sábado, 11 de dezembro de 2010

DA IMPRENSA DE HOJE E DA HISTÓRIA...

Conforme aqui foi anteriormente referido (ver post "Promover Tomar? Ou promover-se?", o jornal i  (do Grupo Lena) publicou hoje, num opúsculo de 52 páginas, as suas cem maravilhas portuguesas, com o patrocínio da EDP. A demonstrar a fraca competência tomarense para promover os nossos recursos, o citado caderninho não inclui nem o Convento, nem a Charola, nem a Janela, nem as Fatias, nem os Tabuleiros, nem a Casa das Ratas, nem a Torre de S. João, nem sequer o perfil do Gualdim. Resta esperar que os organismos competentes, sediados nas margens do Nabão, façam chegar os seus protestos, em nome dos tomarenses, que embora nem sempre como tal sejam considerados, também são filhos de gente. E até têm o hábito lamentável de pagar os seus impostos, salvo raras excepções.
O que sempre nos salva e salvará nestas flagrantes injustiças é a nossa  riquíssima e ímpar história local. Neste caso, o referido caderno inclui em 37º lugar os Painéis de S. Vicente de Fora, a obra máxima da pintura medieval portuguesa. Pois ao fazê-lo, sem disso se darem conta, estavam a publicitar algo de muito tomarense, na minha tosca opinião, e que ainda virá certamente a dar muito que falar, quando os senhores historiadores encartados resolverem dar-se ao trabalho de estudar, de forma sistematizada, o arquivo da Ordem de Cristo existente na Torre do Tombo. Segundo me confidenciou o saudoso tomarense e pai na nossa biblioteca municipal, António Cartaxo da Fonseca, quando o referido arquivo ainda estava em S. Bento, havia uma dúzia de caixotes com o acervo do Convento de Tomar, ainda por abrir. 
Ignoro qual seja agora a situação nas novas instalações, volvidos mais de 20 anos. Em todo o caso, peço licença aos já mencionados historiadores diplomados para aqui deixar, como simples apontamento para memória futura, uma hipótese minha, na qualidade de simples cidadão curioso, que gosta de ver, de ler e de deduzir. E que pede  antecipadamente um favor: Tenham a bondade de evitar juízos precipitados, do tipo é mais uma fantasia, o tipo não pesca nada do assunto, ou é mais uma provocação. Tenham a coragem de ir às fontes e de aí beber o que encontrarem, que deverá ser muito e fundamental. Só com opiniões e dados  em 2ª mão,  não vamos longe...
É do conhecimento geral que os chamados Painéis de S. Vicente de Fora,  datados do século XV e atribuídos a  Nuno Gonçalves, num total de seis, estão actualmente expostos no Museu da Arte Antiga, também designado por Museu das Janelas Verdes. O seu nome genérico resulta da circunstância de terem sido encontrados arrumados algures na sacristia da igreja do mesmo nome. Sobre as personagens neles retratadas existem as mais díspares opiniões, que apenas parecem convergir em relação à figura com o largo chapéu preto, que será o Infante D. Henrique ( não representado na foto supra, pois faz parte da outra metade do políptico).
Apesar de tudo o que já li sobre o tema, nunca consegui encontrar qualquer referência à única figura que está identificada sem deixar lugar a dúvidas. Refiro-me a este homem ajoelhado, do chamado painel dos cavaleiros. Olhando-o com cuidado, 
constata-se que ostenta um colar, no qual figura um medalhão rectangular
com a cruz da Ordem de Cristo. O que significa, no meu entendimento de leigo em história, que se trata do Mestre da Ordem de Cristo, até porque também se ampara numa espada de cerimónia. A ser assim, e de momento, salvo melhor e mais fundamentada opinião, tudo indica que o quadro terá sido pintado antes de 1420 e mestre retratado será D. Lopo Dias de Sousa. Isto porque, no ano seguinte, o Infante D. Henrique, também retratado no painel da nobreza, foi empossado como Governador da Ordem de Cristo, o que implicou o desterro do até então mestre para a fortaleza de Soure, onde viria a falecer, sendo mais trasladado para Tomar e sepultado na Charola. Onde jaz solitário, pois as cinzas dos seus antecessores repousam em Santa Maria dos Olivais, panteão da  Ordem dos Templários e de Cristo.
Uma nota final: Penso que os Painéis ditos de S. Vicente de Fora foram executados por ordem do Infante D. Henrique antes de 1420, para a capela que então tinha em Tomar e que mais tarde, já no reinado de D. Manuel I, veio a ser remodelada e rebaptizada como Igreja de S. João Baptista. Altura em que os painéis primitivos foram apeados, substituídos pelos de Gregório Lopes -que ainda hoje fazem parte do recheio daquela igreja, conquanto em local diferente- e finalmente levados para Lisboa, onde séculos mais tarde acabaram por ser encontrados.
Pura fantasia? É possível. Mas então tenham a bondade de me explicar o que fariam em Lisboa seis paineis, que correspondem exactamente, em número e em dimensões, aos seis existentes em S. João Baptista, que estavam primitivamente de ambos os lados do altar-mor e nos quais a única figura incontestavelmente identificada é o Mestre da Ordem de Cristo? Há o Infante D. Henrique? E quem nos garante que o homem do chapeirão é mesmo o Infante? Uma mentira não passa a verdade só por ser repetida centenas de vezes. Ou passa?
Após ter "despejado o saco" em relação aos painéis, aqui temos outro exemplo da riqueza patrimonial  nabantina. Neste caso, algo muito semelhante à nossa Festa Grande, numa foto colhida em Bali, na Indonésia.
Neste magnífico conjunto, exclusivamente feminino, mas igualmente num cortejo de oferendas,  há duas diferenças fundamentais: pirâmides bem pontiagudas, em vez de coroas, e grandes taças em vez de cestos de verga. Além dos trajes e das "sogras" ou rodilhas, bastante mais largas.
Fica a dúvida -Levámos o modelo para lá? Ou foi de lá que o trouxemos?

