A crise começa a notar-se e a fazer mossa em Tomar. Ao contrário do que ocorria até aqui, deixou de haver comentários pícaros, piadas e soluções milagrosas. Impera um pesado silêncio, quiçá a indicar que pelo menos os cidadãos mais conscientes, e/ou mais informados, começaram a pôr as barbas de molho.
Se nos é permitida uma opinião, diremos que fizeram e fazem bem, sobretudo porque ainda estamos só no começo das tormentas. Segundo o EXPRESSO de hoje, (Suplemento economia, página 09), a Escola Superior de Negócios IMD, com sede na Suiça, acaba de divulgar " um ranking de stresse da dívida pública no mundo, que coloca Portugal em 3º lugar, como sendo o país, logo após o Japão e a Itália, a demorar mais tempo para conseguir domar a sua dívida pública, baixando-a para um nível "tolerável" de 60% do PIB, no prazo previsível de 27 anos, no mínimo."
Numa semana em que o presidente da câmara nabantina não pareceu nada incomodado com a anunciada redução de 300/400 mil euros nas transferências do governo para a autarquia, nem com o rombo provocado pela não aprovação atempada do regulamento de taxas, pareceu-nos útil, e até mesmo indispensável, reproduzir o que escreve Nicolau Santos no EXPRESSO (Suplemento economia, página 05). Naturalmente com a devida vénia e os nossos agradecimentos. (O negrito é da nossa iniciativa)
COM IMPOSTOS E SEM IDEIAS
"Os banqueiros ficaram muito incomodados, como ficam sempre que alguém diz, sem papas na língua, o que eles afirmam com língua enrolada e palavras cinzentas. Fazendo jus à sua frontalidade, Fernando Ulrich, presidente do BPI, afirmou... ...que neste momento o país não se consegue financiar. A aflição por que a República passou há dias, com os bancos portugueses a receberem um convite irrecusável para tomarem cerca de mil milhões de euros de dívida pública portuguesa, é a prova disso mesmo. Não estamos apenas perante um problema de preço, mas também de acesso a fundos. Por isso, não se vê como é que Portugal conseguirá mais 45 mil milhões de euros, de que necessita até 2013, se mantiver alguns dos projectos do Estado, autarquias e empresas públicas, que continuam em cima da mesa. Mas Fernando Ulrich não disse apenas palavras fortes. Actuou de forma consequente em seguida. E assim o BPI abandonou o consórcio que integrava, destinado a financiar o troço de alta velocidade e o Poceirão e Caia -porque, como acrescentou, o principal dever dos bancos não é conceder crédito mas garantir os depósitos dos clientes.
Os últimos dias mostram que Ulrich tem toda a razão. Em primeiro lugar, o governo já vai no PEC 2, porque nem o PEC 1 nem o Orçamento do Estado chegaram para acalmar os mercados. Em segundo, as novas medidas de austeridade provaram a verdadeira desorientação que grassa no Executivo, com ministros e secretários de Estado a contradizerem-se uns aos outros e o primeiro-ministro a ser apanhado também na confusão. E em terceiro, sublinhe-se que apenas uma certeza existe -a de que este aumento de impostos vai durar até 2013.
Por isso, este pacote de austeridade é lamentável por duas razões. A primeira está dita e redita: o esforço de consolidação por via do aumento das receitas é estrutural; por via do corte nas despesaas é conjuntural, transitório e incerto. E a segunda razão é que não há uma ponta de imaginação, não há nenhum golpe de asa nestas medidas. Como diria um conhecido comentador desportivo, para resolver a aflição, o Governo chutou com o pé que tinha mais à mão.
Podia ter feito outra coisa? Podia. Podia, por exemplo, ter lido a muito estimulante proposta de Ricardo Reis, professor de economia na Universidade Colúmbia, em Nova Iorque. E essa proposta passa por descer a Taxa Social Única de 23,75% para 17% e subir o IVA do regime geral de 20% para 25%, com aumentos semelhantes nos regimes especiais do IVA, no IMT e num imposto sobre rendas. Is corresponde, segundo Ricardo Reis, a uma desvalorização da moeda por via fiscal, relançando a competitividade das empresas, sem colocar todo o fardo do ajustamento sobre os trabalhadores.
