terça-feira, 5 de julho de 2011

A realidade dos contribuintes e a realidade dos políticos eleitos


O recorte do PÚBLICO de hoje é assaz elucidativo. Uma ligação ferroviária internacional, entre a 2ª cidade portuguesa e a 3ª da Galiza, já com 98 anos de existência, tem os dias contados. A partir do próximo domingo, as composições ferroviárias deixarão de circular entre a fronteira portuguesa de Valença e a cidade galega de Vigo. A CP justifica a supressão do serviço com um prejuízo anual de 232 mil euros, apesar do subsídio espanhol de 218 mil euros.
Pessoas de excelente cultura e indubitável formação humana, fraternos por excelência e sempre comprometidos com os problemas societais, alguns leitores tomarenses não deixarão de colocar a pergunta sacrossanta nestes casos: -E que temos nós a ver com isso?!?!
Pois nada, ou quase! Valência do Minho é lá tão longe. E Vigo então nem se fala! Há porém um pormenor que muda tudo -Enquanto a CP -uma das principais empresas públicas, com um orçamento de longe superior ao do município tomarense- alega não poder continuar a suportar uma perda anual de 232 mil euros, a Câmara de Tomar continua a gastar no mínimo 312 mil euros por ano com os transportes urbanos, sem um queixume. E naturalmente sem procurar soluções alternativas. Apesar de saber muito bem que tal rede transportadora é por assim dizer supérflua, dado que cobre só distâncias facilmente vencidas caminhando,  com nítidos benefícios para a saúde. Sei muito bem do que falo, pois todos os dias percorro a pé vários trajectos dos TUT, que dantes eram feitos a penantes pela maioria, permitindo que houvesse bastante menos gordos e obesos.
Sócrates foi-se, vítima da sua falta de realismo e da sua mania para confundir política com ilusionismo e malabarismo. De tal maneira conseguiu ir iludindo os eleitores que ainda agora, já com outro governo, há quem venha a público dizer que afinal o PEC 4 era bem mais suave do que o programa da troika. O que, sendo verdade, omite o essencial: era menos severo, mas não resolvia nada. Exactamente como sucedeu com os três PEC anteriores. E pode até vir a ocorrer que nem as medidas impostas pelo trio BCE/CE/FMI nos consigam levar a bom porto, uma vez que se trata, num mínimo de palavras, de uma crise terminal num país cuja população partilha em geral uma mentalidade ultrapassada.
O que aconteceu com Sócrates, parece estar a repetir-se no executivo tomarense. Tal como o ex-primeiro-ministro PS, também Corvêlo de Sousa parece viver numa realidade que é só dele. Pensa que vai tudo bem, ou pelo menos não tão mal como os seus críticos apregoam. Crê que a cada vez mais volumosa dívida autárquica é perfeitamente suportável. Julga que a autarquia vai poder continuar a aguentar até ao final do mandato défices cada vez mais graves, até mesmo na área decisional. Não entende porque há quem queira que renuncie ao transitório lugar que ocupa. Considera que são os seus adversários políticos -nomeadamente o autor destas linhas- que estão equivocados e/ou a agir de má-fé. Vive, em suma, num confortável casulo forrado a optimismo, por si elaborado para seu uso exclusivo.
Neste caso dos transportes urbanos -infelizmente mais um entre tantos- caso esteja realmente interessado em tirar dúvidas sobre a bondade das críticas adversas, bastará que faça a seguinte experiência: Visto que cada passageiro dos TUT paga um euro por viagem, mas custa ao erário autárquico dois euros e trinta, mesmo sem incluir a inevitável amortização e manutenção do material circulante, nem a impressão dos bilhetes, tente o presidente da edilidade a) - acabar com os passes, as assinaturas e as borlas; b) - fixar o preço de cada bilhete para cada viagem em 4 euros, o que permitirá um pequeno retorno de 1,70 euros por pessoa, para o tal fundo de desgaste e manutenção do material. Logo verá quem continua a andar de pópó e quem optará por voltar às caminhadas, com óbvia vantagem para a saúde e para a carteira, que a poupança nunca fez mal a ninguém.
Demasiado violento? Não há dúvida. Mas é para aí que se terá forçosamente de avançar. E ontem já era tarde, que a dívida global não pára de aumentar. Ao mesmo tempo que as receitas seguem o caminho inverso, para mal dos nossos pecados e seja qual for o presidente seguinte.
A quatro euros cada viagem, os transportes urbanos deixarão de ser viáveis?! Tanto melhor. Morto Cristo, acabou-se a paixão. Ou, como também usa dizer o nosso povo, "Tudo o que não há se escusa."

