sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

TUDO TORTO...OU QUASE

A velhinha Rua do Camarão é a que agrupa mais prédios antigos recuperados. Bem recuperados em geral. Mas as autoridades de tutela é que continuam a não ajudar nada. Observe-se esta foto. A mania das caixinhas de plástico é tão evidente quanto a sua inadequação em fachadas antigas. Para mais, um dia destes deixarão de ter qualquer utilidade prática. Falta só o governo decidir quem terá de custear os novos contadores, já equipados para telecontagem, ligação, corte e restabelecimento à distância. Em princípio devem ser os consumidores, como é costume. Mas nunca se sabe.
E a EDP e os seus cabos. Anteriormente era porque ficava muito caro enterrar a rede de distribuição, visto que não havia calhas técnicas. Agora que já há calhas técnicas naquela rua, estão à espera de quê ?
Logo adiante, no Largo do Pelourinho, há meses e meses a aguardar que a autarquia arranje dinheiro para custear a conclusão das obras, outra feliz recuperação. Como bem notou O TEMPLÁRIO, nem o arquitecto Siza Vieira conseguia algo assim. O primeiro prédio antigo e nabantino com rosto humano, acrescentamos nós. Basta reparar na parte superior: dois olhos, o nariz, a boca... O problema é que o lintel (verga, em linguagem popular) da porta foi colocado ao contrário. A parte de dentro foi e está virada para fora. Mas ainda tem remédio. Basta querer. Como está é ridículo.
Outro óbice são as caixinhas de plástico, cujo número vai aumentando. Aqui já são 11. Por este caminho, um dia destes vamos ter igualmente caixinhas para fotocópia do Bilhete de Identidade, do Cartão de Contribuinte, do Cartão de Utente, do Cartão de Eleitor, do nº que cada um calça ou veste, e assim sucessivamente. Já faltou mais ! Bem fazem os ingleses ou os americanos, que nunca tiveram nem têm bilhete de identidade. Nem precisam ! Nós aqui é que gostamos da "República dos papéis".

É claro que com tanta coisa a dar para o torto, até os monumentos antigos decidem tomar o mesmo rumo. O pobre pelourinho que temos, que é bem o símbolo das nossas reais liberdades locais, também entortou. E o mais certo é assim ficar até quando Deus quiser. É mais uma coisa torta na urbe nabantina. Das menos importantes, neste caso. Ou estaremos a ver mal ?

Só o nosso fundador é que não embarca em modas ou outras modernices. Homem que é homem mantém-se igual ao que sempre foi. Progresso ? Ideias novas ? Outros hábitos ? Outras maneiras de ser ? Era o que faltava !
De forma que aí o temos, como sempre foi -hirto e firme, como uma barra de ferro. De bronze, para ser mais preciso. Mudam-se os tempos. Mantêm-se as tradições. Mesmo (sobretudo ?) as más. Ali pelas bandas da antiga Praça de D. Manuel I continua a ser assim. Até quando ? A resposta só os eleitores a poderão dar, quando assim o entenderem...

8 comentários:

Funiculi disse...

o Sr. D. Gualdim, na altura em que foi tirada a fotografia, estava com sorte, ou azar, porque não foi apanhado com nenhuma "pombinha" no poleiro, mais conhecido por espada.

Anónimo disse...

1º Alterar a Praça para o seu nome original;
2º Correr com os oportunistas que vegetam no edifído situado nas costas do nosso fundador;
3º Promover os competentes nas estruturas e dar poder de decisão aos que ousam um desenvolvimento do concelho tendo por base a causa pública e não as causas menos nobres que se medem pelo volume das contas bancárias (e dos amigos).

São só ideias... para refundar Thomar!

AA

Anónimo disse...

Não se pode arranjar por cá uma Wall Street? É que assim expurgávamos os vírus e tornávamos isto mais saudável!

Cantoneiro da Borda da Estrada disse...

Ao Anónimo das 12H33

As propostas do seu desabafo,não passam de desabafo. Legítimo.

"Correr com os oportunistas", "promover os competentes".

Onde é que isso se faz? Como é que isso se faz? Quem é que o faz?

O grande quebra-cabeças é esse. Imbróglio do caraças.

