Obstinados como sempre, muitos tomarenses continuam convencidos de que vale a pena e serve para alguma coisa ir votar em Outubro. Que os candidatos não são todos iguais. Que uma união de esquerda é que era. Que desta vez é que a CDU, o BE e afins vão conseguir eleger um vereador. Que o PS vai ganhar. Que os IpT, desta vez não falha. Que o PSD "até com um asno à cabeça ganhava". Tudo ilusões!
No que concerne à extrema esquerda, a experiência demonstra que, mesmo com um candidato conceituado, de obra feita, o resultado é decepcionante. Serve apenas para "contar espingardas". Outro tanto tem acontecido, de resto, com a franja do lado oposto -o centro direita. Tanto o projecto Lebre como o CDS - Ivo Santos, não foram em 2009 propriamente dois triunfos eleitorais.
Restam os membros da troika local que, desde 2005, infelizmente, monopolizam o poder executivo tomarense, com destaque para o PSD. Com os resultados que estão à vista de todos os que não se deixam cegar por óculos partidários. Se outros motivos não houvesse para recusar em Outubro próximo o voto em tal gente, bastaria pensar neste último mandato. Ocupar as cadeiras do poder durante quatro anos, só para auferir as mordomias, deixando correr o marfim, eis uma prática condenável, que retira qualquer credibilidade a quem teve o desplante de a usar. Não só por se tratar de chulice descarada, mas também por ter permitido, por manifesta cobardia, que alguns funcionários municipais continuem a mandar de facto na autarquia e nos seus eleitos, quando devia ser o inverso. A relativa maioria por claramente se limitar a manter o barco a flutuar. Os comparsas maioritários porque incapazes de se entenderem, o que evidencia a a sua inépcia = analfabetismo político + falta de coragem. É duro, mas é a realidade nua e crua. Tal como sucede com as árvores, a utilidade dos eleitos mede-se pelos frutos que dão. E os do actual executivo só se alimentam, procurando não fazer ondas. Frutos, ou não há, ou são bem amargos.
Além do já referido, todos -PSD, PS, IpT- comungam da ideia peregrina segundo a qual cabe ao governo e à autarquia implementar políticas de crescimento. Conquanto sejam incapazes de enunciar quais, subentende-se que estarão a referir-se às velhas políticas keynesianas de obras públicas, que tão bons resultados deram, mas foi no século passado. Nos tempos do pós-guerra e das vacas gordas. Agora não há dinheiro nem obras úteis e rentáveis para fazer. Apesar disso, não se lhes conhece, aos tais arautos locais do progresso, uma ideia, um plano, um projecto, um rumo, uma solução para o que quer que seja. Apenas reclamam fundos e mais fundos. Para aplicações sensatas? Não! Apenas para comprar votos, com subsídios, empregos, obras para inglês ver, passeatas e almoçaradas bem regadas, tudo à conta do orçamento. A ordem é rica e os frades eleitos são poucos, uns escolhidos por voto secreto, a maior parte por compadrio.
Após todos estes anos de aselhices monumentais e de descarado regabofe, esperava-se que tão ilustres figuras tivessem pelo menos a decência de sair de cena. É o sais! Trabalhar faz calos e o desemprego alastra a olhos vistos. Apesar de haver empresários a queixar-se com falta de trabalhadores. É o velho problema tão português: postos de trabalho há; trabalhadores é que não! Todos querem arranjar ou manter um emprego de mãos limpas e costa direita, mesmo que seja na política local, condenada a reformar-se ou morrer a breve prazo. Com a inevitável reforma dos concelhos, que não tarda aí. Não por opção ideológica; apenas porque a cadela já não pode com tanto cachorro.
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