13 comentários:

carlos silva disse...

Acabem com esse sorvedouro de dinheiros publicos já e que é um grande negócio da Rodoviária do TEJO

Anónimo disse...

E a escola de natação que dá um prejuízo de 200.000€ por ano é para continuar a funcionar como funciona?

E o parque de campismo?
E os jardineiros?

Não são tudo serviços que podiam ser feitos por outras entidades que poupariam centenas de milhares de euros à câmara?

Anónimo disse...

INTERESSANTE NA VERDADE

"Reavivar memórias - O nosso Presidente
Quem ouvir Cavaco Silva e não o conhecer bem, ficará a pensar que está perante alguém que nada teve a ver com a situação catastrófica em que se encontra este país.
Quem o ouvir e não o conhecer bem, ficará a pensar que está perante alguém que pode efectivamente ser a solução para um caminho diferente daquele até aqui seguido.
Só que... Este senhor,... ou sofre de amnésia, ou tem como adquirido que nós portugueses temos todos a memória curta, eu diria mesmo, muito curta.
Vejamos, então qual o contributo de Cavaco Silva para que as coisas estejam como estão e não de outra maneira:
Cavaco Silva foi ministro das finanças entre 1980 e 1981 no governo da AD.
Foi primeiro-ministro de Portugal entre 1985 e 1995 (10 anos!!!).
Cavaco Silva foi só a pessoa que mais tempo esteve na liderança do governo neste país desde o 25 de Abril.
É presidente da República desde 2005 até hoje (5 anos)
Por este histórico, logo se depreende que este senhor nada teve a ver com o estado actual do país.

Anónimo disse...

INTERESSANTE NA VERDADE

"Reavivar memórias - O nosso Presidente

Mas vejamos quais foram as marcas deixadas por Cavaco Silva nestes anos todos de andanças pelo poder:
Cavaco Silva enquanto primeiro-ministro alterou drasticamente as práticas na economia, nomeadamente reduzindo o intervencionismo do Estado, atribuindo um papel mais relevante à iniciativa privada e aos mecanismos de mercado.
Foi Cavaco Silva quem desferiu o primeiro ataque sobre o ensino "tendencialmente gratuíto".
Foi Cavaco Silva o pai do famoso MONSTRO com a criação de milhares de "jobs" para os "boys" do PPD/PSD e amigos. Além de ter inserido outros milhares de "boys" a recibos verdes no aparelho do Estado.
Foi no "consulado Cavaquista" que começou a destruição do aparelho produtivo português. Em troca dos subsídios diários vindos da então CEE, começou a aniquilar as Pescas, a Agricultura e alguns sectores da Indústria. Ou seja: começou exactamente com Cavaco Silva a aniquilação dos nossos recursos e capacidades.
Durante o "consulado Cavaquista", entravam em Portugal muitos milhões de euros diáriamente como fundos estruturais da CEE. Pode-se afirmar que foram os tempos das "vacas gordas" em Portugal. Como foram aplicados esses fundos?
O que se investiu na saúde? E na educação? E na formação profissional?
Que reforma se fez na agricultura? O que foi feito para o desenvolvimento industrial?
A situação actual do país responde a tudo isto! NADA!
......

Anónimo disse...

