segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

JÁ FICÁMOS NOVAMENTE PARA TRÁS

1 - Desenganem-se os coligados e outros eleitos locais; deixou de haver relação directa entre a virulenta crise internacional, a crise portuguesa e a crise tomarense.  A crise internacional já foi ultrapassada por todo o lado, salvo nos PIGS (Portugal, Irlanda Grécia e Espanha), que se atrasaram novamente, devido a mazelas estruturais. Estão a ficar mais uma vez para trás. A nivel nacional, a resolução da crise, que agora é específica e não induzida, continua a depender, não da eventual vinda do FMI, mas da coragem para adoptar as medidas estruturais que se impõem. Nomeadamente uma redução drástica, impopular e duradoira da despesa pública, que terá infelizmente de vir a passar pela dispensa de muitos funcionários públicos, a enviar para casa com o respectivo vencimento garantido. Mas sem subsídio de alimentação ou de transporte, sem horas extraordinárias, sem chamadas telefónicas, sem aquecimento, sem telemóvel, sem computador, sem internet, sem tinteiros sem papel, sem gabinete e sem secretária. Como está a acontecer na Irlanda.
2 - A nível local ocorre sensivelmente o mesmo. Deixou de ser evidente que haja uma ligação entre a crise local e a nacional. A prova é que em cidades próximas daqui se vive bastante melhor, com mais qualidade de vida, designadamente em termos de limpeza urbana, manutenção de pavimentos, qualidade de atendimento, taxas e preços dos serviços públicos obrigatórios ou investimentos públicos e privados. Significa isto que Tomar já perdeu há muito o contacto com o pelotão da frente, rolando agora bastante atrasada e em ritmo cada vez mais pachorrento.
3 - Sendo consensual que nenhuma das três forças políticas representadas no executivo apresentou até agora qualquer plano de operações, susceptível de tornar possível, a curto, médio ou longo prazo a saída do angustiante marasmo, cada vez mais assustador, esperava-se que o novo ano trouxesse novidades. Algo do género "Reunimos, debatemos, temos propostas para apresentar aos eleitores. Uma série de medidas articuladas que nos vão permitir, graças ao esforço de todos, mudar de rumo e sair do buraco até ao final deste mandato." Qual quê! Houve novidades, mas não as esperadas.
4 - Em vez de propostas de medidas articuladas, tendentes a recolocar a cidade e o concelho na senda do progresso, a relativa maioria, após debate com o PS e graças ao voto favorável dos IpT, pariu uma reestruturação do quadro de pessoal do município. Passará a haver três directores de departamento e 15 chefes de divisão. O PS ainda apresentou uma proposta com apenas 10 chefes de divisão, a qual se acolhida permitiria poupar o suficiente para promover alguns funcionários subalternos que aguardam há anos, mas foi derrotado. Temos assim uma nova versão tomarense para o velho dito "em tempo de guerra, não se limpam armas". Doravante deverá dizer-se "Em tempo de crise, promovem-se chefes." E quanto mais grave for a crise, mais chefes se devem promover.
5 - O caricato da questão é que "divisão" é um termo militar, correspondente a um conjunto de vários regimentos sob o comando de um general. Assim sendo, vamos ter 15 divisões, cada uma chefiada neste caso por alguém com regalias equivalentes às de coronel, mas que comandará em média apenas cerca de 30 funcionários, uma vez que o efectivo total do município é inferior a 500. Curiosa situação, pois no exército um grupo de 30 militares é um pelotão, geralmente comandado por um alferes. De forma que a diferença de vencimento deve resultar do facto de ser mais perigoso servir na autarquia do que nas forças armadas. E depois admiram-se que além de nos alcunharem de porcos, os europeus do norte se riam de nós? Com decisões destas em plena crise e com uma dívida global de 6,4 milhões de contos, muito tolerantes são eles!

9 comentários:

ANTÓNIO FREITAS disse...

Esta é a minha próxima notícia a ser publicada no Cidade de Tomar

Alguns funcionários da Câmara não sobem na carreira desde 2009

“Pouco mais ganhamos que o ordenado mínimo!”

