terça-feira, 25 de janeiro de 2011

NA IMPRENSA INTERNACIONAL DE REFERÊNCIA


O declínio do turismo leva a Espanha a interrogar-se sobre o seu modelo "sol e praia"

A Espanha é agora apenas o 4º destino turístico mundial, depois da França, dos Estados-Unidos e da China

A Espanha já é apenas o quarto destino turístico mundial. Ultrapassada pelos Estados Unidos em 2009, deixou-se atrasar também em relação à China o ano passado, de acordo com os dados da Organização Mundial de Turismo, que continua a colocar a França em primeiro lugar.
Em 2010, o país de Cervantes recebeu 53 milhões de turistas, o que representa um ligeiro aumento de 1,4% em relação a 2009, mas longe dos 59,2 milhões de 2007. Situação grave, pois o turismo é um dos pilares da economia espanhola, representando cerca de 10% do PIB.
Em termos de volume de despesas efectuadas pelos turistas, Espanha continua a situar-se logo após os Estados Unidos, com 49 mil milhões de euros gastos (mais 2,5% em relação a 2009), mas vai levar ainda algum tempo para recuperar de uma crise que lhe custou mais de 6 milhões de visitantes estrangeiros e mais de 180 mil empregos, de acordo com o estudo do Conselho Mundial do Turismo - WTTC.
 "Ainda que haja já indicadores positivos para 2011, a prudência é de rigor" disse-nos o ministro espanhol da indústria, do turismo e do comércio, Miguel Sebastian. Para alguns economistas, é evidente que para além dos problemas de conjuntura é o modelo "sol e praia" que terá de ser repensado. Não só porque se atingiu a saturação, mas também devido à concorrência de países mais baratos da orla mediterrânica, como a Turquia, ou os do Norte de África, mais próximos.
Só a região da Andaluzia perdeu 700 mil turistas em 2010. As outras regiões viram-se forçadas a reajustar fortemente os preços, reduzir o pessoal e orientar-se para a clientela russa, norte americana ou holandesa, para compensar as perdas de visitantes nacionais, alemães e britânicos.
Segundo a organização patronal do sector, a Exceltur, as receitas aumentaram ainda assim 1%, "o que não nos vai permitir criar empregos", declarou o seu presidente, Sebastian Escarrer, convencido de que o fraco crescimento de 2010 vai continuar em 2011.
"O turismo de massas mostra sinais de esgotamento", constata o economista Alfonso Novales. "O sector poderá contribuir para o cescimento do país, desde que haja coragem para implementar fórmulas de qualidade, de longa duração, nas zonas que ainda não estão saturadas."
Mais optimista, António Lopez de Ávila, director do "Executive Master in Tourism Management", da IE Business School de Madrid, concorda que "o sector turístico necessita de uma renovação, mas como qualquer outro ramo de negócio", uma vez que o objectivo principal consiste em atrair clientes de elevado poder de compra. "A empresa comum acabada de criar por Marriot e AC Hoteles, ou a instalação do grupo de luxo Mandarim Oriental em Barcelona, são exemplos de esforços em curso nesse sentido, afirma Lopez de Ávila, que acrescenta ser "o turismo o sector que menos sofreu com a crise e o primeiro a recuperar o crescimento."
Por ocasião do Salão Internacional do Turismo - FITUR, que teve lugar em Madrid de 19 a 23 deste mês, Espanha mostrou a sua vontade de vencer os novos desafios, tendo inaugurado nomeadamente um pavilhão inédito destinado ao turismo homossexual.
"Temos de tentar abrir os olhos do sector mais tradicional para segmentos particularmente rentáveis, que atraem milhões de turistas e muito dinheiro", frisou Lopez de Ávila.

Sandrine Morel, Le Monde, Madrid, 25/01/11, página 14
Negrito e azul da responsabilidade de Tomar a dianteira

1 comentário:

Anónimo disse...

E se transformássemos o Convento de Cristo num bordel de luxo 5*?

E a Praça de Touros num Fórum do Canibalismo 6*?

E a Casa das Ratas em...deixa lá ver...numa mesmo à séria?

E quem seria o vereador do turismo?

Vá...adivinhem!