Este hábito que tenho de ler a imprensa internacional de referência, por vezes prega-me partidas. Influenciado pela circunstância de em França andarem já a preparar a eleição presidencial de 2012, cuidei que os cavalitos tomarenses, entre os quais me incluo, já estariam preparados par aceitar, em conjunto comigo e com outros, os varais da carroça concelhia nabantina, puxando-a rumo a um futuro mais promissor. Refiro-me a todos os cavalitos. Os de tiro, os de cortesia, os de volteio e os selvagens.
Depressa concluí que ainda é prematuro. Que ainda não estão assaz desbastados. O vereador Luís Ferreira veio com uma frase do ano passado. O meu estimado contraditor do costume julgou útil repetir que "Não há machado que corte a raíz ao pensamento". Um outro leitor brindou-nos com sonhos de uma noite do verão passado: figuras nacionais para encabeçar uma lista tomarense; uma coligação PS/IpT/PCP... Finalmente lá apareceu alguém mais realista, propondo uma lista encabeçada por um tomarense independente, escolhido por consenso. Todas estas posições demonstram que de facto os tomarenses ainda não entenderam o que tem estado a acontecer e continuará a ocorrer -a rápida e irreversível passagem de um mundo conhecido para outro mundo pleno de imprevistos.
Não admira que assim aconteça. Afinal, naquele post com título alemão e português, figura o termo técnico de economia "monetização", que me abstive deliberadamente de explicitar, na expectativa de que alguém viesse a pedir explicações. Em vão. Por estas bandas parece continuar a imperar a vergonha de expor a sua ignorância, que é a melhor maneira de ser cada vez mais ignorante.
Porque a maioria dos leitores não entende de que se trata, mesmo se indicarmos que "monetizar a dívida" = transformar a dívida em moeda = àquilo que a FED-Banco Central Americano está fazer: imprimir 600 mil milhões de dólares americanos, para comprar dívida americana.
E porque é que o Banco de Portugal não faz o mesmo?, perguntará o leitor. Porque não pode. Só o BCE é que tem esse poder, mas também está impedido de o usar pela Alemanha e pela França, designadamente. Os quais se opõem a essa operação porque, em economia, o excesso de mercadorias provoca baixa de preços, mas o excesso de moeda dá origem a aumento de preços = inflação, sendo que esta, por sua vez, tende a dificultar as exportações, por falta de competitividade...
No sentido de ajudar a desbastar um bocadito mais os cavalitos, para depois os engatar facilmente à carripana tomarense, eis uma lista sucinta daquilo que vamos perder definitivamete nos próximos cinco anos: os fundos europeus, já em 2013; os empregos para toda a vida, mesmo na função pública, excepto nas profissões de soberania (polícia, GNR, guardas prisionais, espiões, sargentos e oficiais das forças armadas, magistrados, diplomatas, e pouco mais); as promoções por antiguidade; os aumentos anuais; as reformas e/ou aposentações a 100%; o 13º e o 14º mês; as consultas médicas gratuitas; os remédios comparticipados; o RSI; o ensino gratuito; o estacionbamento gratuito; os executivos autárquicos de 7 elementos, com 5 a tempo inteiro, ou de 5 com 3 a tempo inteiro; os telemóveis, os computadores e os automóveis à balda; as horas extraordinárias, salvo raras excepções; as transferências generosas para as autarquias; a permanência em serviço de 700 mil funcionários públicos, quando os desempregados são quase outro tanto; a redução drástica de lugares de adjuntos, secretárias, assistentes e assessores diversos; o corte progressivo dos orçamentos municipais; a compra compulsiva de dívida pública; metade dos deputados; dois terços dos municípios; os governos civis; muitas freguesias...
Face a tudo isto, resta acrescentar que, caso as futuras autárquicas venham a ter lugar só em 2013, se antes não tiver havido adequada e demorada preparação, dificilmente aparecerá algum candidato ao mesmo tempo independente, ainda não queimado e capaz. Pela simples razão que o cargo a ocupar deixará de ser um tacho, para passar a constituir um verdadeiro monte de trabalhos. E niguém gosta de vestir camisas de onze varas. Basta recordar que o independente Moita Flores obteve excelentes resultados em Santarém -autarquia com muito mais recursos do que Tomar- e mesmo assim já anunciou que não completará o segundo mandato, abandonando em Janeiro de 2013. Nestas condições, quanto mais depressa os cavalitos nabantinos abandonarem sonhos e outros devaneios, aceitando de bom grado atrelar-se à comum carroça tomarense, melhor será para todos, que o tempo perdido nunca mais se recupera. Essa é que é essa!
2 comentários:
Não sou teu contraditor.
Só que não tolero "photoshop" político e ambições patológicas.
E,ainda por cima,sou alérgico a pavões opados...
E é tudo, por agora!
VOX POPULLI
O Moita Flores foi um flop em Santarém.
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