Respondo a dois comentários, que o leitor fará o favor de ler (se ainda o não fez), clicando no final do post "Fotos de fim de semana, para ver e pensar...", desta manhã. O primeiro acusa-me, em tom neutro, de "estar a dar corda ao ego". Conquanto não tenha sido o caso, uma vez que se tratou apenas de demonstrar a determinado leitor bronco que, ao contrário do que pensa, não me incomoda nada ser apodado de "Vincennes Paris VIII", pois estou até muito satisfeito com tudo o que lá aprendi, que muito foi. Donde a fotografia das actuais instalações, com estação de metro à porta ("Saint-Dennis Université") e a designação oficial, após a mudança ocorrida nos anos 90 do século passado: "Université Paris 8 - Vincennes-Saint-Dennis". O livro que tenho na mão é apenas o directório da universidade, actualmente com 35 mil estudantes, em letras, artes e ciências humanas.
Dito isto, se por mera hipótese demonstrativa estivesse mesmo "a dar corda ao ego", como foi escrito, qual seria o problema? É algo proibido na sociedade tomarense? Creio que não, uma vez que até a parvoíce tem livre curso nas margens nabantinas. O que me leva a não entender de todo qual a intenção do comentário em causa.
O outro comentário é de gabarito nitidamente superior, o que se compreende, pois o seu autor, Cantoneiro da Borda da Estrada, teve a amabilidade de se identificar pessoalmente e em tempo oportuno, mantendo contudo o seu usual pseudónimo, prova de confiança que lhe agradeço.
Parece-me haver duas questões diferentes no citado texto: 1 - A minha eventual candidatura à autarquia em 2013; 2 - A força política "apadrinhante", caso me venha a candidatar.
Quanto ao primeiro ponto, mantenho e reforço o já aqui dito e redito anteriormente. A minha posição em relação a uma eventual candidatura autárquica em 2013 é idêntica à que assumi no século passado perante o serviço militar obrigatório e a guerra em África. Como tinha de ser, cumpri o meu dever cívico para com o país, com empenhamento e espírito de missão. No caso das futuras eleições autárquicas, se tiver de ser, candidatar-me-ei, farei campanha e se ganhar procurarei desempenhar as funções o melhor que souber, tendo sempre em mente, primeiro os interesses da comunidade tomarense e só depois os meus. Em qualquer caso, podem os eleitores tomarenses estar absolutamente seguros de que nunca lhes mentirei. Direi sempre a verdade, por mais dura ou adversa que possa ser. E procurarei manter bem vivo um elevado espírito de missão. Os que foram militares e "fizeram" a guerra, sabem a que me estou a referir.
Sobre as forças políticas tomarenses actuais e as eventualmente presentes em 2013, creio que o amigo Cantoneiro está a encarar mal o problema. Já Camões dizia, há mais de quatro séculos, que "Todo o mundo é feito de mudança/Tomando sempre novas qualidades." E até concluiu o soneto, com este admirável terceto: "E, afora este mudar-se cada dia,/Outra mudança faz de mor espanto,/Que não se muda mais como soía." O vocábulo caiu entretanto em desuso, mas é mesmo numa situação homóloga que nos encontramos: As coisas já não mudam como soía, como era costume. Mudam cada vez mais rapidamente e os tomarenses não parecem disso dar-se conta.
Toda esta prosa para fundamentar uma afirmação forte, que requer ainda outra curta digressão. O conhecido especulador americano Warren Buffet, interrogado sobre as crises em catadupa, avançou com uma metáfora, feliz porque muito adequada: "É quando a maré baixa que se descobre quem andava a tomar banho nu." Exactamente o que está a acontecer aos membros do presente executivo municipal tomarense. Representando três forças políticas diferentes, têm vindo a revelar-se afinal um executívo perfeitamente homogéneo, para geral infelicidade dos tomarenses.
Todos afirmaram durante a campanha eleitoral de 2009, ainda em clima de euforia e num mar de optimismo, mas já com a maré a descer, que sim senhor, que tinham projectos, planos, ideias e soluções adequadas para o concelho. Ou seja, que estavam equipados com os indispensáveis fatos de banho para entrar no mar ainda relativamente calmo da crise. Vai-se a ver, passados que são dois anos anos, a maré já baixou o suficiente para que se possa constatar que mentiram aos eleitores de forma deliberada. Afinal estavam e estão nus. Apesar de alguns insistirem no evidente embuste. Não têm fatos de banho, que o mesmo é dizer projectos, planos, ideias, soluções, capacidades, para resolver o que quer que seja. Para além das obras de questionável utilidade, onde estão as soluções para o Mercado Municipal, o Mercado Abastecedor, o Bairro 1º de Maio, os acampamentos ciganos, o Parque de Campismo, o rio Nabão, o turismo, o Convento, o Flecheiro, a monumental dívida à ParqT, já a contar juros de mora, o investimento, ou a ex-Fábrica de Fiação?!?!
Nestas condições, salvo melhor e mais fundamentada opinião, parece-me que no Outono de 2013, a questão central não vai ser a da força política"apadrinhante" de cada candidato, mas sim a separação muito nítida entre os usuais intrujões ou vendedores de ilusões e os que têm mesmo soluções novas para velhos problemas, a propor aos eleitores.
Parafraseando o herói de uma conhecida telenovela brasileira, a dada altura muito popular em Portugal -"Estou certo?! Ou estou errado?!" Os eleitores decidirão, se vier a ser caso disso, no que me diz respeito.