sábado, 26 de fevereiro de 2011

PARA JÁ, A ÚLTIMA HIPÓTESE


Este oportuno comentário de um anónimo consegue algo bastante raro por estas infelizes paragens -Situa as coisas e põe o dedo na ferida. Sem ofender e sem basófia. Dito isto, que não é nada pouco, estamos mesmo tramados? Quanto ao presente e ao futuro imediato, parece não haver dúvidas.
A nível nacional, onde os pobres e esquecidos provincianos que somos praticamente nada podem fazer, a conjuntura chega a ser mesmo trágico-cómica. Enquanto o senhor primeiro-ministro continua a percorrer o país apregoando êxitos que só ele vê, a colocação da dívida pública é cada vez mais difícil, mesmo com taxas superiores a 7%. Enquanto isto, o primeiro-ministro grego (Socialista como Sócrates, mas formado nos Estados-Unidos) anda de Bruxelas para Berlim e daqui para Paris, buscando obter um redução da taxa de juro que lhe foi imposta pela troika FMI/BCE/CE, que é de 5,25%. Por aqui já se pode ver a profundidade do buraco em que estamos metidos.
Se apesar da ajuda externa, a Grécia continua a definhar, com uma economia que encolheu 4,5% em 2010, não sendo sequer capaz de aguentar juros de 5,25%, como é que Portugal, com ou sem ajuda europeia, com ou sem FMI, vai poder continuar a pagar juros superiores a 7%?  E uma vez obtida a ajuda externa, que outras medidas ditas de austeridade vamos ter de suportar? Serão suficientes para ultrapassar a crise? Na Grécia e na Irlanda, apesar de bem mais gravosas do que as nossas, não estão a conseguir grande êxito...
Resta-nos, por conseguinte, tratar de arrumar a nossa casa concelhia, de forma a darmos a volta por cima a uma situação cada vez mais insustentável. Até já se chegou ao cúmulo de a autarquia não ter sequer possibilidade de promover com eficácia a execução das suas tarefas básicas. Ao reconhecer que o executivo não tem condições para mandar as máquinas para as freguesias, com a periodicidade desejada, Carlos Carrão admitiu o inadmissível: no actual contexto, o município apenas serve para sustentar os seus funcionários não produtivos.  Se agora já é assim, como vai ser quando o município tiver de liquidar os 7 milhões de euros à Bragaparques? Vão pôr os Paços do Concelho, a Fai e a Abegoaria no prego? Pelo caminho que isto leva...
No meu modesto entendimento, para já, a última hipótese reside numa eventual actuação unida dos presidentes de junta. Tal como no 25 de Abril foram os capitães operacionais que assumiram o essencial das despesas, pondo em risco a sua liberdade e as suas carreiras, é agora a vez dos autarcas que estão sempre na primeira linha, dando o peito às balas, fazerem valer a sua força e a sua razão, na defesa dos reais interesses de quem os elegeu. Tudo depende agora deles. Como? Se estiverem dispostos a ouvir, juntem-se todos e chamem-me. Lá irei para explicar, sem óculos partidários. Caso prefiram continuar a aguardar a vinda de D. Sebastião, desejo-vos saúde e muita paciência.

9 comentários:

Anónimo disse...

SÃO INGÉNUOS OU FAZEM-SE ?