(Fotos reproduzidas do jornal i, com os nossos agradecimentos.)

7 comentários:

Anónimo disse...

Acho que trouxemos o modelo de lá. Conta-se que no séc. XVIII a câmara municipal de Tomar que já na altura era governada pelo PSD, organizou uma excursão de autocarro para idosos a Bali. Os idosos, todos na casa dos 35-39 anos, e nas ânsia de fazerem chegar as notícias ao nosso povoado, fartaram-se de fotografar a coisa e mandaram de imediato por e-mail as fotografias e os vídeos para a comunicação social de cá.

...e foi assim que nasceu a Festa dos Tabuleiros...que entretanto e com o passar dos tempos foi engalanada com o clero, os políticos e os Madureiras...!!!

Anónimo disse...

"Pura fantasia? É possível. Mas então tenham a bondade de me explicar o que fariam em Lisboa seis painéis, que correspondem exactamente, em número e em dimensões, aos seis existentes em S. João Baptista, que estavam primitivamente de ambos os lados do altar-mor e nos quais a única figura incontestavelmente identificada é o Mestre da Ordem de Cristo?"

Caro Doutor Rebelo:

Quero acreditar que não estamos a falar das mesmas pinturas. Foram efectuados estudos (Nuno Gonçalves-Novos documentos. Estudo da pintura portuguesa do séc. XV, 1994, Instituto Português dos Museus) sobre a atribuição do Políptico de São Vicente (composto por 6 painéis) e cujas dimensões passo a enumerar:
Painel dos Frades, altura 207,2 cm x largura 64,2 cm;
Painel dos Pescadores, altura 207,0 cm x largura 60,0 cm;
Painel do Infante, altura 206,4 x largura 128,0 cm;
Painel do Arcebispo, altura 206,0 cm x largura 128,3 cm;
Painel dos Cavaleiros, altura 206,6 cm x largura 60,4 cm;
Painel da Relíquia, altura 206,5 cm x largura 63,1 cm,
Quanto à espessura dos 6 painéis que compõem o políptico, a mesma, situa-se entre um máximo de 2,6 cm para um mínimo de 2,1 cm.

