O IMBRÓGLIO PARQT E OS CULPADOS

RESPOSTA AO VEREADOR SOCIALISTA LUÍS FERREIRA

Estimado amigo:

Sempre ouvi dizer que os amigos são para as ocasiões. Quanto a mim, tais ocasiões podem ser três: Quando precisamos de ajuda material, devido a doença, desemprego ou outros incidentes; quando necessitamos de apoio moral ou político; quando só a verdade frontal e total nos pode ajudar a arrepiar caminho. Estamos, como decerto já deduziste, neste último caso.

Não vou atardar-me com as eventuais tranquibérnias relacionadas com  o dossier ParqT. Os eleitos que tratem do assunto, que é também para isso que quase principescamente os retribuem. Quanto ao cerne da questão, evitas de continuar a tentar ilibar-te e desculpabilizar o PS em tal questão, porque não vais  conseguir e ficas tremido na fotografia.

Isto porque a raíz do problema é o PSD e os seus eleitos, situação que se mantém, pois continuam a exercer o poder autárquico. E continuam porque tu e o PS local -influenciado por ti- assim o quiseram. Como gostas de recordar acções políticas anteriores, recorda lá mais esta, se não te importas: Quando foi conhecido o estranho acordo de coligação, ainda em vigor, que escrevi eu nestas páginas? Que os socialistas ficavam atados de pés e mãos.

Porquê? Porque o acordo subscrito não continha quaisquer cláusulas precisas e vinculativas. Só generosas generalidades. E porque os eleitos "rosa" ficavam assim amarrados às respectivas mangedoiras, para o melhor e para o pior.

Que respondeste tu e o PS? Que não senhor, nada disso. Que o acordo até era benéfico para a cidade e o concelho. Que as minhas observações críticas provinham unicamente do rancor, do azedume, da inveja, do mau perder. 

A água do Nabão foi passando, como habitualmente, debaixo da Ponte Velha e que vemos nós agora, 15 meses mais tarde? Que se Corvêlo e o PSD continuam a fazer tudo o que bem entendem, isso se deve exclusivamente à negociata que apressadamente concluíste com eles. Sem isso, sempre teriam estado e continuariam a estar -mesmo no caso ParqT- à mercê da oposição.

Vais retorquir que se não fosse o PS a coligar-se, os IpT aproveitariam imediatamente para fazer outro tanto. Poderás ter razão. Trata-se porém de uma mera hipótese, de algo que nunca se verificou. Enquanto que o convénio nabantino "laranja-rosa" tem dado os excelentes frutos que são do conhecimento geral. E continua infelizmente activo, para o que for necessário, seja bom ou mau para a comunidade nabantina. Ninguém parece ter a audácia necessária e suficiente para acabar com semelhante coisa.

E os independentes?  Claro que também têm culpas no cartório. A - Porque enquanto se candidatarem dividem o eleitorado com o PS, facilitando assim a vitória, mesmo tangencial, como foi o caso, do PSD, assim praticamente condenado a vencer. Quaisquer que sejam os candidatos, com ou sem programa, queimados ou por queimar. B - Porque servem de "espantalho" ao PS e sobretudo a ti, forçando-te sempre a agir em função deles, e não da melhor maneira possível. C - Porque, finalmente, tal como aconteceu durante os mandatos de Pedro Marques, nos momentos decisivos têm um comportamento semelhante ao daqueles carros de fórmula 1, que no auge da emoção se despistam sempre, entregando a vitória aos adversários. Foi o que agora sucedeu. Confrontados com uma situação limite, os IpT falharam redondamente. Exactamente como o PS ao subscrever uma coligação sem pés nem cabeça. Um documento assim em forma de coisa nenhuma. Estão, por conseguinte, uns para os outros. Ou como diz o povo: "Tão bom é Pedro como Paulo". Só não digo que Deus vos abençoe, porque parece que tu és ateu.

Resta-vos uma saída airosa: Acabar com a afrontosa mancebia e com ódios antigos, denunciando a coligação e unindo-se  na acção com os IpT. No meu tosco entender, (de quem tem Mundo e já molhou os pés em todos os mares e oceanos), é o único modo de nos livrar a curto prazo deste purgatório cada vez mais doloroso.

Cordialmente,

António Rebelo