1º - SOBRE A IDEOLOGIA

As ideologias não acabaram.Estão aí vivas,numa luta sem quartel,em todas as frentes,cada vez mais desigual.
A luta ideológica não se circunscreve à luta partidária directa.
Hoje,mais do que nunca,o combate ideológico desenrola-se em condições de grande desigualdade.
Ambos os campos - direita e esquerda - enfrentam a digestão difícil de grandes fracassos recentes,resultantes da explosão de insanáveis contradições dentro dos sistemas.
A esquerda não tem exemplos-força para dar e a direita não está numa situação diferente.
As imagens-força de ambos os campos estão associadas a derrocadas recentes.
Só que,nesta luta incessante,a esquerda só tem algum ascendente parcial na cultura e nas artes.Em todas as outras áreas,a direita é dona e senhora,porque exclusiva propritária de gigantescos e determinantes meios -jornais,rádio,televisão,publicidadee cinema.
Finalmente,um outro aspecto crucial - a direita está,no essencial,unida. A esquerda está desunida,estúpida e fratricida.
Afirmar que a ideologia acabou ou morreu é,em si mesmo,uma posição vincadamente ideológica e de direita.
Só à direita interessa divulgar essa ideia,tal como no passado divulgava a célebre "Eu não sou político,a minha política é o trabalho".
Ambas as teses apenas visam afastar as pessoas da luta política e do subsequente combate ideológico.
Foi com base na apatia,na despolitização,na ignorância,no aculturamento,na repressão,que vivemos durante 48 anos sob o manto de uma "Democracia Orgânica".
E só porque ainda não nos libertámos da mordaça mental e intelectual herdadas,é que continuam a tentar intoxicar-nos com teses ditas pragmáticas que procuram dizer que o pragmatismo è destituído de sinal E ou D.
É um assunto que não se esgota e que continuará a estar no centro do embate ideológico entre E e D.


2º A REVOLTA DOS PRESIDENTES DAS JUNTAS.

Quem conheça a realidade do concelho,a mentalidade da maioria dos Presidentes de Junta,a dimensão e gravidade dos problemas que o Município enfrenta,não pode,mesmo que se esforce,levar a sério esta proposta de António Rebelo.

Mas,apesar de assim pensar,sou de opinião que os Presidentes de Junta deviam convidá-lo para a palestra que sugere.

Quem sabe se não estamos perante um qualquer "ovo de Colombo".


R. Grácio

Cantoneiro da Borda da Estrada disse...

APOIO INTEIRAMENTE O COMENTÁRIO DO SR. R. GRÁCIO.
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Agora o meu comentário:
Êxitos que só o Primeiro Ministro vê? Eu vejo-os porque já cá ando há uma porrada de anos. Vai doer muito,lá isso vai, está a doer, a doer muito para muita gente, mas um novo paradigma económico está aí à vista de todos, assente no Conhecimento. Vejo-os e apoio, com a liberdade de quem nunca viveu à custa do OE.

Assim não val, toca a fronteira da desonestidade política, tentar esconder que esta crise é internacional e de inteira responsabilidade da grande burguesia capitalista internacional, financeira, dos grandes detentores da propriedade privada em todas as áreas, e tentar fazer crer que, neste contexto, dado o estado de desenvolvimento das nossas forças produtivas em comparação com os países + desenvolvidos da Europa e do planeta, poderíamos fazer muito melhor.

O ministro da Grécia faz o que entende fazer e o primeiro ministro de Portugal tem feito e continua a fazer o que deve ser feito: ou a nossa economia se moderniza e as nossas forças produtivas atingem rapidamente um desenvolvimento que possam competir mais com a das outras nações, ou não teremos dinheiro para resolver os nosso problemas sociais a médio prazo. Que fizeram os outros até aqui? Que fizeram??? Digam lá, o que fizeram os outros? Autoestradas, algumas delas às moscas.

Encheram a administração pública e muitas empresas privadas e públicas de amigos, familiares e correligionários (o partido de JS fez o mesmo). Assim foram ganhando votos. Assim foram mantendo Portugal como elo mais fraco da Europa. É por isso que algunms partidos andam por aí a pedir apoios para pequenas empresas (à caça aos votos), cujos sócios irão utilizá-los para pagar as suas dívidas pessoais, porque parte delas é para morrerem, muitas delas estão a dar prejuízo ao Estado. Mas é preciso segurá-las por algum tempo para evitar mais desemprego. Só por isso.

José Sócrates evitava esta situação como? Com uma revolução? Mas ele não é revolucionário. É um democrata, sem teias de aranha na cabeça, pragmático, que governa um país ainda muito atrasado.

