sábado, 11 de dezembro de 2010

SINTOMAS DA DOENÇA NABANTINA


Como acontece com qualquer doença grave, a maleita nabantina (tipo pilha Duracell, "e dura! e dura! e dura!) caracteriza-se por vários sintomas do tipo febre, diarreia, tonturas, fraqueza, sonolência, e assim. Face ao silêncio geral sobre tão candente assunto, vejo-me forçado, enquanto leigo em medicina, mas procurando honrar o popular provérbio segundo o qual "De médico e de louco, todos temos um pouco", a enveredar pelo ensino superior local.
Esta surtida tem para mim uma grande vantagem: Dado que, ao criticar os autarcas que temos, me acusam de aspirar à presidência da edilidade (como se isso fosse algum crime!|), pelo menos em relação ao Politécnico não haverá dúvidas. Aposentado do Ministério da Educação, estou legalmente inibido de postular a qualquer lugar remunerado naquela casa. Isto para além de nunca ter tido feitio ou modos de lampreia...
Dito isto, vamos ao que importa.



Começar a ler sobre um respeitável estabelecimento de ensino superior e deparar-se com este aviso contendo frases desprovidas de sentido, uma redigida a partir da outra, poderá ser tudo; abonatório de competência e de ponderação, decerto que não é. Mas há, no nosso entendimento, bem mais grave.
É ponto assente que não pode haver pensamento estruturado sem recurso à palavra, nem o oposto -palavra sem recurso ao pensamento. Noutros termos, o nosso vocabulário condiciona os nossos pensamentos, tal como estes infuenciam as palavras. Assim sendo, quem possui pouco vocabulário e/ou fracas competências em construção frásica, está sempre fortemente limitado na sua eventual produção de ideias. Daqui resulta a lamentável situação actual -sobretudo no ensino e na política, mas não só- em que cada qual fala usando frases feitas, sem cuidar em geral do campo semântico que possam  abranger.
Este intróito serve para postular que, nestas condições, a primeira e principal obrigação de qualquer docente é procurar sempre simplificar o que é naturalmente complicado. Tanto em termos de vocabulário, como de construção frásica ou de encadeamento de ideias. Infelizmente, ao invés do que sucede por esse mundo fora, nesta faixa à beira-mar plantada continua a haver tendência para fazer exactamente o oposto -complicar, retorcer, tornar obscuro, para impressionar os ouvintes. Fernando Pessoa, que nos conhecia como poucos, dada a sua condição de estrangeirado, disse-o numa frase lapidar -"Eu traduzo para estrangeiro, para V.Exas perceberem melhor."
Como o leitor decerto já entendeu, só consegue escrever simples, correcto e claro quem tenha as ideias bem arrumadas, sólidos conhecimentos de pelo menos um idioma e um vasto vocabulário, pelo menos na sua área do saber. Partindo destes pressupostos -e porque para o assunto me chamaram a atenção- foi com surpresa e desgosto que li e reli o texto infra (abaixo), certamente da responsabilidade do professor.coordenado cujo nome nele figura.
Não tendo o prazer de conhecer a pessoa, ou sequer tido acesso às suas eventuais habilitações académicas e profissionais na área do turismo, abstenho-me de tecer mais quaisquer comentários, adversos ou abonatórios. Cada leitor fará o favor de sacar as suas conclusões. Apenas um desabafo, a concluir.
O novo presidente do IPT, sempre acaudatado pelo anterior, que ninguém sabe muito bem o que ainda por ali anda a fazer, declarou recentemente, na cerimónia de abertura solene, que as dificuldades do Politécnico de Tomar são superáveis. Perante textos como o seguinte, cabe perguntar, preocupado: Serão mesmo?


PS - Não incluir nos textos de apresentação os currículos académicos e profissionais dos docentes, uma vez que se trata de ensino politécnico, logicamente orientado para a formação profissionalizante, não nos parece nada convidativo para os candidatos à frequência.
Na mesma linha, limitar-se a indicar qe o plano de estudos da Licenciatura em Turismo Cultural foi publicado no Diário da República II série, nº 122, de 27 de Junho de 2007, parece ser uma brincadeira de mau gosto, para não dizer outra coisa. A citada edição do Diário da República é um "tijolo" com mais de 500 páginas! Ou será que procuram apenas obstar a que os candidatos tenham acesso ao dito plano? Nesta terra e neste país, já nada me surpreende...

1 comentário:

Anónimo disse...

Oxalá o politécnico não venha a ser mais uma oportunidade perdida de Tomar. Tendo em conta que a sua criação foi simultânea com outro politecnico (que é hoje universidade da Beira Interior)não se pode ser optimista. O que se viu nos jornais sobre a abertura solene mostra mais um grupo de amigos com o antigo presidente (um ex professor de liceu) a aparecer mais vezes que o novo e até a ter direito a fotografia na parede como homenagem (diz o Cidade de Tomar)...