domingo, 31 de março de 2013

Outubro e os candidatos


Alambor templário do século XII, parcialmente destruído para a edificação de um paredão e duas caixas de visita da rede de saneamento. Do lado esquerdo vê-se bem a parte destruída, que em tempos os senhores eleitos do executivo referiram como "só meia dúzia de pedras". Na verdade, foram arrancados cerca de 20 metros quadrados. Consequência de termos políticos de aviário.


Obstinados como sempre, muitos tomarenses continuam convencidos de que vale a pena e serve para alguma coisa ir votar em Outubro. Que os candidatos não são todos iguais. Que uma união de esquerda é que era. Que desta vez é que a CDU, o BE e afins vão conseguir eleger um vereador. Que o PS vai ganhar. Que os IpT, desta vez não falha. Que o PSD "até com um asno à cabeça ganhava". Tudo ilusões!
No que concerne à extrema esquerda, a experiência demonstra que, mesmo com um candidato conceituado, de obra feita, o resultado é decepcionante. Serve apenas para "contar espingardas". Outro tanto tem acontecido, de resto, com a franja do lado oposto -o centro direita. Tanto o projecto Lebre como o CDS - Ivo Santos, não foram em 2009 propriamente dois triunfos eleitorais.
Restam os membros da troika local que, desde 2005, infelizmente, monopolizam o poder executivo tomarense, com destaque para o PSD. Com os resultados que estão à vista de todos os que não se deixam cegar por óculos partidários. Se outros motivos não houvesse para recusar em Outubro próximo o voto em tal gente, bastaria pensar neste último mandato. Ocupar as cadeiras do poder durante quatro anos, só para auferir as mordomias, deixando correr o marfim, eis uma prática condenável, que retira qualquer credibilidade a quem teve o desplante de a usar. Não só por se tratar  de chulice descarada, mas também por ter permitido, por manifesta cobardia, que alguns funcionários municipais continuem a mandar de facto na autarquia e nos seus eleitos, quando devia ser o inverso. A relativa maioria por claramente se limitar a manter o barco a flutuar. Os comparsas maioritários porque incapazes de se entenderem, o que evidencia a a sua inépcia = analfabetismo político + falta de coragem. É duro, mas é a realidade nua e crua. Tal como sucede com as árvores, a utilidade dos eleitos mede-se pelos frutos que dão. E os do actual executivo só se alimentam, procurando não fazer ondas. Frutos, ou  não há, ou são bem amargos.
Além do já referido, todos -PSD, PS, IpT- comungam da ideia peregrina segundo a qual cabe ao governo e à autarquia implementar políticas de crescimento. Conquanto sejam incapazes de enunciar  quais, subentende-se que estarão a referir-se às velhas políticas keynesianas de obras públicas, que tão bons resultados deram, mas foi no século passado. Nos tempos do pós-guerra e das vacas gordas. Agora não há dinheiro nem obras úteis e rentáveis para fazer. Apesar disso, não se lhes conhece, aos tais arautos locais do progresso, uma ideia, um plano, um projecto, um rumo, uma solução para o que quer que seja. Apenas reclamam fundos e mais fundos. Para aplicações sensatas? Não! Apenas para comprar votos, com subsídios, empregos, obras para inglês ver, passeatas e almoçaradas bem regadas, tudo à conta do orçamento. A ordem é rica e os frades eleitos são poucos, uns escolhidos por voto secreto, a maior parte por compadrio.
Após todos estes anos de aselhices monumentais e de descarado regabofe, esperava-se que tão ilustres figuras tivessem pelo menos a decência de sair de cena. É o sais! Trabalhar faz calos e o desemprego alastra a olhos vistos. Apesar de haver empresários a queixar-se com falta de trabalhadores. É o velho problema tão português: postos de trabalho há; trabalhadores é que não! Todos querem arranjar ou manter um  emprego de mãos limpas e costa direita, mesmo que seja na política local, condenada a reformar-se ou morrer a breve prazo. Com a inevitável reforma dos concelhos, que não tarda aí. Não por opção ideológica; apenas porque a cadela já não pode com tanto cachorro.

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