sábado, 29 de maio de 2010

GRELHAS PORTUGUESAS E BITOLAS EUROPEIAS

Meu caro autarca Luís Ferreira (não escrevi caríssimo, pois o teu vencimento mensal de vereador também não é assim tão elevado. Sejamos justos!):

Tinha previsto escrever sobre outro aspecto da política nabantina, tomando por base o título escolhido por Henrique Monteiro, director do Expresso, na página 3 da edição de hoje -"Notícias do nosso pântano". Todavia, a tua intervenção acima reproduzida força-me a mudar os planos, para te responder em tempo oportuno. Primeiro estão os amigos, mesmo e sobretudo quando nos apelidam de "sectário", como se fosse eu a fazer parte de uma sociedade secreta.
Ainda assim, ou por isso mesmo, cuido que será melhor reproduzir o início da análise opinativa do director do Expresso, que vem mesmo a calhar, como adiante se constatará: "Com muito boa vontade, poderemos imaginar que damos combate à crise. Mas, na realidade, vivemos em pleno pântano, sem rumo, sem ânimo, sem perspectivas, à espera que alguém nos salve." Pelo andar da carruagem, este Henrique Monteiro não tardará muito a receber também o apodo de sectário. Não é Luís?
Não duvido, meu caro Luís, que estás a ser sincero no que dizes e empenhado no que fazes. O que ainda agrava mais as coisas. Se estivesses a mentir, pelo menos terias consciência da realidade em que vivemos todos, a qual não é nada risonha. Assim, levas-me a suspeitar de qualquer anomalia genética que impele alguns socialistas -tu e Sócrates, por exemplo- a falar de uma situação que visivelmente pouco ou nada tem de comum com a da generalidade da população.
O meu alegado sectarismo consiste, julgo eu, em pensar de modo independente, usando uma grelha de observação e de análise com parâmetros europeus. Tu, pelo contrário, tal como o teu camarada Sócrates, usas uma bitola portuguesa, do tipo facilitismo+nacional porreirismo = vai tudo pelo melhor, no melhor dos mundos. Já o célebre Pangloss, do Voltaire, dizia a mesma coisa, há mais de dois séculos. Não espanta por isso que haja sempre consideráveis discrepâncias entre nós. Pois se até em matéria de caminho de ferro, quando ainda havia composições portuguesas no Sud Express, estas só iam até Irun, porque a partir daí começa a bitola europeia, que é mais estreita, já tu podes ver!
Indo agora ao teu escrito, sobre as novas taxas no Parque de Campismo, e começando pelo fim dele. Brincalhões talvez; aldrabões nunca ! Se não erro, tempos houve em que davas o teu apoio à transferência do campismo para a Machuca. A ser assim, a tua posição actual terá mais a ver com oportunismo, arrivismo, desenrascanço e improviso, do que propriamente com uma estratégia anterior à consulta eleitoral, ganha pelos teus adversários do PSD. Ou estarei a ver mal?
Parece-me, aliás, que tendes a confundir táctica com estratégia e improviso com táctica. Se assim não fora, saberias decerto que fixar novas taxas só alguns meses após a reabertura das instalações em condições muito precárias, pode indiciar montes de coisas. Uma adequada e atempada estratégia, de certeza que não.
De resto, os teus números, Luís, desmentem por inteiro aquilo que afirmas, pois nenhuma estratégia coerente cairia na nossa triste e insólita situação de financiadores das férias de quem vive melhor do que nós. Ou não será assim? Se as receitas apenas cobrem 53, ou mesmo 74%, quem tem de arcar com a diferença?
Finalizando, vou ao aspecto que me parece mais importante. O parque tal como está, e como funciona, não passa de uma coisa pré-histórica a nível europeu, que apenas pode contribuir para nos envergonhar ainda mais do que já temos sido, por exemplo quando vêm equipas para jogar no ex-estádio, deliberadamente destruído às ordens de António Paiva, e encontram umas instalações precaríssimas.
Se te deres à pachorra de dar um salto ali ao sul de Espanha, a uma das pequenas cidades, tipo Tossa de Mar, Fuengirola ou Sotogrande, ficarás devidamente elucidado. Verificarás que aqui em Tomar falta limpeza, pessoal qualificado, sala de convívio equipada, sala de informática com acesso livre à Internet, lavandaria e secagem de roupa, estendais, balneários em quantidade e em qualidade, videovigilância, barreiras anti-intrusão, barreiras electrónicas para pessoas e para veículos, multibanco, registo informático com facturação simultânea, planta interactiva da cidade e da região, restaurante, biblioteca adequada, videoteca, pequeno ginásio equipado...
O mundo não pára Luís. Decorridos alguns meses, a maior parte do material, mesmo o mais osfisticado, já está ultrapassado, quanto mais a maior parte das pessoas deste rincão tomarense. O facto de termos parado no tempo não significa de modo algum que os outros tenham feito o mesmo.
Se realmente és tomarense, amante sincero da nossa terra, é meu entendimento que só tens uma via a seguir -romper o estranho acordo com o PSD. Quanto antes. Qualquer outra atitude só vai contribuir para agravar a situação. Como a seu tempo se verá, se for caso disso.

