Perguntam-me alguns o que me levou a anunciar, com seis meses de antecedência, que não irei votar em Outubro. É uma pergunta pertinente, cuja resposta é fácil e praticamente indesmentível. Consideremos então a compota política local. Chamemos-lhe assim, para não cheirar tão mal.
Desde 2009 que temos no poleiro municipal uns galitos divididos em três capoeiras, como toda a gente sabe. A capoeira A com 3, a B e a C com dois cada uma. Durante os dois primeiros anos houve coligação de A com B, por se ter pensado, algures à beira Tejo, que sem isso lá se ia o poleiro. Vai-se a ver, era só angústia e temor. Rota a mancebia, as capoeiras B e C, apesar de maioritárias, nunca quiseram chegar a acordo. Nem sequer por omissão, pois bastava-lhes deixar de comparecer nas reuniões para que a capoeira A, isolada e minoritária, não pudesse deliberar. E sem tal capacidade não aguentaria mais de um mês. Mas vai conseguir chegar até Janeiro. Com o seu galito principal tão convencido, tão cheio de si próprio, que até teimou e volta a apresentar-se à franganada do aviário tomarístico.
Sucede que tive acesso a uma recente sondagem, simultaneamente muito elucidativa e muito enganadora. Muito elucidativa pois mostra os putativos resultados de Outubro próximo, com a actual capoeira C a vencer, a capoeira A em segundo lugar e a actual B em terceiro. Muito enganadora porque se trata de uma simples sondagem telefónica e, sobretudo, por se tratar de resultados em percentagem, tão próximos uns dos outros que a usual margem de erro de 3% permite vir a justificar qualquer futura ordenação diferente.
Uma coisa é certa porém: salvo improvável terramoto eleitoral, ou fenómeno semelhante, tudo parece indicar que vamos ter, a partir de Janeiro de 2014, exactamente o que já temos desde 2009 -uma trempe de sete galitos de pouca envergadura e crista murcha, agrupados em três capoeiras: 3 em A, 2 em B e 2 em C. Uma vez que tal esquema já vigora há quase quatro anos sem qualquer benefício para os tomarenses, valerá a pena ir votar em Outubro? Julgo que não. Para pior já basta assim.
Apesar de maioritárias, as capoeiras B e C sempre têm preferido até agora que cada qual governe a sua vida, incluindo os próprios. Senhas de presença, telemóveis, computadores, impressoras, instalações, consumíveis e penacho dão sempre muito jeito. Sobretudo com a crise que por aí vai. E os eleitores que se lixem! Têm é inveja!
E assim temos que o actual regime político em vigor no país varia consoante o concelho. A nível nacional é uma espécie de democracia fechada a cadeado pelos partidos. Só entra nas respectivas capoeiras quem os galos-chefes querem. Em Tomar sucede o mesmo, mas a democracia local tem, além disso, todo o aspecto de uma "mamocracia". Com uns miseráveis galitos a agir em função de senhas de presença a 100 euros e outras mordomias do mesmo fraco nível... Ao que se chegou! E ainda querem que eu vá votar? Para quê? Qual a real utilidade das sucessivas reuniões camarárias? Em quatro anos, decidiram adjudicar as inúteis obras junto em Convento e as do Elefante Branco da Levada. E que mais fizeram?
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