Coisa certa: os "clubes" onde se fabricam esses ilícitos, estão no sistema partidário.

Esses clubes chamam-se "Comités eleitorais". Só são isso no presente.

Foi através de um movimento chamado de "Clubismo", no séc. XIX que nasceram os primeiros partidos em Portugal. A princípio dominados por caciques reacionários locais.

Para mim é por aí que é preciso começar. Difícil. Mas se os oportunistas e incompetentes que os dominam não forem aí vencidos, a democracia e o futuro...

É preciso restaurar a moral e ética (que se chamem republicanas...) no sistema partidário. Toda a gente vê.

Anónimo disse...

Boa noite António Rebelo,

É de facto lamentável que a uma boa obra de restauro dum prédio se sobreponha a inépcia de quem de direito legisla, ou manda pura e simplesmente, desfigurando a obra executadoa com uma panóplia de artefactos, todos eles inestéticos, como são as omnipresentes caixinhas e os sempiternos cabos eléctricos.
Aqui ao nosso lado, os espanhóis que são estúpidos, dão o exemplo de como uma acção de restauro dos núcleos mais antigos das suas cidades, vilas e aldeias deve ser conduzida.
Que as cidades espanholas são feias ninguém duvida, mas apenas nas zonas novas. Os núcleos históricos são um regalo para a vista. Não se vê um cabo eléctrico à vista, uma "caixinha de esmolas" nas paredes, e as antenas de televisão são raras. É-nos dada a oportunidade de regalar a vista perante a mole de casas apertadas entre si, por entre as quais fluem ruas e vielas, num perfeito exercício de estética em que sobressai a volumetria do conjunto arquitectónico sem os parasitas que conspurcam a imagem!
Por cá, e muito particularmente em Tomar (que é o que mais me doi por ser a minha terra) assiste-se amiúde a uma casa ou prédio recuperados, de face limpa, mas nos quais sobressai o emaranhado de fios eléctricos e outros componentes que quebram a estética, fazendo com que a paisagem se pareça mais com um qualquer conglomerado algures na Palestina.

Anónimo disse...

Meus Amigos,
Ainda me lembro dos primeiros navegadores da blogosfera tomarense, onde luís ferreira se sentia como "peixe na água" por não ter, há altura, concorrência.
Hoje, com existência de um blog de primeiras águas na defesa da Democracia pluralista, como é O caso do Tomar a Dianteira, e cujos responsáveis não admitem insultos ao bom nome dos cidadãos, não admitem que os boateiros do costume usem o anonimato para fazerem verdadeiros julgamentos sumários ao carácter de outros cidadãos, o senhor luís ferreira vai tentando iludir o Dr António Rebelo com a passagem da mão pelo pêlo, tal é a vaselina que o próprio tem de desconfiar.
Tal personagem só dá o nome quando quer parecer uma pessoa de bem. O problema é que "gato escaldado de água fria tem medo". O senhor luís ferreira, não sei se já repararam, tem um olhar disforme e próprio de quem tem a consciência (se é que a tem) pesada.
Tal personagem imita muito bem o chefe "vai haver eleições, vão a votos". Quem comeu a carne tem de comer os ossos!

Anónimo disse...

Sr. Dr. Rebelo

Para quando fotos e comentários sobre as miscelânea de pavimentos e passeios nas velhinhas artérias do Centro Histórico?

Fica o desafio!

Espero que aceite!

Um bom fim de semana, faça o favor de ser feliz e
viva o Sporting ... Clube de Tomar (95 anos de vida é obra!!!!!!!!!!).

Anónimo disse...

Boa tarde António Rebelo,

Corroborando o comentador anterior, venho com a minha intervenção reforçar a sua ideia lançando para o ar uma simples, singela e inocente pergunta: porque é que na Câmara têm tanto asco à cruz dos Templários que costumava ornamentar a calçada em Tomar?
Ainda existem alguns passeios que até agora têm conseguido "esquivar-se" ao camartelo paulino onde ainda se podem apreciar essas cruzes. Um exemplo é a avenida Cândido Madureira.
Aceito que nas zonas novas da cidade não se imponha esse desenho, mas penso que faria de todo sentido na zona histórica.

Enfim, é a cidade que temos. Templária, dizem eles. Templeira, digo eu!