Cumprimenta-te cordialmente o

António Rebelo

8 comentários:

Anónimo disse...

A classificação de Portugal como "pântano" foi de um "socialista" (não existem socialistas!), António Guterres, quando fuigiu de Primeiro Ministro.
Antes, o Rei D. Carlos tinha dito que "era Rei de uma piolheira", o que ainda hoje é referido internacinalmente.
A imagem de Portugal e dos portugueses no mundo é mais do que indigna.
O Turismo estratégico ?
Só um português pensa assim, nem no 3º mundo, onde se procura o desenvolvimento assente em secores fortemente ligados à tecnologia.
Foi um Ministro da Economia "socialista" que foi à China pedir para investirem em Portugal, porque aqui os salários são baixos... e terão de baixar muito mais.
A União Europeia avisou o Governo de A. Guterres, por duas vezes, e os posteriores que não interessava a especialização em Turismo, mas os portugueses não o entenderam.
Os portugueses foram os que menos cumpriram a Estratégia de Lisboa, e não vão cumprir os objectivos da UE até 2020.
Isto não é pântano, é terra queimada, pelos portugueses. Expulsem-nos. Que vão fazer o inferno para outro lado. Tragam escandinavos para desenvolverem isto. Digam que o Infante D. Henrique era vicking, e que o Mourinho pertence ao povo eleito.

Anónimo disse...

Pois! Tem razão sr. Rebelo! Os políticos mudam de opinião como quem muda de cuecas! Hoje é uma coisa, amanhã é outra! São como rolhas ao sabor das ondas!
Quanto ao parque de campismo, segundo julgo saber, a qualidade do serviço que oferece não justifica qualquer actualização de preços! Até deviam pagar a quem lá decide permanecer! O parque de campismo da câmara de Tomar vale pela sua localização, quanto ao resto é para esquecer!

Anónimo disse...

E ainda gastam 200 mil euros com uma empresa de turismo...é, como diria a minha avó "por cima tudo são saias, por baixo nem fraldas têm". Devem julgar que quem faz campismo é gente a quem a qualidade de vida não diz nada. Qualquer pia serve...O Sr. Ferreira devia ter vergonha, abrir menos a boca para não se expôr ao ridículo e deixar de meter a mão em bolsos alheios. Primeiro melhore a oferta de serviços e depois fale em aumentos de preços. Mas, como seguidor acéfalo do mestre, só lhe falta começar a falar inglês técnico e portunhol. E está Tomar entregue a estas eminências pardas.

Anónimo disse...

Pois vale pela sua localização!!! E muito!!!
Em minha opinião a autarquia devia concessionar a privados os Parque de Campismo! Abrir concurso hoje, que amanhã era tarde!
A sua localização (dentro da cidade) e a envolvente ambiental que possui, poderá permitir aus exploração com grande retorno dos investimentos que forem necessários.
Não foi a prioridade da autarquia quando havia dinheiro dos QCA. Desperdiçou-o noutras obras, as quais todos conhecemos.
Hoje, resta a parceria com privados.Que rentabiliza o espaço, disponibilizando serviços com qualidade na área do lazer e natureza, um filão na área do Turismo que já está a dar frutos noutras regiões.
È a minha modesta opinião!
Alice Marques

Anónimo disse...

Olá Alice Marques!

Permite-me que te esclareça que em matéria de concessão do parque de campismo de Tomar muito haveria que dizer, precisamente porque se trata de Tomar, cidade que com pezinhos de lã já destronou o Entroncamento em matéria de fenómenos.

Dada a tradição esclavagista da câmara municipal nos concursos que abre para exploração dos mais diversos espaços, duvido que alguém com juízo se metesse na alhada que seria tomar a cargo o parque de campismo.

