sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ZONA EURO, CRISE, RESPONSÁVEIS E INICIATIVAS POLÍTICAS

PÚBLICO de 21/01/11, página 41, com os nossos agradecimentos


Nada melhor que a opinião do ex-ministro da Finanças de Sócrates, para sossegar alguns espíritos mais inquietos com o futuro de Portugal, como membro da zona euro. Acessoriamente, para ver se começam a perceber que tudo bem visto, o problema não é basicamente da crise, nem do euro, nem do sistema, mas sobretudo da responsabilidade de cada um dos cidadãos. Basta pensar naquela sondagem difundida no início desta semana, que indicava 90 e tantos por cento descontentes com os políticos e 26 % muito preocupados com o endividamento das famílias. Que terá o governo -este ou outro- a ver com o endividamento dos cidadãos e das famílias?
E depois há também aquela estranha iniciativa de solicitar ao poder judicial providências cautelares contra os cortes nos vencimentos, em conformidade com a lei orçamental aprovada pelo órgão competente que é a A.R. Pergunto eu, que sou ignorante em matéria de sindicalismo: Se chegarmos (oxalá que não!!!) a uma situação em que o governo não tenha fundos disponíveis para pagar os vencimentos da função pública, ou as aposentações, faz-se o quê? Exige-se a prisão preventiva e o julgamento do primeiro-ministro e de todos os outros membros do governo? E isso irá garantir os referidos pagamentos?
Se cada um soubesse agir em conformidade com os seus deveres de cidadania, já não seria nada mau. E evitavam-se situações patuscas, que apenas servem para tentar endrominar o zé povinho, menos advertido para as subtilezas da acção política encapotada.

4 comentários:

Anónimo disse...

Ao contrário do que opina,eu penso que os sucessivos governos têm muito a ver com o endividamento das famílias - porque o ESTIMULARAM, porque deram cobertura ao marketing agressivo de BANQUEIROS sem escrúpulos, porque não liquidaram instrumentos de poupança como os CERTIFICADOS DE AFORRO, porque deram o mau exemplo de viver ACIMA DAS POSSES,de pôr o País a VIVER A CRÉDITO.

E existem todas as razões para que 90 e TANTOS POR CENTO estejam descontentes,DIRIA QUE ATÉ ENOJADOS,com os políticos,na sua maioria incompetentes,desqualificados e corruptos - activos e passivos.

De nada vale ADOÇAR A PÍLULA ou tentar branquear o que está sujo,negro,fétido.

Quanto ao euro,a análise é clarividente,apenas lhe faltando desnudar a Alemanha que quer sempre ganhar - em tempo de vacas gordas ou de vacas magras.

Também podia dizer algo sobre os ESPECULADORES sem rosto,sem pátria,sem princípios.

Helder Valente

Anónimo disse...

O meu ponto de vista vai no sentido de alertar os cidadãos para a necessidade de arrepiar caminho. Noutros termos, de abandonarem de vez o péssimo hábito de culpar sempre os outros. Neste caso do endividamento, não consta que o governo ou qualquer outra entidade os tenha levado pela mão quando resolveram solicitar os empréstimos. O que não lhe retira si razão naquilo que afirma.
Quanto a vivermos acima das nossas possibilidades, trata-se de uma doença congénita, que vem praticamente desde o início da nacionalidade, tendo motivado sucessivamnte a reconquista, o norte de África, a escravatura, o açúcar, as especiarias, o ouro do Brasil e os diamantes, a emigração, a guerra em África, a CEE...
Até o celebérrico Infante D. Henrique, apesar de ser dono de quase metade do País e do saque dos recursos da Ordem de Cristo, deixou dívidas que só vieram a ser liquidadas no reinado de D. Manuel I, 50 anos mais tarde.Sobre os especuladores sem eira nem beira nem alma, que mais dizer? Que são o mais recente produto do sistema de produção?

Anónimo disse...

Errata:
No comentário anterior, onde se lê celebérrico, deve ler-se CELEBÉRRIMO.

Anónimo disse...

Por lapso,no 1º comentário(15:52),aparece a palavra NÃO antes de "...liquidaram instrumentos...".