quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

ANÁLISE DA IMPRENSA REGIONAL DESTA SEMANA - 2

Colaboração da PAPELARIA CLIPNETO LDA.

Segunda edição da habitual análise da imprensa regional, porque esta semana Cidade de Tomar e O MIrante saíram ontem e O Templário só hoje.
No semanário dirigido por José Gaio, escreve-se esta semana sobre a aluna do Jardim Escola João de Deus, que partiu uma perna, o novo arranque da Platex, em Janeiro, o Pavilhão Jácome Ratton que mete água, as festas de Natal e uma mensagem do padre Mário, o novo vigário católico de Tomar. 
De todos estes assuntos, parece-nos importante focar o caso lamentável da nova administração da Platex, que aproveitando a indispensável reestruturação da empresa e uma nova selecção de operários, fez o que é costume neste país:  Afastou os delegados sindicais e outros defensores dos trabalhadores. Sem qualquer intenção, claro! Mas o facto aí está. Os que mais incomodam são sempre os primeiros a ser punidos. Se isto não é sede de unanimismo e de regime autoritário, então não sabemos o que seja. Mas ainda estão a tempo de emendar a mão. Assim queiram!
Outro tópico a destacar sem falta são as constantes infiltrações no Pavilhão Jácome Ratton, inaugurado em 2005. Infelizmente para todos nós  -amantes desta terra que nos viu nascer e nos há-de receber como última residência- não é só este pavilhão que "mete água". A bem dizer, todas as obras projectadas e edificadas em consequência da ganância em relação aos fundos de Bruxelas, meteram e continuam a meter água por todos os lados.  Basta pensar no parque de estacionamento do ex-estádio, na transformação deste num miserável campo de treinos, cujo piso não aguentou nem metade do tempo previsto, na barraquinha do Mouchão, cuja utilidade ainda ninguém conseguiu descobrir, no incrível caminho pedonal através da Mata, na aparatosa retrete com balcão de recepção, também na Mata, que nem sequer pertence ou é administrada pela autarquia, na Rotunda do Muro-Mijatório, ou nas várias passagens para peões, constantemente a precisar de reparação. E ainda falta a envolvente ao Convento, a 3ª fase do Flecheiro (com o previsto realojamento dos ciganos), o Museu Elefante Branco da Levada e o Parque de Campismo do Açude de Pedra, com uma ETAR mesmo à entrada.
Quando o que interessa é sacar e não servir a comunidade, estão criadas as condições para todos estes desastres. E o mais que adiante virá, se os tomarenses não aprenderem que só eles podem defender os seus próprios interesses. Já não seria sem tempo!

O MIRANTE, como se sabe, tem edições diferentes, embora com conteúdos semelhantes. Aqui temos a Edição Médio Tejo e a Edição Lezíria do Tejo desta semana. Como os nossos leitores podem aquilatar, dá muito jeito poder variar consoante a área geográfica e, naturalmente, os eleitores. Basta atentar na troca de manchetes e na permuta de fotos.
No primeiro quartel do século XVI, o grande poeta Sá de Miranda regressou ao país, vindo de Itália, onde estudara. Trazia a "medida nova" e uma consciência mais desperta para certas coisas. Agastado com a vida da côrte, exilou-se no Minho, tendo deixado uma quintilha, naturalmente na medida nova, que ficou célebre: "Homem de um só parecer/De um só rosto, de uma só fé/De antes quebrar que torcer/Muita coisa pode ser/Homem da corte não é". Meditando nestas manchetes e noutras notícias d'O MIRANTE, (e não só!) fica-se com a impressão de que, se fosse hoje, muito provavelmente o grande vate Sá de Miranda (que decerto nos perdoará) teria escrito antes "Homem de só aparecer/De um só rosto, mas com com bom pé/De antes pensar que perder/ Muita coisa pode ser/ Depende para quem é".
Em todo o caso, vale a pena ler, a todos os títulos, a excelente entrevista do engenheiro Mira Amaral. Não só por ser um antigo ministro e agora banqueiro (Presidente do BIC), mas sobretudo por se tratar de um grande gabarito intelectual, dos melhores do país, e não ter papas na língua. 
Nesta entrevista, ajusta contas com o PSD ("a minha dedicação e colaboração com o PSD acabou, por causa da cena vergonhosa que me fizeram na Caixa em 2004"...), acusa a gestão socialista de Santarém (..."porque de facto as lideranças municipais tinham deixado adormecer completamente a cidade."), fala de Torres Novas como capital económica do distrito, de Abrantes e de Ourém, mas sobre Tomar nem uma palavra. Só quando questionado acerca dos dois politécnicos opinou que devia existir só um, mas com dois pólos: "Há coisas que só por si não têm dimensão. Temos de perceber que o país mudou..."
Finalmente, sobre a crise foi lapidar, no nosso entender: "Dar a volta ao texto vai levar muitos anos. Os portugueses vão ter de se lembrar de coisas básicas. Vão ter de trabalhar mais e melhor. Vão ter de perceber que ainda não são europeus, como alguns pensavam...  ... ...Vamos ter de passar uns anos de sangue suor e lágrimas. Com muitos sacrifícios, e uma sociedade civil mais consciente, mais responsável, mais actuante, que faça pressão sobre a classe política, para que esta seja mais responsável e comece a gerir melhor..." 
Lendo-o atentamente, percebe-se que o engenheiro Mira Amaral, se não vem com frequência a Tomar, pelo menos conhece muito bem os seus habitantes. 

2 comentários:

Anónimo disse...

À sua atenção, António Rebelo:

Face à constante degradação das passadeiras de peões na ponte Roflim, as sumidades (in)competentes decidiram fazer o quê? Pura e simplesmente alcatroar os buracos...

Isto só em Tomar! Cidade tem+pleira, cidade cigana!!!

Anónimo disse...

Mas foi precisamente com o PM Cavaco (em que Mira era ministro) que os portugueses se convenceram que eram ricos "à europeia". Não tentem re-escrever a história. O Engº Mira (Prof.Perdigoto, como é conhecido no IST)deve quase tudo o que é ao percurso político partidário. Fica-lhe mal dizer-se desinteressado da política. Dá razão ao povo quando esse povo comenta: "este já se encheu".
A entrevista são banalidades mas, como sempre, em terra de cegos...
Pedro Miguel