domingo, 26 de dezembro de 2010

EDIFÍCIO DOS CUBOS NO DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Foto 1
Foto 2
Foto 3
Não é todos os dias que Tomar tem direito a página inteira, a cores, na imprensa de referência. Mas foi o que aconteceu hoje, no Diário de Notícias, na página Artes - Projectos: Os melhores de 2010 - Nacional (Foto 1). No texto que acompanha a fotografia, pode ler-se uma justificação assaz curiosa para a designação "Casa dos Cubos": "Aliás, a denominação do edifício deve-se às antigas medidas de capacidade -o alqueire e o almude- à época correntemente designados como cubos."
Dado que tal não corresponde à verdade histórica que está documentada, os senhores arquitectos já foram informados de que: A - Cubo é uma medida de capacidade para líquidos, grãos ou outros sólidos, equivalente a alqueire e meio, sendo o alqueire = a entre 13 e 22 litros, segundo as regiões; B - Almude é uma medida de capacidade para líquidos, geralmente metálica e de secção circular, equivalente a 20 litros na região de Tomar = 12 canadas ou 48 quartilhos; C - O nome do edifício provém dos antigos reservatórios em alvenaria, destruídos no primeiro quartel do século XX, dos quais restam apenas os disticos em pedra com a capacidade de cada cubo, guardados no museu lapidar do Claustro da Lavagem, no Convento de Cristo.
Quanto ao aspecto geral, convém referir a anterior e evidente harmonia da margem, contrastando com o paredão actual, que dá a tudo aquilo um ar de "bunker". Feliz foi a jornalista autora  da notícia ao escolher o título. Na verdade é exactamente  um problema de tensão que aflige os tomarenses de há alguns anos para cá. Sobretudo os autarcas da oposição, tanto no executivo como na Assembleia Municipal. Mais precisamente uma questão de falta de tensão, que o povo rural, no seu vernáculo corrente, apelida de "falta de tomates". Verdadeira ou caluniosa, tal afirmação é geralmente rematada com "Triste fado tomarense". Trocando a ordem das vogais ao dito, compreende-se onde pretendem chegar...
No fim de contas, os eleitores acabam por ter sempre razão, embora a maior parte das vezes já fora de tempo útil, uma vez que, segundo o conhecido provérbio, "O que já não tem remédio, remediado está!"

4 comentários:

simon disse...

Boa tarde. Lendo esta notícia aqui no blog não pude deixar de comprar o jornal de ontem para o meu arquivo. Há elementos interessantes a serem extraídos e relembrados. O cliente da obra foi a Câmara de Tomar para o Polis. O resultado visível mostra um edifício que nada tem com o original. Dos Cubos resta a memória do nome. O interior foi arrasado para nele serem instaladas salas de formação, residências artísticas, espaços expositivos, etc. A realidade é outra. Por uma razão particular subi ao 1º andar e sabe, o que vi? A divisão de animação aperreada num cubículo, com WC's a servirem de arquivo. Foram 286000 euros para se ter um arquivo de trabalho em casas-de-banho. Solução inovadora sem dúvida.
Diz ainda o artigo de Cláudia Melo que no seu interior foram testadas soluções inovadoras. Acredito que sim mas para quem. Quando entrei pela primeira vez na Casa dos Cubos sabem o que me aconteceu. Até vi cubos, perdão, estrelas, dado que uma das soluções inovadoras está tão baixa que pessoas com mais de 1,70m de altura não podem entrar e flectir para a esquerda sob pena de bater com a cabeça na tal solução inovadora. Será aquilo que tantas vezes falava aos meus alunos. É bonito? É. Funciona? Não. E o dono da obra (Câmara de Tomar/Polis) ao aceitar a obra não viu este pormenor que é pequeno (nem por isso) mas doloroso?
Mas o Polis foi porreiro. Ganhamos uma Casa dos Cubos que tem uma função diferente da inicialmente prevista, um paredão / terraço que fechou ruas e o r/c de prédios que não tem utilidade, uma ponte que talvez seja util e uma igreja gótica que uma vez exposta em demasia aos elementos da natureza e à poluição vai ver acelerado o seu processo de degradação. Digam lá se Tomar não ganhou bastante com estas obras. Obrigado. Ernesto Jana

Anónimo disse...

Olhe que,segundo dizem, na Assembleia Municipal chegou a haver "gente de tomates" e até dos negros.
Porque será que se afastaram ou foram empurrados para isso?

Anónimo disse...

-Da estética e coerência do espaço: realmente a imagem da outra margem do rio mostra o grotesco do muro em contraponto com o equilíbrio do anterior terreiro. Tinham medo dos rallyes dos alcoolizados? Proibia-se o trânsito após as 21horas. Argumentar com as esplanadas futuras é um disparate ou caso de fé. Não é de crer que haja investidores e clientes para elas. Tomar é um local cada vez mais deserto!
-Do bloqueio das ruas anexas e dos espaços comerciais: um atentado económico (mais um) e um desrespeito pelos comerciantes. Mais uma acção para afastar quem cria ou quer criar riqueza e povoar a cidade de reformados e funcionários públicos. Tipo Itália do sul.
Assim vamos ou ... desandamos!
Pedro Miguel
Pedro Miguel

Anónimo disse...

É a herança paulina na sua máxima expressão!!!