quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O PROBLEMA DOS FUNDOS EUROPEUS




Ganância, deslumbramento, ilusão, chame-se-lhe o que parecer mais conveniente; a triste realidade é que os recursos excepcionais facultados por Bruxelas continuam a dar a volta à cabeça de muitos autarcas. Estas ilustrações documentam dois aspectos da situação tomarense. Por um lado, fazem-se obras de grande envergadura, cuja utilidade real está por demonstrar. Está agora a acontecer na Estrada de Coimbra, mas já antes ocorreu com o Mouchão, o Estádio, a Várzea Pequena, a Mata e a zona do Flecheiro. Gastaram-se milhões de euros e na maior parte dos casos os tomarenses ficaram pior servidos do que antes.
Por outro lado, não faltam obras prioritárias e pequenas reparações, que a autarquia continua a protelar, tudo indica que por não serem suficientemente caras e/ou por não serem candidatáveis aos dinheiros da UE. Os ciganos continuam no mesmo local há mais de 30 anos; a estrada que atravessa Carvalhos de Figueiredo continua perigosa e inundada sempre que chove um pouco mais; a Calçada de S. Tiago continua uma vergonha há mais de 300 anos; a Estrada da Serra continua por acabar; os sem-abrigo continuam sem poiso decente; continua a não haver estacionamento para autocarros na Várzea Pequena e a sinalização turística, prometida já por diversas vezes, continua a aguardar melhores dias. Para já não voltar a falar na Rotunda, que se antes da empreitada ficava inundada, agora inundada fica. Basta chover um pouco mais. E custaram as obras a bagatela de  103 mil contos... Faz lembrar aquele diálogo entre o conde Tomar e a rainha Dª Maria II: -Mas então vossa senhoria vendeu-se, conde? -Saiba vossa majestade que toda a gente se vende. -Toda, senhor conde?! -Toda!! Até vossa majestade!! -Ena tanto dinheiro!!!
Entretanto, volvendo à nossa triste actualidade,  numa estranha novidade absoluta em Tomar, uma das passagens pedonais da Ponte do Flecheiro, com menos de 4 anos de uso, foi reparada como o foto documenta. A autarquia já nem capacidade tem para mandar os calceteiros municipais fazer as reparações que se impõem? Assim à primeira vista, não nos ocorre melhor explicação para tão estranho procedimento.
Quanto à falta de estacionamento para autocarros de turismo na Várzea Pequena, situação que os comerciantes da zona lamentam amargamente há longos anos, Corvêlo de Sousa admitiu o impensável, durante o recente programa "À mesa do café". Após ter anunciado que ia ser instalado tal tipo de equipamento no terreno antes ocupado pela ex-Messe de Oficiais, foi-lhe perguntado porque não na Várzea Pequena. Admitiu então que o assunto está a ser ponderado, sendo no entanto prematuro fazer mais uma intervenção numa zona onde já houve duas outras recentemente. Por outras palavras, os recursos europeus foram malbaratados, servindo para destruir equipamentos existentes, pelo que agora há que aguentar os cavalos para não darmos demasiado nas vistas. É realmente de artista. Fizeram ou deixaram fazer as asneiras, que agora até servem de argumentação para impedir que se reparem os erros. O cúmulo do cinismo político!

5 comentários:

Anónimo disse...

Ei lá!

El Comandante está enfadado con el Alcaide!

Qui se passa?

Ainda no sábado estavam tão amigos,tão educadinhos,tão "boas famílias"...

Anónimo disse...

"
Gastaram-se milhões de euros e na maior parte dos casos os tomarenses ficaram pior servidos do que antes.
"

Infelizmente, os políticos continuam a fazer obra pela política e não pelas necessidades das populações.
Continua-se a desbaratar dinheiro público motivado por:
a)dar dinheiro a ganhar a alguns amigos, beneficiando projectistas, empreiteiros e prestadores de serviços em adjudicações de duvidosa legitimidade (quer em termos morais quer mesmo, e mais grave, por vezes mesmo em termos legais;
b) seduzir populações que ingenuamente embarcam do discurso populista do "muito trabalho efectuado" porque "muita obra feita".
Enquanto assim continuarmos, nada feito.
O Lacrau do Nabão

Anónimo disse...