Um patriota. Um Diamante que abriu um novo ciclo na vida política e económica.

E isto é verdade. Os críticos de JS têm de engolir os passos que foram dados no Ensino público, na Ciência, Novas Tecnologias, Novas energias, Novas Empresas exportadoras, bem como o "Magalhães", Novas Oportunidades", Novos Mercados, etc., etc., etc..

Karl Marx, se fosse vivo, apoiava JSócrates nesta fase de desenvolvimento de Portugal, atendendo aos fatores concretos que caraterizam a nossa sociedade, nomeadamente as suas relações internas e externas.

Que fizeram os outros?
Que propõem os outros?

Digam lá! Digam!

Anónimo disse...

Para Cantoneiro da Borda da Estrada:

Obrigado pelo seu comentário, do qual discordo em parte. De facto o meu post refere-se exclusivamente à realidade tomarense, dado que a nível nacional não tenho nem pretendo vir a ter qualquer capacidade de intervenção.
Sucede que a crise internacional a bem dizer nada tem a ver com a tomarense, designadamente com as asneiras havidas desde pelo menos Pedro Marques. Assim sendo, há como sempre duas hipóteses: procurar fazer algo para mudar o rumo das coisas, ou deixar correr o marfim. Esta última é a mais fácil para todos. Mas também a mais prejudicial a médio e longo prazo. No entanto, como referiu em tempos Keynes, "a longo prazo estaremos todos mortos".
Haja saúde!

Anónimo disse...

Para R Grácio

Se não estou a pedir-lhe demasiado, ficaria muito agradecido caso se desse ao trabalho de indicar os factos em que se baseou para concluir que a minha proposta não pode ser levada a sério.
Aquando das invasões francesas, também houve quem referisse ao Marechal Beresford que não conseguiria fazer nada com a tropa portuguesa, uma cambada de insubordinados, de bêbedos, de desordeiros, de mentirosos, de analfabetos, etc. O militar inglês ouviu tudo com muita atenção e depois concluiu -"É capaz de ter razão. Mas é com eles que vamos ter de fazer a guerra, porque não há outros."
Neste caso, com o devido respeito, qualquer que seja a mentalidade dos presidentes de junta, é também "com eles que vamos ter de fazer a guerra, porque não há outros" antes de 2013.

Anónimo disse...

António,

Não acredito na capacidade de luta e de resistência de pessoas que,salvo as sempre honrosas excepções,aceitam votar pela arreata,trocam o voto pela promessa de um contentor novo para o lixo,votam a favor de um Plano de Actividades e Orçamento em troca de um jantar bem regado,chegaram a passar as reuniões da AM em grandes chouriçadas e copadas na sala de uma generosa senhora,que compram votos dos idosos das suas freguesias com passeios,almoçaradas e umas gaitadas ou bailaricos "à la Carrão".

Chega-lhe ou quer mais?

Com a sua idade já não devia alimentar esperanças de ver uma pereira a dar laranjas.

Entende-me?

R.Grácio

Anónimo disse...

Claro, mais uma vez o salvador da urbe é a excelência do Rebelo. Juntem-se todos que ele Vos guiará. Ele dirá qual o caminho certo, pois sem Ele não há esperança...

Carlos Pinheiro

Anónimo disse...

Um conselho para o Cantoneiro, leia e veja "Um ensaio sobre a Cegueira"...pode ser que consiga tirar os óculos...partidários.

Anónimo disse...

Para R. Grácio:

Inteiramente de acordo consigo. Todavia, nestas coisas da política, nada melhor do que tentar, para fazer a demonstração. Evitam-se posteriores SE, de triste memória...

Anónimo disse...

Para Carlos Pinheiro:

O meu avô costumava dizer nunca ter visto um pinheiro a dar figos. Na altura não percebia. Graças a este seu comentário, agora fiquei esclarecido. Muito obrigado.