INTERESSANTE NA VERDADE

"Reavivar memórias - O nosso Presidente

Mas então como foi gasto o dinheiro?
Simplesmente desbaratado sem rigor nem fiscalização pela incompetência do governo de Cavaco Silva.
Tal como eu, qualquer habitante do Vale do Ave, minimamente atento, sabe como muitos milhões vindos da CEE foram "surripiados" com a conivência do governo "Cavaquista".
Basta lembrar que na época, o concelho de Felgueiras era o local em Portugal com mais Ferraris por metro quadrado.
Quando acabaram os subsídios da CEE, onde estava a modernização e o investimento das empresas? Nos carros topo de gama, nas casas de praia em Esposende, Ofir, etc. Etc.
Quanto às empresas... Essas faliram quase todas. Os trabalhadores - as
vítimas habituais destas malabarices patronais - foram para o desemprego, os "chico-espertos" que desviaram o dinheiro continuaram por aí como se nada se tivesse passado.
Quem foi o responsável? Óbviamente, Cavaco Silva e os seus ministros!
Quanto à formação profissional... Talvez ainda possamos perguntar a Torres Couto como se fartou de ganhar dinheiro durante o governo Cavaquista, porque é que teve que ir a tribunal justificar o desaparecimento de milhões de contos de subsídios para formação profissional. Talvez lhe possamos perguntar: como, porquê e para quê, Cavaco Silva lhe "ofereceu" esse dinheiro.
Foi também o primeiro-ministro Cavaco Silva que em 1989 recusou conceder ao capitão de Abril, Salgueiro Maia, quando este já se encontrava bastante doente, uma pensão por "Serviços excepcionais e relevantes prestados ao país", isto depois do conselho Consultivo da Procuradoria Geral da República ter aprovado o parecer por unanimidade.
Mas foi o mesmo primeiro-ministro Cavaco Silva que em 1992, assinou os pedidos de reforma de 2 inspectores da polícia fascista PIDE/DGS, António Augusto Bernardo, último e derradeiro chefe da polícia política em Cabo Verde, e Óscar Cardoso, um dos agentes que se barricaram na sede António Maria Cardoso e dispararam sobre a multidão que festejava a liberdade.

Anónimo disse...

INTERESSANTE NA VERDADE

"Reavivar memórias - O nosso Presidente

Curiosamente, Cavaco Silva, premiou os assassinos fascistas com a mesma reforma que havia negado ao capitão de Abril Salgueiro Maia, ou seja: por "serviços excepcionais ou relevantes prestados ao país".
Como tenho memória, lembro-me também que Cavaco Silva e o seu "amigo" e ministro Dias Loureiro foram os responsáveis por um dos episódios mais repressivos da democracia portuguesa. Quando um movimento de cidadãos, formado de forma espontânea, se juntou na Ponte 25 de Abril, num "buzinão" de bloqueio, em protesto pelo aumento incomportável das portagens. Dias Loureiro (esse mesmo do BPN e que está agora muito confortávelmente em Cabo Verde), com a concordância do chefe, Cavaco Silva, ordenou uma despropositada e desproporcional carga policial contra os manifestantes. Nessa carga policial "irracional", foi disparado um tiro contra um jovem, que acabou por ficar tetraplégico.
Era assim nos tempos do "consulado Cavaquista", resolvia-se tudo com a repressão policial. Foi assim na ponte, foi assim com os vidreiros da Marinha Grande, foi assim com os estudantes nas galerias do Parlamento...
Foi ainda no reinado do primeiro-ministro Cavaco Silva, que o governo vetou a candidatura deJosé Saramago a um prémio literário europeu por considerar que o seu romance "O Evangelho segundo Jesus Cristo" era um ataque ao património religioso nacional.
Este veto levou José Saramago a abandonar o país para se instalar em Lanzarote, na Espanha, onde viveu até morrer. Considerou Saramago, que não poderia viver num país com censura.
Cavaco Silva foi o Presidente da República nos últimos 5 anos. Sendo ele o dono da famosa frase: "nunca tenho dúvidas e raramente me engano", como é que deixou Portugal chegar até à situação em que se encontra?
Mais! Diz a sabedoria popular: "diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és."
Bem... Alguns dos ministros, amigos, apoiantes e financiadores das suas campanhas eleitorais não abonam nada a seu favor. Embora, na minha opinião, esta gente reflete exactamente a essência do Cavaquismo.
Oliveira e Costa - Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do governo Cavaquista entre 1985 e 1991. Ex presidente do famoso BPN.
A história deste fulano já é mais conhecida que os tremoços, nem vale a pena escrever mais nada.
Dias Loureiro - Ministro dos governos Cavaquistas. Assuntos Parlamentares entre1987 e 1991, Administração Interna entre1991 e 1995.
Associado aos crimes financeiros do BPN, com ligações ainda não clarificadas ao traficante de armas libanês, Abdul Rahman El-Assir, de quem é grande amigo.
Foi conselheiro de estado por nomeação directa de Cavaco Silva, função que ocupou com a "bênção" de Cavaco, até já não ser possível manter-se no lugar devido às pressões políticas e judiciais.
Encontra-se actualmente, muito confortavelmente a viver em Cabo Verde.
Ferreira do Amaral - Ministro dos governos Cavaquistas. Comércio e Turismo, entre 1985 e 1990, Obras Públicas, Transportes e Comunicações entre 1990 e 1995. Foi nesta condição (ministro das obras públicas do governo Cavaquista) que assinou os contratos de construção da Ponte Vasco da Gama com a Lusoponte, e a concessão (super-vantajosa para a Lusoponte) de 40 anos sobre as portagens das duas pontes de Lisboa.
Ferreira do Amaral é actualmente presidente do conselho de administração da Lusoponte. (Apenas por mera coincidência...)
Duarte Lima - Lider da bancada do PPD/PSD durante o Cavaquismo.
Envolvido em transacções monetárias "estranhas" no caso Lúcio Tomé Feteira"


