No post anterior tratou-se dos aspectos prévios. Vamos agora às questões nacionais, abordadas durante o programa "À mesa do café", tendo como convidado, na versão inaugural, Miguel Relvas.
Instado, sem insistência, a pronunciar-se sobre a articulação entre o seu cargo local, as suas funções a nível nacional, as suas relações com o Brasil e eventuais ligações a organismos menos conhecidos, do tipo maçonaria, Miguel Relvas avançou, aparentemente sem reserva mental. E podia ter contornado um ou outro aspecto, uma vez que lhe tinha sido referido tratar-se de assuntos do foro privado, nada o obrigando portanto a responder. Reconheceu ser cada vez mais difícil compaginar as actividades tomarenses com as lisboetas. Noutros passos viria a dizer não voltar a candidatar-se a nível local, nem estar interessado em vir a ser presidente da câmara.
Sobre as suas relações com o Brasil, repetiu o já do domínio público. Gosta muito do país, adora o Rio de Janeiro, cidade de que é cidadão honorário, e tem negócios pessoais, não partidários portanto, naquele imenso paraíso da América do Sul. Acerca das suas eventuais ligações a agremiações do tipo maçónico, limitou-se a referir que tem muito boas relações com algumas pessoas da Opus Dei. E referiu, noutro passo e noutro contexto específico, a sua simpatia e admiração pelo padre Mário, o actual vigário-geral de Tomar.
Em relação à actual situação nacional, europeia e mundial, mostrou-se informado, adiantando uma análise sucinta praticamente sem mácula. Sem usar a expressão, mencionou o período dos "trinta gloriosos", entre 1945 e 1975, com supremacia política e tecnológica da Europa, matérias primas acessíveis, imenso para fazer, mão de obra qualificada e disponível, daqui resultando elevadas taxas de valor acrescentado, a possílitar o constante aperfeiçoamento do estado social. Acompanhando este, o crescimento do PIB, a subida das bolsas, o aumento dos impostos, a multiplicação das regalias sociais e das infra-estruturas. Seguiu-se o primeiro choque petrolífero, a globalização e os países emergentes. Ao ver-se com falta de fôlego, a superestrutura económica tendeu a privilegiar o crescimento do consumo, tendo por base a maior liberalização do crédito. Passou-se a emprestar aceitando como garantia não o valor daquilo que o cliente já tinha, mas o daquilo que ia comprar. Daí à titularização de créditos incobráveis e à financeirização de tais títulos, foi um curto lapso. Seguiu-se o inevitável desastre, quando o valor estimado dos bens comprados a crédito deixou de cobrir os montantes em dívida, levando os mutuantes a abandoná-los e deixando assim de responder pelos débitos contraídos.
Detendo-se um pouco mais sobre o caso português, avançando detalhes de âmbito mais especializado, Relvas referiu que agora Portugal tem forçosamente de mudar, de adaptar-se a um novo paradigma. O estado não cria riqueza, pelo que terá de emagrecer bastante , passando a consumir menos, libertando assim recursos para a iniciativa privada poder desenvolver-se, pois é aí que há produção de riqueza. Segundo disse, estamos no final do ciclo das obras públicas. Segue-se o ciclo da iniciativa privada e das exportações.
Quanto a factos mais "terra a terra", lamentou a evidente perda de tempo com aquelas questões laterais nas campanhas de Cavaco Silva e de Manuel Alegre. "Todos sabemos que tanto Cavaco como Alegre são pessoas honestas; para quê insistir em coisas sem interesse?" Não confirmou nem desmentiu que será um dia ministro de Estado, "mas da Educação não, porque ainda diriam que acabei de me formar já tarde!", colocando-se à disposição do partido e do seu amigo PP Coelho, por quem expressou grande admiração.
Noutro passo, opinou que o PSD não está interessado em ser governo apenas para constituir uma alternância. Antes deseja ser uma solução diferente, com outra fundamentação, outra linha de rumo, susceptível de arrancar o país do actual marasmo.
Já quase no final, pesando os termos conforme referiu, disse que perante as garantias de Sócrates de que está a fazer o necessário para evitar a vinda do FMI, "temos de ter confiança no governo. Se o FMI entrar..."
7 comentários:
A.FREBELO, SA, companhia de fretes políticos!
Não tenho paciência para ouvir o sr. Relvas (nem os 15 minutos na SIC-N)e só atento à sua descrição no blogue e ao texto da Hertz, ontem no "site". Negócios privados com o Brasil não é bom nem mau:é irrelevante para Tomar e não se percebe como e onde começou a carreira empresarial da pessoa. Casos recentes de negociantes ilustres militantes do PSD têm corrido mal. Fica-se a saber que os seus negócios não são partidários (mas podiam ser?) e não se candidatará ao poder local (claro, este trampolim está esgotado)! Valemtim Loureiro também foi "honorário" doutro PALOP.Quanto à análise económica é de um primarismo confrangedor. E a leitura da crise do crédito é tipo história do "Jardim da Celeste". Gostaria de saber em que universidade obteve o título de "dr.". Quanto ao futuro e linha de rumo: poupar nos serviços públicos para canalizar os fundos para "privados" (muitos dos grandes privados em Portugal sempre dependeram do Estado), chamar o FMI para ajudar a empobrecer depressa as classes médias, livrando disso a cara do PSD,e pô-las a pagar os serviços. Já viram como o Estado atrapalha os privados com a Escola Pública? E como o Estado atrapalha a Banca com a história das reformas na velhice?
O PSD de Relvas não tem pressa de governar porque precisa de maior desgaste de Sócrates e juros mais altos nos empréstimos para ter mais justificações para que os portugueses fiquem convencidos que não podem ter direitos e garantias enquanto pessoas.
