Com a crise a aprofundar-se mais e mais, foi dito na solene abertura do ano lectivo do IPT (com Pires da Silva a ornamentar) que há dificuldades (o que se admite pela primeira vez em público), mas que as mesmas são superáveis. Não se vislumbra de que modo nem quando, num conhecido ninho de compadrios, onde até há docentes que nem sequer foram alguma vez capazes de assegurar capazmente uma aula a crianças do básico, quanto mais agora...
Não é certamente com um vasto contingente de lampreias alapadas que o IPT vai melhorar. Para isso teria antes de mais de guiar-se por gente como Oesterbeck ou Mascarenhas (e pouco mais...), o que naturalmente está fora de causa, pois as grandes envergaduras intelectuais sempre incomodaram os videirinhos. É por isso altamente provável que o algo enigmático Eugénio de Almeida vá procurando mudar qualquer coisinha para que tudo possa continuar na mesma, como escreveu Lampedusa. O problema é que não pode. A época dos primos, dos compadres, das noras, dos genros, dos filhos, dos recomendados, dos protegidos, dos correlegionários e dos acólitos já lá vai. Agora é tempo de seleccionar e recrutar os atletas -todos os atletas, principiantes ou consagrados- de acordo com os resultados alcançados no terreno. O IPT dispõe, quando muito, de cinco anos para mudar ou morrer.
Quando os patrões constatam ter sido ludibriados, pois os produtos contratados não correspondem às embalagens académicas apresentadas; ou quando os próprios alunos se sentem iludidos com perspectivas irrealistas, o fim está próximo. Nunca foi nem é possível fazer chouriços sem carne, pelo que Lincoln viu bem: Pode-se enganar uma pessoa durante toda a vida, e toda a gente durante um certo tempo. É porém impossível enganar toda a gente durante toda a vida. Mudar ou morrer, eis o dilema do IPT.
(Para responder por antecipação aos habituais lacaios, sempre de serviço nestas circunstâncias, aqui vai o que pensa sobre o ensino em Portugal o cronista Vasco Pulido Valente, doutorado por Oxford e não pela Universidade de Carregueiros.)
"Segundo o PISA (Programme for International Student Assement), um programa da OCDE, os resultados dos alunos portugueses em "literacia" (?) em Leitura, Matemática e Ciências ficaram pela primeira vez próximos da média. Isto produziu uma euforia inexplicável. É certo que andámos muito tempo pelo fim da tabela, mas não se vê hoje grande motivo para celebrações. No Parlamento houve uma festa em que toda a gente participou. Sócrates disse logo ao Diário de Notícias que o seu governo será lembrado pela "aposta" (sempre esta reles palavra) que fez "na ciência e na educação" (e não, claro, pela bancarrota do Estado e do País). Falta agora o Presidente da República chorar em público. E, no entanto, mesmo nesta classificação, que varia de ano para ano e não indica um progresso sólido e seguro, Portugal continua muito atrás de muitos países da Europa.
De resto, o PISA avalia alunos de 15 anos, que têm ainda o fim do secundário e a universidade à frente. Claro que a base de partida conta. Só que, se não for seguida por um ensino superior de grande qualidade, não leva ninguém a parte alguma; e o nosso ensino superior é genericamente mau, desorganizado e pobre. Há em Portugal muito pouca investigação de reconhecida relevância e a vida académica praticamente não existe. Basta passar um dia em Harvard ou Oxford para se perceber a diferença. O que não admira. As tradições da ditadura duraram muito para lá do razoável (e, em certa medida, ainda duram) e a élite, se a palavra se aplica, que substituiu a do "salazarismo" não se recomenda.
O que, de qualquer maneira, não importa muito. Ao contrário do que julgam os políticos desta democracia em que vivemos, um país não é rico porque é educado, é educado porque é rico. E se fosse necessária uma prova irrecusável desse melancólico facto, bastava olhar para as taxas de "abandono" e de "repetência" e para o número crescente de infelizes que tiraram uma licenciatura, um mestrado ou até um doutoramento, para transitar imediatamente para o desemprego. A educação vale numa economia que precisa dela e a pode usar, não vale (ou vale menos) numa economia de baixa tecnologia, persistentemente atrasada e subdesenvolvida. As crianças de 15 anos que treparam com mérito na tabela do PISA não garantiram um futuro melhor para si próprias, nem anunciam dias melhores para Portugal."
Vasco Pulido Valente, PÚBLICO, 12/12/10, página 40, com a devida vénia e os nossos agradecimentos.
O negrito é da responsabilidade de Tomar a dianteira.
9 comentários:
"
Mudar ou morrer, eis o dilema do IPT.