Bonito hein?

Anónimo disse...

"
Tal como o ex-primeiro-ministro PS, também Corvêlo de Sousa parece viver numa realidade que é só dele.
"

Só agora é que A.Rebelo descobriu?
Depois de ter andado a apelar o voto no PSD de Curvelo como sendo o "mal menor" para a cidade?
Não era previsível que Tomar iria cair no lixo?
Não seria desejável termos mudado de rumo quando tinhamos tempo em vez de termos deixado as coisas chegarem a este ponto?
Não teria sido desejável ter ficado em silêncio ao invés de criticar quem criticava o PSD de Paiva-Curvelo-Carrão?

Meu caro, a verdade é como o azeite.

P.M.

Anónimo disse...

Para PM:

Parece-me que está a ver mal o filme. Apoiei Corvêlo como o mal menor? Olhe que não!
Quando e se tiver ocasião e vontade, aponte com precisão onde e quando é que eu terei expressado tal apoio.
Antecipadamente muito grato.

Anónimo disse...

"
E a escola de natação que dá um prejuízo de 200.000€ por ano é para continuar a funcionar como funciona?

E o parque de campismo?
E os jardineiros?

Não são tudo serviços que podiam ser feitos por outras entidades que poupariam centenas de milhares de euros à câmara?
"

Concordo que sejam serviços que possam ser feitos por outras entidades, mas duvido que os mesmos ficassem mais baratos ao consumidor final...

P.M.

Anónimo disse...

"
Apoiei Corvêlo como o mal menor? Olhe que não!
"

Então não deu o seu apoio tácito ao PSD?

Anónimo disse...

Para PM:

Uma de duas: ou não escrevemos na mesma língua, ou quando lê uma coisa, resolve responder outra. Em qualquer dos casos, é claro que não interessa continuar a debater, que o ambiente não está para intervenções sinuosas.

Anónimo disse...

"
o ambiente não está para intervenções sinuosas.
"

Pois está!
E quem tem telhados de vidro devia evitar mandar pedras ao do vizinho...

Anónimo disse...

Seja você quem for, uma característica tem: quando cisma numa coisa é como uma raposa quando abocanha um galináceo. Tenha cautela porém. Solicitei-lhe que indicasse onde e quando apoiei Corvêlo de Sousa, como você se obstina em afirmar e/ou deixar supor,mas até à data, nicles!
Do provérbio citado, sempre gostei mais da versão moderna: Quem tem telhados de vidro, pode acordar com um corno partido.