Qual Santo António falando aos peixes, porque os homens o não queriam escutar, volto à carga. Referi no texto anterior que estamos no meio do rio e na hora da verdade, pelo que nos restam três hipóteses, duas boas e uma péssima.
As boas consistem em provocar eleições intercalares no concelho, com ou sem a acção prévia, corajosa e determinada das forças políticas locais. A péssima é a mais confortável para todos. Aos instalados permite-lhes continuar a mamar enquanto vão procurando mobilar a evidente inacção, com paleio mais ou menos diplomático. À população em geral, porque quem anda à chuva molha-se, sendo sempre melhor manter-se abrigado enquanto dura a borrasca, saindo só quando o sol brilha. O pior é se não volta a brilhar como já soeu, diria o Camões.
Na sequência desse texto, fizeram-me duas perguntas, ambas muito oportunas e pertinentes: 1- Qual a vantagem de provocar uma eleição intercalar no concelho? 2 - Porquê agora, na hora da verdade, como escreveu?
1 - A primeira e principal vantagem da eleição intercalar é que teria cobertura nacional, o que obrigaria a apresentar finalmente planos tácticos e estratégicos dignos desse nome, em vez dos usuais pastelões incongruentes, plagiados e inoperacionais. A outra vantagem seria a possibilidade de clarificar enfim as águas demasiado pantanosas da política nabantina, onde já ninguém se entende ou sabe para onde vai.
2 - Agora é para a população do concelho a hora da verdade e a ocasião mais conveniente para voltar às urnas porque, pela primeira vez desde os tempos do general Fernando de Oliveira (que trouxe para Tomar o Mercado, o Estádio, o Bairro 1º de Maio, o Plano de Urbanização, o quartel etc. etc., porque tinha acesso directo a Salazar), temos um amigo da cidade no primeiro círculo do poder. Falo de Miguel Relvas, efectivo primeiro-ministro substituto. Tem apenas o mesmo lugar do Jorge Lacão, dirão os habituais pessimistas. Erro profundo, minha gente. Lacão nunca passou de moço de recados de Sócrates, tal como todos os outros ministros, excepto Campos e Cunha, que teve a coragem de bater logo com a porta, e Luís Amado, que nunca ligou ao que o ilusionista lhe dizia...)
Nestas condições, Tomar só não conseguirá ver aprovados os planos que não apresentar, uma vez que o presidente da Assembleia Municipal, por muito boa vontade que tenha, não pode despachar favoravelmente aquilo que não existe. Sendo igualmente indubitável que os instalados nas cadeiras do poder local tudo farão para manter cada qual a sua boca na teta orçamental, e tendo o PSD a certeza de vencer a próxima compita eleitoral sem grande esforço; ou a oposição e/ou a população passam à acção, ou está tudo estragado e espera-nos o habitual marasmo no nosso lento mas inexorável resvalar para a miséria.
Acresce que, como muito bem sentencia o povo, "primeiros chegados, primeiros servidos". Enquanto houver, bem entendido. Se ficarmos, como de costume, à espera da vinda de um salvador, quando e se chegarmos a acordar já outros terão deixado apenas os ossos...
Aqui fica o alerta, que sem tropas não posso travar batalhas.
10 comentários:
Isto não é para o insultar, mas está visto que você Rebelo, perdeu de vez o juízo.
Primeiro por achar possível a existência de eleições intercalares, ou que os tomarenses são capazes de se unir para alguma coisa concreta.
Depois porque acha que Relvas, que já antes esteve no Governo, o mesmo Relvas que defendeu as portagens e que foi contra o IC3 e o IC9, está minimamente preocupado com Tomar. E ainda, que Relvas tem assim tanto poder como imagina!
Rebelo, isso só pode ser insanidade ou ingenuidade. Ou é vontade de mostrar trabalho ao seu novo ídolo? Acha mesmo que ele o vai escolher para candidato à câmara, ou que vai sequer estar preocupado com isso?
Até isso Rebelo, seria insanidade ou ingenuidade!
Rebelo.
Você anda baralhado das ideias.
Passa a vida a sonhar com eleições intercalares em Tomar antes de 2013. Não acredite nisso. Nem em Tomar nem no resto do país. As suas expectativas em relação aos tomarenses e aos portugueses são desajustadas da realidade.
Miguel Relvas número dois do governo ? Então e o Portas e o Ministro das Finanaças ? Não viu o que o Rebelo de Sousa disse ontem na TVI sobre o papel do Relvas no governo, e que corre o risco de ser comido vivo no Parlamento ?
Não viu o que o Rebelo de Sousa disse sobre possíveis eleições legislativas dentro de dois anos,talvez depois das autárquicas?