"
O Rebelo tem toda a razão. O IPT deixou de servir Tomar e a região. Neste momento é mais um survedouro de dinheiros públicos que são repartidos por um conjunto de amigos.
Alguns gostariam de fazer da casa uma referênca pedagógica, mas depressa percebem que estão a navegar contra uma corrente comodista e conservadora.
O Lacrau do Nabão
Até tem alguma razão nas generalidades, mas o que é que o sr. conhece dos profs do IPT para estar a selecionar dois deles, um dos quais não passa sobretudo de um bom vendedor da sua própria imagem? E o que é que sabe da opinião dos empregadores? Fez inquéritos ou são conversas de café?
Está visto que o Oesterbeck conseguiu enganar mais um: o Dr. Rebelo! E esta, heim?
ALGUÉM DISSE:
" O IPT deixou de servir Tomar e a região. Neste momento é mais um survedouro de dinheiros públicos que são repartidos por um conjunto de amigos."
EU PERGUNTO:
E a Câmara?
E os SMAS?
E o Centro de Emprego?
E o Centro de Formação Profissional?
E a Misericórdia (dirigentes)?
E parte das "associações" procoladas com a Câmara?
E uma boa parte de outros Serviços Públicos?
E aquelas que não me ocorrem ou que não conheço bem?
OU ENTÃO PERGUNTO AO CONTRÁRIO :
Quais as instituições que não são um sorvedouro de dinheiros públicos para repartir entre amigalhaços?
TRAGAM CREOLINA!!!!!!
Durante o debate sobre "O Estado do Concelho", organizado pela Rádio Hertz,em Setembro último, numa das minhas intervenções fiz uma análise crítica do Politecnico de Tomar, e alertei para ameaças que sobre ele pairam, o que não agradou ao então ainda seu presidente.
Passados menos de três meses, o actual presidente do Politécnico, Prof. Eugénio Pina de Almeida reconheceu que se avizinham desafios difíceis, "quer internos(ao IPT) quer na região" - como eu afirmára então...
O actual responsável referiu, segundo "O Mirante", "que a aposta do país deve incidir na Educação, como factor de desenvolvimento". De acordo, mas tal política é insuficiente. A Educação não servirá se não houver onde a aplicar, senão houverem empregos, se não houver desenvolvimento. Na Região, em Tomar e no País não há empregos e ainda haverá redução de postos de trabalho. A ex-aluna do IPT, Fernanda Mateus, que recebeu uma bolsa de mérito e dois prémios, afirmou que o seu "projecto futuro é saír do país e tirar o mestrado, porque julga "que há mais hipóteses lá fora" na sua área. A SIC-N vai passar um programa sobre a fuga de licenciados nas Filipinas, o que está a comprometer o desenvolvimento daquele país, o mesmo problema, que afecta todo o terceiro-mundo, começa a aprofundar-se em Portugal, em Tomar e na Região.
Os Politécnicos foram criados para formar quadros necessários às actividades económicas das regiões onde estão implementados. Em Tomar, a actividade económica está em degradação. O Concelho não tem qualquer Política de Desenvolvimento. O Dr. Pires da Silva afirmou, no debate da Hertz antes referido, que o Laboratório Científico e Técncico de apoio às empresas fora para Abrantes, porque este concelho oferecera mais condições que Tomar, e cocnluiu (já por diversas vezes), que o IPT será o que os tomarenses quiserem.
Na minha modesta opinião, o IPT terá de se virar para cursos mais dinâmicos e de futuro, e romper com os devaneios tomarenses, estes que se afundem sózinhos. O Politécnico tem grandes potencialidades.
SÉRGIO MARTINS
O autor do blogue opina muito (o que é bom) mas às vrzes engana-se (o que é mau). Vir falar do exemplo de Osterbeck é não saber que foi ele o principal arquitecto das listas únicas para eleição do único candidato ao IPT: Eugénio A.
Também é não saber que o mesmo Osterbeck disse que Pires da Silva foi o melhor presidente do IPT!
Era uma vez dez amigos que se reuniam todos os dias numa cervejaria para beber e a factura era sempre de 100 euros. Solidários, e aplicando a teoria da equidade fiscal, resolveram o seguinte:
o os quatro amigos mais pobres não pagariam nada, o quinto pagaria 1 euro, o sexto pagaria 3, o sétimo pagaria 7; o oitavo pagaria 12; o nono pagaria 18 e o décimo, o mais rico, pagaria 59 euros.
Satisfeitos, continuaram a juntar-se e a beber, até ao dia em que o dono da cervejaria, atendendo à fidelidade dos clientes, resolveu fazer-lhes um desconto de 20 euros, reduzindo assim a factura para 80 euros.
