Disse Cavaco Silva que a actual situação não é uma fatalidade. Tem toda a razão. É antes consequência inevitável da falta de honestidade, de falta de habilidade, da falta de capacidade, da falta de vontade e da falta de adequada mentalidade. A quem tenha dúvidas, bastará atentar no caso tomarense para ficar esclarecido: 300 mil euros para os transportes públicos, 400 mil par a segurança dos dois parques de estacionamento, 300 mil para as associações, 100 mil para a festa dos tabuleiros, a dívida municipal a crescer de forma assustadora, enquanto os dois partidos coligados no executivo autárquico vão jogando ao PPT = ping-pong político tomarense. Primeiro foi Carlos Carrão a fingir que ia "fazer sangue" (segurem-me, que senão faço uma desgraça!). Agora é a vez do PS, com um comunicado que tem muito que se lhe diga, a ler em psdigital.blogspot.com
No seu peculiar estilo britânico de antigo de Oxford, Vasco Pulido Valente continua a causticar os governantes e outros dirigentes deste país que é nosso. Ora leia, que vale a pena. E depois não se esqueça das indispensáveis deduções, no que à nossa região concerne.
"Pedro Passos Coelho prometeu que não nomeava mais governadores civis. Paulo Portas prometeu que não nomearia mais directores adjuntos distritais da Segurança Social. Para que serve isto? O que se poupa é ridiculamente pouco e, perante um funcionalismo de 700 mil pessoas, mesmo esse gesto simbólico tem um ar triste. Em 1977 ou 1978, Salgado Zenha ficou horrorizado, quando soube que havia 400 mil empregados do Estado. Entretanto quase duplicaram. Por culpa de quem?
Em primeiro lugar, por culpa dos governos. Não foi só por instalarem à custa do contribuinte as suas clientelas, que não chegavam a tanto. Foi, sobretudo, por deixarem que nascesse e crescesse um falso "sistema universitário", sem lógica e sem vergonha, que se espalhou rapidamente por Portugal inteiro.
Existem por aí em Lisboa e no Porto e nos mais remotos cantos da província casas de negócio que, sob diversas designações, recebem o inevitável subsídio do MNE ou da Câmara e, sobre isso, ainda cobram propinas, para "darem" centenas de cursos sem a mais vaga utilidade ou justificação. Os pobres que as frequentam (por ilusão ou falta de dinheiro) adquirem no fim um "certificado" e o duvidoso direito de se ornamentarem com o título de engenheiro, doutor ou arquitecto. O que, no fundo, não faz mal a ninguém. O que é grave é que, na sua esmagadora maioria, não são empregáveis. O sector privado não os quer: e para que quereria uma PME, ou até uma grande empresa, contratar um politólogo ou um "observador internacional", ainda por cima garantidamente analfabeto? Nestas desgraçadas circunstâncias, o Estado, enquanto pôde, lá os meteu no seu enorme bojo.
Mas, como era de prever, o Estado a certa altura faliu e os licenciados do "sistema universitário" ficaram no deserto, sem destino e sem esperança.
E, como se isso não bastasse, o Governo pensa agora em se aliviar de uma grossa parte dos 700 mil que lhe ficaram do tempo da inconsciência e das vacas gordas. Sucede que não sabe como. Há historicamente dois métodos. O método do dr. Salazar, que se livrou de muita gente e, de caminho, escorraçou os republicanos, pelo simples método de pagar mal. E há o método das purgas vingadoras, que não se aconselha. De qualquer maneira, nada impede que o dr. Nuno Crato aplique desde já uma caridosa vassourada -real e não simbólica- ao chamado "sistema universitário".
O indigenato agradecia."
Vasco Pulido Valente, PÚBLICO, 03/07/2011, última página.
