Foto Rádio Hertz, com os nossos agradecimentos |
A segunda edição da iniciativa conjunta Rádio Hertz/Tomar a dianteira, "À mesa do café", teve como convidado o presidente da edilidade Fernando Rui Corvêlo de Sousa. Impecável como sempre na apresentação e no estilo, diplomata de alta estirpe, o autarca tomarense mostrou-se bem disposto, atarefado, convencido de estar a cumprir uma missão. Manteve o seu discurso de sempre, aqui e ali com uma nuance de actualidade. Foi o caso das frequentes alusões indirectas ao cada vez maior desemprego no concelho, ao referir que a autarquia está a agir no sentido de facilitar a criação de emprego.
Vincando uma vez mais as indesmentíveis vantagens patrimoniais de Tomar, defendeu o turismo como área prioritária do desenvolvimento concelhio, citando Belmiro de Azevedo, que afirmou ser a indústria turística a que menos investimento necessita para cada emprego a criar. No entanto, quando confrontado com o ponto de vista de Miguel Relvas, de que estamos servidos de hardware, faltando agora o software, os conteúdos, as ideias, passou adiante.
No que concerne ao seu mandato, foi claro e inequívoco -irá até ao fim, em 2013, salvo qualquer imprevisto tipo acidente, ou outra perspectiva, como sucedeu com António Paiva em 2008. Desmentiu assim que exista qualquer acordo de desistência a favor de Carlos Carrão, a quem todavia reconheceu de passagem capacidade para o desempenho do lugar, uma vez que ele, Corvêlo de Sousa, delega competências e trabalha em equipa, pelo que o vice-presidente Carrão está ao corrente de todos os dossiers. Questionado sobre a eventualidade de já ter sido convidado a renunciar pelos actuais dirigentes locais do PSD, disse que tal nunca aconteceu até agora.
Sobre a coligação foi hábil, como se espera de um diplomata nato -"é um acordo entre os partidos, que eu aceitei e adaptar-me-ei ao que decidirem". Satisfeito com as obras da Rotunda, explicou a questão do muro e a das silhuetas dos tabuleiros. Quanto àquele, poderá eventualmente vir a ser modificado, -tornado mais baixo, por exemplo-, após estudo adequado, aquando das obras do complexo da Levada. As silhuetas, por sua vez, estão guardadas e a autarquia nada perdeu pois como estavam incluídas na adjudicação inicial, e a deliberação contra a sua colocação foi posterior, se as tivesse recusado é que teria havido prejuízo, pois o montante da adjudicação não poderia ser alterado.
Anunciou que, no local onde existiu a Messe dos Oficiais, a norte da Igreja de S. Francisco, vai ser instalado um parque de estacionamento para autocarros de turismo, estando em estudo a possibilidade de implementar outro no local onde já existiu em tempos -frente ao Jardim da Várzea Pequena.
O Parque à ilharga de S. Francisco vai servir para estacionamento dos autocarros de turistas de visita ao Museu dos Fósforos, ao Museu Polinucleado da Levada e à cidade antiga. Alertado sobre o carácter desarticulado, descosido, dos investimentos previstos (Envolvente ao Convento, Ligação Pedonal, Museu da Levada, Entradas na cidade), o tal software de ligação, que não há e tanta falta faz, limitou-se a citar a Rota dos Mosteiros Património da Humanidade (Alcobaça/Batalha/Tomar), como algo que vai trazer muitos visitantes a Tomar, pois a Batalha recebe anualmente mais de 300 mil visitantes, o dobro do Convento de Cristo. Esqueceu no entanto que caso tais visitantes futuros não desçam à cidade, o benefício para os tomarenses será praticamente igual a zero, dado que as receitas provenientes da entradas no Convento vão direitinhas para Lisboa, para o IGESPAR, sem qualquer percentagem para a autarquia.
Tudo maduramente ponderado, penso que Corvêlo de Sousa, cuja honestidade estrito senso nunca esteve nem está em causa, o que já é muito bom nos tempos que correm, está na posição política definida por Ítalo Calvino, no seu Palomar -"a fazer de morto". Procurando agir o menos possível, de forma a praticamente nada alterar de substancial, como garantia de continuidade. Por outras palavras e numa frase curta e grossa, à brasileira -está a ganhar tempo. A marcar passo. Exactamente a mesma técnica consumada de Sócrates a nível nacional, que contrasta com a habitual prática do PS. Guterres por exemplo, numa situação comparável mas bem menos complexa, preferiu deixar a outros a hipótese de evitar o pântano...onde agora nos encontramos.
Pessoas com quem falei, após a pública conversa com Corvêlo de Sousa, convergiram num aspecto: ele não vive neste mundo; está noutra realidade; "c'm'ó" Sócrates. E aqui reside o nosso problema, enquanto tomarenses. Sócrates procura evitar por todos os meios a vinda do FMI, sem todavia resolver qualquer problema de fundo, pois sabe que a entrada daquele organismo equivale à sua saída das funções que ocupa. Procura por conseguinte chegar ao final do mandato. Em Tomar, como não existe qualquer risco de intervenção do FMI ou quejandos, ao evitar abordar a sério qualquer problema de fundo e limitando-se a ocupar o lugar, Corvêlo de Sousa estará à espera de quê? Realmente o Sócrates nabantino -apesar de não trajar Armani- está-se a tornar ainda mais enigmático do que o original.
Uma nota final, a título de curiosidade significativa. Miguel Relvas fez-se acompanhar de José Delgado, Luís Vicente e Carlos Carrão, a que se juntaram depois Rosário Simões e António Paiva. Corvêlo de Sousa veio sem companhia, tendo comparecido depois Rosário Simões, Luís Boavida e João Simões. Só. Do PSD, ninguém.
Este Inverno está a ser bastante rigoroso...
No próximo sábado a conversa será com Hugo Cristóvão e terá lugar no Café Santa Iria, das 11 ao meio dia.
10 comentários:
Para já é só conversas com amigos,malta do CENTRÃO.
Depois de ouvir o Hugo,o Carrão,o Ferreira,o José Delgado,o Lebre,o Luís Graça e restantes amigalhaços,o que vai acontecer ao programa?
Acaba,ou vai entrevistar os que não são "YES,Sir!" ?
Senhor Rebelo pela sua SAÚDE convide o Pedro dos leitões... para bem de si.
Parole, parole....
" Ele fala e justifica
As obras superficiais,
Não fala de centros comerciais
E d`outros temas usuais,
Que respeitam à edilidade
Mas não lhe trazem comodidade.
Não tem apoios do partido
Democrata mas mal parido,
Que desbarata o município,
à beira do precipício.
Se continuamos como estamos,
Acabaremos num hospício.
Com um último suspiro,
Um desabafo perante tal legado,
Berro alto, grosseiramente,
RUA, Relvas, Carrão e Delgado !"
A fotografia sugere o quê?
Então os PSDs são entrevistados no Pepe e os súcialistas são entrevistados no Santa Iria?
E os outros são entrevistados onde?
Qual o critério para a escolha dos espaços?
Só por curiosidade...
Para anónimo em 18:31
A pergunta deve ser endereçada à direcção da Rádio Hertz, que se encarrega da parte logística.
Se o Prof Rebelo os considerar a conversa com os Independentes será na Casa das Ratas!!!!!
Mas alguém considera os Independentes para alguma coisa?
"Do PSD, ninguém."
- E era preciso?
Mesmo não estando presente ninguém da direcção do PSD/Tomar, afinal o futuro candidato do PSD - Luis Boavida - passou por lá dando o seu apoio.
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