Com o PSD a vencer folgadamente a consulta eleitoral de ontem, conforme aqui se previu desde o início, Sócrates lá se resolveu a abandonar a liderança do PS. Atitude que, se tivesse sido tomada logo após a rejeição do Pec 4 e portanto antes do congresso/circo de suposta consagração como único senhor dos socialistas, poderia ter permitido um resultado global mais equilibrado. Mas a história não se faz com SES. Assim, é muito provável que o partido de Mário Soares venha a estar arredado do poder nos próximos 10/15 anos, caso o PSD não cometa demasiados erros. Finda assim a política do ilusionismo e do contorcionismo, infelizmente com elevados custos para os portugueses. Oxalá PP Coelho e o seu braço direito Miguel Relvas tenham sorte nos seus futuros desempenhos, porque bem a merecem, com a sua atitude sincera, humilde e empenhada.
Em Tomar, o PS sofreu uma das mais pesadas derrotas desde 1974, senão mesmo a mais pesada. Agora já sem a desculpa de que os IpT lhe "roubam" quase metade do eleitorado. E apesar da péssima actuação dos autarcas tomarenses do PSD. Não admira, se tivermos em conta que, em certos aspectos, a prática dos socialistas locais tem sido muito semelhante à de Sócrates. Apenas dois exemplos: A - Contrariando toda a argumentação da campanha eleitoral autárquica, o PS local resolveu logo a seguir subscrever um estranho acordo de partilha de benesses, cujo principal objectivo tem sido até agora o acesso à gamela orçamental. B - Apesar de semelhante argolada, Luís Ferreira não hesitou em criticar-me no seu blogue, na passada semana, por eu ter resolvido anunciar que votava PSD pela primeira vez na vida. Temos assim que ele engendrou e subscreveu com o PSD uma engenhoca política sem pés nem cabeça, só para auferir benesses, mas tudo bem. Eu, que nem estou no PS desde 1982, nem tenciono vir a obter quaisquer dividendos do meu voto, sou um malandro.
Não admira que os eleitores tomarenses tenham cada vez mais reticências em relação a um partido que nos últimos tempos não tem primado pela clareza política, nem a nível nacional nem local. De tal forma assim é, que até António Alexandre um prestigiado ex-dirigente socialista local e nacional, bem como autarca do partido durante dois mandatos, que se mantém como militante e membro da Comissão Política local, afirmou ontem na Rádio Hertz que o PS tomarense tem de mudar radicalmente e com urgência, pois nestas eleições foi batido de forma severa em quase todas as freguesias , apenas tendo conseguido vencer em três: Além da Ribeira, Asseiceira e Paialvo.
Quanto mais tarde houver coragem para debater de forma franca e para tomar decisões difíceis, pior será para todos, eleitores socialistas ou não. Porque a triste realidade local é esta: a relativa maioria PSD não sabe para onde vai, mas a oposição também não. E sem planos adequados, sem uma rota previamente estudada e fixada, o barco tomarense continuará ao saber da corrente, no mar encapelado da actual crise de civilização, a mais profunda e grave de todos os tempos, cuja fase mais aguda ainda está para chegar.
11 comentários:
in jornal I
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Miguel Relvas
O secretário-geral do PSD não quer ter pastas governativas e deverá ficar no partido e assumir o lugar de deputado. Hoje, o PSD tem reunião da Comissão Política Nacional e Passos Coelho deverá fazer a passagem do testemunho. No entanto, é de relembrar que Relvas também não queria assumir o cargo de secretário-geral do PSD depois das últimas directas.
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Assim, é muito provável que o partido de Mário Soares venha a estar arredado do poder nos próximos 10/15 anos, caso o PSD não cometa demasiados erros.
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Ja tinha ouvido algo igual quando Durão Barroso ganhou as eleições, em 2002. Portanto, não se canse a defender o seu NOVO guru. Daqui a dois anos falamos, caro Rebelo...
PM
António Alexandre "prestigiado"?!!
"prestigiado"?!!!
Mas tu vives em que planeta Rebelo?!
Bom, uma coisa é certa, ao menos ao Alexandre as pessoas sabem quem é. Já a ti que te auto-convenceste que podias ser candidato a alguma coisa, a grande maioria das pessoas não faz a mínima ideia quem sejas.
