraso da ambulância do INEM, igualmente referenciado na 1ª página d'O MIRANTE. Além deste infausto acontecimento, refere-se o padre que bebeu lixívia, o carnaval, a vaga de assaltos e as comemorações do aniversário da cidade.
A merecer destaque, o bom trabalho de Elsa Ribeiro Gonçalves (que não conhecemos pessoalmente), n'O MIRANTE. São quase duas páginas sobre os bailes de finalistas de Tomar, que procuram respeitar a tradição e assumir a modernidade, em simultâneo. Pode ver-se uma fotografia, tirada em 1972 no Hotel dos Templários, na qual figuram, entre outros, Maria do Rosário Passos Baeta Neves, bem como António Lourenço (o Tó Paposseco), ex- secretário de estado, e Carlos Carvalheiro, ambos de fatinho e gravata, como era uso na época. A não perder por quem gosta destas coisas da chamada "socialite".
Enquanto O RIBATEJO persiste em ignorar o que ocorre no norte do distrito, designadamente em Tomar, O MIRANTE até teve direito à "Página informativa da Câmara Municipal de Tomar", tal como aconteceu com CIDADE DE TOMAR. O TEMPLÁRIO, pelos vistos, continua a ser enteado malquisto. Na referida Página informativa da Câmara de Tomar, pode ler-se, logo a abrir, esta bela tirada: "Tomar comemora a 1 de Março 849 anos mas não parou no tempo. De olhos no futuro, a aposta da autarquia no turismo tem vindo a intensificar-se de forma sustentada. Assim, será aberto em breve concurso público para venda do Convento de Santa Iria e ex-colégio feminino. Prevista no Plano de Pormenor de Flecheiro e Mercado, a venda destes edifícios tem por objectivo recuperá-los para instalar uma unidade hoteleira de, no mínimo, 4 estrelas. Este é apenas um dos projectos em curso, que passam também, por exemplo, por uma ligação forte da cidade ao Convento e pela recuperação do complexo da Levada."
Melhor do que este belo naco de prosa, cujos comentários ficam para outra peça, só mesmo o direito de resposta do autarca de Ferreira do Zêzere, publicado n'O TEMPLÁRIO. Eis o seu ponto 2, com a devida vénia: "Compulsando o seu teor, ressaltam da sua leitura algumas considerações que não se conformam com o fluir e vicissitudes do processo em causa, ancoradas em pressupostos falsos, e por isso mesmo destituídas de fundamento e rigor."
Sejam-nos permitidas algumas opiniões. Livres, como sempre. A - Que bem escreve o autarca ferreirense! B - Com tal vocabulário, ainda se admiram que a justiça seja tão lenta? Pensem que tanto magistrados como causídicos têm de ter muitos anos de aprendizagem e de prática, bem os dicionários e códigos sempre à mâo. C - Está-se mesmo a ver que o estilo usado é o mais adequado para a generalidade dos leitores da imprensa, sobretudo regional. Os d'O TEMPLÁRIO, pelo menos, terão ficado devidamente elucidados, salvo raríssimas excepções. Já lá dizia o outro: -Não percebi nada do que ele disse, mas falou muito bem.

5 comentários:

Anónimo disse...

"Compulsando o seu teor, ressaltam da sua leitura algumas considerações que não se conformam com o fluir e vicissitudes do processo em causa, ancoradas em pressupostos falsos, e por isso mesmo destituídas de fundamento e rigor."

Bem apanhado.

Luis Verney, se fosse vivo, diria sobre esta retórica bacoca:

"Os homens grandes não podiam dizer claramente o seu parecer porque seriam apedrejados"

E Pe. António Vieira diria deste "escritor":

«(...) estilo tão empeçado, um estilo tão dificultoso, um estilo tão afectado, um estilo tão encontrado a toda a arte e a toda a natureza...»

Anónimo disse...

Cheira bem (a prosa), cheira a Montalvo!
(Rebordão, Advogado da edilidade ferreirense).

C´est pour epater le burgeois!

C´est si bom Mr. Rebelo?!

Merci!

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

"Adoro Tomar e os seus intelectuais, sobretudo estes que por aqui se pavoneiam..."

O anónimo autor deste comentário fica nervoso quando depara que é um pateta ridículo, passa a vida a mordiscar as baínhas das calças dos que lhe parecem poder chegar ao poder para se fazer notado como potencial lambe-botas.

Enxerga-te analfabeto: foram citações de filósofos portugueses que tu desconheces e devias conhecer para saberes mais sobre o teu país, para melhor participares na vida pública portuguesa e deixares de ser manipulado toda a vida pelos oportunistas que travam o desenvolvimento de Portugal.

Sabias que existe um pensamento filosófico português que te é negado nas escolas e nos meios de comunicação? Sabias que os dois filósofos citados foram perseguidos no seu tempo pela inquisição e que até, muitas vezes, tiveram que escrever sob anonimato? Sabias que ambos foram desterrados pelas ideias que defendiam?

Eles é que foram os intelectuais, não "os que por aqui se pavoneiam", mas que os citam para lembrar que temos uma identidade que continua a ser abastardada.

Talvez saibas, mas esqueceste, porque não pensas em mais nada que não seja arranjar um protetor que te leve a um salário pago pelo OE.

Anónimo disse...

Tchhhhhhhhhhhhhh...!!!