"Quando Rune Matthiesen e a mulher, portuguesa, decidiram vir viver para o Porto, já o dinamarquês conhecia o país de lés-a-lés. Tinha vindo várias vezes, sempre de férias. E tinha gostado. Sobretudo das pessoas. "Muito calorosas e acolhedoras, simpáticas." Os valores da família também o haviam cativado: "Os portugueses valorizam muito os laços familiares e as relações de entreajuda. Gosto muito disso. Na Dinamarca já não é assim." Do que o doutorado em Bioinformática do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) também não tem memória no seu país é de tamanha desigualdade social: "A maioria dos portugueses são pobres ou muito pobres. Recebem salários muito baixos, o salário mínimo é quase nada. as depois há outros que recebem muito, muito dinheiro, que têm muitas casas e vários carros. Na Dinamarca não há uma diferença tão grande entre uma empregada da limpeza ou de um mecânico e o de um professor ou médico. Isso choca-me." Se as desigualdades entre as pessoas inquietam Rune, a quantidade de carros que circulam nas cidades surpreende-o: "Em Copenhaga, a Praça da Universidade está cheia de bicicletas. No Porto as pessoas circulam de carro. Até os estudantes vêm para as aulas no seu próprio carro. Não percebo. Mas Rune já faz o mesmo. Todos os dias se desloca de carro da Maia, onde reside, para o IPATIMUP, nas imediações do Hospital de S. João, onde trabalha: "Não posso vir de bicicleta; não é seguro." O dinamarquês reside em Portugal há dois anos e meio e tem opinião clara sobre a relação dos portugueses com o trabalho: "A maior parte das pessoas passa muito tempo no local de trabalho, mas tem uma atitude relaxada. Fazem muitas pausas para café, demoram muito tempo para almoçar e a conversar com os colegas. Em geral, penso que a produtividade é baixa porque o esforço também é pouco." O que também espanta Rune é a falta de transparência do Estado, dos organismos públicos e dos políticos: "A informação não é clara, há muita corrupção, os políticos não gastam bem o dinheiro público. Mas os portugueses toleram, são passivos. São capazes de se zangar numa fila de trânsito, mas não agem contra a corrupção. Isto eu não compreendo."
Texto Célia Rosa, Foto Orlando Almeida/Global Imagens, Revista NS do Diário de Notícias de 28/05/2011, página 38 |
5 comentários:
A Troika que já está de novo em Portugal vai auditar alguns serviços/empresas públicas no sentido de verificar o cumprimento da implementação das medidas do Memorando. Também irá a algumas Câmaras municipais. Fontes bem informadas junto ao Terreiro do paço garantiram-nos que Tomar acaba de ser seleccionado!
O Presidente Curvelo já tem as barbas de molho...
Câmara e SMAS pois aí a mancehte do Cidade de Tomar da passada semana e cordelinhos tocados pelo inspector chefe certamente vão dar cá uma busca que alguns já andam a tomar HIMODIUM
A propósido destes três (3) artigos sobre costumes dos portugueses, relatados por alguns estrangeiros, escolhi as seguintes citações de Páginas de Jornalismo de Eça de Queirós - em "Obras de Eça de Queiroz, Vol IV, Pág. 352 (Lello & Irmão).
"Em cada cidade, em cada município, em cada povoado há sempre um grupo de homens que estão longe do povo, dos seus interesses, dos seus tormentos, da sua alma: chama-se a este grupo mundo oficial, camarilha, aristocracia, etc.."
"Este grupo vive solitário, cerimonioso, desprezando os partidos populares: tem falsos sentimentos e dura consciência"
"... ali estudam-se as influências, apontam-se os patronatos, contam-se os compromissos; só com estas coisas se ocupam, só por elas se dirigem; andam constantemente compondo e recompondo os seus apoios morais, porque se sentem fracos".
"O bem público, o interesse de todos, a felicidade popular, o bem das classes pobres (....) são-lhes coisas indiferentes, imperceptíveis, importunas; estudam todos os homens que se aproximam deles e não descansam enquanto não lhe enfraquecem e esterilizam os poderes de alma; têm um jesuitismo burguês: olham de longe, sorrindo e parodiando o pobre povo que trabalha, sua, vive explorado e morre de cansaso".
"Adoram a pequena vaidade que dá a dominação e representação".
Miguel Relvas no Diário Económico de hoje:
"Passos Coelho será melhor primeiro-ministro do que candidato... Passos é melhor a executar do que a fazer campanha".
Guardem que é de antologia.
Relvas reconhece que como candidato o Passo Coelho é mau. Pelo andar da carruagam vê-se quem vai lá dentro. A carruagem vai mal mas ele será bom primeiro-ministro, porque interessa ir para o poder de qualquer maneira.
"Passos é melhor a executar...". O pobre do Passos já reconheceu, públicamente, que não tem experiência governativa, como será bom executante ?
Relvas prepara o dia seguinte, e já começa a preparar a defesa perante resultados que não são o que o PSD esperava.
Na recta final da campanha, quando os argumentos são mais emotivos, dizer o que Relvas, Secretário-Geral do PSD, diz de Passos é significativo do estado em que estão as hostes laranjas.
Relvas reconhece "que o próximo Governo sofrerá na pele as consequências do pacote de austeridade". Só o povo é que ainda não viu. E preparem-se poque a nível internacional fala-se de uma nova crise.
O "bom executante" Passos reconheceu que nos próximos dez anos Portugal vai estar em crise. Para um político reconhecer tal é porque a crise vai durar muito mais.
A troika e as Autarquias...
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