O dia de todas as dúvidas
Depois da direita ter feito a festa e superada a ressaca chega a hora das dúvidas e esta são muitas. Todos sabemos que o governo não vai ter os prometidos dez ministros, que o programa eleitoral do PSD já foi arquivado, que a revisão constitucional proposta pelo PSD é inviável, alguns intervenientes mais activos regressarão aos seus escritórios onde ganham muito mais do que ganhariam como governantes. Agora Passos Coelho terá de ser primeiro-ministro e carregar o fardo de que livrou, um passarinho saiu da gaiola para a liberdade, outro entrou para a gaiola para um cativeiro que se espera ser de quatro anos. Agora é tempo de responder às muitas dúvidas.
Qual o papel de Cavaco na formação do governo?
Se o PSD tivesse alcançado a maioria absoluta Passos Coelho teria vencido Cavaco Silva mas dependendo do seu partido estaria mais exposto à influência de Cavaco e da ala cavaquista, a não ser que tenha feito um acordo de bastidores o líder do PSD terá mais liberdade para formar governo pois em vez de negociar com os cavaquistas terá de negociar com Paulo Portas. O pior cenário para Cavaco seria um parlamento onde a direita não tivesse maioria, mas este também é o cenário onde o seu protagonismo será menor. Irá Passos Coelho convidar um cavaquista para ministro das Finanças ou opta por representar o cavaquismo numa pasta de menor importância?
Como serão as relações entre Passos Coelho e Alberto João?
Alberto João teve uma vitória amarga, o PSD ganhou mas ao não conseguir a maioria absoluta não estará sujeito À chantagem dos deputados do PSD madeirense. Em vez disso Passos Coelho terá de entender-se com Paulo Portas, um velho adversário político de Alberto João. Isto significa que na hora da austeridade Passos pode dizer a Alberto que também terá de apertar o cinto e no momento de aumentar os impostos pode dizer à Madeira que os terminaram os abusos na zona franca.
Qual será o peso de Portas no futuro governo?
Portas não vale pelos deputados que Passos Coelho precisa para ter a maioria absoluta, vale a própria maioria absoluta, mas também vale a carta de alforria de Pedro Passos Coelho em relação a Cavaco Silva e Alberto João. Passos Coelho recusou uma AD para não ter de manter o grupo parlamentar do CDS no pressuposto de que este partido teria menos deputados e perdeu, o CDS ganhou deputados e isso significa que Paulo Portas parte para negociações em situação de vantagem, Passos Coelho pagará com juros a recusa da AD. Portas vai ter tantos ministros quantos quer, vai ter as pastas que deseja e vai gerir a sua participação na coligação apostando no seu crescimento, deixando as pastas difíceis ao PSD.
Qual a postura do PS?
A situação do país não permite que o PS imite o que o PSD fez nos últimos anos tentando salvar-se à custa do país. A situação é de crise e se faz sentido que o PS assuma o papel de oposição, deve igualmente afirmar-se como oposição construtiva não caindo na tentação de ter nas ruas a maioria que tem no parlamento, fazendo o que o PSD fez nestes anos em que colocou a sua máquina logística ao serviço da esquerda conservadora.
Publicada por Jumento
O que sucederá no PS?
O PS vai provar o pão que o diabo amassou, pela frente estão quatro anos de oposição e a não ser que Passos Coelho não desista da sua revolução liberal é certo que mais tarde ou mais cedo o ciclo económico conduzirá ao crescimento económico e isso pode significar mais quatro anos de oposição ao PS. António José Seguro e outros esperaram a queda de Sócrates nunca sujando as mãos apoiando-o de forma clara. Agora recebem um presente envenenado, uma longa travessia no deserto e algumas derrotas eleitorais anunciadas.
Como se entenderá Passos Coelho com a sua clientela autárquica?
Passos Coelho chega à liderança do PSD mais com o apoio dos autarcas do que das elites da capital que sempre o rejeitaram e consideraram um incapaz. Agora é primeiro-ministro e uma das grandes reformas que terá de implementar, porque é inadiável e resulta de uma imposição do acordo, é a do ordenamento do território. Estando na oposição seria mais fácil alimentar a revolta ruralista contra a extinção de autarquias, sendo governo terá de assumir as responsabilidades. É mais difícil reformar do que alimentar manifestações populistas contra todas as reformas e Passos Coelho arrisca-se a pagar com língua de palmo muito do que fendeu no passado recente em domínios como o encerramento de pequenas escolas, a extinção de serviços de saúde arcaicos ou as SCUT.