Ricardo Reis fala ainda numa opção mais radical: acabar completamente com os 23,75% da Taxa Social Única e com o IMT e fazer com que o IVA incida sobre todos os bens, sem excepções, incluindo a habitação, à mesma taxa de 20%. A medida traria uma enorme transparência e simplicidade ao sistema fiscal, algo de que estamos profundamente carenciados e que é aliás o caldo de pedra ideal para determinados grupos capturarem em seu proveito parte substancial dos benefícios do Orçamento de Estado. Não há ninguém que queira agarrar nesta proposta?"
Se depois de ler isto, algum autarca, ou algum eleitor concelhio, ainda continua a pensar que é melhor ir aguardando com calma, porque vêm aí melhores tempos, ou que a desorientação reina unicamente no seio do Governo, deve correr com urgência para o oftalmologista mais próximo, queixando-se de cegueira e de daltonismo.
10 comentários:
A Segurança Social ainda não pagou os ordenados de Maio, que devia ter feito no dia 21.
No mês passado a Seg. Soc. pagou o subsídio de desemprego com semanas de atrazo.
Vêm aí tempos tórridos.
No que respeita ao subsídio de desemprego é falsa a notícia aqui veiculada pelo anónimo anterior. Houve de facto um atraso que, no Distrito de Santarém, se cifrou numa média de 8 dias de atraso!
Não é a primeira vez que o subsídio de desemprego é pago com semanas de atrazo.A comunicação social nacional sempre deu grande destaque às várias situações, que tem sido, quando acontece, reconhecida pelos Governo em execício.
No relativo ao mês passado falou-se em mais de duas semanas. Diz que no distrito de Santarém se cifrou numa média de oito - uma média - logo, há mais de oito dias na contabilização do tempo. E, o distrito de Santarém não é o País todo. Estamos a falar da Segurança Social a nível nacional. Logo, em relação ao Distrito e ao País a notícia não é falsa.
A situação é demasado grave, e vai piorar, pelo que andar com argumentos pueris é perda de tempo, manipulação da realidade, que não leva a nada.
O subsídio de desemprego no distrito de Santarém foi pago com um atraso médio de 8 dias ? Não é grave ? Nem que fosse apenas com um dia já era grave.
Desempregados e a receberem tarde e a más horas ?
O segundo anónimo de certeza que não está desempregado, e não deve saber o que isso é, deve viver da Política.
Os desempregados (que amanhã seremos quase todos), os doentes, os reformados, os idosos e os jovens são as vítimas preferenciais deste Regime, não só deste Governo, mas de todo o Regime, indiferentemente de quem esteja no Poder.
O Poder do Regime faz os mais fracos pagar a crise, por que é uma Regime fraco, condenado pela História.
A proposta de Ricardo Reis irá ser seguida em breve.
Ou não fosse ele um dos economistas de reserva do PS de José Sócrates.
A Segurança Social não paga ordenandos. Paga abonos e subsídios.
Infelizmente há muito boa gente que mistura tudo - pois parece ser conveniente - e chama ordenados a subsídios de reforma e de desemprego, e chama reforma a pensões sociais, etc?
Santa Ignorância.
Então a Segurança Social não paga ordenados aos seus funcionários?
Basta ler os jornais para se ficar a saber que os ordenados de quem lá trabalha não foram pagos no dia 21, como aconteceu com o resto da FP.
Isto acontece quando o tempo de trabalho na Segurança Social parece que vai passar para 45 horas semanais.
Já há algumas semanas atrás que escutei a funcionários da Segurança Social que deviam começar a trabalhar aos Sábados e Domingos.
O assunto é mais complicado.
Permitam-me mais uma achegazita: A CGA avisou por escrito todos os aposentados de que, contrariando a informação enviada anteriormente, o 14º mês será pago em Julho e não em Junho. Sempre são mais trinta dias de alguma folga para o Teixeira dos Santos...e outros. É a crise!
Os aposentados tem 14º mês?
Porquê?
É para irem de férias? não lhes chega todo o ano para viajarem para o Nepal, Vietname, França, etc?
LM
Cara/o LM
Agradecemos a provocaçãozita barata, de uma boçalidade que mete dó e transpirando inveja por todos os poros.
Vamos aos factos. Se os aposentados descontaram sempre sobre 14 meses, desde que tal regalia existe, porque razão deixariam agora de rebeber esse mês extra? Para lhe agradar a si e a outros invejosos doentios?
Pela minha parte estou disposto a prescindir não só dos meses extra, mas igualmente de metade daquilo que recebo mensalmente da CGA, desde que você tome igual decisão. Aceita o desafio?
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