quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A SÍNDROME DO OURIÇO


1 - Tive em tempos ali no quintal, durante uns meses, um ouriço cacheiro. Recolhera-o próximo de Constância, junto ao Tejo, nitidamente subnutrido e pejado de carraças. Desparasitei-o à mão, arranjei-lhe cama confortável, facultei-lhe comida e água. Tratei-o bem, em suma. Apesar disso, durante todo esse tempo, apenas lhe consegui ver o focinho de longe. Mal me via aproximar, enconchava-se, tranformava-se numa bola de picos. Exactamente o que -em sentido figurado, bem entendido- fazem os tomarenses. Mal vislumbram debate sério, oposição, ideias, alegria de viver, zás!  Vá de brandir toda a sua agressividade. Lamenta-se, mas é assim. É a síndrome do ouriço.

2 - Iniciando pelo fim (quanto mais não seja para contrariar o senhor de La Palisse), se o mal deste blogue é mesmo o que aponta o último comentador, ou se esse comentário é já um sintoma da supracitada síndrome, cabe aos leitores decidir. Em qualquer caso, Tomar a dianteira também tem vantagens indesmentíveis: permite opinar sem risco, faculta informações e aspectos que de outro modo ficariam ignorados e, sobretudo, faculta aos seus administradores agrupar comentários, de forma a constituir curiosas e significativas sequências. Foi o que fizemos desta vez, tendo resultado a ilustração acima, que fará o favor de ampliar (clicando sobre ela) para a poder ler.
3 - Protegido pelo confortável anonimato, uma ou um comentador, resolveu dizer de sua justiça. Para ela ou ele, só haveria uma maneira de ultrapassar o cada vez mais  grave marasmo tomarense -uma grande coligação PS/IpT/CDU/BE. Não explica porquê nem como, mas pronto, quem dá o que tem a mais não é obrigado. Fornece, porém, uma curiosa definição de cidadania: "uma coligação de cidadania à esquerda, em que nunca pudessem ser protagonistas Luís Ferreira, Pedro Marques, Hugo Cristóvão, António Rebelo, Carlos Trincão e quejandos". Por outras palavras, escolhe, selecciona, discrimina, aponta, marca, acusa, enxovalha, sem necessidade de recorrer à justiça ou ao eleitorado. Designa bodes expiatórios, para o caso de um dia destes, face ao agravar da crise, haver necessidade de revolta popular, seguida de alguns sacrifícios. Lindo!
4 - Além desse gesto indicando hereges, incréus, relapsos, contumazes, ou simplesmente burgueses e contra-revolucionários, mistura tudo, se calhar sem disso se dar conta. Com franqueza! Que relação poderá haver, por exemplo, entre os citados autarcas em funções e o autor destas linhas, retirado da política activa desde há 29 anos? Será a prova de que um antigo camarada e amigo meu, cujo nome não revelo, pois faz parte do actual governo, tinha razão, quando um dia me disse "se queres continuar na política, podes ir  longe, os comunistas dizem mal de ti; é bom sinal."? Ou trata-se apenas e só de uma provocação, para ver no que dá?
5 - É tão óbvio que entre os citados bodes expiatórios não figura qualquer comunista ou CDU local, que alguém aproveitou a deixa. Muito oportunamente, diga-se, porque assim o comentador inicial foi bem mais explícito: "Eu aponto um perfil, não indico nomes ou tonalidades". Pois não! Que ideia! Em todo o caso lá vai nomeando os que não devem fazer parte. Terminando até a frase com um muito cauteloso e extremamente útil "e quejandos", onde se poderão vir a incluir todos os que a seu tempo se revelarem inconvenientes. É a crise.
6 - "Em termos de pessoas teria de assentar em gente com larga experiência profissional na sociedade civil, bom perfil técnico, boa visão política, boa visão estratégica, visão prática da vida, capacidade firme de decisão." Perante isto, para não alongar, apenas duas perguntas inocentes: A - Onde é que se podem encontrar cidadãos assim tão prendados? Com boa visão política, boa visão estratégica (supõe-se que não política) e visão prática da vida, acha que alguém arriscará vir enfiar-se no pântano nabantino, que está numa cova?
7 - Como é que você pretende contribuir para o aparecimento de uma solução consensual, de larga união de esquerda, se 35 meses antes do próximo acto eleitoral já teve o descaramento de indicar quem não deve fazer parte da sua lista ideal? É o princípio da união dos contrários?

