domingo, 13 de fevereiro de 2011

SÓCRATES, RELVAS, FUGA PARA A FRENTE E FUGA PARA BAIXO

1 - Desenganem-se os aprendizes políticos desta terra. A situação nacional e local nada tem em comum com a Tunísia ou com o Egipto. Digo isto porque em qualquer desejo há mimetismo: queremos aquilo que outros também querem e sobretudo por isso mesmo. Ou não estejamos num país de invejosos. Nesta óptica, há bem entendido a implícita tentação de comparar o que não é comparável, de forma a carrear mais argumentos para luta, tendo ao vista correr com o governo ou com a autarquia tomarense, sobretudo para lhes caçar os lugares. É legal, é útil, mas não pelas mesmas razões dos países supracitados. Em Portugal e em Tomar ninguém no seu perfeito juízo ousará sustentar que as eleições legislativas e autárquicas não foram livres limpas e justas. Por conseguinte, excelentes ou execráveis, equipas ou simples molhos de gente, governantes e autarcas têm toda a legitimidade para ocupar as cadeiras do poder até 2013. A não ser que sejam derrubados antes. No âmbito da legalidade democrática e republicana. Sem usar como argumento a falta de qualquer das liberdades fundamentais. Apenas  a manifesta inépcia dos eleitos.

2 - Ainda assim, é indesmentível que a situação vai de mal a pior, tanto a nível nacional como local. Com uma diferença importante: enquanto Sócrates vai dando umas no cravo e outras na ferradura, Corvêlo de Sousa e o seu molho de gente insistem em martelar sempre na ferradura, nunca acertando no cravo. Por outras palavras, é verdade que Sócrates não está a tentar resolver os problemas do país, mas sobretudo a cuidar da sua manutenção no poder, o que não significa, todavia, que todas as suas opções sejam negativas. O auxílio às empresas exportadoras, a energia verde, a ajuda da China, a viagem ao Médio Oriente, aí estão para o demonstrar. Umas no cravo, outras na ferradura, portanto. 
Inversamente, com ou sem intenção, em Tomar não acertam uma. Com a autarquia cada vez mais endividada, a actual maioria relativa, em vez de procurar conseguir receitas, ou pelo menos reduzir despesas, continua a insistir no oposto. Nada faz para evitar o aumento das despesas, ao mesmo tempo que vai contraíndo novos encargos. De tal forma que, com uma margem de endividamento legal inferior a 3 milhões de euros, resolveu adjudicar obras que, mesmo contando com as comparticipações via QREN, ultrapassam largamente o citado limite. Ainda por cima, a suposta resolução do bizarro litígio com a ParqT implica responsabilidades superiores a 7 milhões de euros.
Como os cofres municipais estão exaustos, vai o município ser forçado a contrair no mínimo dois empréstimos bem pesados -Um para pagar às construtoras, outro para honrar o compromisso com a ParqT. Terá condições para isso? Poucas ou nenhumas, porque: A - Para contrair tais empréstimos, terá de obter previamente que a tutela "excepcione" os ditos montantes, dado que ultrapassam largamente os limites legais de endividamento; B - É altamente duvidoso que tanto o executivo como a AM aprovem tais deliberações,  posto que não se vislumbra de onde poderão vir os novos recursos para honrar tais compromissos; C - Uma vez obtido o beneplácito governamental e o acordo da oposição, restará ainda assim conseguir encontrar um banco interessado em negociar com uma entidade pública em estado de óbvia falência técnica, tal como o país.
3 - No actual contexto local, quanto a mim, tudo está praticamente nas mãos de Miguel Relvas. Que infelizmente para os tomarenses, por razões conhecidas, vive agora noutra "galáxia" -a do poder governamental. Mesmo assim, se com ele é difícil mudar de rumo, sobretudo pela razão apontada, sem ele a tarefa é ainda mais ingrata, visto que não só continua a presidir ao parlamento local, como disfruta de sólida influência no seu partido e a nível concelhio, além de ter uma paixão por esta terra, onde fez parte da sua aprendizagem política, e na qual, conforme já afirmou, tenciona gozar a sua reforma.
4 - Que pode fazer Relvas? Para já duas coisas fundamentais - Por uma lado, tentar que o actual molho autárquico deixe de martelar só na ferradura, passando a fazer no mínimo como o Sócrates, uma no cravo, outra na ferradura. Por outro lado, criar condições tendentes a facilitar a saída do pântano nabantino, o mais tardar a partir de 2013, qualquer que venha a ser a decisão dos eleitores.
5 - Como não ouso sequer tentar ensinar a missa a um cardeal da política portuguesa, peço licença para apontar apenas uma hipótese de trabalho: Chumbado ou viabilizado o gravoso compromisso mal negociado com a ParqT, sei que continuará a ser possível e altamente desejável renegociar com a BragaParques um novo acordo, com outros pressupostos, que será benéfico para eles em termos de volume de negócios, para os tomarenses em termos de desenvolvimento turístico, e para a autarquia, que recuperará no mínimo os anunciados 7,5 milhões, se entretanto já tiver sido forçada a pagá-los. 
Fiz há meses esta proposta, (por mail do qual guardo cópia) a Corvêlo de Sousa, que nunca julgou útil responder-me. Assim estamos? Ou assim vamos? A nível nacional, Sócrates continua na sua fuga para a frente. Em Tomar, o executivo camarário -quiçá sem de tal se dar conta- insiste na política da toupeira.Tal como o referido animal (que é invisual) persistem na fuga para baixo. Quanto mais tentam fugir, mais se enterram e nos enterram. Triste sina a nossa!