9 comentários:
Pulido Valente, como Filomena Mónica ou Alvaro Barreto(actual funcionário do sr. Soares dos Santos dos Super's), fazem parte daqueles portugueses que, na "primavera marcelista", quando a Universidade Portuguesa se começou a abrir à classe média, foram doutorar-se, a maioria para Inglaterra, com o ordenado de Assistente da Faculdade mais uma Bolsa da Gulbenkian. Pulido Valente doutorou-se em Oxford em História e é investigador em Sociologia. Como se vê duas áreas importantes para o progresso nacional e o equilíbrio das contas publicas. Nessa época, devido ao grande aumento do numero de estudantes na universidade (facto que agora tanto os preocupa), estes jovens profs.tinham assegurada a progressão na carreira académica. Não houvesse essa expansão do número de alunos e teriam que esperar que morresse o catedrático para "subir". Como sempre assim aconteceu. E sobre a qualidade dos diplomados também se dizia que os doutoramentos eram o melhor negócio das universidades inglesas e desde que não se importunasse o orientador de tese, o mais difícil era pagar a propina e aguentar 3 anos! Pulido Valente que em menino estudou no St. Julian's School de Carcavelos devia preferir um ensino superior mais elitista, mais reservado e em que à maioria fosse indicado o "caminho do campo" ou do "trabalho braçal". Engano o seu. A maioria dos que frequentaram cursos tecnológicos no ensino superior português trabalham em empresas e muitos vão hoje para o mercado internacional. Politólogos, sociólogos ou gente da Kultura é que parece ninguem querer. Os privados porque se acabaram os subsídios e o Estado porque faliu. Ainda que exibam um recente PhD de Oxford ou Cambridge.
E hoje ? Vamos ignorar que nao temos ca a Grande Festa e vamos continuar a tirar fotos a meia duzia de placas ou arvoredos, senhor Rebelo ?
Faz-lhe falta e´ beber um copo, homem ! Anime-se.
Paulo Gracio
O PS está como sempre disponível para trabalhar as melhores soluções para o nosso Concelho e não para gincanas partidárias.
Sim senhor, o PS quer rallies ou rallies papers ou provas de regularidade.
Gincanas, não, isso não, nunca!!!!
Há gente com muita dor de cotovelo. Será que o autor dos comentários das 01:27 também estudou em Paris?...
"Em 1978 havia 300 mil funcionários. Hoje são 700 mil. Um horror". Fechem hospitais, (ainda mais)escolas básicas, liceus, universidades e politécnicos. Acabem com o INEM, reduzam a BT. Reduzam os funcionários totais das Câmaras para os números de 1978. Em Tomar voltamos às hortas, ao "endireita" e ao chá de ervas. A 4ª classe será suficiente e até assim se dará mais "descanso aos miolos". Sem dinheiro em circulação, sem receita fiscal, os direitos adquiridos dos reformados actuais passarão a 10% do que são.
Se não tiverem que voltar para a horta. Mas dir-se-à:
"Finalmente, endireitámos o País"
O senhor Paulo Grácio vai desculpar, mas a agenda de Tomar a dianteira vai continuar a ser feita como é costume. Os amáveis leitores poderão manifestar-se a tal respieto. Porém não mais do que isso.
Para 12:52
Mesmo sendo benevolente para com o manifesto exagero do seu raciocínio, o problema mantém-se: Como honrar a astronómica dívida soberana? Como passar a viver de modo a não aumentarmos quotidianamente o défice público? Não pagamos? E depois iremos conseguir empréstimos onde?
Não há nada mais perigoso na vida do que viver de quimeras.
"...ainda por cima garantidamente analfabeto?". Têm dúvidas? Vejam o programa apresentado por José Carlos Malato, na RTP1...
in jornal "i"
"O PSD passou a campanha a dizer que os mercados e as agências de notação não tinham culpa da nossa crise. Chegaram ao governo e fizeram-se mais troikistas que a troika. Austeridade a fundo para mostrar que Portugal não é a Grécia. Afinal parece que quanto mais nos baixamos pior é. Uma agência de rating deu-nos a notação de lixo"
N.R.A.
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