quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

INSÓLITOS TOMARENSES - 18

Já aqui se falou daquela casinhota do Mouchão, cuja utilidade ninguém conhece. É por assim dizer uma coisa sem passado nem futuro. Uma simples borbulha provocada pela febre dos fundos europeus.
Hoje apresentamos mais três exemplares, mas estas são de outra estirpe. São muito tomarenses. Tal como a cidade, têm um passado, por vezes brilhante. Não têm é futuro nenhum.
Esta primeira, situada na Mata dos Sete Montes, foi durante muitos anos apoio para o único parque infantil então existente em Tomar. Ao lado havia até um armário metálico com umas boas dezenas de livros para empréstimo, a cargo de uma funcionária municipal, que também vendia refrigerantes. Foi durante o período áureo de Tomar. Vinham as senhoras dos senhores oficiais e outras damas da boa sociedade nabantina passear a descendência, fazer malha e conversar, sempre acompanhadas pelas respectivas criadas de servir, ou sopeiras, devidamente ataviadas com aventais de peitilho...
Foram-se os militares, foram-se esses tempos, foram-se os livros, foi-se a funcionária, foi-se o parque infantil. Já não há sopeiras nem boa sociedade. Apenas alguns tomarenses que ainda julgam que sim. Ficou a chafariz e acrescentaram um contentor, por despejar desde a última festa dos tabuleiros...
Entretanto os adolescentes de ambos os sexos, apesar da liberdade de costumes, continuam a macular espaços com juras de amor que não têm coragem de dizer directamente aos interessados. Os portugueses sempre foram muito desinibidos, e quem sai aos seus...
Outra casinhota municipal, sem futuro mas com passado. Fica na estrada do Convento, do lado direito de quem sobe. Foi em tempos uma mini-estação elevatória. Puxava a então "água da Mendacha" da reduzida rede local até ao Convento, onde era consumida pelo Hospital Militar, pelo Seminário das Missões, pelo Posto Rádio Militar e pela GNR. Tinha até um vigilante permanente, avô de uma funcionária superior da autarquia. Já não há no Convento qualquer daquelas estranhas ocupações (e ainda bem) e o abastecimento de água utiliza agora outras canalizações.


Esta é a benjamim das casinhotas locais. Pertence ao IGESPAR e fica na via de acesso à Ermida da Conceição. A dada altura, um daqueles quadros superiores do organismo lisboeta que tutela o Convento e mais meia dúzia de monumentos, cuidou ser capaz de mudar o mundo. Assim como aquele outro que descobriu o método para fabricar pregos com a cabeça do outro lado...
Pois a pessoa em causa, certamente com vasta experiência em gestão turística, convenceu-se que colocando ali um funcionário do Convento a vender bilhetes a um euro para visitar a capela, iria ser um sucesso. Está claro que não foi. Pois se a maior parte dos visitantes nem à borla lá querem ir...
Ficou a casinhota, a aguardar transporte e melhores dias.



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