6 comentários:

Anónimo disse...

António,

Porque não se inscreve,pela mão do próprio,na agremiação do Relvas?

Talvez,se feito já,lhe desse algumas hipóteses de ser um "às de trunfo" nas próximas autárquicas nabantinas.

Aliás,não vejo outra saída para cumprir o seu desiderato.

Tomar merece-o.


R.Grácio

Anónimo disse...

Prezado A. Rebelo
se na ocasião da entrevista ao "cardeal" (como0 V. lhe chama) fopi notoria a sua subserviencia à Igreja, agora com esta peça a questão fica mais clara...é pena.
O que aparenta, é que V. quer ser candidato a qualquer custo, em qualquer lista: E como vislumbrou ou sonhou que o "cardeal" é que comanda, fogo à peça.
Não esqueça é que a politica tem razões que a razão desconhece...e que o pantano, atola.

Anónimo disse...

Para comentário das 12:51

Ensina-se em qualquer respeitável escola de jornalismo que "Os factos são sagrados, mas a opinião é livre". De resto, a não ser assim, para que serviria a democracia?
A seu tempo veremos quem tinha razão e quem melhor fora que estivera calado, sendo incontestável que qualquer cidadão na posse dos seus respectivos direitos pode concorrer onde quando como e por que formação lhe apetecer. Mesmo que as suas opções possam causar azia nalguns estômagos menos tolerantes aos temperos.

Anónimo disse...

Falam, falam, falam, mas denota-se a incapacidade política de todos os políticos: internacionais, nacionais, distritais, municipais, e outros que mais, o que é pena, efectivamente!

Cantoneiro da Borda da Estrada disse...

Essa não, Dr. A. Rebelo...

Sócrates, "uma no cravo e outra na ferradura"; "Sócrates não está a TENTAR(!!!) resolver os problemas dos portugueses"...; MRelvas é "um cardeal da política portuguesa" a quem o senhor não tem nada para acrescentar e solicita-lhe intervenção providenciadora. A Miguel Relvas?!!! E os portugueses são "Invejosos"?!

E os portugueses são "INVEJOSOS"!!!

E uma vez que Sócrates não está a TENTAR(!!!) resolver os problemas dos portugueses e como os tomarenses são "invejosos", o Senhor Miguel Relvas é um cardeal da política portuguesa...

Tomarenses invejosos:
organizem uma espera a Miguel Relvas a três Kms das suas fronteiras! E o Dr. António Rebelo, por exigências de Etiqueta e Representação, apresentará as boas vindas ao Dr. Miguel Relvas e tem assento ao lado direito do Cardeal Miguel Relvas.

Ora toma!

E os portugueses são "INVEJOSOS"...

Anónimo disse...

Para o Cantoneiro da Borda da Estrada:

Todas as críticas são bem acolhidas desde que educadas e sobre aquilo que eu tenha escrito.
No caso presente A) - Nunca escrevi ou insinuei que Sócrates não está a tentar. Basta voltar a ler o post. O que lá está é que "dá uma no cravo e outra na ferradura". A significar que numas acerta e noutras erra, ou é sobretudo propaganda, só para se manter a flutuar: B) - Quer agrade ou não, pela maneira como conseguiu dar a volta por cima ao desterro a que Ferreira Leite o condenou, junto com PPCoelho, mas sobretudo pela sua posição e coerência actual, Miguel Relvas é sem dúvida um dos pontos cardeais da actual política portuguesa. E futuro nº 2 do governo, como Ministro de Estado. Por tudo isto escrevi que não pretendia ensinar a missa a um cardeal = que sabe muito mais de manobras políticas do que eu. C)- Quanto à minha actuação, cada qual pode pensar e dizer aquilo que entender, tendo como limites a verdade e os casos concretos; D)- O meu passado ANTES E DEPOIS DO 25 de ABRIL responde por mim E) - É você a primeira pessoa que conheço a pôr em dúvida a inveja como o maior defeito dos tomarenses em especial, e dos portugueses em geral. Por assim ser, aproveito para esclarecer que na minha opinião há dois tipos de inveja: a competitiva e a destruidora. No caso da primeira, a mais benigna, o invejoso fará tudo o que seja legal, aceitável e possível para conseguir melhor do que o invejado. É o que ocorre em geral nos países civilizados, sobretudo nos anglo-saxónicos de tradição protestante ("Ganhar dinheiro é uma forma de agardar a Deus"). Por isso o capitalismo é pragmático e competitivo. No outro caso, abundam os exemplos por essa Europa fora e o das nacionalizações de 75. Para não falar dos tristes casos de Angola e Moçambique.