Foto Uly Martín/El País
Uma "Agência Tributária" (Repartição de Finanças) em Madrid. Ao alto, os contribuintes que aguardam a sua vez. Em primeiro plano, os numerosos postos individuais de atendimento. Devidamente compartimentados, de forma a assegurar a conveniente privacidade. É mais ou menos como cá, não é verdade?
Deduz-se, depreende-se, subentende-se, conclui-se, do anteriormente escrito, haver necessidade de uma viragem de 180 graus nas mentalidades dos senhores autarcas e outros governantes. Todavia, visto que o seguro morreu de velho, o melhor será falar claro e urinar a direito, que é como quem diz orar sem papas na língua.
Como é sabido por quem acompanha com empenhamento cidadão estas coisas da orbe, da urbe e da política, até agora, a grande preocupação para um eleito era arranjar oportunidades para gastar os fundos, tanto nacionais como da UE. De preferência obras vistosas, espampanantes, mesmo que de utilidade duvidosa ou nula. Um dos melhores exemplos desta conduta foi António Paiva, que conseguiu grande popularidade e maiorias absolutas, graças a obras que actualmente ninguém entende para que servem afinal. E para a manutenção das quais a autarquia não dispõe nem de recursos materiais nem humanos. Adiante.
Com esta crise, cuja duração ainda está por definir e que não pára de agravar-se, tornou-se claro, entre outras coisas, que o modelo social europeu é inviável, a despesa pública tem de ser reduzida quanto antes e as políticas influenciadas pelos discípulos de Keynes têm os seus limites. De tal forma que, doravante, a principal tarefa dos eleitos já não será arranjar obras para gastar verbas, assim conseguindo fama e vitórias eleitorais, mas exactamente o oposto -Arranjar verbas para assegurar as despesas correntes. Não sob a forma de episódicas ajudas comunitárias, que implicam contrapartidas locais, ou como transferências do governo central (que só poderá tranferir o que anteriormente tiver arrecadado). Recursos locais provenientes da produção de riqueza, de valor acrescentado, de mais-valia, originados em operações com bens transaccionáveis.
Se assim não procederem, se continuarem a aguardar, com aparente pachorra, que a crise passe e tudo volte ao que antes era, corremos grave perigo como comunidade humana com administração própria. A cidade continuará em declínio, -a definhar, como escreve Hernâni Lopes- até que a certa altura apenas nos restará uma alternativa -dar à sola para paragens mais dinâmicas e realistas.
Depois não venham dizer que ninguém vos preveniu atempadamente.
3 comentários:
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Com esta crise, cuja duração ainda está por definir e que não pára de agravar-se, tornou-se claro, entre outras coisas, que o modelo social europeu é inviável, a despesa pública tem de ser reduzida quanto antes e as políticas influenciadas pelos discípulos de Keynes têm os seus limites. De tal forma que, doravante, a principal tarefa dos eleitos já não será arranjar obras para gastar verbas, assim conseguindo fama e vitórias eleitorais, mas exactamente o oposto - Arranjar verbas para assegurar as despesas correntes.
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No dia em que os nossos políticos e autarcas percerem isto será o dia em que veremos a luz ao fundo do túnel.
Até lá, continuamos às escuras!
O problema, bastante grave, é que os políticos vivem à margem das dificuldades do cidadão comum. E quando isto der o berro, 'eles' não vão sofrer as consequências, porque, entretanto, já criaram umas 'reservas' suficientes, graças às mordomias que o sistema lhes garante. Num País solidário, a crise seria repartida por todos, não apenas pelos castigados do costume. O exemplo deveria vir sempre de cima. Acorda, Portugal!
Falei, há uma semana, com uma pessoa que me confessou ter um projeto para Tomar. Não, não é um projeto político autárquico. Foi o que lhe perguntei de imediato: "Um projeto económico", esclareceu, "não presto para gestor político"; mas, acrescentou, sei muito bem relacionar-me e trabalhar com os políticos. Cada um no seu ofício. Empresa? Empresas? Que ramo de actividade?
"Segredo", meu caro. Mas precisa da mãozinha do poder político local? Preciso, lá isso preciso. E conhece o ambiente político concelhio? "Estou a par", é preciso é mobilizá-los para coisas concretas. Tenho mantido alguns contactos com pessoas válidas no concelho.
Não é da área turística. A área dele é outra, muito interessante. Foi numa Taberna regional, com música ao vivo: "Entrudo", "Venham mais cinco", "A Rosinha dos limões", etc..
Não é de Tomar, a sua esposa é que é de cá.
Na despedida perguntou-me se eu andava na política. Não, não ando por aí.
"Nunca é tarde", rematou.
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