Onde estão os defensores da unidade nacional?
Quando acreditavam na derrota do PSD o Expresso lançou uma brigada do reumático a defender um governo de unidade nacional que até foi recebida em Belém. Agora que a direita alcançou a maioria absoluta desapareceu, ninguém os viu na noite eleitoral.
Passos Coelho cumpriu o sonho de Sá Carneiro?
Aparentemente sim, mas nem Passos Coelho tem a estatura política e intelectual de Sá Carneiro nem Cavaco Silva será o presidente banana que o falecido líder do PSD desejava. Sá Carneiro era primeiro-ministro e queria escolher o Presidente da República, agora é Cavaco que é Presidente da República e escolheu o primeiro-ministro. O que Sá Carneiro pretendia era deter o poder do executivo e controlar o Presidente da República, agora é Cavaco que tem a Presidência da República e quer controlar o poder executivo. Será Pedro Passos Coelho o equivalente ao banana que Sá Carneiro queria em Belém? Quem cumpriu o sonho de Sá Carneiro foi Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho poderá vir a ser o Soares Carneiro de Cavaco.
Publicada por Jumento
"Miguel Relvas
O secretário-geral do PSD não quer ter pastas governativas e deverá ficar no partido e assumir o lugar de deputado. Hoje, o PSD tem reunião da Comissão Política Nacional e Passos Coelho deverá fazer a passagem do testemunho. No entanto, é de relembrar que Relvas também não queria assumir o cargo de secretário-geral do PSD depois das últimas directas."
Ora pois claro, dá-se menos nas vistas e tem mais margem de manobra... Afinal de contas o homem é um empresário internacional.
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Portugueses dão maioria à direita para governar
Pronto. Agora é oficial: vem aí mais um governo de direita, numa época de crise.
A palavra de ordem, a partir de agora, é resistir e transformar os próximos 18 meses nos mais complicados possíveis para uma governação que irá promover a miséria e o desrespeito pelos mais vulneráveis e terminar com a classe média.
Todos os anteriores governos caíram nas urnas, mas o próximo irá cair primeiro na "Rua"!
E a "rua" vai falar, na rua literal, nas redes sociais, nas associações, nas universidades e nos cafés...
Num pais que pelo modelo neo-liberal irá tirar "aos pobres" para "dar aos ricos", a miséria e as dificuldades virão com naturalidade lembrar aos portugueses, em muito pouco tempo, que só com os socialistas é possível todos ultrapassarem sem maiores dificuldades a crise internacional.
Por isso a "rua" é inevitável e nela deve ser o PS a liderar.
por Luis Ferreira em
http://vamosporaqui.blogspot.com/
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Há mesmo quem tenha mau perder...
Relvas não quer cargos não... o Passos já viu a pinta do artista e foi avisado que em ministério onde este menino entre dá cabo de tudo. Viu-se na campanha " levou um chega para lá". O partido tem outros valores e pouco precisa deste "esperto" tomarense por opção que engana bem mas é os de TOMAR
Relvas não quer cargos não...
o que ele quer mesmo é o cargo de vice-presidente da Assembleia da República, com muitas hipoteses de ascender a nr.2 na hierarquia do Estado português, após o Fernando nobre bater com a porta...
Ó Dr. António Rebelo você ainda perde tempo com uns tipos que nada fazem ou fizeram, senão atirar pedras a alguns e esconder a mão.
Existem gente assim, estão sempre no contra e por isso fazem parte dos que se abstêm de se candidatar, se abstêm de votar, ou então votam sistematicamente nos minoritários. São como os treinadores de bancada, que nunca perdem um jogo, pois nunca jogam, o seu esforço vai sempre para a crítica a isto e aquilo.
Ou quanto muito, são contra uns, mas apoiam outros bem piores, que comendo numa qualquer gamela, nada produzem de útil á sociedade, só destilando ódio por tudo e todos.
Existem frases para assinalar tais cidadãos, mas não perca tempo e energia, siga o conselho do Catroga e continue a agitar a politica local, que bem precisa.
Ó labrosta, para a rua veio a tua "piquena", e para a rua irás tu não falta muito. E só não viste já porque o Embuste não é homem nem é nada...
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