10 comentários:

Anónimo disse...

sempre a defender o ferreirinha das farturas... ah, seu grande maroto !

TACHISTA

Anónimo disse...

ESTE TÓ REBELO É IMPAGÁVEL!

Tal como o Alberto João,faz falta,PARA ANIMAR A MALTA.

Perguntarão:

Pode-se viver sem o Tó Rebelo?

Poder...pode. Mas não era a mesma coisa...

Tudo isto a propósito da SÍNDROME DO CH(OURIÇO)que,pelos vistos,o deixou aziado ou azedo,como queiram.

O problema do TÓ não é que se excluissem à partida alguns "artistas" da telenovela nabantina.

Nem tão pouco que não apareça qualquer nome ligado à CDU ou ao PC devido à fraca notoriedade dos actores em cena.

O PROBLEMA é outro : é ele incluir o lote!

Aí é que a conversa azedou e o homem teve de "mijar o vinagre".

É o costume!

O resto são divagações fantasiosas de um alter-ego exacerbado,revelando até nunca ter entendido a teoria da "unidade e luta dos contrários".

Temos pena!

Mas não vamos dar pérolas...

Au revoir, monsieur Rebelo.

Anónimo disse...

Pois é, ó Tó! Os tomarenses são uns ingratos e uns ignaros! Ao fim de todo este tempo e de todos os teus esforços ainda não entenderam o bem que tu lhes queres, completamente despido de interesses, como é evidente, e acima de tudo são incapazes de elevar a tua pessoa ao patamar que tanto mereces.
Estou em crer que terás a elasticidade necessária e suficiente para os perdoares, e como tal não desprezarás a oportunidade de te propores a um cargo autárquico, apesar de todos os sacrifícios que isso te acarretará, e, se fores o escolhido, demonstrarás à saciadade o quão enganados andamos todos, pobres seres desiluminados e cegos perante tamanha sapiência que de ti irradia.
Rebelo em listas autárquicas nas próximas eleições é um cenário mais que plausível, não é?

No fim de contas se há coisa de que não podem acusar os tomarenses é de falta de sentido de humor...não é???!!!

Anónimo disse...

Estão redondamente enganados! O meu problema é que, conhecendo o princípio de Lavoisier, segundo o qual "as mesmas causas, nas mesmas circunstâncias exteriores, produzem sempre os mesmos efeitos", leio alguns comentários com aquele característico "Temos pena!", pequena obra-prima do sarcasmo sinistro-mórbido, e até tenho suores frios! Basta recordar que o governo comunista cubano vai despedir um milhão e 300 mil funcionários nos próximos cinco anos. Sem qualquer indemnização. E nem sequer têm lá o Carvalho da Silva para os orientar nas providências cautelares por manifesta inconstitucionalidade! Deve ser por causa do chorudo salário médio da função pública = a 14/euros mês. Ao fim de 50 anos de castrismo! Mas eu é que sou impagável...

Tenho pena! E dó!

Anónimo disse...

Ó TÓ!

Mas o que é que eu ou a tua arenga do (CH)OURIÇO têm a ver com Cuba, com os cubanos e com o Carvalho da Silva ????

Tu estás "possuído"...!

E desorientado.

Talvez até em transe.

Cuida-te ! Depressa!

Anónimo disse...