Primeiro porque no que concerne a infraestruturas está tudo ou quase tudo por fazer. Acho até que as autoridades competentes só ainda não o fecharam porque é a câmara a tutelá-lo de momento!
Em segundo lugar não fazes ideia do imenso rol das obrigações exigidas no que toca a segurança, higiene, pessoal, etc, etc.
Depois há a considerar que o espaço é pequeno demais para poder ser rentabilizado por uma empresa particular que teria de pagar impostos, ordenados e demais alcavalas, sem esquecer a renda ao senhorio...e aqui remeto-te para as primeiras sete palavras do segundo parágrafo!

Depois há que contar com o fenómeno de inércia motivado pelo encerramento promovido pelo sr. Paulino, o Paiva da Trofa, de que só se recuperará daqui a algum tempo. Como compreenderás as pessoas que por opção preferem parques de campismo perderam o hábito de passar por Tomar. Agora só o " boca a boca" poderá trazer o retorno que toda a gente deseja, sobretudo os comerciantes.

Enfim, registo com agrado que és mais uma pessoa a favor do parque de campismo...até porque a sua manutenção não é um dado adquirido! Tal como o Mercado Municipal, também aquele cantinho verde tem a espada de Dâmocles assestada sobre a sua cabeça.

Cordiais saudações

UM EX-COLEGA DE TRABALHO.

Se este fosse um "osso" suculento já a Orbitur teria vindo a terreiro! Exploram o parque do Fontelo em Viseu que apesar de maior que esye não se lhe compara em localização!

Anónimo disse...

Ao meu ex-colega de trabalho:
Não disponho da informação toda sobre os investimentos e custos de manutenção do Parque de campismo. Não quero contudo, minimizá-los. Eles serão elevados. Admito que não seja apetecível para a ORBITUR. Mas pode ser a outros.
Entendo que tudo deve ser feito para manter o Parque de Campismo naquele lugar...(apetecivel demais para outro tipo de investimentos....)
Conheço o de Viseu! A localização e a envolvência deste em Tomar, é muito melhor. . Falta investir para melhorar e qualificar o Parque. Mas os milhões do Polis só chegram (?) para destruír o Estádio, o Pavilhão e construír o magnifico parque subterrâneo, cheio...de problemas!
Em resumo: façamos o que for possível para manter aberto o Parque de Campismo!
Igual para o Mercado Municipal. Já aqui o defendi também. Acho que, infelizmente, já não há dinheiro para nada!... Só estão mesmo à espera que a ASAE o mande encerrar, para depois atribuírem as responsabilidades a terceiros...
Cumprimentos,
Alice Marques

Anónimo disse...

Aqueler espaço onde está o parque de campismo é tão bom, tão, mas tão bom, que até já se pensou num cvondomínio fechado a construir adivinhem por quem?

Triiiiiiiimmmmmm...!!!!! Acertou!!! PAIVA & PAIVA - CONSTRUÇÕES, LDA. (pelo menos foi o que andou por aí de boca em boca em surdina). Até se disse que só não avançou por causa da Piscina Municipal que o ex-presidente da câmara não teve coragem de encerrar porque foi construída em boa parte com os donativos dos tomarenses residentes e não residentes!!!

Anónimo disse...

No Curso de Medicina, o professor dirige-se ao aluno e pergunta:
- Quantos rins nós temos?
- Quatro! Responde o aluno.
- Quatro? - Replica o professor, arrogante, daqueles que têm prazer em gozar sobre os erros dos alunos.
- Traga um molho de feno, pois temos um asno na sala - ordena o professor ao seu auxiliar.
- E para mim um cafezinho! - Replicou o aluno ao auxiliar do mestre.

O professor ficou irado e expulsou o aluno da sala. O aluno era, o
humorista Aparício Torelly Aporelly (1895-1971), mais conhecido como o 'Barão de
Itararé'.
Ao sair da sala, o aluno ainda teve a audácia de corrigir o furioso mestre:
- O senhor perguntou-me quantos rins 'nós temos'. 'Nós' temos quatro: dois meus e dois seus. Tenha um bom apetite e delicie-se com o feno.
A vida exige muito mais compreensão do que conhecimento!
Ás vezes as pessoas, por terem mais um pouco de conhecimento ou
acreditarem que o tem, ou por estarem num posto hierarquico superior, acham-se no
direito de subestimar os outros...
Haja feno para essa gente.