Pedro Miguel
Enfim, o homem é perfeito. Sempre cumpriu e continua a cumprir com as suas Obrigações de Presidente da AM. Exemplar. Pena é que a suprema e nobre tarefa de secretariar o partido da oposição não lhe deixe tempo para Tomar. Salvo a um convite de sabado de manha, para dizer as generalidades em que é especialista, encantar os seus subditos, para ennanar papalvo.
Sobre o Dr. Miguel Relvas, apetece-me comentar:
Palavras! Palavras! Palavras! - dizia Hamlet.
Este PSD (e o Sr. Miguel Relvas) proferem discursos sem sentido, não esclarecem, não elucidam, não têm planos para Portugal. O que dizem, e o que diz Miguel Relvas, é um conjunto de futilidades, numa tática de encobrimento dos seus actos e dos núcleos duros do seu partido, responsáveis por milhões de milhões de euros que foram gastos em betão de 85 a 95 do século passado, em desfavor de outras prioridades. Assaltar o poder, não interessa como e à custa de quê, é a sua batalha presente. Estão todos de pica feita para implementarem os TGV's e novo Aeroporto (embora disfarcem), e aí trocarem douradas influências. Há ainda boa parte dos 41 mil milhões por gastar.
O PSD não merece governar Portugal nos próximos anos, enquanto não proceder a um radical saneamento, com anúncio público frontal e honesto, das ovelhas ranhosas e corruptas que nele pastoreiam, ruminando o cabedal que roubaram aos cofres públicos, a começar pelos seus "ovelheiros" do BPN e BPP. O Sr. Miguel Relvas anda agora a tentar branquear esses ovelheiros corruptos, a dizer que o tema da revisão constitucional foi erradamente colocado, a tentar, com linguagem mole, limpar os discursos de incentivo ao capitalismo internacional para comprarem Portugal em leilão, estratagema para ocuparem as cadeiras do poder. O PSD é o partido dominante nas autarquias, responsáveis pelos maiores crimes em gastos de dinheiros públicos. Vale tudo. Eles até querem governar com o FMI, o que representaria uma vergonha da democracia, uma humilhação do colectivo nacional. Mas eles querem seja o que for, desde que possam carrear para o poder e adm. pública em geral os seus bandos épicos, famintos do esbulho que restar. O senhor Miguel Relva é um demagogozito, sem nenhuma ideia para o país, sem nenhum interesse por Tomar e pelos tomarenses.
Se nos referirmos à situação política local tomarense, tão criticada neste blogue, o Senhor Miguel Relvas é um dos principais responsáveis. Ou não é? É ou não é? Estranho o facto de não ter sido o actual Presidente da Câmara de Tomar a abrir essa série de programas - a não ser que o feche... Critérios editoriais não os discuto.
Mas é tratado como a pessoa que tem a solução para os problemas de Tomar, até lhe pedem a sua intervenção. O seu estatuto faz vergar as melhores almas, e até lhe dirigem preces... Os oportunistas, como sempre, metem a viola no saco, na expetativa de um dia destes, ou em futuro mandato, enfiarem um vereador a tempo inteiro, um presidente numa empresa municipal, etc.. Para mostrarem bem alto essa sua espinha de plasticina, atiram-se a José Sócrates e aos vereadores do PS na câmara. Cambada de políticos de m..., muitos deles dizem-se de esquerda.
E são estas coisas que são difíceis de entender na política portuguesa.
Mas este senhor Miguel Relvas foi Secretário Geral do PSD e membro do governo de Durão Barroso que recentemente zarparam do governo, entregando-o de mão beijada a um aventureiro irresponsável, Santana Lopes, depois de ter deixado a CMLisboa afundada em dívidas, corrupção e clientelismo e uma multidão de funcionários a encanar a perna à rã.
Pelos vistos, o currículo político do senhor Miguel Relvas é uma desgraça, quer a nível local, quer a nível nacional.
Este senhor, estes senhores do PSD e outros senhores de outros partidos, são responsáveis pela humilhação que vive o nosso país, pela fome e frustrações de milhões de portugueses.
Talvez a Dra. Manuela Ferreira Leite tenha tido razão em afastá-los..., só que não explicou, e percebe-se agora melhor porquê...
Nem uns nem outros têm capacidade para resolver seja o que fôr, e se pensam que Tomar terá alguma importância neste quadro conjuntural desenganem-se dado que estruturalmente o sistema está moribundo. A classe média só poderá recuperar se lhe derem trabalho e permissividade legislativa e financeira para se agilizar com empreendorismo, mas a livre iniciativa é cortada a alto nível, negócios é só para alguns (caso energias alternativas), portanto a Oeste Nada de Novo!E com O FMI,nem PSD,nem PS, nem Blocos, nem PCP, nem os mais bem intencionados poderão fazer alguma coisa sem a sua aprovação e orientação, sem demérito mas com muitas limitações. Em suma, qualquer politico pode emitir palpites mas concretizar é mentira, a não ser que conte com ajuda e colaboração dos cidadãos, o que duvido.
Ò A. Rebelo, a sua subserviencia após a entrevista de sabado, foi patetica. Triste desilusão, eu que o pensava frontal e desinibido.
Finito!
O PSD de Relvas não tem planos para Portugal.
Mas também não precisa. Eles sabem que acabarão por tomar o poder, e terão que seguir rigorosamente as políticas ditadas do exterior pelos nossos credores ávidos de lucro.
Relvas tem o nome marcado para Ministro de Estado. Paiva apresenta-se como candidato a Secretário de Estado de qualquer coisa. Quiça se A.Rebelo ainda poderá aspirar a Chefe de Gabinete...
O Lacrau do Nabão
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