Nota prévia: Philippe Askenazy é um dos grandes economistas e matemáticos franceses, director de estudos no CNRS e catedrático na Escola de Economia de Paris. Publica esta semana, nas Éditions du Seuil, "As décadas de cegueira. Emprego e crescimento económico 1970-2010". Publicou antes, em parceria com Daniel Cohen, "16 novos problemas de economia contemporânea", nas Éditions Albin Michel. Nos excertos cuja tradução a seguir apresentamos, vê-se claramente que afinal não é só em Tomar, ou mesmo em Portugal, que se cometem erros crassos em economia, ou que os economistas e os políticos buscam desesperadamente novos projectos, capazes de trazerem de volta o crescimento económico. Na recente conversa, Miguel Relvas, que nunca foi nem é certamente um esquerdista, afirmou de modo claro que em Tomar não há projecto, as forças políticas não têm estratégia mas opiniões e "Tomar precisa de um abanão", ou "Para ser presidente da câmara é preciso ter um sonho."
"Autra causa do falhanço das políticas públicas: a adopção sumária de "modelos" dos nossos vizinhos, sem a menor adaptação ou interpretação... Primeiro exemplo: o tatcherismo, implementado em 1988, quando Chirac era primeiro-ministro em França. Tudo começou em 1984/85. A esquerda falhou, equivocou-se em relação à envolvente internacional. A direita e o patronato ficaram fascinados por Margareth Tatcher, que conseguiu em poucos anos transformar profundamente o mundo laboral, esfrangalhar os sindicatos e, pensam os conservadores e os patrões, tornar os sindicalistas accionistas. Chirac deduziu logo que se devia imitar, implementando-se uma liberalização financeira, apoiada numa privatização geral, com bonificações, visando o aparecimento de uma aristocracia patronal. O que lhe escapou foi a passagem durante o tatcherismo de um capitalismo "manufactureiro" para um capitalismo financeiro. Ainda hoje andamos em França a pagar as consequências ... ... ...Outro exemplo de "cegueira política", a "flexi-segurança". Trata-se de uma moda recorrente que permite dar trabalho aos consultores externos, encomendando-lhes relatórios que dizem tudo e o seu contrário. Todavia, o dito sistema, que pressupõe sindicatos muito fortes, só provou a sua eficácia -mesmo assim relativa- na Finlândia. Um país que tem praticamente o mesmo PIB que o da nossa Região Rhône-Alpes! Deixam-se portanto de ficar deslumbrados face ao modelo finlandês e tratem de comparar coisas comparáveis, países de tamalho semelhante, como por exemplo a Inglaterra. Aí, a análise reserva-nos algumas surpresas: a elevada taxa de emprego britânica, por exemplo, não tem ligação com o facto de haver mais empregos a tempo completo para os jovens. Há simplesmente mais jovens escolarizados com empregos de fim de semana (grande distribuição - hipermercados) ou nocturnos (alimentação e bebidas). Este modelo diferente de sociedade não faz da Inglaterra um país melhor do que a França. ... ... ... Não sou de modo algum um "fétichiste" do défice público, mas as escolhas actuais que consistem em cortar drasticamente as despesas de futuro inquietam-me bastante. Temos de mudar de paradigma, encontrar um novo horizonte para a França. A Inglaterra optou pelo desenvolvimento da "City" (actividades financeiras), os Estados Unidos pela economia do conhecimento, enquanto a Alemanha resolveu manter e modernizar uma indústria de alto nível tecnológico e grande produtividade, com a integração dos jovens pela aprendizagem e com altos salários para os operários qualificados. Em França, o nosso grande projecto industrial, a alavanca decisiva para o progresso poderia ser a área da saúde. Os economistas americanos calcularem poderá vir a representar até 30% do PIB! -Mais estimulante que a "economia verde"? -Nada tenho contra a reconversão ecológica. Mas a economia verde parece-me mais uma reacção a um constrangimento; uma transferência, não um horizonte de progresso ou um aumento do crescimento económico. Isto quando a França é bastante forte na área dos serviços. Temos dois bem grandes: a educação e a saúde. A educação é um mercado mundial. Em França é gratuita. Quando se assiste à decisão de David Cameron (primeiro-ministro inglês) de multiplicar por três as propinas nas universidades britânicas, vemos que nos resta em França uma grande margem de manobra para atrair estudantes estrangeiros. Outro sector: No mercado europeu da saúde, a França dispõe de excelentes equipamentos a todos os níveis. Poderemos vir a ser o hospital da Europa? Actualmente o "turismo médico" já faculta mais divisas estrangeiras do que as nossas exportações de vinhos! A França continua a ser uma nação rica e dinâmica. A crise é uma magnífica ocasião para renascer. Basta aceitar o abandono dos dogmas que têm vindo a poluir a política desde há quarenta anos, para poder construir a sua própria via de crescimento."
As declarações de Philippe Askenazy foram recolhidas pelo jornalista Jean-Gabriel Fredet e publicadas no Nouvel Observateur, cuja capa reproduzimos parcialmente no início.
Como habitualmente, as frases a negrito são as que melhor se aplicam à realidade tomarense. Para que não continuem a afirmar que não revelo nada sobre o "projecto-sonho" que tenho para esta minha terra-mãe. |
5 comentários:
Querem lá ver que o Relvas, anos a fio à frente da Assembleia Municipal, não tem culpas no cartório?
Outra vez os "abanões" e os "sonhos"??!!
Mas o que é que o M. Relvas andou a fazer todos estes anos?
E o A. Rebelo? Ficou encantado desde sabado?!
Alguem anda a querer gozar com alguem...
Conclusão, Relvas não sonha com Tomar. Deve ter pesadelos. Eu também tenho. É que isto por aqui vai de mal a pior...
Já percebeste TÓ?
Aquela "coisa" de sábado passado foi um suícidio ou eutanásia política?
Eh pá...deste cá um trambolhão!
Mesmo usando verniz grosso e duro,estás todo craclé,ficaste feito num caco!
Agora até os rafeiros mais "proletas" te mijam prás botas e prás polainas.
Triste sina a tua...
Sessenta e tal anos,ou mesmo já 70,num azar pegado.
CHIÇA!!
Para anónimo em 14:39, aliás Frederico Passos, aliás o labrego sádico do costume:
Mesmo que fosse como você diz, tem alguma coisa contra?
Em que chafarica é que você andou a especializar-se em técnicas inquisitoriais?
Quem é que lhe passou alvará para se armar em director de consciência?
Chiça digo eu, que você nem sequer se consegue enxergar no seu tristérrimo papel!
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