Vamos agora às dimensões dos 6 painéis da Igreja de S. João Baptista, em Tomar:

Degolação de S. João Baptista, 235,0 x 119,0 cm,
Salomé apresentando a cabeça de S. João Baptista, 235,0 x 119,0 cm;
Recolha do Maná, 170,0 x 123,0 cm;
Última Ceia, 170,0 x 123,0 cm;
Missa de S. Gregório, 175,0 x 90,0 cm;
Encontro de Abraão e Melquisedeque, 175,0 x 90,0 cm.

Relativamente às dimensões verifica-se uma disparidade evidente e creio que não será por aqui que vamos reivindicar o Políptico de Lisboa para Tomar.
Atenciosamente,
Um Cristão Novo que admira os seus comentários sobre a vida nabantina,

Anónimo disse...

Para Cristão Novo:

Muito grato pelo seu comentário, que alegra quem o recebeu, satisfaz quem o lê e honra quem o escreveu. É com divergências expostas serenamente e fundamentadas -como é o caso- que com muito trabalho, muita coragem, muita frugalidade e muita entrega ao bem comum, talvez consigamos ultrapassar com êxito a crise sem precedentes que estamos todos a sofrer.
Se bem entendo, não concorda com a minha posição por uma questão de dimensões divergentes. É isso? Então aqui vai a minha explicação complementar: Se olhar com olhos de ver para os painéis, directamente ou em reprodução fotográfica, constatará sem qualquer dificuldade que os quatro "exteriores", dois de cada lado, foram cortados a dada altura -ignora-se por enquanto em que localidade e em que data- com o intuito de transformar o políptico num duplo retábulo dos dois painéis centrais, com os outros quatro transformados em meias portas. Basta reparar nas personagens cortadas (que só existem nos laterais) e atentar que cada dois laterais juntos ficam sensivelmente (faltam as dobradiças que já lá estiveram) com as mesmas dimensões dos centrais...e dos que se encontram actualmente em S. João Baptista, fora dos seu locais primitivos.
Estou persuadido de que quando um dia houver alguém com capacidade e coragem para decifrar devidamente o arquivo da Ordem de Cristo, sobretudo o da Casa do Senhor Infante, tudo ficará definitivamente esclarecido. Infelizmente, neste país, só quando somos obrigados é que avançamos. Caso contrário contentamo-nos com o que já está feito, mesmo que em 52ª mão, como parece ser o caso.
Chegado aqui, será lógico que pergunte porque não meto eu mãos à obra. Infelizmente porque nada sei de paleografia, nem estou já em idade de aprender. E sem tal bagagem, nem vale a pena tentar decifrar manuscritos de há cinco séculos.

Cordialmente,

António Rebelo

Anónimo disse...

A propósito. Os jornais mostraram que pires silva ex-presidente do politecnico ostentava há dias um colar com medalhão. Será que o homem se acha mestre de alguma coisa? Ou herdeiro de alguma Ordem?
Querem ver que pensa que re-encarnou alguma individualidade?

Anónimo disse...