Notem bem, sr. Rebelo. Quando a obra da rua de Coimbra ficar pronta, e depois de reabertas algumas valas, como é da praxe, com quantos remendos pula-pula vai ficar...só em Tomar se passam coisas como aquela a que se assiste à entrada da Ponte Nova, numa obra que custou centenas de milhares, e a que a Câmara fecha os olhos!

Cantoneiro da Borda da Estrada disse...

O problema não são os fundos europeus (digo eu...), mas não existir em Tomar um estrato social, uma pequena elite que tenha um projeto de desenvolvimento económico para o concelho, inserido na regiã; consequentemente, a vida política local anda à rédea solta, sem grande constestação e incómodo, porque quase todos centram o olhar e aspirações no edifício da praça da República, ou para se manterem conservados ou para passarem a sê-lo.

Seria utopia esperar, na actual situação, depois da destruição, durante os últimos 40 anos, das forças produtivas avançadas de que Tomar dispunha (até a nível nacional), sem esforços de reconversão ou inovação, tanto pelas forças políticas, como pela soc.civil, que algum partido ou executivo (ou mesmo um "Conquistador") conseguisse facilmente reverter a situação, com um projeto coerente mobilizador para a cidade e o concelho. A vida política local, parece-me, é detida por um conjunto de servidores do Estado e funcionários contratados. São muitos e é difícil, nesta situação concreta, enxotá-los (da política).

Uma comunidade concelhia vive, em primeiro lugar, da sua organização económica e ligações ao exterior, e a de Tomar (parece-me) assenta fundamentalmente numa grande empresa (o Estado patrão) e num setor de actividade em ruína (o pequeno comércio), com uma imprensa local em conformidade - o Tomar a Dianteira vai fazendo o que pode, mas o seu público são fundamentalmente os agentes políticos (parece-me...).

Visito diariamente o Tomar a Dianteira e não dou conta de projetos, ideias nascidas da realidade do concelho e da região que possam mobilizar a comunidade. Se alguém porventura as tem, esconde-as. E a discussão, o debate, seriam mais ricos em torno de propostas bem elaboradas. Parece-me por isso que ninguém as tem.

Olhar e acreditar no futuro, como faz o meu Zézito...

Também não as tenho, obviamente. Mas lembro-me que Tomar sempre foi rica, por exemplo, em produtos hortículas (couves, grêlos, nabos, ervilhas, etc., etc..) Se eu fosse mais novo criava uma pequena empresa de exportação desses produtos da terra, estabelecia contratos com os pequenos agricultores, pedia subsídios ao Estado para a sua formação, nomeadamente em técnicas de embalagem, e nos períodos de inverno na Europa Central, era sempre a aviar..., sempre a exportar, produtos fresquinhos, tenrinhos, viçosos, apanhados até ao meio dia, a sairem de Tomar às 4 da tarde para o Aeroporto de Lisboa, para chegarem

a Frankfurt, Paris, Copenhaga, zurique, Bruxelas, etc. antes da meia noite e estarem de manhão à venda nos respetivos mercados.

Eu bem procuro, nos grandes centros comerciais da Capital e arredores, por um queijinho, um chouriço, uma salsicha, uma morcela de arroz, uma farinheira, uma negrita, uns tremoços, uma alface, uma fruta produzidos na minha terra... mas nada.

Liguemo-nos à terra...

Ainda tive esperança, quando o ex-vereador da cultura prometeu um especialista para a dinamização económica do concelho...., mas afinal a sua vocação era outra, a de crítico de literatura complicada. Pena.

Anónimo disse...

Não se tá a desbaratar nada, vocês falam do que não sabem, incultos.

Está a ser construída na Rua de Coimbra uma nova via para a circulação automóvel. Só quem não passa lá de manhã é que pode criticar o que está a ser feito!

Trabalhem mas é, vagabundos.