Como dividir os 20 euros por todos? Decidiram então continuar com a teoria da equidade fiscal, dividindo os 20 euros igualmente pelos 6 que pagavam, cabendo 3,33 euros a cada um. Depressa verificaram que o quinto e sexto amigos ainda receberiam para beber.
Gerada alguma discussão, o dono da cervejaria propôs a seguinte modalidade que começou por ser aceite:
- os cinco amigos mais pobres não pagariam nada;
- o sexto pagaria 2 euros, em vez de 3, poupança de 33%;
- o sétimo pagaria 5, em vez de 7, poupança de 28%;
- o oitavo pagaria 9, em vez de 12, poupança de 25%;
- o nono pagaria 15 euros, em vez de 18.
- o décimo, o mais rico, pagaria 49 euros, em vez de 59 euros, poupança de 16%.
Cada um dos seis ficava melhor do que antes e continuaram a beber.
No entanto, à saída da cervejaria, começaram a comparar as poupanças.
-Eu apenas poupei 1 euro, disse o sexto amigo, enquanto tu, apontando para o décimo, poupaste 10!... Não é justo que tenhas poupado 10 vezes mais...
- E eu apenas poupei 2 euros, disse o sétimo amigo, enquanto tu, apontando para o décimo, poupaste 10!...Não é justo que tenhas poupado 5 vezes mais!...
E os 9 em uníssono gritaram que praticamente nada pouparam com o desconto do dono da cervejaria. "Deixámo-nos explorar pelo sistema e o sistema explora os pobres", disseram. E rodearam o amigo rico e maltrataram-no por os explorar.
No dia seguinte, o ex-amigo rico "emigrou" para outra cervejaria e não compareceu, deixando os nove amigos a beber a dose do costume.
Mas quando chegou a altura do pagamento, verificaram que só tinham 31 euros, que não dava sequer para pagar metade da factura!...
Aí está o sistema de impostos e a equidade fiscal.
Os que pagam taxas mais elevadas fartam-se e vão começar a beber noutra cervejaria, noutro país, onde a atmosfera seja mais amigável!...
David R. Kamerschen, Ph.D. -Professor of Economics, University of Georgia (tradução livre de A. Pinho Cardão)
Não podíamos mandar o ferreira das farturas ir ter com o refractário, e por lá ficar entretido a beber umas bejecas??!!!
Senhor Rebelo sabe por certo que o IPT está em processo de reestruturação. Os actuais concursos públicos são para gente que já lá está dentro!
Pires da Silva rodeie-se de gente tipo pretos que lhe fazem tudo. Como sabe PS é um incompetente que nem sabe fazer uma pesquisa científica apesar de ter comprado as suas orovas públicas e ter a seguir traído os que o colocaram no trono. Não deixou o IPT como eu já tinha dito pois tem lá a filha, quer lá o cunhado e outros amigos incompetentes com licenciaturas de Bolonha sem maturidade e experiência profissIonal suficiente e que a partir de Fevereiro de 2011 irão ocupar lugares para os quais não estão preparadas. Chefes disto e daquilo. A atribuição das novas máquinas vending foi feita sem concurso público com o recém-chegado e preto dos favores acabado de chegar ao IPT Francisco Madureira e o jurista do IPT a liderarem o processo. Tudo muito claro. Pina Almeida apenas despacha! A mantida directora da ESGT com uma licenciatura e provas públicas compradas prefere andar nas compras, cabeleireiros, passear a trabalhar com gente competente. Como é possível que uma senhora estofo intelectual e de gestão pode continuar a liderar uma Escola de Gestão: é mau de mais e o futuro dar-me-á razão. Quanto ao famoso Ostorbqualquer coisa fique o senhor Rebelo a saber que esse homem é intelectualmente razoável mas aparenta acima do que é como substância. O que ele é no IPT é um homem sem coragem para ir a votos no IPT, na política um friustrado e vai fazendo umas coisas lá por fora pois teve sempre um pé fora e outro dentro. Afianço-lhe que é o senhor do IPT que suga mais dinheiro uma instituição que está de rastos por isso Pina Almeida arranjou um razoável licenciado em Economia para o seu braço esquerdo pois o direito é o velhinho Pires da Silva. O seu vice é um unhas de fome que vai ter muitas touradas com o genial ostorqualquercoisa. José Gaio está de saída assim com Garcia Esparteiro. Cá está um bom exemplo das cunhas e da desmeritocracia. Pergunte aos alunos quem são os bons professores, os dedicados e veja onde eles estão na nova hierarquia do IPT. Pergunte quem são os maus funcionários. Os que passam a vida a espiar e a caminha para a presidência e veja onde estão colocados na nova hierarquia do IPT. Senhor Rebelo eu vou dando novas.
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