Este governo do PSD tem imensas contradições dentro dele, e vai ter de assumir medidas duríssimas, e, como disse Pedro Santana Lopes, dentro de pouco tempo as suas fraquezas virão ao de cimo. Os rapazes vão saír todos esfarrapados.
Não foi por acaso que o Relvas resistiu em ir para o governo, no que foi obrigado.
O Rebelo vive de fantasias, não olha para a realidade. Há movimentações no PSD de Tomar o Rebelo e a comunicação social ainda não as viram. Procurem que encontrarão.
Pacheco Pereira, exdeputado PSD e um raro homem livre (recusou ser eurodeputado por convicção), não dependente do Estado ou dos negócios com esse Estado, trata Relvas como "esse empresário luso-cabo-verdiano-brasileiro".Na revista Sábado, um texto jocoso para "o Homem de Estado" como diz do autor deste blogue.Desculpe o anonimato mas não sou rico e tenho família. E medíocres em lugares de poder não aceitam críticas...
Para 12:50
Muito obrigado pelo seu apoio. Vê-se que você é uma pessoa optimista, alegre, tolerante,amiga do progresso, preocupada com a tragédia local, fraterna, sobretudo fraterna, e de bem com a vida.É com cidadãos assim que Tomar não tardará a dar um passo em frente, agora que está a um passo do abismo. Faço votos para que Deus a conserve (a si!) assim durante muitos anos. Amen.
O que me encanta aqui em Tomar, além da paisagem, dos monumentos e dos amigos mais chegados, é o feitio dos meus conterrâneos. Pessoas em geral muito cultas, especialistas de tudo e mais alguma coisa, doutoradas em achismo, abertas, dialogantes, sempre prontas a colaborar e a chegar a compromissos, ávidas de ideias novas, cheias de esperança no futuro. E grandes apoiantes dos seus conterrâneos, de nascimento ou por adopção. Concedem-lhes sempre o benefício da dúvida e praticamente nunca evocam o passado de cada um. Ainda bem que temos gente assim. Sem tão indispensáveis cidadãos, é muito provável que esta minha terra não estivesse de rastos, o que seria uma grande chatice, pois demonstraria que afinal sempre é possível sair da mediocridade geral e fazer-se ao futuro.
Como costumava dizer certo tomarense já falecido, "Deus nosso senhor não tem culpa nenhuma de ser pai de tanto filho bruto!" Referia-se, como é lógico, apenas e só a quem não nasceu nem habita neste nosso formoso e adorado concelho. Ou estarei outra vez equivocado ou até já patareco?
Fez bem em referir Luís Amado, o homem da oposição parda a Sócrates. Pois este mesmo Amado garantiu ontem na SIC-Notícias, programa Sociedade das Nações, que ele próprio testemunhou a vontade e tentativa do governo de Socrates de ser estabelecido um acordo de regime PS-PSD-CDS.Depois venham falar em "mau feitio" e mentiras do ex-PM. A propósito. Sem Sócrates os juros vão de recorde em recorde.
Passou-se...
Rebelo.
E a derrota do PSD de Passos Coelho ontem no Parlamento por causa do Fernando Nobre ?
Que maravilha! O Paulo Portas afinal não é a segunda figura do governo, é a primeira, sem ele não se aprovará nada.
Agora só temos de esperar para ver o Relvas a ser assado em lume brando nos debates no Parlamento.
Também os encontros quinzenais sobre o Estado da Nação passarão a ter outro interesse com o Passos Coelho a ser desancado.
Leu o Le Monde de hoje? Não leu o artigo onde se afirma que a troika deixou apenas uma opção a Portugal: austeridade sobre austeridade ?
Grandes tempos se avizinham. Voltaremos ao PREC, de extrema-direita.
Quanto a Tomar não se preocupe que nada muda. Os tomarenses não têm alma.
Quanto ás movimentações no PSD de Tomar, referidas noutro comentário, penso saber do que se trata; e já houve consultas à sede do partido em Lisboa. Como disse o Fraústo da Silva sobre os tomarenses (inclui comunicação social): tirem os ovos debaixo dos braços, vão à procura.
Senhor Doutor Rebelo,
Quantas tropas precisa?
É só pedir por boca!
Soldados,cabos,sargentos,oficiais subalternos,oficiais superiores.
E ainda uns tantos condes,duques e barões.
Disponha.
Para comentário das 23:23
Obrigado pelas sua palavras bem humoradas e de implícito apoio. Como decerto não ignora, estas coisas da política convém que sejam conversadas frente a frente (salvo seja!), de preferência com algo para ir molhando a palavra e evitando que a garganta seque. Até lá e bem haja!
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