COLABORAÇÃO DA PAPELARIA CLIPNETO
Começamos hoje de modo menos habitual, com anúncios de um dos três semanários que costumamos abordar. Dizem os sociólogos que a maneira mais rápida de entender certos aspectos de determinada realidade local é através dos anúncios pessoais. No caso em apreço (ver acima) temos três diferentes modelos de vida. No primeiro, um jovem aplica o estilo "sempre a abrir", tão característico da nossa camada adolescente. Lança-se o isco e aguarda-se. Tudo sem rodeios. Apenas com uma insinuação, de resto banal porquanto já demasiado batida -"amizade ou algo mais". Pois ! Está-se mesmo a ver !
Como que em contraponto, um cavalheiro da jovem terceira idade, à primeira vista pouco culto mas bastante vivido, acha que os melhores iscos ainda são realismo, casa própria e uma boa reforma. Infelizmente para ele, a aludida falta de cultura não lhe permite entender que 500 euros já não constituem, desde há muito, uma reforma "valente", como diz o povo. E daí...com a crise que por aí vai...
Mostra ter mundo, a senhora do último anúncio. Não fala de dinheiro, mas dá a entender que o tem, refere que já viajou e viveu noutro ou noutros países, enuncia os seus atributos e proclama que se trata de algo muito sério. Se não fora o estilo demasiado tosco, do tipo "arre macho" e "venha a criada", o "cavalheiro divorciado" da proposta anterior seria o par ideal. Até na idade !
Em conclusão, como bem reza a tradição, "Se a juventude soubesse ou a velhice pudesse, o mundo seria muito diferente." Ai seria seria !
Passemos então aos textos nobres dos nossos três semanários. CIDADE DE TOMAR, o decano, enche grande parte da primeira página com "No prédio da Corredoura onde funcionou o Centro de Emprego - PEDIDO DE VIABILIZAÇÃO PARA UNIDADE HOTELEIRA". O tema é desenvolvido na última página, ocupando menos espaço que o título da primeira. Apenas acrecenta o nome da sociedade requerente e esclarece que se pretende uma unidade hoteleira com 22 quartos e um restaurante panorâmico, bem como a posição do vereador José Vitorino, que propõe a ocupação do agora logradouro público virado ao rio, como futura entrada da dita unidade de alojamento.
Trata-se, no nosso entender, de mais uma hipótese lírica, sobretudo para tentar alegrar a malta, após o golfe e hotel da Quinta da Granja, o golfe e o Hotel dos Pegões, a unidade hoteleira onde está a sede do PS, o hotel das Mouzinhas, no Largo do Pelourinho...e o já negativamente célebre "Hotel de charme Santa Iria", com um mínimo de 4 estrelas e 60 quartos. Como se houvesse em Tomar movimento turístico para tanta coisa...
Nas páginas interiores do semanário dirigido por António Madureira, os habituais assuntos citadinos e concelhios, com destaque para o caso das previstas obras e acções de limpeza no Convento de Cristo.
Sobre o mesmo tema do Convento, O TEMPLÁRIO publica, na página 10, os textos já conhecidos dos nossos leitores, bem como a lista completa dos 82 subscritores do apelo "SALVAR A JANELA DO CAPÍTULO". Publica igualmente, na página seguinte, a posição oficial do IGESPAR, sob o título algo equívoco "Intervenção na Janela do Capítulo - DIRECTORA DO CONCENTO DÁ GARANTIAS". Tencionamos contestar a posição do IGESPAR, em texto separado a publicar amanhã, mas importa desde já esclarecer que, não estando em causa a idoneidade, nem a respeitabilidade, nem o fino trato da senhora directora do Convento, entende-se que não pode dar quaisquer garantias. Com efeito, quadro superior do citado organismo sediado em Lisboa, é obrigada a agir lealmente, o que a força a reproduzir unicamente aquilo que os seus superiores hierárquicos lhe determinam. Assim sendo, Iria Caetano, tomarense como nós, na verdade não quer, porque não pode, tentar tranquilizar os nossos conterrâneos. Tenta apenas ser o melhor porta-voz possível de quem a tutela. As coisas são o que são.
O MIRANTE informa que "MISERICÓRDIAS DO RIBATEJO NÃO ESCAPAM À CRISE E ANUNCIAM PREJUÍZOS CRESCENTES", "HÁ PRENDAS QUE NUNCA MAIS ESQUECEM", com quatro fotos a cores, entre as quais a do sorridente Corvêlo de Sousa, "Marcos de correio assaltados na cidade de Tomar", e esta pérola política que caracteriza toda uma região: "Falta de dinheiro adia remodelação de auditório da Câmara de Ourém - O edifício é novo mas não há espaço para o executivo na Assembleia Municipal."
E depois disto, ainda há quem tenha a coragem de nos tentar tranquilizar, afirmando que os trabalhos serão acompanhados por técnicos que são especialistas com larga experiência neste domínio. Devemos concluir que os projectistas, autarcas e outros intervenientes no processo de construção dos novos Paços do Concelho de Ourém eram (são) afinal analfabetos ? Ou será apenas mais um exemplo do tradicional modus operandi português em todo o seu esplendor ?
Bem andou o vereador Luís Ferreira, ao escrever no twitter e no seu blogue vamos por aqui, "Se eu fosse
janela, também exclamaria "Deixem-me em paz !" Pudera ! Com especialistas deste quilate, o melhor é mesmo vê-los o mais longe possível. Ou não ?
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