Numa altura em que na Câmara se aprova o modelo de reestruturação do Município, proposto pelo PSD, a nossa reportagem é abordada por três funcionários da Câmara, do sector das obras que manifestam a sua indignação por nos fim do mês levarem para casa 621,00 euros e terem 20 anos de mais de serviço, categorias profissionais como motoristas, operadores de máquinas e verem as suas progressões na carreira paradas, há anos por inépcia e falta de vontade dos autarcas que nos governam.
Acedo a ouvir as vozes da indignação e ao pedido expresso destes três funcionários, que pedem para não dar a cara, como neste país a ditadura tivesse voltado, pois ao darem a cara, “abre a caça às bruxas” e o regime pidesco passa a vigorar. São os três funcionários que ouço separadamente sindicalizados, no sindicato STAL, entraram como cantoneiros e adquiriram novas categorias. Por eles passa o excelente trabalho pelo concelho ao serviço das Juntas de Freguesia, ao serviço da Câmara, metendo alcatrão, arranjando bermas, limpando o que é preciso, ao sol, à chuva, por um ordenado que nada se compara ao de um chefe de divisão, agora aprovado, e há dizem “ há demasiado chefes nesta Câmara, alguns quase de si próprios”, Estes novos cargos de chefes de divisão aprovados passaram a receber com esta nova proposta (2613,84€+194,79€ de despesas de representação) e estes funcionários recebem umas miseras ajudas de custo, quando se deslocam mais de 5 Km da sede, ao serviço das Juntas. Uma ou outra hora que as Junta de freguesia paguem e um ordenado de 621,00/mês. Poderá o leitor questionar “ mas isso são as tabelas desses funcionários, desta ou qualquer autarquia”. Certo mas o problema é que não tem visto a progressão na carreira, os mesmos tem as carreiras congeladas desde 2009, e referem “ os nossos colegas dos Serviços Municipais de Água e Saneamento (SMAS) subiram na carreira, os da vizinha autarquia de Ferreira do Zêzere idem, o governo, deu essa possibilidade com acerto dos complementos retroactivamente a 2002. A Câmara não mete ninguém, somos poucos e há cantoneiros que ganham mais que nós que conduzimos viaturas. Não nos tratam dos papéis de avaliação, há dois anos que não somos avaliados, temos um colega que quer que o tratemos por doutor, que dizem que tinha que fazer esse serviço e se calhar não o faz e daí não subirmos”
O descontentamento e desmotivação é geral, referem, e não deixam de referir a afronte em não ter havido o jantar de Natal dos funcionários, atendendo à Tragédia do Tornado, mas os colegas do SMAS tiverem jantar e a oferta de um bacalhau e uma garrafa de azeite. “Então não somos todos funcionários da Câmara? A que se deve esta dualidade de critérios”? Interrogam-se.
Casa onde não há pão, todos ralham e não há razão, diz o ditado popular, mas enquanto estes “pobres coitados” sem voz “miam” Será que a Câmara quer extinguir alguns serviços directos sub- contratá-los a empresas e ter gabinetes repletos de malta a olhar para um computador, que são precisos, mas se calhar já é em demasia, quando falta pessoal para o Departamento de Obras Municipais, para limpeza de bermas, para enviar para as Juntas com máquinas e viaturas. Tentámos obter uma informação telefónica da Câmara ao exposto, mas é mais fácil ligar e falar como Gabinete do Primeiro Ministro.

António Freitas

Anónimo disse...

"com uma dívida global de 6,4 milhões de contos..."

- Só 6,4 milhões de contos?!
- Só 32 milhões de euros?!

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Para Rui Henriques:

Concordo com quase tudo o que escreve. Acontece porém que para mudar, para começar a sair do charco, terá de mudar primeiro a actuação de todos, ou pelo menos da maioria.
Se, pelo contrário: 1 - O PSD continuar a alinhavar a ponto grosso, sem qualquer figurino para se guiar; 2 - PS e IpT continuarem a não se entender, muito contentes com as migalhas que vão conseguindo grangear; 3 - Os tomarenses continuarem a dormir, à espera que alguém lhes venha resolver os problemas, como aconteceu com o antigo regime e os militares no 25 de Abril; resta-nos o quê? Regarmos a cidade com gasolina, para purificar, e imolarmo-nos pelo fogo?