Para anónimo em 23:26
Se os tomarenses em geral, e os presumidos intelectuais citadinos em particular, fossem mentalmente ágeis, isso já se saberia. Mas nunca constou, nem consta. Tal como é sabido que "presunção e água benta, cada qual toma a que quer."
Durante algum tempo, uma pessoa arma-se em bom samaritano e "desce", de forma a que o maior número a possa entender. Depois, cansa-se e começa a considerar que "quem quer bolota trepa". Não percebeu o meu comentário? Tenha paciência! Está em português, que é a língua que em princípio ambos usamos para comunicar.
A concluir: Tó era o seu primo! Que acabou no matadouro. Para onde se deixou levar todo contente, porque ia de camioneta.
Alguma vez lhe dei confiança para me tratar assim? Você julga-se quem? Descendente do conde de Bojardas?!

Anónimo disse...

Não se enerve!

Fica muito vermelho,tipo ébrio; enrruga-se ainda mais; a pançola dilata e fica um mostrengo.

E "ósdespois" as sexagenárias e septuagenárias deixam de lhe lançar aqueles olhares lânguidos...

Faça como o outro : malhe uns cálices de "ginebra" para afastar essa carrada de "quebranto"...

É que a um "gentleman",mesmo que postiço,não fica bem deixar estalar o verniz.

Vá...desabespinhe-se e vá tratar da tola e da carcaça,que já têm muito uso e são de tecnologia arcaica,do tempo do Hitler ou por aí.

Cordialmente,

Visconde de Bojardas

Anónimo disse...

Para Visconde de Bojardas:

Do mal o menos! No mínimo já consegui evitar o desdenhoso, vulgar e reles "Ó TÓ!" Sol de pouca dura? O tempo o dirá!
Mas olhe que está outra vez equivocada/o. De tempos a tempos, um oportuno e enérgico murro na mesa, até me acalma e só me faz é bem.
Sobre postiços é melhor não iniciarmos sequer a troca de ideias, não vá dar-se o caso de surgirem surpresas. Já a sua alusão ao Hitler, não se esqueça que o monstro até se entendeu com o camarada Estaline. A demonstrar mais uma vez que os extremos se tocam. A tal unidade dos contrários...
E depois essa da "tola com muito uso e tecnologia arcaica", é mesmo algo colado com cuspo e com manifesta falta de berço. Adiante...
A concluir, uma história verídica e local, que vem a propósito.
No século passado, o carteiro e republicano ferrenho Luís Botica, adversário do salazarismo, não esteve com mais aquelas -baptizou as suas duas filhas, uma República Botica, outra como Liberdade Botica. Conheci e convivi com esta última, casada várias vezes e de costumes assaz liberais para a época. Quanto já ia nos 60 e muitos, por vezes os parceiros que desafiava faziam notar que já estava demasiado "rodada". A resposta era fulminante: Olha filho! Da cintura para baixo, sou uma rapariga de 18 anos!
Pois imagine, caro Visconde, que comigo ocorre algo semelhante: Da cintura para cima, sinto-me um rapaz de trinta anos! Da cintura para baixo é que nem tanto. Mas também na política, quanto menos melhor. Para evitar precipitações... do tipo decisões mais determinadas pela horizontalidade do que pela verticalidade.

Anónimo disse...

Adenda ao comentário anterior:

Uma das filhas de Luís Botica tinha por nome Democracia, e não República, como por lapso (influenciado pelo facto de o pai ser um republicano convicto)escrevi. Pelo erro peço desculpa aos leitores.

Anónimo disse...

Oiça lá!

Então e a Maria Flôr,irmã da Liberdade e dona da tasca "CALIQUEIRA",viúva do castiço Albertino Fautino?

Seria a Estaline Botica?

Isto...com o TÓ...é uma diversão!!

Que Deus te dê uma vida longa,que nunca percas o teu estilo barrôco,às vezes com um piquinho a azedo.

Fazes cá muita falta.

Tomar sem o TÓ na blogosfera vai ser uma pasmaceira triste e sonolenta...

Viva O TÓ !!!!

VISCONDE de Bojardas,ao seu dispôr.

Obrigadinho...e...desculpe qualquer coisinha...