Aqui vemos o aspecto actual da Igreja de Santa Maria dos Olivais, ou Santa Maria de Tomar, após a obras integradas nos arranjos da Ponte do Flecheiro.
E aqui a mesma Igreja, numa fotografia de 1927. Nos anos 40 do século passado, adoptou-se o princípio de que tudo o que não era da época da edificação principal, devia ser eliminado. Tivemos sorte nunca terem aplicado tal doutrina ao Convento de Cristo. Caso contrário, teria ido tudo abaixo, menos a Charola e as muralhas do Castelo. Ele há cada uma...
2 comentários:
Bom dia António Rebelo,
o Português é primoroso na arte da destruição. A veia não é de agora. O património é um dos campos de eleição do camartelo da ignorância.
Aquele arremedo de praia erigido no que deveria ser um adro condizente com a multicentenária igreja de Santa Maria é a prova disso mesmo. Depois do abate das árvores "doentes" sobra espaço livre. Resta-nos a esperança que cubram toda a área com lajes de pedra. Assim, já que foi roubada a Tomar a única oportunidade de aparecer nos serviços noticiosos do país por via das cheias do Flecheiro, que o espaço anexo à igreja sirva para programas tipo Portugal no Coração, ou Bom Dia Portugal, ou qualquer outro programa super-pimba, tão do agrado das gentes actuais e de autarcas incultos.
Passei por ali há 15 dias e dei comigo num esforço tremendo para trazer à memória toda a envolvência natural que lhe conheci há 40, 50 anos. É o conjunto que estimula a imaginação e nos proporciona momentos de deleite quando contemplamos obras antigas de valor simbólico; que nos permite reconstruir livremente as vivências e episódios desses tempos. É fantástico darmos connosco a tentar redescobrir as tonalidades originais, os contrastes e a partir desse conjunto construirmos uma ficção sobre o espaço mais alargado, num esforço de o compreender.
Quando suprimiram os passeios da antiga Corredora, manifestei a alguns amigos o meu desagrado. Não me parecia bem construirem NOVO, sacrificando o VELHO, em vez de porem este a inspirar o primeiro. Desabafei mesmo que ao eliminarem os passeios era descalçar a rua mais emblemática da zona histórica, desiquilibrando toda a sua estética, violentando a memória para satisfazer caprichos carreiristas, de dar nas vistas. A resposta foi de conformismo, indiferença, e senti-me fora do tempo. Já lá vão muitos anos ("nem eu sei já quantos"...), era jovem, e senti um profundo desagrado por terem eliminado a FONTE DA PRATA, frente à Casa Quintas. Não posso aceitar que tenham alterado a Ponte Velha, com aquele novo passeio largo, onde as pessoas passam apressadas para o trabalho de um lado para o outro.
Nem vale a pena referir aquela igreja com as cores vivas, um autêntico assassinato. É o que me parece, que sobre estes assuntos pouco pesco.
Mas aplaudo o esforço que vem desenvolvendo para denunciar estes atropelos, cometidos por pessoas que parece sabem ainda menos do que eu sobre esta matéria e não têm a humildade democrática de se servirem de quem sabe bem como se deve fazer e o essencial a preservar.
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