Caro Doutor Rebelo:
Creia que não quero ser teimoso, mas apenas tentar ajudar à clarificação dos factos. Frei António da Piedade, em 1763, em alusões ao antigo retábulo de São Vicente, informa-nos que as pinturas eram alusivas à trasladação das relíquias de São Vicente. E nesta altura (1763), por se ter mandado fazer um retábulo novo e mais moderno "se tirarão os ditos painéis (do retábulo antigo), e que com pouca estimação se guardavam até ao tempo do cardeal D. Tomás de Almeida que mandou limpar as ditas pinturas, e guarnecer os painéis com correspondentes molduras”.
Cabe aqui esclarecer que esta situação de apeamento de pinturas de onde estavam inseridas nas primitivas estruturas ou "máquinas retabulares" foi moda corrente durante todo o séc. XVIII, proporcionando a sua substituição por altares de talha dourada, ou como foi o caso em S. Vicente de Fora, por um altar de pedraria lavrada, segundo "risco" de Félix da Costa Meesen.
Anos mais tarde, a 6 de Abril de 1909, um recibo assinado pelo Visconde de Atouguia, Inspector da Academia, acusa a recepção no edifício da Academia, a S. Francisco, de seis quadros do séc. XV, num dos quais figura o Infante D. Henrique, estando quatro dos mesmos quadros emoldurados dois a dois. Um mês antes, em 26 de Março daquele ano tinha sido nomeado o pintor Luciano Freire, para proceder ao beneficiamento daqueles quadros. A partir de 24 de Março de 1912 os painéis passam a estar expostos no Museu das Janelas Verdes, constituindo dois retábulos, tendo como painéis centrais o painel do Infante e o painel do Arcebispo, formando os restantes quatro as portas laterais. Portanto nesta data, foi decidido, constituir dois polípticos, baseados no anterior e primitivo que havia sido estruturalmente idealizado para S. Vicente de Fora. Aliás esta disposição ainda era visível na Grande Exposição dos Primitivos Portugueses, inserida nas Comemorações Nacionais de 1940.
Gostava agora de acrescentar alguma informação sobre a personagem que ostenta um colar com um medalhão onde se vislumbra a Cruz de Cristo, no Painel dito do Cavaleiros.
De acordo com opinião de Jorge Filipe de Almeida e Maria Manuela Barroso de Albuquerque (Os Painéis de Nuno Gonçalves, 2000) essa figura que se encontra de joelhos em 1º Plano, será D. Afonso, conde Barcelos, e desde 1442, primeiro duque de Bragança. A segunda figura à direita, atrás do duque ajoelhado, é o seu primogénito D. Afonso, conde de Ourém, e à direita encontra-se o segundogénito, D. Fernando, conde de Arraiolos. A historiografia tem sido consensual em associar este painel dos cavaleiros com a linha bastarda de D. João I.
Não deixa de ser curioso que D. Afonso, conde de Ourém, foi tresladado, ainda no séc. XV, do panteão templário, que é Santa Maria do Olival, para Ourém.
Se o Doutor Rebelo comparar a face do túmulo de D. Afonso, que está na colegiada de Ourém, com a face que é retratada no painel, confirmará as semelhanças que o Doutor Vergílio Correia, apontou à longos anos atrás, nos inícios do passado século.
Outra questão que me é muito querida diz respeito à investigação científica empregando métodos laboratoriais de exame (implementados por investigadores alemães na década de 50 do passado século) aplicados ao estudo de pinturas antigas e, pese embora não ser da minha autoria (o estudo está publicado desde 1994, em Nuno Gonçalves-Novos Documentos) vou-lhe enviar uma foto onde é visível através do exame de Reflectografia de Infravermelhos, que a idealização feita pelo pintor (ou oficina) através do desenho subjacente que daria lugar à superfície cromática, não foi de todo correspondida.

O “nosso cavaleiro” tinha um aspecto mais bélico do que apresenta à superfície pictórica.
O adiantado da hora obriga-me a ter que ir descansar, pois amanhã tenho que ocupar o meu posto de trabalho logo pela manhã.
Despeço-me com estima e consideração,
Um Cristão Novo,
PS: a foto a que faço referência não aparece neste comentário, no entanto gostaria de enviá-la, diga-me como proceder para a fazer chegar.

Anónimo disse...