Anónimo disse...

Para Rui Henriques:

O seu comentário foi removido por conter apreciações injuriosas e não fundamentadas sobre o vereador Luís Ferreira que, como qualquer outro cidadão, tem direito ao bom nome e à presunção de inocência, até que se prove o contrário, de preferência no local próprio.
Caso disponha de factos insofismáveis e/ou documentos autênticos, teremos todo o gosto em publicá-los desde que antes nos envie a sua identificação oficial para o email a.frrebelo@gmail.com

Anónimo disse...

Sabe uma coisa?

Pode ter a certeza que quem os lá pôs e os mantém é que os há-de tirar de lá.

Numa DEMOCRACIA ou as pessoas aprendem a usar a sua arma - O VOTO - ou sujeitam-se.

Apesar de tudo o que referi no comentário anterior,já lá vão 10 anos de PSD/PAIVA + 2 DE PSD/CORVELO + 1 DE PSD/PS.

O DESASTRE está à vista,há muito.

Nada desagravado pelo concubinato PSD/PS.

Do PSD nada há a esperar.

Do PS,com a gentalha que tem à frente,idem,aspas,aspas.

Dos IpT com Pedro Marques à frente,mais do mesmo.

De Rebelo nunca rezará a história.

SÓ HAVERIA uma alternativa,e não digo HÁ porque as ESQUERDAS continuam estúpidas :

Uma grande coligação PS/IpT/CDU/BE,uma coligação de cidadania à esquerda,em que nunca pudessem ser protagonistas Luís Ferreira,Pedro Marques,Hugo Cristóvão,António Rebelo,Carlos Trincão e quejandos.

Em termos de pessoas teria de assentar em gente com larga experiência profissional na sociedade civil,bom perfil técnico,boa visão política,boa visão estratégica,visão prática da vida,capacidade firme de decisão.

Enquanto não se conseguir gerar algo deste género,é como dizem os chineses:

Vamos de MAO a PIAO!

Anónimo disse...

António Rebelo DIXIT:



"Para Rui Henriques:

Concordo com quase tudo o que escreve. Acontece porém que para mudar, para começar a sair do charco, terá de mudar primeiro a actuação de todos, ou pelo menos da maioria."

Mas afinal concordava e removeu?

Publicou sem ler?

Ou foi "intimado"?

Já reflectiu bem no que fez?


Rui Henriques

Anónimo disse...

Para anónimo em 16:24

Já agora diga o resto, criatura! Idealmente todos membros ou pelo menos usuais colaboradores encapotados do PCP, não é verdade?
Em Portugal a tradição ainda é o que era...

Anónimo disse...

Para anónimo das 18:33,

Não seja ou não se faça de tolo.

Eu aponto um perfil,não indico nomes nem cores ou tonalidades.

O mais importante é definir um modelo de ruptura com o modelo de gestão que tem vigorado na Câmara desde Amândio Murta.

Depois,dando um pontapé nos fundilhos das clientelas,escolher os melhores segundo o perfil que considero adequado.

Mas esta é a minha opinião individual e só vale enquanto tal.

Nem sequer estou interessado e/ou disponível para,eventualmente,ser parte neste hipotético processo.

O que me entristece é ver a eternização da direita caduca, de segundas ou terceiras figuras,na minha terra.

E pior. Perante a passividade,inoperância e capelismo de uma esquerda empedernida e estúpida.

A globalização liberal e ultra-liberal,em todas as áreas da vida e da sociedade,tem de ter uma resposta,uma oposição também global,o mais abrangente possível.

Os anónimos "Mercados e Mercadores" têm de ser enfrentados,contrariados,derrotados,pela grande massa de vítimas da sua acção destruidora.

Os "Mercados" mudaram o mundo.

O Mundo tem de mudar os "Mercados".

Percebe as minhas preocupações?

Ou continua a pensar que sou procurador do PCP ou de alguém?