Para Cristão Novo:

Bem haja pelo seu magnífico e documentadíssimo texto. Pelo já exposto, não creio que o dito cavaleiro seja D. Afonso, ou que o políptico se refira às relíquias de S. Vicente. Acrescento que mesmo se assim fosse, faltaria determinar o que fariam o Infante D. Henrique e o seu irmão bastardo por aquelas bandas, onde a Ordem pouco ou nada senhoreava. Cabe recordar que, como refere, D. Afonso esteve sepultado em Santa Maria e que a ama de leite do "Navegador" está no Convento, que parece ter sido a verdadeira casa do Infante. Tanto assim que o por ele destituído mestre D. Lopo Dias de Sousa apenas foi trasladado para a Charola muito depois da morte do Infante. E mesmo assim com o inicial título de "Mui honrado comendador"...
Faço notar igualmente que à época a Casa do Infante era de longe a mais rica e poderosa do país, graças designadamente ao patrímónio da Ordem. Pelo que a capela antecessora de S. João Baptista, desfigurada e ampliada a mando de D. Manuel, do ramo bastardo dos Avis...
Uma vez que já está muito mais documentado do que eu, procure, se assim o entender, uma série de textos publicados nos anos sessenta do século passado, no Diário Popular, sobre a polémica dos painéis. Nesses escritos assaz peculiares, são dados como provenientes da... Capela do Fundador, no Mosteiro da Batalha.
Pode contactar-me s.f.f. pelo mail a.frrebelo@gmail.com

Cordialmente,

A.R.

Clemente Baeta disse...

Caro Dr. António Rebelo

Permita-me que dê conhecimento publicação do nosso livro "Os Painéis em Memória do Infante D. Pedro" que se encontra disponível em www.bubok.pt (pesquisar por “painéis”).

Defendemos nesta obra que os Painéis de S. Vicente de Fora foram executados em memória do infante D. Pedro, cuja imagem tinha sido denegrida pelos seus opositores logo a seguir à subida ao poder de D. Afonso V. Reflecte também o perdão mais tarde concedido por este rei aos partidários e familiares do antigo regente de Portugal falecido na batalha de Alfarrobeira

O facto de termos identificado uma série de indícios e pistas relacionados o Infante D. Pedro levou-nos a esta conclusão. Vejamos alguns:

•O “judeu” onde visualizamos um doutor em leis, beneditino, oriundo da Borgonha que só pode ser Jean Juffroy embaixador enviado pela duquesa D. Isabel com a missão, entre outras, de protestar contra o enterro vergonhoso dado ao corpo de D. Pedro, após o seu falecimento na batalha de Alfarrobeira. Chama-se a ainda atenção para o pormenor do indicador direito daquela personagem estar a apontar precisamente para o seu nome (em latim) no livro “ilegível”. A presença desta figura prova que os Painéis são uma evocação de D. Pedro, não havendo outra justificação para esta personagem estar ali.

•O caixão e o peregrino formam um conjunto cuja leitura nos conduziu também ao Infante: um caixão aberto a significar que apesar dos sucessivos enterros dos seus restos mortais, todos estes foram em vão; um peregrino idoso a simbolizar os anos e as viagens feitos pelos ossos de D. Pedro.

•A decifração no livro aberto do painel do Infante de uma pergunta “quem é o pai?” e a respectiva resposta “o pai…está à direita”, isto é, está a dar indicações ao observador da pintura onde se encontra o pai da rainha D. Isabel (a jovem), que localizamos na personagem com um joelho no chão do painel do Arcebispo.

•Uma proposta, praticamente inédita, para a figura santificada baseada nas cenas e interações que vemos nos painéis centrais

•E outros mais onde se incluem identificações para os seus familiares e apoiantes mais próximos.

A publicação deste trabalho visa contribuir e abrir novas pistas de investigação, de modo a se poder descortinar um pouco mais o mistério que envolve os Painéis de S. Vicente de Fora.

Cumprimentos

Clemente
(www.clemente-baeta.blogspot.com)